Rio como destino

O Corcovado sem o Redentor e o Pão de Açúcar sem o bondinho estão entre as muitas emocionantes e surpreendentes imagens da exposição “Rio de Janeiro como Destino, cartazes de viagem, 1910-1970, Coleção Berardo”, no Museu Histórico Nacional (MHN), no Centro da cidade.

Cartaz de Bernd Steiner, de cerca de 1920 / Divulgação
Cartaz de Bernd Steiner, de cerca de 1920 / Divulgação

É um dos melhores programas para os dias de chuva do verão carioca. Prorrogada até 20 de março, a mostra reúne 40 cartazes de companhias aéreas e marítimas que mostram o Rio no século passado como porta de entrada da América Latina para europeus e americanos.

Publicidade francesa de 1928 / Divulgação
Publicidade francesa de 1928 / Divulgação

A exposição tem como curadores Marcio Alves Roiter, diretor do Instituto Art Déco Brasil, e Paulo Knaus, diretor do MHN. “Os cartazes de publicidade das companhias marítimas e aéreas internacionais parecem indicar a estrada rumo à natureza, ao sol, à esperança do novo mundo, apresentando o Rio como destino. Alguns quase centenários provam que o produto da publicidade é capaz de sobreviver ao seu uso original, transformando-se em documento histórico”, escrevem Roiter e Knauss no texto de apresentação da mostra.

Cartaz de Victor Vassarely, de cerca de 1940 / Divulgação
Cartaz de Victor Vassarely, de cerca de 1940 / Divulgação

Hoje Lima é a cidade da América Latina que mais recebe visitantes, seguida pela Cidade do México. O Rio está na modesta 92ª posição na lista das cidades mais visitadas do mundo segundo o site Euromonitor.

Publicidade britânica do início da década de 1950 / Divulgação
Publicidade britânica do início da década de 1950 / Divulgação

Os Jogos Olímpicos de 2016 podem mudar o cenário para melhor. A cidade vai ganhar 20 mil novos quartos de hotéis, chegando a um total de 50 mil, e obras de infraestrutura estão melhorando a mobilidade urbana. A paisagem do Centro está mudando. Na reinaugurada Praça Mauá, onde fica o Porto do Rio, além do Museu de Arte do Rio (MAR), de 2013, há o Amanhã, um museu voltado para ciências, com projeto do arquiteto espanhol Santiago Calatrava. Aberto há menos de um mês, alcançou esta semana a marca de 100 mil visitantes. Neste início as filas têm sido longas, e a espera para entrar no museu pode chegar a duas horas.

Projeção de como ficará a fachada da nova sede do MIS, na Praia de Copacabana / Divulgação
Projeção de como ficará a fachada do novo MIS, em Copacabana / Divulgação

Ainda na área cultural, a nova sede do Museu da Imagem e do Som (MIS) será inaugurada este ano em plena Praia de Copacabana. A expectativa é que os três museus juntos tragam mais de um milhão de visitantes à cidade. Para discutir o futuro do turismo no Rio pós-Olimpíadas, um grupo de empresários do setor e governantes se reuniu no fim do ano passado no MHN, em um evento paralelo à inauguração da mostra de cartazes de viagem. Alguns dos debates estão resumidos no site Rio como Destino.

Cartaz de Judd Wiertz, de cerca de 1930 / Divulgação
Cartaz de Judd Wiertz, de cerca de 1930 / Divulgação

No caminho para a sala (com ar-condicionado) da exposição, não deixe de parar para admirar as carruagens dos tempos do Brasil Império e o famoso pátio de canhões do museu. O restaurante do MHN, The Line, é uma boa opção para o almoço.

Cartaz de Kenneth Shoesmith, de cerca de 1920
Cartaz de Kenneth Shoesmith, de cerca de 1920

Serviço

Exposição “Rio como Destino, cartazes de viagem, 1910-1970 Coleção Berardo”.

Local: Museu Histórico Nacional, Praça Marechal Ancora s/nº, Centro.

Horário: Terça a sexta-feira, das 10h às 17h30m. Aos sábados, domingos e feriados, das 14h às 18h.

Ingresso:  R$ 8. Entrada grátis aos domingos.

A Lagoa, o Natal e as Olimpíadas

Os Dois Irmãos e a Pedra da Gávea vista do Cantagalo / Foto de Carla Lencastre
Os Dois Irmãos e a Pedra da Gávea vistos do Parque do Cantagalo / Foto de Carla Lencastre

Um dos mais famosos cartões-postais cariocas, a Lagoa Rodrigo de Freitas é assunto certo no fim de ano no Rio. Quem passou por suas margens nos últimos dias percebeu os sinais de que 2015 vai terminando. A estrutura da árvore, que há 20 anos é a decoração de Natal mais famosa (e controversa) da cidade, já está quase pronta. A inauguração será no próximo dia 28, no Parque do Cantagalo.

A árvore de Natal da Lagoa no ano passado  / Foto de Carla Lencastre
A árvore de Natal ano passado / Foto de Carla Lencastre

Com 85 metros de altura, a maior árvore de Natal flutuante do mundo começou a ser montada em setembro. Em um dos programas mais populares do fim de ano carioca, ano após ano multidões vão às margens da Lagoa até o dia 6 de janeiro para ver a imensa árvore iluminada flutuando no espelho d’água. Seis geradores já estão instalados para garantir as luzes.

O pôr do sol visto do Palaphita / Foto de Carla Lencastre
Pôr do sol visto do Palaphita / Foto de Carla Lencastre

A árvore é uma atração extra, mas a Lagoa é um bom programa o ano inteiro. Há vários quiosques em seu entorno. Gosto muito do Palaphita Kitch, que fica na área do Parque do Cantagalo e abre às 18h. É um lounge às margens da Lagoa com um lindo pôr do sol. Às vezes dá até para ver a árvore, dependendo do dia (ela muda de lugar ao longo do mês de dezembro).

Lounge às margens da Lagoa / Foto de Carla Lencastre
Lounge na Lagoa / Foto de Carla Lencastre

Perto do Palaphita ficam os pedalinhos e há uma área para piqueniques. Foi um deles que me inspirou a escrever este post. No fim do mês passado, o Visit California promoveu um lindo evento às margens da Lagoa para divulgar o estado americano. Para quem quiser saber as novidades de Santa Monica, tem um post no meu outro blog, O Olhar Nômade.

Piquenique do Visit California às margens da Lagoa / Foto de Carla Lencastre
Piquenique do Visit California  / Foto de Carla Lencastre

A árvore começa a ser desmontada na manhã do dia 7 de janeiro. Mas a Lagoa vai continuar no centro das atenções de cariocas e visitantes em 2016. Durante as Olimpíadas, as provas de remo e canoagem de velocidade serão disputadas ali. Com quase oito quilômetros de perímetro, a Lagoa é cenário de regatas desde o fim do século XIX. Flamengo, Botafogo e Vasco, três dos mais importantes times do futebol carioca, tiveram origem nos clubes de remo às margens da Lagoa. E até hoje suas equipes estão entre as mais competitivas.

Vegetação exuberante no entorno da Lagoa / Foto de Carla Lencastre
Vegetação exuberante no entorno / Foto de Carla Lencastre

Infelizmente, o cenário da Lagoa não é uma beleza em tempo integral. Há um problema crônico de mortandade de peixes, por conta da proliferação de algas. Em abril deste ano, depois de uma forte chuva, foram recolhidas mais de 50 toneladas de peixes mortos na Lagoa, que é ligada ao mar. Até hoje, não foi encontrada uma solução definitiva para o problema que já tem dezenas de anos.

A vegetação às margens da Lagoa / Foto de Carla Lencastre
A vegetação às margens da Lagoa / Foto de Carla Lencastre

 

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Dias de glória na Glória

A Glória e parte do Centro vistos do Outeiro / Foto de Carla Lencastre
A Glória e parte do Centro vistos do Outeiro / Foto de Carla Lencastre

Este mês tem Casa Cor Rio. Mas nem é preciso uma mostra de decoração e paisagismo para justificar uma ida à Glória, bairro de passado aristocrático que passou décadas meio abandonado. De uns anos para cá, com mais segurança, novos moradores e opções de lazer, a Glória está mudando de cara. Entre o Centro e a Zona Sul, é uma das áreas históricas do Rio. O Casa Cor é mais um ótimo pretexto para ir passear por lá.

Uma das casas da Villa Aymoré / Foto de Carla Lencastre
Uma das casas da Villa Aymoré, sede do Casa Cor / Foto de Carla Lencastre

A mostra este ano acontece na lindíssima Villa Aymoré. Suas centenárias casas estavam em ruínas, e foram inteiramente restauradas. Na vila teria morado a Baronesa de Sorocaba, irmã da Marquesa de Santos e também amante de Dom Pedro I. Mas os primeiros moradores da região foram os tupinambás, e todas as casas da Villa Aymoré têm nomes de origem indígena.

Villa Carijó / Foto de Carla Lencastre
Villa Carijó / Foto de Carla Lencastre
Villa Iriri / Foto de Carla Lencastre
Villa Iriri / Foto de Carla Lencastre

A Villa Aymoré fica no início da Ladeira da Glória, que leva ao magnífico Outeiro, frequentado pela família imperial. Você pode começar o passeio pela Rua do Russel, pegando o plano inclinado (gratuito) até o Outeiro. No interior da igreja não deixe de admirar as paredes decoradas com belos azulejos.

Plano inclinado do Outeiro da Glória / Foto de Carla Lencastre
Plano inclinado da Glória / Foto de Carla Lencastre

 

O interior do Outeiro / Foto de Carla Lencastre
O interior do Outeiro / Foto de Carla Lencastre
Detalhe dos azulejos no interior da igreja / Foto de Carla Lencastre
Azulejos da igreja / Foto de Carla Lencastre
Outro painel de azulejos / Foto de Carla Lencastre
Outro painel de azulejos / Foto de Carla Lencastre

Do alto do Outeiro, descortina-se a Baía de Guanabara, a Marina da Glória, o Pão de Açúcar e, triste constatação, o abandonado Hotel Glória. Um dos símbolos do bairro, erguido em 1922, com uma bela vista para a baía, foi comprado pelo empresário Eike Batista, que derrubou toda a parte interna do hotel. Hoje o Glória está destruído. As obras estão paralisadas há dois anos, quando agravou-se a crise financeira do grupo comandado por Eike.

A baía, o Pão de Açúcar e o Hotel Glória / Foto de Carla Lencastre
A baía, o Pão de Açúcar e o Hotel Glória / Foto de Carla Lencastre

Do Outeiro desça a ladeira com calçadas de pedras portuguesas para chegar ao Casa Cor.

Ou faça o itinerário inverso. Apesar de ser uma ladeira, a caminhada é curta, e tanto faz o ponto de partida do percurso. A estação de metrô da Glória fica perto do início da ladeira. Só leve em conta que o verão carioca começou semana passada, e as temperaturas já chegaram perto dos 40ºC. Como quase sempre, água, chapéu e protetor solar são indispensáveis.

A Glória vista da Villa Aymoré / Foto de Carla Lencastre
A Glória vista da Villa Aymoré / Foto de Carla Lencastre

As casas de vila do Casa Cor não têm ar-condicionado. Fiz o passeio durante o dia, mas talvez tivesse sido mais agradável ao cair da tarde. Mesmo no calor, não deixe de dar uma paradinha no lindo Jardim de Frida Kahlo, projeto da paisagista Paula Bergamin inspirado na casa da pintora, na Cidade do México.

Jardim de Frida Kahlo / Foto de Carla Lencastre
Jardim de Frida Kahlo / Foto de Carla Lencastre
O Corcovado visto do jardim de Frida /Foto de Carla Lencastre
O Corcovado visto do jardim de Frida /Foto de Carla Lencastre

A Ladeira da Glória e o Outeiro, erguido de meados do século XVIII, ficam de um lado da Glória. Do outro, as ruas levam a Santa Teresa e a passeios diferentes. Na ladeira, encontra-se também a Casa da Glória, onde nos fins de semana acontecem eventos culturais e gastronômicos. Para começar ou encerrar o passeio pela Glória de um jeito carioca, tome um chope na Taberna da Glória, no sopé da ladeira. O bar é concorrido no carnaval, mas fica mais tranquilo nesta época do ano. Se for domingo de manhã, não deixe de passar na feira livre do bairro, na Rua da Glória, e comer uma tapioca.

Cartão-postal do Outeiro / Foto de Carla Lencastre
Cartão-postal do Outeiro / Foto de Carla Lencastre
Pedras portuguesa na Ladeira da Glória / Foto de Carla Lencastre
As pedras da ladeira / Foto de Carla Lencastre

A duas fotos acima foram publicadas no meu Instagram. Para me acompanhar por lá é só procurar por Carla Lencastre. No facebook a página tem o nome do meu outro blog, O Olhar Nômade.

Casa Cor Rio: A mostra foi prorrogada até 13 de outubro. De terça-feira a domingo, das 12h às 21h. Ingresso: R$ 44 (de terça a sexta-feira) e R$ 50 (fim de semana). Villa Aymoré, Ladeira da Glória 26. Quando terminar o Casa Cor, as casas serão alugadas como escritórios.

Outeiro da Glória: De terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 17h. Aos sábados e domingos, das 9h às 12h. O plano inclinado funciona nos mesmos horários.