O que fazem aqueles que não têm petróleo

“A moda é para a França, o que as minas de ouro do Peru são para a Espanha.”- Jean-Baptiste Colbert, Ministro das Finanças e conselheiro de Luís XIV – século XVII.

O domínio francês no mundo da moda começou no século XVII, quando a arte, a arquitetura, a música e os trajes de Luís XIV e da corte de Versalhes eram apreciados e imitados por toda a Europa. Alfaiates e costureiros franceses desfrutavam de uma grande reputação e suas criações eram as mais procuradas pela nobreza e mais tarde pela burguesia emergente européia. No século XIX, com a chegada dos trens e barcos a vapor, tornou-se comum para as senhoras da alta-sociedade viajar a Paris para comprar roupas e acessórios franceses.

É bem verdade que a Espanha não tem mais as minas de ouro do Peru, mas somente um ministro muito visionário ou muito “puxa saco” para prever que os gastos de Luís XIV com suas roupas se tornariam investimento nacional em longo prazo! Não é à toa que os franceses gostam de dizer: Na França não temos petróleo, porém temos cérebros.

Certamente é graças a este eterno amor francês por sua cultura que nos meios artísticos só se fala de uma coisa: Jean Paul Gaultier.

Enfim, o filho pródigo, (lembra-se do choque ao ver pela primeira vez tênis e tutus de balé?) se tornou garoto prodígio da moda parisiense e estará de volta ao berço materno com a tão esperada exposição O planeta moda Jean-Paul Gaultier – da rua para as estrelas.
Jean Paul Gaultier cresceu perto de Paris e desde criança conviveu com o mundo da beleza. Não na rua e sim no salão de beleza da sua avó, onde ele admirava as sessões de maquiagem e cabelo, assim como as revistas de moda colocadas à disposição da clientela. Rapidamente, o jovem autodidata começou a desenhar coleções imaginárias e logo que completou 18 anos foi contratado por Pierre Cardin, começando assim uma carreira com muitos altos e baixos, porém tendo como constantes a polêmica e o apoio do mundo artístico. Lembra-se dos seios em cone da Madonna?

“Desde sua primeira coleção em 1976, você têm questionado os critérios de gosto e de mau gosto. Você chocou, perturbou e irritou, divertiu-se dissimulando pistas com um guarda-roupa ambivalente e intercambiável, falou Pierre Cardin ao entregar a Jean-Paul Gaultier a Legião da Honra da França em 2001».

Após um sucesso sem precedentes para uma exposição sobre moda, tendo passado por Montreal, Dalas, San Francisco, Madrid, Roterdã, Estocolmo, Brooklyn, Londres e Austrália, a chegada em Paris, cidade onde iniciou seu percurso profissional, marca um ponto importante da carreira de Jean Paul Gaultier. Pelo que li, uma recepção entusiástica espera a exposição.

O mundo da moda de Jean Paul Gaultier revela novas peças de alta costura e prêt-à-porter criadas entre 1970 e 2013. Além disso, a mostra reúne desenhos, arquivos, figurinos, trechos de filmes, desfiles, shows, videoclipes, fotos, performances de dança e até mesmo da televisão. O ponto alto do evento deve-se a colaboração da companhia de teatro montrealense UBU e do Museu de Arte Moderna de Montreal. Os aspectos multimídia e interativos da exposição prometem levar o visitante a um mundo elegante e criativo, que vai, no entanto, muito além do mundo da moda.

Le Grand Palais
01 Abril 201503 Agosto 2015

Domingo e Segundas de 10h a 20h

Quartas a Sábado de 10h a 22h

Fechado as terças e 1° de maio

Noite Européia de Museus  Sábado 16 Maio : entrada gratuita de 20h à meia-noite

A Copa, as greves e a Ponte dos Cadeados

Ainda bem que a Copa começou! Já não aguentava mais esta expectativa. Estou querendo acreditar, como boa brasileira nostálgica que sou, que no final tudo vai dar certo. Ainda não terminou para comprovarmos, mas enfim A Copa começou! Se bem que aos trancos e barrancos no que diz respeito à infraestrutura geral e a economia do país, porém isso já não é mais tão importante agora.

Vi as fotos de todo mundo no “Face”, preparados de verde e amarelo da cabeça aos pés, avós, pais, filhos, órfãos  e até animais de estimação.  Afinal durante alguns minutos ainda podemos sonhar e torcer, deixar de lado a indignação, esquecer o sufoco e as greves sobre as quais tenho lido nos últimos dias.

Para aqueles que estavam preocupados com a imagem que estamos dando no exterior, no que diz respeito a França, fiquem tranquilos. Estamos vivendo um segundo ano do Brasil por aqui, somos a imagem do Caos, mas o Francês não tem lá muito medo disso. Ainda existe o sonho da miscigenação de raças e religiões harmoniosas, do sol, da boa musica, da praia, da mulher bonita e do sorriso constante. E para os franceses, um povo que nunca teve sequer um século de existência sem guerras ou revoluções, fica claro que estamos avançando, ou pelo menos tentando.

Mesmo por que aqui também tivemos muitas greves recentemente: greve dos taxis, dos pilotos da Air France e agora é a vez dos ferroviários. Não tem Copa, mas tem testes nacionais similares ao vestibular, gente precisando transitar no pais inteiro entre periferias e grandes cidades. Dificuldades para o publico e uma perda de mais de 80 milhões de euros para as empresas ferroviárias governamentais SNCF ( Société Nationale des Chemins de fer Française)  RFF ( Reseau Ferroviaire France). Aliás aqui, quase todo dia temos pelo menos uma manifestação em algum lugar da cidade.

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Manifestação ao lado de casa esta semana,no Boulevard Bonne Nouvelles, contra matadouros. Acontecem quase sempre fora das zonas turisticas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quem nunca faz greve aqui são os turistas e os casais apaixonados. Estes manifestam somente o seu amor. E quem poderia ser contra? No entanto, em Paris, é maior a polêmica sobre os cadeados na Ponte do Amor que as greves do transporte. Em seu sexto dia de paralização, se os ferroviários não tivessem lançado bombas de gás nas vias férreas, talvez essa greve já nem estivesse nas manchetes. A França ganhou há dois dias contra Honduras por 3-0, e hoje tem jogos da Argélia e do Brasil. Mas em Paris do que se fala mesmo, é da Ponte das Artes, ou ponte dos Cadeados situada bem no coração da cidade, onde todo mundo, e quero dizer todo mundo literalmente, vê, e cuja parte da grade se soltou devido ao peso e caiu há uma semana, atiçando ainda mais a discussão.

De quem é Paris? Dos turistas? Dos parisienses? Será que a Ponte das Artes vai cair com todo este peso? Estão vendo? Já começou a cair, diriam as más línguas! A prefeitura fica dividida entre os frustrados que não entendem a demonstração de afeto que nunca vivenciaram, os vendedores de cadeados e os turistas apaixonados, de quem gostamos tanto diga-se de passagem.

Na rotina dos turistas ninguém quer tocar, felizmente são prioridade nos projetos da municipalidade e merecem TODO o respeito. No entanto as grades que pesam em torno de ½ tonelada (cada lado) já foram retiradas 37 vezes. Apesar do preço de revenda de metal, não parece haver interesse da prefeitura em perpetuar essa situação. A cidade esta em um impasse. Para agravar a polêmica, quando o município não dá conta de trocar as grades repletas, os amantes deslumbrados saem botando cadeados para todos os lados, chegando até na Torre Eiffel. E ai até a mais romântica das blogueiras perde a paciência com nossos tão amados visitantes: Opa! Assim também não!

Academia Francesa e Biblioteca de Mazarino ( conselheiro de Luis XIV) .1661
Academia Francesa e Biblioteca de Mazarino ( conselheiro de Luis XIV) .1661
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Foto tirada em passeio de bicicleta as 7h da manhã, a ponte quase vazia
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A cada dia mais cadeados
Vista da Ponte para Ilha de la Cité,
Vista da Ponte para Ilha de la Cité, ponta chamada “dos judeus” onde foi queimado o templario Jacques de Molay
Pont des Arts- Paris
Novo pedaço de grade da Ponte das Artes e os novos cadeados não tardaram a chegar
Vista Ponte das Artes, direção Louvre, Museu D'Orsay
Vista Ponte das Artes, direção Louvre, Museu D’Orsay.Cadeados até no topo da luminaria.

Uma brisa de alegria sobre a cidade de Paris

Os termômetros estão subindo e no hemisfério norte este momento tem um significado muito especial para todos: é hora de tirar o mofo, a alegria está no ar. E Paris não escapa da febre, ao contrário, borbulha como champanhe e comemora a chegada do sol “à lá parisiense”.

Além do ambiente festivo nas ruas e bistrôs, algumas exposições desvendam o melhor de Paris com um frescor quase primaveril. Em quatro dos 136 museus da cidade a beleza estética, o amor ao moderno e o otimismo da virada dos séculos 19 a 20 contam alegrar e refrescar os dias parisienses.

 

3-04-2014 005Ruas de ParisPrimavera e exposições alegram o quotidiano parisiense.

 

 

 

 

 

 

  • Comemorando as Exposições Universais, a Revolução Industrial, o Impressionismo, o Art Nouveau e a Belle Époque, a exposição Paris 1900 La Ville Spectacle faz reviver ao visitante clichês da época, mas também desvenda relações entre importantes protagonistas do quotidiano artístico parisiense passando pela pintura, musica, escultura, arquitetura e moda em 1900. De terça a domingo no Museu de Artes Decorativas do Petit Palais até dia 17 de agosto.
  •  No Centro Georges Pompidou Henri Cartier-Bresson revela Paris do século vinte através de sua câmera fotográfica. Considerado pai do jornalismo fotográfico Henri Cartier Bresson viveu entre 1908 e 2004 e e soube como nenhum outro registrar sua época. Até 9 de junho no Centro Georges Pompidou, um lugar, aliás, imperdível da cidade.O Museu de Arte Moderna de Paris está no Marais, na Praça Georges Pompidou, rua St Martin . Apesar de sua polêmica arquitetura, não é preciso ter medo, quem entra não se arrepende. Imperdível também a vista de Paris à partir do café no ultimo andar . Das 11h00 as 21h00 com excessão das terças feiras.
  •  Para aqueles que ousam sair do perímetro turístico tradicional o Museu Marmottan apresenta obras inéditas de pintores impressionistas oriundas de coleções privadas internacionais. Aberto desde 1934, responsável pelo patrimônio artístico de Claude Monet, o museu Marmottan oferece com esta exposição a descoberta de obras até então desconhecidas de Jean-Baptiste-Camille Corot, Eugène Boudin, Édouard Manet, Claude Monet, Pierre-Auguste Renoir, Edgar Degas, Camille Pissarro, Alfred Sisley, Gustave Caillebotte, Berthe Morisot, Paul Cézanne et Auguste Rodin entre outros. Les Impressionnistes en privé Cent chefs-d’œuvre de collections particulières até 6 de julho 2014, de terça a domingo das 10h00 as 18h00 Endereço 2, rue Louis-Boilly 75016 Paris.
  •  The last but not the least – Inesperadamente em plena Paris, os vagões do mítico trem Orient Express permitem ao visitante experimentar em pessoa um pouco do luxo de uma viagem neste trem-proeza que ligava Paris ao, uma vez tão inspirador, Oriente. Mais uma verdadeira“obra de arte” da Revolução Industrial exposta no Instituto do Mundo Arabe.Do 4 abril au 31 agosto 1, rue des Fossés-Saint-Bernard Place Mohammed-V 75005 Paris. Abertura 10h Horários de encerramento variam entre 19h e 21h.
Orient Express 1883 -1977
Delacroix-Entrée des Croisés à Constantinople
1841 Delacroix-Entrée des Croisés à Constantinople