A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) será um marco importante para o estado do Pará e, em especial, para a cidade de Belém, que sediará o evento em novembro de 2025. Trata-se de uma oportunidade única para o Brasil, especialmente por ocorrer no coração da Amazônia. Além das discussões globais sobre preservação ambiental, a COP30 permitirá uma conexão direta com as realidades locais, desde as comunidades indígenas até os povos ribeirinhos. O encontro reunirá cerca de 40 mil visitantes, dos quais 7 mil fazem parte da “família COP” – delegações e equipes da ONU – o que garantirá uma visibilidade internacional sem precedentes.
A COP30 é uma oportunidade única para o Brasil, especialmente por ser realizada no coração da Amazônia. A conferência vai além de simples discussões sobre preservação ambiental. Será a chance de vivenciar e entender, em profundidade, as realidades locais. Não se trata mais de um debate distante sobre a maior floresta tropical do mundo, como ocorreu nas edições anteriores em lugares como o Egito ou a Alemanha. Agora, líderes mundiais, cientistas e ambientalistas vão estar fisicamente na Amazônia, observando e interagindo diretamente com as pessoas que ali vivem, e isso fará toda a diferença. Poderemos abordar a questão dos povos indígenas, suas tradições e sua relação com a floresta, assim como a vida dos ribeirinhos, tudo com uma proximidade sem precedentes.
O governo federal já sinalizou um investimento significativo de cerca de R$ 3,7 bilhões para a COP30, com verbas provenientes do Novo PAC, BNDES e Itaipu. Esse montante é fundamental para a preparação da cidade e da região para receber um evento dessa magnitude, mas é apenas uma parte do que precisa ser feito. Há urgência para que o estado do Pará e o governo federal foquem na infraestrutura, especialmente na rede hoteleira de Belém, que hoje está longe de atender à demanda estimada.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará (ABIH-PA), a cidade conta com apenas 5.712 quartos de hotel, o que totaliza 12.115 leitos disponíveis, se somarmos também os espaços em hostels e áreas distantes do centro da capital. O déficit é gritante. A cidade precisaria, ao menos, quadruplicar sua capacidade hoteleira para receber os visitantes esperados na conferência, e o prazo para viabilizar essas mudanças está cada vez mais curto.
Entre as alternativas já discutidas pelo governador Helder Barbalho e a vice-governadora Hana Ghassan estão a construção de três novos hotéis de alto padrão, a adaptação de escolas em hostels temporários, o uso de cruzeiros de luxo para hospedagem e a construção de habitações modulares provisórias perto do centro de convenções. Também estão sendo consideradas soluções como o aluguel de temporada, utilizando plataformas como Airbnb e Booking. São medidas importantes, mas a implementação dessas propostas precisa ser rápida e eficiente. Não podemos mais perder tempo!
Na COP30, o Brasil tem a oportunidade de liderar pelo exemplo. O mundo estará observando, e a conferência pode ser uma vitrine para mostrar nosso comprometimento com a sustentabilidade, o desenvolvimento econômico e a proteção da Amazônia. Contudo, se não houver um esforço célere, sério e imediato dos governantes, essa oportunidade pode se transformar em um resultado extremamente negativo. A preparação deveria ter começado muito antes de ontem. Precisamos agir com seriedade e visão de futuro para garantir que Belém esteja à altura do desafio e que a COP30 deixe um legado duradouro para o estado, para o Brasil e para o mundo.
Se conseguirmos aproveitar essa oportunidade, poderemos não apenas atender ao público da COP, mas também transformar a região em um destino exemplar de turismo sustentável, gerando receitas que serão revertidas em mais conservação e desenvolvimento para a Amazônia. Agora, é a hora de agir!
Luana Nogueira é diretora executiva da Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (ALAGEV)