O ano de 2024 marcou um ponto de inflexão para o mercado de viagens corporativas no Brasil e na América Latina. Depois de anos de incertezas, adaptação tecnológica e restrições impostas pela pandemia, o segmento finalmente reencontrou seu ritmo e o LACTE 20, promovido pela Alagev, foi o palco ideal para refletir sobre essa retomada e olhar com maturidade para o que vem pela frente.
Durante o painel “Visão dos CEOs: perspectivas e tendências para a América Latina no setor de eventos e viagens corporativas”, que alcançou 9,97 de aprovação entre os participantes do evento, lideranças de mobilidade, hospitalidade, transporte aéreo, tecnologia e gestão de viagens compartilharam suas visões sobre os fatores que moldam o presente e futuro do nosso ecossistema.
O debate contou com a participação de Alexandre Castro, CEO da Kontik Business Travel e Inovents; Igor Tobias, managing director da MCI América Latina; Jerome Cadier, CEO Latam Brasil; Marcelo Linhares, CEO e cofundador da Onfly; Renan Alves, country manager da Uber para empresas; e Vanessa Martins, diretora da área Brasil do Marriott International; com mediação da jornalista Natuza Nery.
As empresas estão viajando mais e crescendo com isso
Um dos pontos mais relevantes discutidos foi a clara correlação entre o crescimento das viagens corporativas e o desempenho financeiro das empresas. A análise de organizações listadas em bolsa de valores revelou que aquelas que ampliaram o volume de viagens também apresentaram aumento na receita (top-line).
No contexto das viagens corporativas, isso não é coincidência. A mobilidade de colaboradores tem propósitos estratégicos: aumentar receita, reter clientes e abrir novos negócios. Como foi bem colocado em pauta, uma viagem de trabalho tem um objetivo: trazer dinheiro ou evitar que ele vá embora.
Esse dado ganha ainda mais relevância quando cruzamos com os números do Levantamento de Viagens Corporativas (LVC), feito pela FecomercioSP em parceria com a Alagev. A pesquisa revelou que o segmento atingiu um recorde de R$ 131 bilhões em despesas em 2024, um aumento de 5,5% em relação ao ano anterior.
O estudo também mostrou um pico de R$ 11,6 bilhões em fevereiro de 2025, alta de 7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Isso mostra que, mesmo diante de um cenário econômico desafiador, as marcas seguem apostando nas conexões presenciais para gerar resultados consistentes.
Tecnologia, ESG e Reforma Tributária: prioridades para os próximos passos
As empresas estão cada vez mais pressionadas a lidar com três grandes frentes ao mesmo tempo: eficiência operacional, responsabilidade socioambiental (ESG) e transformação digital.
A Inteligência Artificial (IA) é hoje uma aliada indispensável para os gestores de viagens. A necessidade de customização, controle de custos e agilidade operacional está levando o mercado a investir em tecnologias preditivas e plataformas mais inteligentes. No entanto, ainda é o profissional quem está “na ponta”, lidando com expectativas crescentes e orçamentos muitas vezes apertados. A IA precisa estar a serviço das pessoas e não o contrário.
Como foi abordado no evento, a Reforma Tributária, por sua vez, surge como uma grande incógnita. O novo modelo de tributação pode afetar diretamente a previsibilidade de custos no setor. A transparência nas regras, a simplicidade na aplicação e a segurança jurídica serão fundamentais para que as organizações mantenham seus planos de expansão.
No campo do ESG, vai além dos compromissos ambientais. A sustentabilidade hoje também é sobre acessibilidade, diversidade, inclusão e o impacto positivo das empresas nos territórios onde atuam.
E, claro, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém, será catalisador de investimentos em conectividade aérea e visibilidade internacional para o Brasil. Porém, com um grande desafio de infraestrutura regional.
Outro destaque que observei no painel foi o papel do segmento corporativo como motor de rentabilidade das companhias aéreas. O viajante a lazer escolhe preço; o corporativo escolhe urgência e resultado. Isso reforça por que é estratégico manter o olhar atento sobre políticas e negociação com fornecedores.
O Brasil ainda precisa remover barreiras
Como bem colocaram os painelistas, o turismo — corporativo ou não — ainda enfrenta barreiras significativas no nosso País como, por exemplo, custo elevado de passagens aéreas, infraestrutura hoteleira desigual, desafios logísticos e entraves burocráticos como vistos e autorizações. Para uma nação com tanto potencial, isso limita o crescimento.
Se quisermos estar preparados para 2025 e os eventos globais que se aproximam (como a própria COP30), precisamos trabalhar de forma integrada, envolvendo governo, setor privado, fornecedores e viajantes. O Brasil precisa estar mais conectado internamente e com o mundo.
Movimento é mais do que logística — é estratégia
Acredito que o LACTE 20 nos mostrou que o movimento é uma palavra-chave para os negócios. Ele gera encontros, oportunidades, inovação e resultados. O nosso mercado não é mais apenas um custo a ser gerenciado, mas uma alavanca de crescimento, reputação e competitividade.
A Alagev segue comprometida em fomentar esse diálogo, conectar os elos do ecossistema e impulsionar uma gestão de viagens mais estratégica, inclusiva, eficiente e sustentável.
*Luana Nogueira, diretora-executiva da Alagev
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