Passeio no parque

O palacete do Parque Lage e o Corcovado vistos dos jardins / Foto de Carla Lencastre
O palacete do Parque Lage e o Corcovado / Foto: Carla Lencastre

A ideia hoje era mostrar mais novidades do Centro da cidade, que está passando por transformações profundas. Mas esta semana de inverno no Rio foi tão gloriosa, com cada dia mais bonito do que o outro, que fui caminhar novamente pelo Jardim Botânico, um dos meus bairros preferidos. Na região, há outro lugar arborizado que vale a visita: o Parque Lage.

Aos pés do paredão rochoso do Corcovado, um paisagismo exuberante cerca o palacete do início do século XX onde funciona há 40 anos a Escola de Artes Visuais (EAV), palco de importantes manifestações culturais. Há tanta coisa interessante em 52 hectares que resolvi dividir o post em dois. Hoje escrevo sobre o lindo parque. Semana que vem, conto sobre a EAV, seus eventos culturais e o novo (e delicioso) café.

Jardim em estilo inglês criado por Tyndale / Foto de Carla Lencastre
Jardim em estilo inglês criado por Tyndale / Foto: Carla Lencastre

O Parque Lage foi originalmente um engenho de açúcar. Seus jardins foram projetados no século XIX pelo inglês John Tyndale, que não economizou em ideias românticas. Um jardim geométrico inspirado em sua terra natal, com chafariz ao centro e vista para o Corcovado, fica bem em frente ao palacete. Há pontes bucólicas sobre lagos, e a imaginação de Tyndale criou também cavernas artificiais.

Caverna artificial abriga um aquário / Foto de Carla Lencastre
Caverna artificial e aquário / Foto: Carla Lencastre
Outras cavernas do parque / Foto de Carla Lencastre
Outras cavernas do parque / Foto: Carla Lencastre

Uma delas abriga um aquário com 12 tanques. Outras têm exemplos de estalactites e estalagmites. Tudo cercado por palmeiras imperiais e a vegetação da Mata Atlântica. Micos aparecem sempre para visitas. Turistas estrangeiros também. O parque é cenário constante de fotos de casamento. E oferece ainda parquinho infantil e várias áreas para piquenique, que atraem muitas famílias.

Parque recebe muitas famílias... / Foto de Carla Lencastre
Parque recebe famílias… / Foto: Carla Lencastre
...e turistas estrangeiros / Foto de Carla Lencastre
…e turistas estrangeiros / Foto: Carla Lencastre

Uma trilha íngreme, que exige boa preparação física, leva do Parque Lage ao Corcovado. Infelizmente, já foram registrados assaltos fora dos limites do parque. Se você for se aventurar por ali, evite ir sozinho e não leve câmera fotográfica, celular nem outros objetos de valor.

Recanto criado pelo paisagista John Tyndale / Foto: Carla Lencastre
Recanto criado por Tyndale / Foto: Carla Lencastre

Apesar de ficarem no mesmo bairro, Jardim Botânico e Parque Lage estão em pontos opostos. A pé, a caminhada leva de 15 a 20 minutos, pela Rua Jardim Botânico, uma das mais movimentadas da Zona Sul do Rio. Diversas linhas de ônibus ligam um parque ao outro.

E um aviso para quem vier ao Rio neste fim de semana: parte da Rua Jardim Botânico no sentido Gávea estará fechada domingo, dia 16 de agosto, das 10h30m às 13h, por conta da realização de um evento-teste de ciclismo para a Rio 2016.

Parque Lage e Escola de Artes Visuais: Entrada gratuita. O parque abre diariamente às 8h. O PLage Café funciona das 9h à meia-noite, de segunda a sexta-feira. Aos sábados, abre das 13h à meia-noite. Aos domingos, das 9h às 19h. Rua Jardim Botânico 414. Tel. +21 3257-1800. eavparquelage.rj.gov.br

Sombra e ar fresco

O Lago Frei Leandro / Foto: Carla Lencastre
O Lago Frei Leandro no Jardim Botânico do Rio / Foto: Carla Lencastre

A nova Praça Mauá, na Região Portuária do Rio, sobre a qual escrevi na estreia do blog, está ficando linda, mas ainda é muito árida. Então hoje vamos sair em busca de sombra e ar fresco para começar a semana. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro é uma pedida clássica para os dias quentes da cidade (e para todos os outros poucos dias menos quentes!). Um favorito dos turistas estrangeiros, o parque também está de olho no aumento de visitantes por conta das Olimpíadas de 2016 e, no final do mês passado, mudou de lugar sua entrada principal.

A área de recepção aos visitantes no parque carioca / Foto: Carla Lencastre
A área de recepção aos visitantes no parque carioca / Foto: Carla Lencastre

O portão original de acesso, no número 920 da Rua Jardim Botânico, está em obras. Agora a entrada principal é pelo número 1.008 da mesma rua, que tem mais espaço e infraestrutura para acolher os turistas. Ali há um Centro de Visitantes, com mapas do parque; uma lojinha; um bebedouro para encher a garrafinha de água; banheiros, e um café dos mais gostosos do Rio, o La Bicyclette.

Pau-brasil
Pau-brasil / Foto: Carla Lencastre
Vitórias-régias
Vitórias-régias / Foto: Carla Lencastre

Pela nova entrada, se o tempo for curto, um dos caminhos leva direto ao Chafariz das Musas e à famosa aleia de palmeiras-imperiais, símbolos do Jardim Botânico do Rio. A primeira palmeira foi plantada por Dom João VI no início do século XIX, e dela descendem todas as outras.

O Chafariz das Musas e algumas da palmeiras-imperiais / Foto: Carla Lencastre
As palmeiras-imperiais e o Chafariz das Musas / Foto: Carla Lencastre

O percurso sugerido pelo parque é mais interessante: vá contornando o jardim pelo lado esquerdo, para ver a aleia com árvores de pau-brasil. Passe pelo Lago Frei Leandro, onde estão as vitórias-régias, e visite o cactário. Ele não é tão conhecido como o orquidário e o bromeliário, que ficam mais adiante, mas também é muito bonito. Foi ampliado e reinaugurado, com novas espécies, em junho deste ano.

No novo cactário / Foto: Carla Lencastre
Cáctus no Jardim Botânico / Foto: Carla Lencastre
No cactário / Foto: carla Lencastre
No novo cactário / Foto: Carla Lencastre

Antes ou depois do passeio no parque (o ideal é reservar no mínimo uma hora), não deixe de fazer uma paradinha no café La Bicyclette, filial da padaria de mesmo nome, inaugurado em 2012. O lugar é uma graça, com amplas janelas e mesas ao ar livre. O cardápio tem saladas, sanduíches, tábuas de queijos e frios, bolos, sucos, vinhos e cervejas. Os pães são todos de fabricação própria.

O café La Bicyclette, na entrada do Jardim Botânico / Foto: Carla Lencastre
O café La Bicyclette, na entrada do Jardim Botânico / Foto: Carla Lencastre

Sou apaixonada por jardins botânicos, e sempre tento visitá-los em minhas andanças pelo mundo. O do Rio é um dos mais bonitos que conheço. Mas há pelo menos dois outros igualmente fascinantes. Um é o Jardim Botânico de Cingapura, considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, que tem várias árvores, plantas e flores em comum com o jardim carioca. Sobre ele, eu escrevo mais no meu outro blog, O Olhar Nômade. Passa lá! O outro é o Kew Gardens, em Londres, que estará em breve n’O Olhar Nômade.

Uma curiosidade une os três jardins: o atual diretor do parque de Cingapura, Dr. Nigel Taylor, é um inglês casado com uma bióloga brasileira que ele conheceu durante uma pesquisa no Jardim Botânico do Rio. Antes de se mudarem para Cingapura, há quatro anos, Taylor e a mulher trabalharam no Kew Gardens de Londres.

Do parque vê-se o Corcovado / Foto: Carla Lencastre
Do parque vê-se o Corcovado / Foto: Carla Lencastre

Jardim Botânico do Rio de Janeiro: De terça-feira a domingo, das 8h às 17h. Às segundas-feiras, abre das 12h às 17h. Ingresso: R$ 9 (pagamento somente em dinheiro). Rua Jardim Botânico 1.008. Tel. +21 3874-1808. jbrj.gov.br

La Bicyclette: De terça-feira a domingo, das 8h30m às 18h. Às segundas-feiras, das 12h às 18h. Tel. + 21 3594-2589. labicyclette.com.br

Contagem regressiva

O novo Museu do Amanhã, na Praça Mauá
O novo Museu do Amanhã, na Região Portuária / Foto: Carla Lencastre

Daqui a exatamente um ano, quando começarem os Jogos Olímpicos de 2016, o Rio de Janeiro será uma cidade muito diferente do que é hoje. Para receber 10.500 atletas de 205 países, além de milhares de visitantes, o Rio está em reconstrução. E é difícil não se emocionar quando novos panoramas vão se revelando em bairros como o Centro e a Barra da Tijuca.

O Direto do Rio estreia hoje para acompanhar as incríveis mudanças pelas quais passa a cidade mais linda do meu mundo (e olha que o meu mundo é vasto). Aqui vou revisitar os pontos turísticos, conferir os novos passeios e as atrações culturais, contar as novidades da gastronomia e da hotelaria, relembrar os restaurantes clássicos, andar pelas praias e botequins. Tudo para você aproveitar melhor um fim de semana ou uma temporada carioca.

O MAR e o terminal de cruzeiros da Praça Mauá
O Museu de Arte do Rio e o terminal de cruzeiros da Praça Mauá / Foto: Carla Lencastre

Para começar nosso passeio pelo Rio, escolhi a Praça Mauá, no Centro, na Região Portuária. Ela é um dos símbolos mais marcantes do novo Rio. A estátua do Visconde de Mauá agora está cercada pelo Museu de Arte do Rio (MAR), o Museu do Amanhã e o terminal de cruzeiros do Píer Mauá. As obras ainda não terminaram, mas a praça já foi devolvida ao povo, sem o Elevado da Perimetral, que bloqueava a vista para a Baía de Guanabara e a ponte Rio-Niterói.

A praça, o museu, a baía e a ponte
A praça, o Museu do Amanhã, a baía e a ponte / Foto: Carla Lencastre

O Museu do Amanhã é um projeto do arquiteto espanhol Santiago Calatrava e deve ser inaugurado até o fim do ano. Será voltado para ciência e tecnologia, com discussões sobre o futuro. O MAR, instalado em dois prédios lado a lado e interligados, faz parte da vida dos cariocas desde março de 2013. Uma mostra com pinturas e desenhos de Tarsila do Amaral é o destaque da temporada atual.

Antes ou depois de passear pela praça e ver uma exposição, aproveite para comer no Cristovão Café ou no Bistrô e Restaurante Mauá, ambos no MAR. Não deixe de visitar também a loja Novo Desenho, no térreo do museu, ao lado do café, com objetos de design brasileiro.

No terraço do MAR
No terraço do MAR / Foto: Carla Lencastre

O Mauá, no terraço, tem cardápio de cozinha brasileira, com pastéis de queijo Minas curado; escondidinho de rabada com banana da terra; mexido de carne de sol com feijão verde, queijo coalho e couve; arroz doce. Do terraço, além da vista panorâmica para a praça, o Museu do Amanhã, a ponte Rio-Niterói e, no verão, os navios de cruzeiros, é possível ver parte do Morro da Conceição. Dá para combinar um passeio pelas adoráveis ruelas do morro com a visita à Praça Mauá. Mas este já é  assunto para outro post.

Morro da Conceição visto do MAR
Casas do Morro da Conceição vistas do MAR / Foto: Carla Lencastre

Detalhe importante: as novas árvores da praça ainda vão demorar a dar sombra. Então protetor solar e uma garrafinha de água são fundamentais para a parte ao livre do passeio. Mesmo no, digamos, inverno carioca.

Museu de Arte do Rio (MAR): Aberto de terça-feira a domingo, das 10h às 17h. Ingresso: R$ 8. Às terças, a entrada é franca. A exposição “Tarsila e mulheres modernas no Rio” pode ser vista até 20 de setembro. Praça Mauá 5. Tel. +21 3031-2741. MuseudeArtedoRio.org.br