Há algum tempo, na frente de um cabaré, uma família de brasileiros discutia se o espetáculo poderia ser impróprio para os adolescentes daquele grupo. Intrigada com a cena, e desejando evitar qualquer mal-entendido, eu fui procurar o significado da palavra cabaré: “um lugar onde se pode comer ou beber assistindo a um espetáculo artístico”.
Ainda hoje, no Brasil, muitos confundem um cabaré com um bordel. A palavra cabaret significa bandeja, peça de mobiliário muito em voga no séc. XVIII. O restaurante-sala de espetáculos denominado cabaret aparece na Belle Époque
Final do século XIX, Paris é a capital da diversão e da cultura. O primeiro café-concerto a abrir suas portas, em 1881, foi o Le Chat Noir, inovando com seu jornal literário e as primeiras “jam sessions” conhecidas da história.
O ano de 1889 marca o centenário da Revolução Francesa, com a Exposição Universal de Paris. A capital, então idealizada como o “centro do mundo”, se prepara para acolher a nata da sociedade internacional, assim como visitantes de toda França. Dois novos cabarés abrem suas portas: “Le Moulin Rouge”, localizado no bairro que viria a ser o centro da boêmia alguns anos depois, Montmartre, e “Le Paradis Latin”, situado na margem esquerda do Sena, que desfrutando das reformas para a Exposição Universal, foi restaurado pelo prestigioso Gustave Eiffel.
Nestes lugares de diversão e encontros, as barreiras sociais se dissipavam momentaneamente, com festas que agrupavam artistas, intelectuais, prostitutas e burgueses debaixo do mesmo teto.
Após a primeira Guerra Mundial, em 1936, o “Lido” abre as portas com um conceito de clube privado e, em 1941, inaugura uma nova fase aonde o cabaré se aproxima do teatro de revista caracterizado por uma espécie de “diversão-glamour”, com dança e beleza para que os frequentadores esquecessem as tristezas da guerra.
Já em 1951, após a 2ª Guerra Mundial, o “Crazy Horse” é criado misturando o conceito de diversão-glamour e strip-tease “à lá americana”. Mais erotismo em cena, porém com luxo e classe.
E para quem ainda pensa que isso é coisa de turista, saiba que além dos grandes cabarés acima, vários outros, menos internacionais e bem menores, recebem quotidianamente uma clientela exclusivamente parisiense como La Nouvelle Ève, Le Lapin Agile, La Nouvelle Époque, Le Cesar Palace. Comer e divertir-se apreciando o trabalho de seus artistas é uma tradição francesa.
Atualização do programa com Mugler Folies
É preciso muita ousadia para lançar um novo cabaré na cidade-berço dos mais tradicionais cabarés do mundo. Paris já era a cidade dos cabarés antes do criador de moda Manfred Thierry MUGLER se lançar neste negócio, porém agora, a variada oferta ficou ainda mais completa.
Embora originalíssima, a proposta do espetáculo respeita as exigências de um verdadeiro show de cabaré. Vinte atores demonstram seus variados talentos a uma plateia que acaba de jantar ou que escolheu somente ficar bebericando champanhe. Uma das inovações consiste em os números artísticos estarem amparados por cenários compostos quase que unicamente por projeções, jogos de luzes fantásticos, modernos e high-tech.
Na capital Paris, a moda e a beleza feminina são temas comuns nos cabarés e, como não poderia deixar de ser, Thierry MUGLER criou trajes futuristas, delirantes e sensuais para tratar estes temas, modernizando a linguagem deste universo. Não é sabido se o show está de passagem ou se chegou para ficar. Acredito que Thierry MUGLER vai ver se a sua nova moda MUGLER FOLIES pega ou não.