Este mês tem Casa Cor Rio. Mas nem é preciso uma mostra de decoração e paisagismo para justificar uma ida à Glória, bairro de passado aristocrático que passou décadas meio abandonado. De uns anos para cá, com mais segurança, novos moradores e opções de lazer, a Glória está mudando de cara. Entre o Centro e a Zona Sul, é uma das áreas históricas do Rio. O Casa Cor é mais um ótimo pretexto para ir passear por lá.
A mostra este ano acontece na lindíssima Villa Aymoré. Suas centenárias casas estavam em ruínas, e foram inteiramente restauradas. Na vila teria morado a Baronesa de Sorocaba, irmã da Marquesa de Santos e também amante de Dom Pedro I. Mas os primeiros moradores da região foram os tupinambás, e todas as casas da Villa Aymoré têm nomes de origem indígena.
A Villa Aymoré fica no início da Ladeira da Glória, que leva ao magnífico Outeiro, frequentado pela família imperial. Você pode começar o passeio pela Rua do Russel, pegando o plano inclinado (gratuito) até o Outeiro. No interior da igreja não deixe de admirar as paredes decoradas com belos azulejos.
Do alto do Outeiro, descortina-se a Baía de Guanabara, a Marina da Glória, o Pão de Açúcar e, triste constatação, o abandonado Hotel Glória. Um dos símbolos do bairro, erguido em 1922, com uma bela vista para a baía, foi comprado pelo empresário Eike Batista, que derrubou toda a parte interna do hotel. Hoje o Glória está destruído. As obras estão paralisadas há dois anos, quando agravou-se a crise financeira do grupo comandado por Eike.
Do Outeiro desça a ladeira com calçadas de pedras portuguesas para chegar ao Casa Cor.
Ou faça o itinerário inverso. Apesar de ser uma ladeira, a caminhada é curta, e tanto faz o ponto de partida do percurso. A estação de metrô da Glória fica perto do início da ladeira. Só leve em conta que o verão carioca começou semana passada, e as temperaturas já chegaram perto dos 40ºC. Como quase sempre, água, chapéu e protetor solar são indispensáveis.
As casas de vila do Casa Cor não têm ar-condicionado. Fiz o passeio durante o dia, mas talvez tivesse sido mais agradável ao cair da tarde. Mesmo no calor, não deixe de dar uma paradinha no lindo Jardim de Frida Kahlo, projeto da paisagista Paula Bergamin inspirado na casa da pintora, na Cidade do México.
A Ladeira da Glória e o Outeiro, erguido de meados do século XVIII, ficam de um lado da Glória. Do outro, as ruas levam a Santa Teresa e a passeios diferentes. Na ladeira, encontra-se também a Casa da Glória, onde nos fins de semana acontecem eventos culturais e gastronômicos. Para começar ou encerrar o passeio pela Glória de um jeito carioca, tome um chope na Taberna da Glória, no sopé da ladeira. O bar é concorrido no carnaval, mas fica mais tranquilo nesta época do ano. Se for domingo de manhã, não deixe de passar na feira livre do bairro, na Rua da Glória, e comer uma tapioca.
A duas fotos acima foram publicadas no meu Instagram. Para me acompanhar por lá é só procurar por Carla Lencastre. No facebook a página tem o nome do meu outro blog, O Olhar Nômade.
Casa Cor Rio: A mostra foi prorrogada até 13 de outubro. De terça-feira a domingo, das 12h às 21h. Ingresso: R$ 44 (de terça a sexta-feira) e R$ 50 (fim de semana). Villa Aymoré, Ladeira da Glória 26. Quando terminar o Casa Cor, as casas serão alugadas como escritórios.
Outeiro da Glória: De terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 17h. Aos sábados e domingos, das 9h às 12h. O plano inclinado funciona nos mesmos horários.
Obrigada pelo simpático texto sobre o jardim da Frida ! Adorei ! 🎂🌵😘
Amei o seu jardim, Paula. Belíssimo. Parabéns pelo projeto!