Um bonde chamado Colombo

Vitrais franceses, espelhos belgas, mármores italiano: o tempo passa, mas a Belle Époque persiste na centenária e deslumbrante Colombo. E a mais famosa confeitaria do Rio, no Centro da cidade, agora tem um ponto de bonde para chamar de seu. É o moderno Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) levando a uma viagem ao passado.

O movimentado salão principal da centenária Confeitaria Colombo / Foto de Carla Lencastre (a imagem em destaque no alto é de divulgação/Wagner Pinheiro)

Inaugurada semana passada, a segunda linha do bonde carioca liga a Praça XV (uma das pontas do Boulevard Olímpico) à Saara, uma área tradicional de comércio popular. Por enquanto, há quatro paradas na Linha 2 do VLT: Praça XV, Colombo, Praça Tiradentes e Saara. Como o nome indica, o ponto Colombo fica na esquina da confeitaria, na Rua Sete de Setembro com Gonçalves Dias.

A bela claraboia / Foto de Carla Lencastre

No final do ano passado, os 122 anos da Colombo foram comemorados com uma reforma da fachada histórica, que recuperou as cores originais. Do lado de dentro, a decoração segue como antigamente. O ponto central é a claraboia e seu lindo vitral. Mas não olhe apenas para cima, porque o piso também é muito bonito. Entre um e outro, encontram-se imensos armários em jacarandá com portas envidraçadas, cadeirinhas de palhinha, doces e salgados, latas de biscoitos e bolos. Tudo refletido pelos enormes espelhos de cristal.

A fachada restaurada ano passado / Foto de divulgação

Há um restaurante no mezzanino. Mas a minha sugestão é uma mesa no café, no térreo, que serve refeições leves como saladas e sanduíches. Além, claro, de todos os doces e salgados que fazem a fama do lugar. Quase sempre há fila para entrar, e a Colombo é especialmente concorrida no horário do almoço. Mas a rotatividade também é grande. Ou seja, a fila anda rápido. Para quem não estiver com pressa, uma vez lá dentro fica-se o tempo que quiser, como em um café parisiense. Dá para repetir o café ou chá, pedir mais uma cerveja ou uma taça de espumante. A Colombo convida ao lento passar dar horas.

Semana passada, aproveitei para conhecer o percurso da linha nova do VLT e apresentar a confeitaria para uma amiga querida de férias no Rio. Passamos algumas horas no café botando o papo em dia. O serviço foi gentil o tempo todo, mesmo com o movimento intenso.

Detalhes da Colombo / Fotos de Carla Lencastre

A confeitaria acaba de abrir uma loja no setor de embarque internacional do Aeroporto do Galeão na qual reproduz parte de sua decoração, com uma réplica do vitral do teto e as mesas e cadeiras. Tem também uma filial no Forte de Copacabana, onde a maior atração é a vista para o oceano.

A entrada da Colombo, na Rua Gonçalves Dias / Foto de Carla Lencastre

Serviço. A Confeitaria Colombo fica no número 32 na Rua Gonçalves Dias, uma estreita transversal da Sete de Setembro, a rua que liga as praças XV e Tiradentes. A parada Sete de Setembro da Linha 1 do VLT também fica perto da confeitaria. Para quem chega de metrô, a estação mais perto é a Carioca. A Colombo abre de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h. Aos sábados, fecha às 17h. Telefone +21 2505-1500.

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Um oásis em meio ao caos urbano

Botafogo, uma das áreas mais agitadas da cidade, acaba de recuperar o seu mais bonito oásis. Entre o Centro e as praias, repleto de cinemas, cervejarias, bares, restaurantes, comércio em geral e novos hotéis, o bairro viu há menos de um mês a reinauguração do tranquilo jardim da Fundação Casa de Rui Barbosa, na movimentada Rua São Clemente.

O jardim renovado da Casa de Rui / Foto de Carla Lencastre
O jardim da Casa de Rui, renovado e ainda mais bonito / Foto de Carla Lencastre

Com nove mil metros quadrados, não é dos maiores do Rio. Mas sem dúvida é dos mais simpáticos. E um respiro verde necessário em meio às muitas atrações urbanas de Botafogo.

A entrada da Casa de Rui Barbosa / Foto de Carla Lencastre
A entrada da casa / Foto de Carla Lencastre

A fundação, como o nome indica, está instalada na casa cor-de-rosa de 1850 onde viveu Rui Barbosa até sua morte, em 1923. No início do século XX, Botafogo era o bairro da aristocracia carioca. O jardim histórico que cerca o sobrado foi restaurado com recursos do BNDES e preserva árvores frutíferas plantadas pelo ilustre morador, como mangueiras, jambeiros e uma pitangueira. Há também um exemplar de pau-brasil.

Outro ângulo do jardim / Foto de Carla Lencastre
O jardim visto de outro ângulo / Foto de Carla Lencastre

Uma estrutura metálica sustenta o parreiral da antiga chácara, que ganhou novas mudas. Entre as árvores e o parreiral ficam dois pequenos lagos artificiais com carpas, pedras e pontes.

Um dos lagos do jardim de Rui / Foto de Carla Lencastre
Um dos lagos de Rui / Foto de Carla Lencastre

A garagem, perto da entrada, guarda carros de Rui Barbosa, três de tração animal e um a motor, o famoso Benz. Passeio delicioso para os dias quentes do verão que já começou por aqui.

O Benz de Rui Barbosa / Foto de Carla Lencastre
O Benz de Rui Barbosa / Foto de Carla Lencastre

Fundação Casa de Rui Barbosa. O jardim abre diariamente, das 8h às 18h, e a entrada é franca. A Casa de Rui fica na Rua São Clemente 134, perto da estação de metrô Botafogo. Telefone + 21 3289 4600.

Para ver o sol se por

O horário de verão adia o pôr do sol carioca para as 19h. E nesta primavera o Rio já teve cada fim de tarde mais alaranjado do que outro. O melhor lugar para estar quando o sol de põe atrás do Morro Dois Irmãos é na orla das praias de Ipanema e Leblon. Quanto mais perto da Pedra do Arpoador, melhor.

Tons de laranja no céu e nos copos / Foto de Carla Lencastre
Tons de laranja no céu e nos copos / Foto de Carla Lencastre

Dia desses vi o entardecer em um quiosque do Aperol Spritz, drinque leve e refrescante que há alguns verões faz sucesso por aqui. Os tons de laranja da bebida não poderiam combinar mais com o colorido do crepúsculo.

O quiosque ao entardecer / Foto de Carla Lencastre
O quiosque ao entardecer / Foto de Carla Lencastre

O programa é um luxo, porém o quiosque é bem simples: mesas e cadeiras de plástico e nada para comer. Mas o drinque com espumante é preparado com esmero pelos funcionários e servido na taça de vidro apropriada. A rodela de laranja do Spritz é o preço: honestíssimos R$ 20.

No calçadão, na frente do quiosque / Foto de Carla Lencastre
No calçadão, na frente do quiosque / Foto de Carla Lencastre

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O pôr do sol no Arpoador pode ser combinado com um passeio pela Praça Nossa Senhora da Paz, onde fica uma das novas estações do metrô do Rio. Neste post aqui tem algumas sugestões do que fazer nos arredores da charmosa praça.

E lá se vai mais um dia... / Foto de Carla Lencastre
E lá se vai mais um dia… / Foto de Carla Lencastre