Um oásis em meio ao caos urbano

Botafogo, uma das áreas mais agitadas da cidade, acaba de recuperar o seu mais bonito oásis. Entre o Centro e as praias, repleto de cinemas, cervejarias, bares, restaurantes, comércio em geral e novos hotéis, o bairro viu há menos de um mês a reinauguração do tranquilo jardim da Fundação Casa de Rui Barbosa, na movimentada Rua São Clemente.

O jardim renovado da Casa de Rui / Foto de Carla Lencastre
O jardim da Casa de Rui, renovado e ainda mais bonito / Foto de Carla Lencastre

Com nove mil metros quadrados, não é dos maiores do Rio. Mas sem dúvida é dos mais simpáticos. E um respiro verde necessário em meio às muitas atrações urbanas de Botafogo.

A entrada da Casa de Rui Barbosa / Foto de Carla Lencastre
A entrada da casa / Foto de Carla Lencastre

A fundação, como o nome indica, está instalada na casa cor-de-rosa de 1850 onde viveu Rui Barbosa até sua morte, em 1923. No início do século XX, Botafogo era o bairro da aristocracia carioca. O jardim histórico que cerca o sobrado foi restaurado com recursos do BNDES e preserva árvores frutíferas plantadas pelo ilustre morador, como mangueiras, jambeiros e uma pitangueira. Há também um exemplar de pau-brasil.

Outro ângulo do jardim / Foto de Carla Lencastre
O jardim visto de outro ângulo / Foto de Carla Lencastre

Uma estrutura metálica sustenta o parreiral da antiga chácara, que ganhou novas mudas. Entre as árvores e o parreiral ficam dois pequenos lagos artificiais com carpas, pedras e pontes.

Um dos lagos do jardim de Rui / Foto de Carla Lencastre
Um dos lagos de Rui / Foto de Carla Lencastre

A garagem, perto da entrada, guarda carros de Rui Barbosa, três de tração animal e um a motor, o famoso Benz. Passeio delicioso para os dias quentes do verão que já começou por aqui.

O Benz de Rui Barbosa / Foto de Carla Lencastre
O Benz de Rui Barbosa / Foto de Carla Lencastre

Fundação Casa de Rui Barbosa. O jardim abre diariamente, das 8h às 18h, e a entrada é franca. A Casa de Rui fica na Rua São Clemente 134, perto da estação de metrô Botafogo. Telefone + 21 3289 4600.

As Olimpíadas já começaram

Os anéis olímpicos foram instalados nas areias da Praia de Copacabana semana passada, o esquema de segurança teve início no domingo e os atletas estão chegando. Também já apareceram problemas na Vila Olímpica e muitos cariocas continuam de péssimo humor e reclamando (não sem razão, é importante ressaltar). O fato é que agora não existe mais um Rio sem Olimpíadas. A cerimônia de abertura será no próximo dia 5, e as transformações pelas quais a cidade passou se fazem notar por toda a parte.

Parte da nova Praça XV, com a Estação das Barcas ao fundo / Foto de Carla Lencastre
Parte da nova Praça XV, com a Estação das Barcas ao fundo / Foto de Carla Lencastre

Do ponto de vista urbanístico, o maior legado olímpico é o Centro da cidade, sobre o qual escrevi aqui diversas vezes neste último ano. Com a derrubada do Elevado da Perimetral, o Rio ganhou de volta a Praça Mauá e toda uma Região Portuária revitalizada, com o Museu do Amanhã e o Museu de Arte do Rio, o AquaRio (com inauguração prevista para o fim do ano) e a Orla Conde, calçadão que liga as praças Mauá e XV margeando a Baía de Guanabara.

Vista livre para a Baía de Guanabara / Foto de Carla Lencastre
Vista livre para a Baía de Guanabara na Praça XV / Foto de Carla Lencastre

A Praça XV ficou pronta por último (na realidade ainda há alguns pequenos trechos em obras). A promessa é estar tudo concluído até o próximo dia 5. O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), um importante legado na área de mobilidade urbana, só vai chegar à praça depois das Olimpíadas. Por enquanto o bonde liga o Aeroporto Santos Dumont à Região Portuária, pela Avenida Rio Branco, das 7h às 21h. Mesmo ainda sem VLT, a Praça XV já justifica o passeio. Como na Praça Mauá, a derrubada da Perimetral devolveu a vista para a Baía de Guanabara. E para o prédio centenário da Estação das Barcas, de onde partem as ligações para Niterói, Paquetá e Ilha do Governador.

A torre remanescente do antigo Mercado Municipal / Foto de Carla Lencastre
A torre remanescente do antigo Mercado Municipal / Foto de Carla Lencastre

Logo ao lado, a Praça Marechal Âncora também está tinindo de nova. É o endereço do Museu Histórico Nacional e do tradicional Albamar, que agora se chama Ancoramar. O restaurante está localizado na única torre que restou do antigo Mercado Municipal, projetado por Grandjean de Montigny no início do século XIX. O mercado foi inaugurado em 1908 para as comemorações do centenário da Abertura dos Portos. O restaurante surgiu em 1933. Teve período de altos e baixos, mas continua um clássico carioca. O menu dá ênfase aos frutos do mar, em pratos bons, bonitos e caros.

O salão do restaurante / Foto de Carla Lencastre
O salão do restaurante / Foto de Carla Lencastre

Nesta nova fase, o Albamar, ops, Ancoramar (vou demorar a me acostumar com o novo nome) tem uma versão mais informal no térreo. Ali funciona um bar com as portas abertas para a praça e a baía. Quase todo fim de semana as praças Marechal Âncora e XV têm sido palco de eventos variados. Durante as Olimpíadas a Praça XV terá um bungee jump e um dos palcos do Boulevard Olímpico com shows diários de artistas brasileiros. O trecho entre a Praça XV e a Região Portuária, com três quilômetros de extensão, foi batizado de Boulevard Olímpico Porto Maravilha e terá ao todo três palcos. Telões vão transmitir as principais competições.

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Detalhes da inauguração do novíssimo Yoo2 / Fotos de Carla Lencastre
Detalhes da decoração do novíssimo Yoo2, em Botafogo / Fotos de Carla Lencastre

Além da inauguração das obras públicas, o Rio tem visto a abertura de um hotel atrás do outro nesta reta final (será um grande desafio manter uma boa taxa de ocupação pós-Olimpíadas). Muitos ficam na Barra da Tijuca, como o Grand Hyatt Rio e os recém-inaugurados Pestana Barra Beach, Courtyard e Residence Inn, estes dois últimos da Marriott. Na Zona Sul, a grande estrela dos últimos dias é o Yoo2 by Intercity, na Praia de Botafogo, com um das vistas mais deslumbrantes do Rio. Escrevi sobre o hotel para a edição da semana passada do Jornal Panrotas. Dá para ler a reportagem na versão digital (páginas 28 e 29) aqui no Portal Panrotas.

Vista de um dos quartos do Yoo2 / Foto de Carla Lencastre
A vista espetacular de um dos quartos do Yoo2 / Foto de Carla Lencastre

Que comecem os Jogos!

Michelin 2016: os cariocas estrelados

O Golden Room ficou pequeno para tantos chefs de cozinha. O mais nobre dos salões do Copacabana Palace foi o local escolhido pelo guia Michelin para anunciar hoje os restaurantes estrelados de Rio e São Paulo em sua edição 2016. A única casa com duas estrelas do Brasil continua sendo, nenhuma surpresa, o D.O.M, comandado por Alex Atala em São Paulo. Atala manteve também a sua estrela no Dalva e Dito.

Alex Atala e Giovane Carneiro: o D.O.M. é o único restaurante brasileiro com duas estrelas Michelin / Foto de divulgação
Alex Atala e Giovane Carneiro: o D.O.M. é o único restaurante brasileiro com duas estrelas Michelin / Foto de divulgação

O Eleven Rio (Joachim Koerper) vem se juntar ao time de restaurantes cariocas com uma estrela. No guia desde a primeira edição brasileira, ano passado, estão Lasai (Rafa Costa e Silva), Mee (Kasuo Harada), Olympe (Claude e Thomas Troisgros), e Roberta Sudbrack. A lista de cariocas estrelados inclui ainda o Le Pré Catelan, fechado desde a saída do chef francês Roland Villard, mês passado.

Cinthia e Joachim Koerper: o chef é o novo estrelado do Rio / Foto de divulgação
Cinthia e Joachim Koerper: o chef é o novo estrelado do Rio / Foto de divulgação

Inaugurado há menos de um ano, o estreante Eleven Rio é um projeto do chef Joachim Koerper, alemão que passou por diversas cozinhas premiadas. Hoje ele mantém em Lisboa o Eleven original, também com uma estrela Michelin. A filial carioca, com o chef Paulo Leite à frente, fica em uma casa na Rua Frei Leandro, entre a Lagoa e o bairro do Jardim Botânico.

A lista de restaurantes cariocas Bib Gourmand, que reconhece casas com uma boa relação entre custo e qualidade, com menus de até R$ 90, trouxe mais novidades. Anna (Lagoa), Entretapas Jardim Botânico, Gurumê (São Conrado) e Riso Bistrô (Ipanema) agora fazem companhia a Artigiano (Ipanema), Entretapas Botafogo, Lima Restobar (Botafogo), Miam Miam (Botafogo), Oui Oui (Botafogo), Pomodorino (Botafogo) e Restô (Ipanema). Muitos dos Bib Gourmand cariocas estão entre os meus lugares favoritos do Rio, com destaque para o Entretapas de Botafogo e o Lima Restobar.

Rodrigo Oliveira e Roberta Sudbrack no lançamento do Michelin 2016 / Foto de divulgação
Rodrigo Oliveira, do Esquina Mocotó, e Roberta Sudbrack no lançamento do Michelin 2016 / Foto de divulgação

A lista de restaurantes estrelados traz três outras estreias, além do Eleven Rio. Em São Paulo, conquistaram a sua primeira estrela o Esquina Mocotó, o Kan Suke e o Tête à Tête. Os três fazem parte da lista de 11 casas com uma estrela em São Paulo. Entre os 19 restaurantes paulistanos Bib Gourmand há cinco novos: Le Bife, Bona, Manioca, Petí Gastronomia e Tordesilhas.

Durante a cerimônia de lançamento, Michael Ellis, diretor internacional dos guias Michelin, avisou aos chefs que a seleção de 2017 já começou. Com 44 hotéis e 160 restaurantes de Rio e São Paulo, o guia 2016 está disponível gratuitamente em aplicativos para celular e tablet. Nas livrarias a edição impressa, com 320 páginas, custa R$ 80.

Eleven Rio: O novo restaurante estrelado do Rio abre de terça-feira a sábado para almoço e jantar. Aos domingos, somente almoço. Menus degustação entre R$ 198 e R$ 370. Rua Frei Leandro 20, Lagoa. Tel + 21 2266 7591. www.elevenrio.com.br