Soluções de pagamento eficazes para hotelaria e eventos corporativos

O futuro já chegou: os cartões corporativos consolidam-se como a principal forma de pagamento de diárias em hotelaria e eventos, substituindo gradualmente o faturamento tradicional.

Com o faturamento (intermediado por TMCs), os desafios são conhecidos: burocracia, risco de inadimplência, processos lentos de aprovação e dificuldades de conciliação financeira. Em um mercado que exige eficiência e previsibilidade, manter esse modelo como regra representa perda de competitividade.

Nesse contexto, os cartões corporativos, principalmente os virtuais (com tecnologia VCN), se consolidam como a alternativa mais eficaz. Eles permitem definir limites de valor e prazo, trazem segurança adicional contra fraudes e simplificam a conciliação das despesas. Além disso, oferecem às empresas maior transparência na gestão de custos e aos fornecedores a garantia de liquidez imediata.

Os cartões físicos seguem tendo sua utilidade, especialmente para despesas imprevistas em viagens e eventos, mas tendem a assumir um papel complementar em relação às soluções virtuais.

A migração para esse novo modelo não é apenas uma atualização operacional; trata-se de uma mudança estrutural. Para hotéis e organizadores de eventos, significa redução do risco financeiro e processos internos mais ágeis. Para as empresas clientes, representa eficiência, clareza e maior controle sobre seus gastos.

É possível que o faturamento continue existindo em casos específicos, mas sua participação será cada vez mais limitada. O movimento do segmento, novas tecnologias indicam de forma consistente que os pagamentos digitais, em especial os cartões virtuais, devem se tornar o novo padrão do setor.

Mais do que uma tendência tecnológica, trata-se de uma evolução necessária. A forma de pagar já não pode ser um obstáculo: precisa ser parte da solução para construir relações mais ágeis, seguras e sustentáveis entre empresas e fornecedores.

Viviane Amadei
BWH Hotels

O peso da política nas viagens corporativas

Tarifaço de 50% dos EUA, novas regras de visto e custos crescentes criam barreiras que exigem planejamento e estratégia das empresas para manter suas agendas internacionais

As viagens corporativas internacionais sempre foram um termômetro da economia global. Quando as empresas reduzem os deslocamentos de seus executivos, não se trata apenas de uma mudança operacional, mas de um reflexo direto do ambiente político e econômico. É exatamente isso que observamos diante das recentes medidas anunciadas pelo governo Trump.

O tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, que entrou em vigor no início de agosto, inclui exceções para itens como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos, que podem ser interpretadas como uma forma de reduzir impactos sobre setores estratégicos. Ainda assim, a nova tarifa tende a elevar custos em diferentes cadeias produtivas e impactar a viabilidade de operações que dependem do intercâmbio com o mercado norte-americano. Além do efeito imediato nos preços, há expectativa de que empresas de diversos setores, incluindo aquelas com atuação nos Estados Unidos, questionem internamente a medida, buscando formas de mitigar seus impactos.

Para o segmento de viagens corporativas, o efeito pode ser significativo. Custos mais altos de exportação reduzem margens e pressionam orçamentos, tornando deslocamentos técnicos, treinamentos e reuniões presenciais mais restritos. Paralelamente, a valorização do dólar e a inflação importada encarecem ainda mais cada viagem, forçando muitas companhias a priorizar encontros virtuais ou postergar agendas presenciais.

A pressão sobre o setor também é intensificada pelas mudanças nas regras de visto norte-americano, que entram em vigor a partir de 2 de setembro. Grande parte dos solicitantes de vistos não imigrantes, incluindo turismo, estudos, trabalho e intercâmbio, precisará comparecer presencialmente a entrevistas consulares. O processo se torna mais burocrático, sujeito a atrasos e filas, o que vai exigir um planejamento ainda mais antecipado. Além disso, em outubro, a nova taxa adicional de US$ 250 elevará o custo do visto para mais de R$ 2,5 mil, somando mais um obstáculo para empresas que enviam profissionais aos Estados Unidos.

O momento exige bom senso e ação coordenada entre governos e setores produtivos. Medidas comerciais e migratórias que elevam custos e criam barreiras de entrada têm potencial de frear negócios, reduzir investimentos e comprometer a competitividade de ambos os países. É preciso que haja ajustes e negociações para evitar um impacto irreversível nas relações econômicas.

Enquanto isso, as empresas não podem esperar. É preciso agir imediatamente: renegociar contratos com maior flexibilidade, incorporar de forma consistente o uso de videoconferências, priorizar destinos alternativos na América Latina e Europa e planejar cada deslocamento de forma criteriosa para extrair o máximo retorno.

Viagens corporativas não são simples deslocamentos: representam um ativo estratégico, fundamental para gerar conexões, consolidar parcerias e abrir novas oportunidades de negócios. Proteger esse ativo em tempos de instabilidade é determinante para sustentar a relevância das empresas no cenário global.

*Luana Nogueira é diretora-executiva da Associação Latino-Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (ALAGEV)

Como a IA está mudando a lógica da gestão de viagens corporativas

Edson Gonçalves, cofundador e VP de produtos na Paytrack

A inteligência artificial (IA) já deixou de ser uma promessa distante. Hoje, ela integra uma série de decisões operacionais e estratégicas no ambiente corporativo, inclusive na gestão de viagens, uma área historicamente marcada por processos manuais, respostas reativas e alto grau de imprevisibilidade.

Nos últimos anos, ferramentas baseadas em IA e análise preditiva começaram a reestruturar a forma como empresas controlam seus deslocamentos e orçamentos. O que antes exigia esforço constante de correção, hoje pode ser conduzido por dados que apontam com antecedência quando, onde e como os recursos serão utilizados. Na prática, isso significa conseguir prever picos de demanda, antecipar compras em períodos mais vantajosos, poder ajustar políticas com base em comportamentos recorrentes e até renegociar contratos a partir de padrões identificados pela própria tecnologia.

Um levantamento da MyCWT, plataforma de gestão de viagens da empresa CWT (anteriormente conhecida como Carlson Wagonlit Travel), mostrou que soluções baseadas em IA já são capazes de prever variações de custos com até 95% de precisão. Isso muda completamente a lógica dos gestores. Em vez de atuar depois que os custos estouraram, é possível construir cenários mais realistas, tomar decisões com antecedência e reduzir riscos operacionais.

Esse tipo de previsibilidade se torna ainda mais relevante quando consideramos o impacto financeiro do setor de viagens dentro das empresas. Uma gestão pouco eficiente pode gerar perdas expressivas não apenas em recursos, mas também em tempo, produtividade e reputação. Gastos fora da política, reservas feitas de última hora e falhas de comunicação com fornecedores são fontes recorrentes de desperdício que poderiam ser evitadas com ferramentas de antecipação.

Outro ponto importante é que a IA oferece ganhos que vão além do custo direto. Ao cruzar dados de comportamento, histórico de viagens e preferências, os algoritmos conseguem identificar padrões que ajudam a personalizar a experiência dos colaboradores, sem comprometer a política da empresa. Isso permite, por exemplo, negociar com fornecedores a partir da real demanda dos usuários, reduzindo gastos com serviços pouco utilizados e fortalecendo acordos mais estratégicos.

A adoção dessas tecnologias ainda encontra resistência em algumas organizações, especialmente pela percepção de que os modelos são complexos ou exigem uma reformulação completa dos sistemas já existentes. Mas o cenário está mudando. Ferramentas mais acessíveis e com integração simplificada vêm ganhando espaço e facilitando a entrada de empresas que, até então, viam a tecnologia como um investimento distante.

Neste momento, o maior desafio é cultural. É preciso reavaliar o papel do gestor de viagens. Ele deixa de ser um executor e passa a atuar como agente estratégico, alguém que utiliza dados não apenas para controlar, mas para planejar e influenciar decisões mais amplas dentro da empresa.

A previsibilidade oferecida pela IA não elimina os desafios da gestão de viagens, mas permite lidar com eles de forma mais estruturada. Em vez de responder a imprevistos com urgência, é possível criar um ambiente de controle contínuo, que antecipa riscos e gera economia.

À medida que essas soluções evoluem e se tornam mais comuns no mercado, é natural que a expectativa em torno dos resultados também aumente. Empresas que aprenderem a utilizar esses dados de forma prática, integrando-os à rotina de planejamento, estarão mais bem preparadas para lidar com flutuações econômicas, demandas inesperadas e mudanças no comportamento de consumo.

A gestão de viagens do futuro será orientada por dados. E, dentro desse contexto, prever será mais importante do que reagir.

*Edson Gonçalves é cofundador e VP de produtos na Paytrack, plataforma all-in-one definitiva para a gestão de despesas e viagens corporativas. O executivo possui quase 20 anos de dedicação ao campo da tecnologia.