Muito mais do que uma praia: descubra os novos museus do Porto da Barra

Depois de já ter aparecido em duas ou três listas de ‘Melhores Praias do Mundo’ (no The Guardian e no CNN Travel, por exemplo), o Porto da Barra ganhou os holofotes mais uma vez ao receber os mais novos equipamentos culturais de Salvador.

The Guardian

Como praia, ele já tinha lugar garantido no coração dos baianos e turistas. A localização estratégica – a poucos minutos do Centro -, as águas calmas e cristalinas da Baía de Todos os Santos, e a posição privilegiada para o por do sol mais aplaudido da cidade são boas razões que explicam o sucesso da disputadíssima faixa de areia de pouco mais de 400m. Não espere aquela típica praia do Nordeste, com areia branca e coqueirais a perder de vista: o ‘Portinho’ (como é chamado por aqui) tem personalidade própria, com multiplicidade de tribos, cheiros, sons e sabores, e um visual marcado por importantes registros históricos da cronologia soteropolitana.

Para quem não conhece a História, Salvador, antes mesmo de ser cidade, era conhecida como Vila do Pereira, povoando a região onde atualmente está a Barra. Foi ali, mais precisamente no próprio Porto, que Tomé de Sousa desembarcou em 1549 para fundar a Primeira Capital do País – a cena está eternizada no painel de azulejos situado no lado direito da praia, juntamente com o Marco do Descobrimento (um presente de Portugal na ocasião do aniversário de 400 anos de Salvador).

André Koene
[Fotos: André Koehne e Site Bahia Turismo]
Considerando a dimensão da Baía de Todos os Santos e a vulnerabilidade aos ataques estrangeiros, não é surpresa que os portugueses tenham resolvido construir tantas fortificações em Salvador. Só no Porto são dois – o Forte de Santa Maria e o Forte São Diogo –, e a boa notícia é que ambos, além de funcionarem como belos cartões postais para fotos no Instagram, agora foram devolvidos à população, devidamente reformados, repaginados e transformados em potenciais atrações turísticas para os viajantes.

Fortes

Erguidos no Século XVII, os fortes tornaram-se um excelente complemento à região do Porto da Barra, que já tinha vivenciado uma sensível melhora após a implantação do calçadão que limitou o acesso de veículos. Com bares, restaurantes, sorveterias, lojas e cafés, o Porto entra também para o mapa cultural de Salvador com o Espaço Pierre Verger de Fotografia Baiana e o Espaço Carybé de Artes, homenageando artistas fundamentais para a construção da chamada “identidade baiana” como a conhecemos hoje.

Verger

Com um único ingresso, no valor de R$10 (meia) e R$20 (inteira), o visitante tem o direito de conhecer os dois espaços, que merecem pelo menos uma hora de passeio (e isso sem contar o tempo nas lojinhas e circulando pelas dependências dos fortes). E na caminhada entre um e outro, o medo é não resistir ao convite para aquele banho de mar no Porto.

Ingresso

O Espaço Pierre Verger de Fotografia reúne diversos atrativos e curiosidades, com recursos multimídia como vídeos, projeções e até óculos de realidade virtual!

Verger 1

Já no Espaço Carybé de Artes o destaque fica para um dos mais famosos artistas que já viveram na Bahia. Carybé era argentino, mas adotou o Estado como sua terra do coração e maior inspiração. Assim como Verger, fotógrafo nascido na França, Carybé também celebrou a Bahia nas suas mais variadas expressões culturais, sendo responsável por alguns dos painéis, pinturas e esculturas de maior prestígio em Salvador – existe até um circuito turístico exclusivamente dedicado para conhecer as suas obras (a ‘Rota Carybé’).

Carybé 2

Da mesma forma que o Espaço Pierre Verger, aqui não faltam opções multimídia para a diversão dos visitantes. Onde mais você poderia interagir com as obras de Carybé?

Carybé Interação 1

Deixe a visita no Espaço Carybé por último, e na saída, espere o horário do por do sol para assistir ao espetáculo de camarote num dos mirantes do Forte São Diogo.

O Sol

ANOTE AÍ

Espaço Pierre Verger de Fotografia (Forte de Santa Maria) e Espaço Carybé de Artes (Forte São Diogo)

Endereço: Avenida Sete de Setembro, Praia do Porto da Barra, Salvador-BA

Horário de Funcionamento: Diariamente (exceto às terças), das 11h às 19h.

Preço: R$10 (meia) e R$20 (inteira). Às quartas, a visitação é gratuita.

Final 1

Sempre é tempo de voltar à Bahia

Bastaram alguns anos trabalhando com Turismo para que eu constatasse o óbvio: os brasileiros não conhecem a Bahia.

Melhor dizendo: os brasileiros pensam que a conhecem. A realidade, contudo, é que nem mesmo profissionais do setor turístico compreendem de fato as potencialidades do Estado – com dimensões e particularidades de um verdadeiro país dentro do Brasil.

A rigor, não existem culpados nesse caso – e tampouco adiantaria, agora, buscar eventuais responsáveis. A essa altura, sobretudo em tempos de crise, o momento pede reinvenção. E numa época em que tanto se discute a retomada do turismo interno, o timing não poderia ser mais adequado para se questionar: o que eu realmente conheço do país onde eu vivo?

Em se tratando da Bahia – local onde eu nasci, cresci e moro há quase 30 anos -, o Turismo parece já ter elegido seus destinos. Apesar de já consagrada na literatura, na música, na televisão e no cinema, foi a partir dos anos 90 que a Bahia disparou verdadeiramente no imaginário popular e se consolidou como o principal desejo de férias dos brasileiros. Salvador, Porto Seguro e Ilhéus, entre outras localidades, recebiam a cada ano um número maior de visitantes, ávidos por nossas praias, gastronomia, manifestações culturais e construções históricas. A hospitalidade baiana rapidamente ganhou fama internacional e milhões de turistas sonhavam com o dia em que teriam a chance de colocar os pés na terra do dendê.

Abençoada com cerca de 1000Km de litoral – o maior do Brasil -, logo os grandes resorts também acabaram descobrindo as belezas da Bahia e foram se distribuindo ao longo da nossa costa. E com o tempo, novos destinos iam surgindo e se estruturando, entre pousadas rústicas e hotéis de luxo, e de roteiros ecológicos a passeios de aventura, atendendo aos mais diversos perfis de público e revelando uma nova experiência “baiana” a cada visita dos viajantes.

E o erro residia justamente nesse ponto. Por muitos anos, os turistas costumavam escolher apenas um entre os inúmeros destinos baianos, e tendo visitado somente aquele local, já consideravam ter conhecido a Bahia. Mal sabiam o que estavam perdendo.

Diante de sua famosa autenticidade – por aqui chamada de ‘baianidade nagô’ – costuma-se afirmar que a Bahia é o lugar onde até os brasileiros se sentem um pouco estrangeiros. Exatamente por isso, nada como uma segunda, terceira, quarta ou décima viagem para aguçar ainda mais a percepção sobre aquele universo tão exótico e surpreendente.

Não faltam motivos para se retornar à Bahia e sobram destinos para combinar em dezenas de viagens. Terra do Descobrimento, da Primeira Capital do Brasil, do Rio São Francisco, do Axé e do Samba de Roda. Do acarajé, vatapá, caruru e abará. Do Pelourinho ao Quadrado de Trancoso. Da Chapada Diamantina à Baía de Camamu. Das praias de Boipeba, Morro, Barra Grande e Moreré.

Este blog irá ajuda-lo a se manter informado sobre todas as novidades, atrativos e pontos turísticos que vêm se renovando nas principais regiões turísticas do Estado. E se você acha que já conhece tudo o que precisa saber ou que aquela viagem de formatura em Arraial d’Ajuda já foi o suficiente, eu só tenho uma coisa a lhe dizer:

Melhor do que ir, é voltar à Bahia.