7 dias no Litoral Sul: Roteiro de Salvador a Ilhéus

Cerca de 300Km separam Salvador e Ilhéus.

Quer dizer, 300Km em linha reta: em razão do litoral entrecortado por inúmeras ilhas, baías, rios e arquipélagos, a estrada que liga as duas cidades precisa dar uma volta um pouco mais longa – quase 450Km – garantindo um ar ainda mais preservado aos destinos situados no meio do caminho.

Tivessem projetado a rodovia margeando a costa e talvez a Bahia não teria se tornado um dos maiores polos turísticos do País. Como imaginar Morro de São Paulo, Boipeba, Moreré e Barra Grande conectados por pontes e rodovias monumentais, sem que isso comprometesse a preservação desses lugares? Por um lado, sabemos que uma infraestrutura de transportes limitada prejudica a chegada de turistas, mas por outro, já conhecemos o que acontece quando um local não consegue acompanhar o aumento do fluxo de visitantes.

O Litoral Sul da Bahia vive assim, nesse eterno dilema entre facilitar o acesso ou manter os destinos como estão. Antes de afirmar que defendo a 2ª alternativa, cabe um esclarecimento: não sou a favor da exclusividade por critérios econômicos e tenho certeza que transformar essas localidades em balneários privativos para endinheirados não é necessariamente a melhor opção – existem outras formas de controle e muitas atrações turísticas ao redor do mundo já trabalham com isso. O que defendo é a preservação e a proteção do nosso litoral contra o Turismo predatório e excessos que acabam comprometendo não apenas o destino em si, mas a própria experiência do viajante.

O caminho é o equilíbrio. Não gostaria de ver milhares de veículos invadindo Morro de São Paulo, porém ao mesmo tempo, sei que não é confortável esperar horas e horas na fila para retornar da ilha em feriados mais concorridos como o Reveillon.

[Foto: Lady Rasta]
[Foto: Lady Rasta]
O fato é que, considerando a logística complexa até mesmo para baianos, para turistas a situação fica mais difícil na hora combinar mais de um desses destinos na mesma viagem: suponha que um visitante deseje conhecer Salvador, Morro de São Paulo, Taipu de Fora e Itacaré. Por onde começar? Quais cidades deverá utilizar como base? Como se deslocar entre cada uma das localidades?

Esse foi o desafio proposto pela Abreu Viagens, conhecida mundialmente como “a mais antiga operadora do planeta”, fundada em 1840 na cidade do Porto, em Portugal. A Abreu enviou 11 dos seus agentes de viagem para um famtour com o objetivo de explorar ao máximo o nosso Litoral Sul. As únicas informações existentes até então eram as datas de chegada e partida no Aeroporto Internacional de Salvador. Já a montagem completa da programação do que visitar em sete dias ficou a cargo da Grou Turismo, o receptivo Abreu na Bahia. Tive a honra de participar e acompanhar de perto todo o processo e aproveito para contar aqui um pouco da aventura dos portugueses em terras baianas.

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Roma Negra

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Já dizia a famosa canção de Roberto Mendes:

Lisboa revisitada

Sudanesa sedução

Roma negra encravada no ocidente, coração

Salvador está presente no imaginário coletivo e nos livros de História de Portugal. Capital da Colônia por mais de 200 anos, projetada como uma típica cidade portuguesa e com relevo definido entre Cidade Alta e Cidade Baixa, veio a se tornar o porto mais movimentado do Atlântico Sul – e para alguns estudiosos, a primeira cidade “globalizada” do Ocidente. Salvador nasceu e cresceu como a mistura de três grandes etnias – a europeia, a africana e a indígena – mas recebeu a influência de várias outras nacionalidades, que paravam as embarcações na cidade no caminho para outras regiões. Devido ao comércio de escravos, é considerada hoje a maior população negra fora da África e reúne uma riqueza cultural de valor incalculável, tendo sido o berço de vários gêneros musicais brasileiros e celeiro de alguns dos maiores artistas do País.

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A expectativa do grupo era grande, mas pontuada por algumas notícias desanimadoras em relação à cidade. De fato, Salvador não é mais a mesma dos anos 90, quando estourou para o Turismo com um Pelourinho recém-reformado e a Axé Music bombando nas paradas de sucesso. A cidade atravessou um período turbulento em meados dos anos 2000 e enfrentou uma queda no número de turistas, acarretando inclusive no fechamento de alguns hotéis. No último ano, contudo, parece estar querendo levar a sério novamente o mercado, e vem se equipando com novas atrações, além de repaginar os cartões postais mais clássicos. Ainda há muito a ser feito e melhorado, mas como eu costumo dizer aos amigos que visitam a cidade, Salvador não é uma cidade para fotos do Instagram, mas um lugar para ser vivenciado em todos os seus aspectos – em especial o artístico, histórico, cultural e gastronômico. Com a assistência adequada de um morador local e sem medo de se jogar de cabeça na viagem, a experiência pode ser uma das mais marcantes da sua vida.

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Entre visitas a alguns hotéis da cidade, que já são de praxe em famtrips, alternamos com passeios para apresentar o que faz de Salvador…Salvador. Com duas noites de hospedagem na ida – uma para a chegada e a outra para seguir viagem – e mais duas noites na volta, o grupo ficou com dois dias livres para um curso intensivo de baianidade nagô. O clima não poderia ter sido melhor – sério, nunca vi agentes tão animados quanto esses:

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Teve de tudo um pouco: Igreja de São Francisco (uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo), Igreja do Bonfim (e uma aula sobre o sincretismo religioso na Bahia), compras no Mercado Modelo (tive que levar DUAS VEZES, porque o povo queria comprar mais), Elevador Lacerda (o nosso Elevador de Santa Justa), moqueca de camarão no Centro Histórico, show gratuito de grupo de percussão no Pelourinho, passeio no Santo Antônio Além do Carmo e visita ao novo Espaço Carybé de Artes, na Barra.

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Preciso fazer apenas uma observação importante sobre os hotéis que nós visitamos. Sem entrar no mérito de cada um, não posso deixar de destacar a VISTA dos quartos e/ou terraços (sou desses que não pode subir em prédio alto e já quer tirar foto). Olha só o visual:

– Golden Tulip Rio Vermelho

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– Pestana Convento do Carmo

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– Sheraton da Bahia

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– Sol Barra

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Ibiza Baiana

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Já que em casa de ferreiro o espeto é de plástico, lá vem eu cometendo o mesmo erro que condenei alguns posts atrás, sobre o perigo dos títulos comparativos. Vamos pular essa parte e focar na licença poética para que vocês entendam, guardadas as devidas proporções, o que o 2º destino do famtour representa para o Turismo na Bahia.

A primeira coisa que você precisa saber é que Morro de São Paulo não faz parte de Salvador, e sim de Cairu (um município-arquipélago que abrange ainda as praias de Boipeba e Moreré). A segunda coisa é que ilha não se chama Morro de São Paulo, e sim Ilha de Tinharé.  E a terceira é que Morro é mesmo um MORRO, portanto espere uma senhora ladeira para subir do atracadouro até a vila, outra ladeira de responsa para descer da vila até as praias e uma ladeira pior ainda para voltar – na verdade é a mesma ladeira da ida, mas imagine como é para subir depois de passar o dia tomando banho de mar e enchendo o bucho de comida?

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Há três formas para chegar a Morro a partir de Salvador: via marítima, de catamarã navegando em mar aberto, de táxi aéreo, ou como a maioria das empresas de receptivo opera, via transfer semi-terrestre. Como o catamarã costuma causar enjoos em muita gente (não é raro os passageiros vomitarem) e o voo até Morro é só para o$ mai$ endinheirado$, ficamos com a última opção: transfer do hotel em Salvador até o Terminal Náutico + travessia de lancha até a Ilha de Itaparica + trajeto rodoviário até o Terminal de Bom Jardim + lancha rápida até Morro de São Paulo. Contando assim parece ser trabalhoso, mas é bem prático e todo mundo descansa/dorme no buzú. O percurso total dura aproximadamente 3h30.

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Pronto, sua lancha atracou em Morro e agora começa a última etapa do negócio: carregar as bagagens até o hotel.

“Ah, é só arrastar a mala, tem rodinha pra que?”

Fique aí achando que é moleza. Para enfrentar as ladeiras de Morro de São Paulo, existe um serviço especializado de “táxi” para o transporte de bagagens – ou de passageiros, caso você não queira chegar lá em cima botando os bofes pra fora. O valor é negociado com cada carregador (de R$15 a R$20 por mala), você diz em qual pousada vai ficar hospedado, e levam tudo pra você. Ah, só um detalhe: como praticamente não existem veículos em Morro, o transporte é realizado na base do carrinho de mão:

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Em Morro, aliás, você vai aprender que “em coração de mãe/carrinho de mão, sempre cabe mais um/uma mala”. Não me pergunte como, mas os caras conseguem colocar até DEZ malas grandes num carrinho, e o mais impressionante, subir com tudo aquilo até o alto da vila. Se chamarem a equipe do Guinness Book, vira recorde.

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Todos devidamente alojados nas respectivas pousadas, marcamos para nos encontrar em um restaurante da Segunda Praia, utilizado como ponto de apoio da Grou para passeios de um dia a Morro. A Primeira Praia não é muito famosa, a Terceira fica logo mais à frente (na minha opinião, a melhor para se hospedar), e a Quarta e a Quinta são as mais sossegadas, por ficarem mais distantes da muvuca do centrinho.

Nem preciso falar que no almoço o povo pediu moqueca. De novo.

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Ficamos somente uma noite em Morro, suficiente para um passeio pela vila e banho de mar. O tempo não estava muito favorável – quase sempre nublado – mas os agentes disseram que estava perfeito. Eu insisti falando que em dias de sol ficava muito mais bonito, mas ninguém ligou muito. Na dúvida, vou mandar aqui algumas fotos que tirei quando estive por lá em setembro (e olha que dizem que Morro consegue ser ainda mais lindo do que isso):

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Claro que a noite de Morro é um capítulo à parte. Mesmo na baixa estação, sempre há opções de baladas, música ao vivo e inúmeros bares para curtir a madrugada, a exemplo da emblemática Toca do Morcego, com seu famoso por do sol com vista pro mar. Nós fomos para o Portaló, convidados por outro português que reside na ilha há alguns anos e atua na área Comercial da pousada. Ótimos drinks, recepção de primeira e um fim de tarde inesquecível.

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A Indonésia é Aqui

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De Morro de São Paulo, saímos cedo para pegar a lancha de volta ao Terminal de Bom Jardim, e de lá uma van nos esperava para seguir viagem até Camamu (80Km), e de lá, fomos em uma outra lancha até o vilarejo de Barra Grande, na ponta da Península de Maraú. Foi uma parada estratégica do transfer a caminho de Itacaré, para apresentar ao grupo mais um destino do Litoral Sul: na realidade, não existe esta opção como traslado regular, mas como o tempo dos agentes estava um tanto corrido, fizemos essa opção para não perder a oportunidade.

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Em condições normais, é possível conhecer Barra Grande se hospedando numa das pousadas ou em um passeio de escuna pela Baía de Camamu, com paradas em algumas ilhas e almoço no vilarejo. O tour pode ser realizado por turistas hospedados em Morro de São Paulo, Itacaré ou Ilhéus.

Camamu é uma das cidades mais antigas da Bahia, construída nos mesmos moldes de Salvador – aproveitando o seu relevo dividido em partes Alta e Baixa. A cidade fica a cerca de 40Km de Itacaré e tem um porto bastante movimentado, com um importante casario colonial.

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São menos de 30 minutos de travessia de lancha até Barra Grande, em embarcações que fazem o transporte da própria população local – esse é o melhor meio de transporte para cruzar a imensa Baía de Camamu (a 3ª maior do Brasil, inclusive). Logo que desembarcaram na Península de Maraú, os agentes se encantaram tanto que chegaram e me perguntar se seria possível ver um lugar mais paradisíaco do que aquele no resto da viagem. “Esse você não vai conseguir superar”, foi o que eles disseram.

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O restaurante utilizado como ponto de apoio em Barra Grande foi o Clube do Mestre, situado à beira mar, oferecendo um almoço especial para os agentes da Abreu e um dos atendimentos mais simpáticos de toda a viagem.

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Um ponto importante é que assim como em Morro de São Paulo, em Barra Grande também há uma taxa de preservação ambiental a ser paga logo após o desembarque da lancha. Você passa pelo guichê da “imigração” e dois passos depois já está no pedaço mais indonésio da Bahia (juro que é a última vez que eu faço esse tipo de comparação).

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De todos os destinos visitados no Litoral Sul, a Península de Maraú sem dúvidas tem o clima mais tranquilo (exceto quando recebe alguma festa ou evento badalado). As construções são em estilo rústico, as ruas são de areia, e há poucos automóveis na vila (a estrada de acesso é mais adequada para veículos 4×4).

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O ritmo é tão sossegado que rola até uma siesta depois do almoço. Repare no horário de funcionamento de algumas lojas:

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E o que dizer das praias? Por se tratar de uma península, o lugar é banhado tanto pelas águas calmas da Baía de Camamu – sem ondas, perfeitas para ficar relaxando como se não houvesse amanhã – quanto pelo Oceano Atlântico. Do lado do oceano, por sinal, ficam as piscinas naturais de Taipu de Fora, que aparecem sempre em todas as listas de Praias Mais Bonitas do Brasil. Mas as de Barra Grande não ficam atrás em matéria de beleza:

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Ao final da tarde, já estávamos novamente na lancha para Camamu e embarcamos na van com destino a Itacaré, a 45Km de distância. Já era início de noite quando fizemos o check in nas pousadas, e logo após o jantar seguimos para a região mais badalada da cidade: a Pituba.

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Pra que Costa Rica?

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Itacaré é um dos destinos mais completos da Bahia. Essa também foi a opinião dos agentes portugueses, que elegeram o lugar como o preferido da viagem – assim, respondendo a pergunta que me fizeram em Barra Grande: sim, eles se surpreenderam e muito.

Aqui vão 10 motivos que fazem Itacaré ser um lugar tão fascinante:

1 – Trilhas na Mata Atlântica

2 – Pousadas charmosas

3 – Praias semi-desertas

4 – Cachoeiras (para se refrescar depois da praia)

5 – Infraestrutura de lojas, bares e restaurantes

6 – Ideal para a prática de esportes (surf, rafting, stand up, etc)

7 – Aeroporto a menos de 1h de distância (Ilhéus, a 60Km)

8 – Dá pra visitar fazendas de cacau

9 – Dá pra fazer um passeio de escuna na Baía de Camamu

10 – Dá pra conhecer os cartões postais de Ilhéus

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Dos passeios oferecidos aos passageiros hospedados em Itacaré, considero que dois são imperdíveis: a Trilha das Quatro Praias, uma caminhada de 4Km atravessando a Mata Atlântica e intercalada com paradas nas praias da Engenhoca, Havaizinho, Camboinha e Itacarezinho; e o passeio à Praia de Pé de Serra com a Cachoeira de Tijuípe, que dispensa apresentações.

Para otimizar o tempo, e uma vez que ainda teríamos que visitar pelo menos 05 hotéis e pousadas na parte da tarde, tentamos unir um pouco de cada um dos passeios, combinando a Praia da Engenhoca com uma parada rápida na cachoeira.

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A caminhada desde a entrada da trilha até a praia dura cerca de 25 minutos. No percurso, o guia vai apresentando alguns destaques da fauna e flora brasileiras, dando ainda as instruções de segurança e a recomendação de que ninguém retire nada da natureza. O trajeto é tranquilo para iniciantes, com alguns declives que podem cansar algumas pessoas – mas nada que assuste quem enfrentou as ladeiras de Morro de São Paulo.

Chegando na Praia da Engenhoca, os agentes não conseguiram esconder a surpresa: “Não dá para registrar isso em fotografia”, um deles exclamou.

Definitivamente, um pedaço do paraíso.

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E no canto esquerdo da praia, tem ainda um riacho com água geladinha (para padrões baianos) que nos acompanha com várias cachoeiras ao longo da trilha e desemboca no mar. Para atravessar arrastando chinelo e refrescando os pés (garanto ser mais relaxante do que qualquer terapia de SPA urbano).

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Por falar em rio, da Praia da Engenhoca fomos direto para a Cachoeira do Tijuípe. Por se tratar de uma área particular, há cobrança de ingresso para a manutenção do local (em 2016, estava a R$13 por pessoa). E vale cada centavo.

Banho de cachoeira é uma das melhores coisas do mundo. A do Tijuípe desemboca num poço com mais de 4m de profundidade, e não há perigo de ser arrastado pela correnteza – além do mais, há algumas cordas penduradas para auxiliar quem tem dificuldade de nadar, e um salva-vidas fica bem ao lado, de olho em tudo e advertindo para que nenhum turista gaiato tente fazer alguma peripécia mais “audaciosa”.

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De volta a Itacaré, no final da tarde fomos conferir o por do sol no Mirante do Xaréu, uma colina que oferece uma visão panorâmica tanto da Praia da Concha quanto do Centro Histórico. O Rio de Contas, que banha a cidade, nasce na Chapada Diamantina e percorre mais de 600Km até desembocar no oceano. O encontro do rio com o mar, em Itacaré, é um dos seus trechos mais cênicos. E 20Km rio acima, suas corredeiras formam um dos melhores pontos para a prática de rafting no Brasil. É ou não é um dos lugares mais privilegiados do mundo?

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[Foto: Ativa Rafting]
[Foto: Ativa Rafting. Não chegamos a fazer essa atividade, mas vontade não faltou]
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Mas como nem tudo são flores, Itacaré já não é mais a mesma da época em que despontou como destino turístico. Ainda que continue sendo frequentada por artistas de Hollywood e celebridades nacionais e internacionais, a cidade cresceu bastante e já não é tão tranquila quanto era há alguns anos. Particularmente, eu sou apaixonado pelo lugar, e considero a melhor cidade – tanto em localização, quanto em beleza e infraestrutura – para utilizar como base para realizar os passeios na região do Litoral Sul da Bahia.

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Eu nasci assim, eu cresci assim e sou mesmo assim

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Ah…Ilhéus. A última parada da viagem foi um tour de pouco mais de três horas para conhecer as principais atrações do Centro Histórico. Nosso voo estava marcado para às 14:25h, então nos programamos para sair de Itacaré às 08h e ter tempo suficiente para passear na cidade antes de seguir para o Aeroporto.

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Terra do escritor Jorge Amado, dos Coronéis do Cacau, de Gabriela Cravo e Canela, e Capital Brasileira do Chocolate de Origem. Ilhéus já foi a cidade mais rica da Bahia, quando os poderosos fazendeiros de cacau dominavam a região, e traços desse passado luxuoso ainda podem ser vistos nas construções ainda hoje.

Quem não conhece o Bar Vesúvio, o cabaré Bataclan e seus respectivos personagens, Nacib e Maria Machadão?

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[Obs.: foto de julho/16; hoje o Bataclan está azul!]
[Obs.: foto de julho/16; hoje o Bataclan está azul!]
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Após sofrer um duro golpe com a praga da vassoura-de-bruxa, as plantações de cacau foram devastadas, a colheita do fruto despencou e a economia da cidade nunca mais foi a mesma. Atualmente, Ilhéus tenta se recuperar investindo em tecnologias para combater o fungo – através da clonagem de espécies de cacau – e na produção de chocolates orgânicos. Todos os anos, inclusive, a cidade sedia o maior festival de chocolate do País, com palestras, feiras, oficinas e apresentações musicais.

A rede hoteleira de Ilhéus é a mais completa do Litoral Sul, espalhada ao longo do vasto litoral do município – são quase 100Km de praias e inúmeros hotéis, pousadas e até mesmo resorts all inclusive. E a melhor parte é que turistas hospedados na cidade podem fazer passeios de um dia a Itacaré, Península de Maraú e Morro de São Paulo.

Fizemos o check in, despachamos as bagagens já com aquele sentimento de tristeza pelo fim da viagem, e almoçamos num restaurante a quilo perto do Aeroporto – e de sobremesa, apresentei aos agentes portugueses uma iguaria tipicamente brasileira:

(   ) cocada

(   ) quindim de iaiá

(   ) brigadeiro

(X) milk shake de Ovomaltine

O voo de Ilhéus a Salvador dura menos de 40 minutos. Além disso, por oferecer voos diários para São Paulo, Campinas, Brasília e Belo Horizonte, se o turista desejar poderá retornar sem a necessidade de conexão na capital baiana. Como o voo para Lisboa sairia de Salvador, optamos por finalizar a viagem dois dias antes – para deixar uma margem de segurança em caso de qualquer imprevisto – e reservamos o trecho interno do aéreo.

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Aí você me pergunta: “Nossa, essa viagem foi perfeita! Vocês chegaram no sábado em Salvador às 15h e ainda tiveram tempo de passear na cidade, jantar num restaurante legal e curtir a noite do Rio Vermelho, certo?”

Só que não:

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O avião não conseguiu pousar devido ao mau tempo, e o nosso voo acabou sendo cancelado. Como um sinal de que tinha que ter alguma aventura para tornar a viagem ainda mais inesquecível, a cia aérea nos acomodou num ônibus e seguimos em trajeto rodoviário até Salvador (de 06h a 07h de percurso), com direito a “jantar” em posto de gasolina, boas risadas e um dos grupos de famtour mais animados que eu já tive o prazer de acompanhar.

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É impossível ser feliz sozinho

Não poderia encerrar a matéria sem agradecer a todos os parceiros que garantiram o sucesso da viagem.

Aos hotéis Gran Stella Maris, Catussaba Resort, Monte Pascoal e Vila Galé Ondina, em Salvador; às pousadas Marea, Bella Vida, Portaló, Villa das Pedras e Villa dos Grafittis, em Morro de São Paulo; às pousadas Pedra Torta, Vira Canoa, Terra Boa, Villa N’Kara e ao hotel Ecoporan, em Itacaré. Muito obrigado por todo o apoio e receptividade aos agentes durante os dias no Litoral Sul.

Aos restaurantes Odoyá, Capoeira, Clube do Mestre, Flor do Cacau e Alimentar, pelos momentos e refeições inesquecíveis que tivemos.

Por fim, à Abreu Viagens e à Grou, pela organização e incentivo do Turismo na Bahia com um famtour que já nasceu como sucesso garantido.

Muito obrigado a todos!

Jantar para operadores marca o encerramento do Fórum Baiano de Hotelaria e Turismo

Após três dias de muitas atividades, rodadas de negócios e uma verdadeira imersão na cultura baiana, os operadores participantes do Fórum Baiano de Hotelaria e Turismo foram convidados para um jantar especial de despedida, oferecido pela GROU Turismo no Restaurante Casa de Tereza – referência em gastronomia da Bahia.

O restaurante já é uma atração à parte e recebe visitas até de quem não vai pedir nada do cardápio. Primeiro, porque estamos falando de um casarão de mais de 200 anos no coração do Rio Vermelho, o bairro boêmio de Salvador. Segundo, porque funciona como um espaço cultural, contando com apresentações musicais e exposições de arte (e a própria decoração do lugar já chama a atenção). E terceiro, porque tem até uma vendinha com produtos típicos da Bahia, para quem estiver na correria e não tiver tempo para dar um pulo no Mercado Modelo.

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O jantar temático contou com a presença do Secretário Municipal de Turismo, Érico Mendonça, o Presidente da ABIH-BA, Glicério Lemos, além dos Diretores da GROU Turismo, Mena Mota e Marcus Mota, e a Chef Tereza Paim, idealizadora do espaço.

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Em pé, da esq. p/ dir.: Carlos Mattos Jr (Grou Turismo), Luis Beltrami (Grou Turismo) e Marcelo de Oliveira (New It); sentados, da esq. p/ dir.: Geraldo Magela (Iberoservice), Woody Garcia (Schultz), Katia Gastão (MMT Gapnet), Marília Zázzera de Melo (Incomum Viagens) e Wilson Marques (FRT Operadora)
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Da esq. p/ dir.: José Maria Jaroslavsky (Free Way), Juan Manuel Poleri (Principios Tour), Maria Teresa de La Torre (Top Dest), Daniel Allen (Euro Vips), Manuel Fiorentino (All Seasons) e Mena Mota (Grou Turismo)

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A noite serviu para fechar com chave de ouro a programação do Fórum Baiano de Hotelaria e Turismo, realizado no Hotel Sheraton da Bahia nos dias 08 e 09 de novembro. Paralelamente, a ABIH-BA convidou operadores do Brasil, Uruguai e Argentina para apresentar os novos equipamentos turísticos e culturais de Salvador. Com o apoio da GROU Turismo, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer quatro grandes atrativos da cidade, que revelam um lado soteropolitano bem diferente do usual roteiro Farol-Pelourinho-Elevador-Mercado-Bonfim: a Casa do Rio Vermelho (Memorial Jorge Amado e Zélia Gattai); o Espaço Pierre Verger de Fotografia (Forte Santa Maria); o Espaço Carybé de Artes (Forte São Diogo); e a Casa de Vinicius de Moraes, em Itapuã.

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A Casa de Vinicius, em frente ao Farol de Itapuã e à praça onde inúmeros turistas fazem questão de tirar foto com a estátua do poetinha, foi transformada recentemente num belo Memorial aberto ao público. Como surpresa para os operadores, quem apareceu por lá foi a atriz Gessy Gesse, a 7ª esposa de Vinicius – além de uma de suas musas inspiradoras, e a responsável por trazer o poeta para a Bahia.

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Não preciso nem dizer que a galera – especialmente os argentinos – foram à loucura. Teve abraço, bate-papo, gargalhadas, sessão de (muitas) fotos, gente chorando de emoção (sério!), e uma fila imensa querendo um autógrafo do livro autobiográfico “Minha Vida com o Poeta” – um presente da GROU para os operadores.

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E para finalizar a visita, teve ainda uma apresentação especial das Ganhadeiras de Itapuã, grupo musical que conquistou o Prêmio MPB no ano passado e foi destaque na cerimônia de encerramento das Olimpíadas 2016.

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Coisas que só a Bahia faz por você. 🙂

Quem é você na novela do famtour?

Se você trabalha com Turismo, em algum momento da sua vida já teve que lidar com o famigerado famtour, seja participando ou organizando.

A proposta é ótima: juntar um grupo de agentes, levar para um determinado destino turístico e, numa soma de forças raramente vista, apresentar a estrutura local, as atrações, os hotéis, e torcer pra que o povo volte e traga novos negócios para os envolvidos.

O problema é que não só isso nem sempre acontece, como também poucos conhecem a logística da operação e mal sabem o trabalho cavernoso que dá para coordenar um famtour bem sucedido. É emoção à flor da pele, pra não ficar devendo a novela nenhuma.

Duvida? Então espie só os personagens dessa trama movimentadíssima:

1 – A OPERADORA DE TURISMO

Beatriz Segall na novela "Vale Tudo", da Rede Globo.

Se fosse uma novela, seria: Odete Roittman, a empresária miseravona de Vale Tudo (1988)

O que faz: aparece quando você menos espera e manda organizar o famtour. Ai de você se disser que está sem tempo ou disponibilidade – ela é dessas que fuzilam só com o olhar e mandam um capanga na sua porta pra dar recado. Faça o que ela está pedindo, ou aguente as consequências de ver seu negócio na concorrência.

2 – O AGENTE DE VIAGENS

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Se fosse uma novela, seria: Nina, a empregada vingativa de Avenida Brasil (2012)

O que faz: não se engane com a carinha ingênua. Ela vai chegar de fininho, se fingir de sua amiga e fazer a linha compreensiva, mas experimente não dar um almoço de cortesia pra você ver o que é bom pra tosse – a bichinha guarda rancor e diz que nunca mais vai vender o seu destino.

3 – O POLÍTICO

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Se fosse uma novela, seria: Odorico Paraguassu, o prefeito fanfarrão de O Bem Amado (1973)

O que faz: político é igual na ficção e na vida real. Se for Secretário de Turismo, ele vai pongar no seu famtour, pedir cortesia pra Deus e o mundo, fazer um discurso bonito, e depois dizer que foi mais uma conquista da gestão dele. Abra o olho.

4 – O RECEPTIVO

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Se fosse uma novela, seria: Wanda, a traficante de mulheres de Salve Jorge (2013)

O que faz: é a sonsa. Não chega a ter o poder da chefona, mas é a que dá a cara a tapa enquanto a patroa fica nos bastidores. Chega na sua casa, promete o mundo, te convence a dar cortesia pro grupo, garante retorno financeiro imediato, e quando sua ficha cai você já tá preso na boate da Turquia.

5 – O HOTELEIRO

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Se fosse uma novela, seria: a Escrava Isaura, da novela homônima (1976)

O que faz: o núcleo pobre da novela. A pobre coitada precisa estar sempre linda, cheirosa e bem arrumada na Casa Grande, mas na hora do famtour é que ela lembra que pertence à senzala. O agente de viagens pode botar banca e pedir cortesia para o receptivo e para o hotel. O receptivo pode pedir cortesia para os pontos de apoio (restaurantes). E o hoteleiro pode pedir cortesia para…er…veja bem…enfim.

6 – O PONTO DE APOIO

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Se fosse uma novela, seria: Dona Vilma, a proprietária do Gigabyte, em Malhação (1995-2016)

O que faz: tenta ficar de boas e sobreviver durante todas as temporadas da novelinha enquanto o elenco inteiro só quer saber de comer fiado. De vez em quando tenta empurrar tarifa agente em vez de cortesia.

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Claro que tudo isso não passa de uma mera brincadeira. Como coordenador e participante de famtours, me divirto de ambos os lados e sei o prazer de respirar aliviado depois que um grupo retorna satisfeito. E para dividir um pouco da minha curta experiência no ramo, aqui vão algumas dicas para não errar quando for a sua vez de organizar uma dessas viagens – que sim, podem exigir muito mais do que uma excursão regular de passageiros.

I – Defina bem o seu objetivo

Tenha foco. Atirar para vários alvos e ver qual foi atingido não é a melhor opção. A ideia é apresentar novas atrações de um destino? A sua estrutura de receptivo? As novidades de um hotel? O potencial para receber e operar grandes eventos? Não adianta tentar mostrar tudo isso ao mesmo tempo, e não aprofundar os detalhes: o seu grupo pode até prestar atenção naquelas visitas técnicas em cinco hotéis diferentes, mas alguns dias depois pode nem se lembrar do que viu de diferente em cada um.

II – Faça a curadoria adequada dos convidados

Avalie bem que fará parte do famtour. Não basta que sejam apenas os maiores vendedores, mas também os que têm potencial para isso, porém ainda não possuem as ferramentas e o conhecimento suficientes sobre o destino. Não confunda famtour com viagem de premiação: a proposta aqui é alavancar as vendas e fazer negócios.

III – Famtour é trabalho SIM

Já está mais do que na hora de desconstruir aquela ideia de que famtour é desculpa pra agente de viagem tirar folga e cair na farra. Se você representa uma operadora e está enviando agentes, peça relatórios completos de visita. Se você representa um hotel ou empresa de receptivo, garanta que terá todos os contatos ao final da viagem e faça o follow up.

IV – Alinhe as parcerias

O famtour precisa ser positivo para todos os envolvidos, desde a operadora ao restaurante onde o grupo tenha almoçado num dos dias de atividade. Dê o feedback e assegure que todas as marcas participem igualmente do processo, de acordo com cada papel exercido.

V – Seja visto (e lembrado)

Capriche nos brindes. Na última press trip em que eu participei, em Porto Seguro, todos os dias em que retornávamos ao hotel havia um novo presente nos esperando no quarto – uma cortesia de cada “patrocinador” da viagem. A estratégia é excelente para fixar as marcas no imaginário do grupo, e fora isso, quem não gosta de receber um bom presente? 🙂