Se tem um assunto que atrai atenção das pessoas é o futuro do mercado de trabalho. Durante o LACTE-19ª edição, evento anual promovido pela Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (ALAGEV), Dado Schneider, professor e doutor em comunicação, em sua palestra “O Futuro mudou bem na minha vez” compartilhou sua experiência e visão sobre as transformações das gerações.
Me identifiquei com seus pensamentos e decidi escrever esse artigo. De acordo com o especialista, a maioria dos profissionais que hoje está no mercado de trabalho é do século e milênio anterior e enfrenta um cenário de constante mudança. Durante a juventude, ele observou a resistência dos mais velhos em mudar seus ideais. Agora, ao amadurecer, percebeu uma nova dinâmica da evolução no mundo corporativo e que hoje é preciso se adaptar rapidamente para permanecer relevante no mercado de trabalho.
Estruturas e hierarquias
No final do século XX, as estruturas empresariais, escolares e familiares eram verticais. O palestrante, quando mais novo, trabalhou em uma agência de publicidade e se inspirava para alcançar “essa vida tranquila” dos diretores. Após muito tempo de esforço, ao atingir esse patamar, o mundo mudou: agora, gerentes e empreendedores trabalham, muitas vezes, mais do que seus colaboradores.
Anos atrás era comum usar a frase “manda quem pode e obedece quem tem juízo”. Agora, as novas gerações não aceitam qualquer tipo de liderança e questionam quando percebem algo errado.
Mentalidades e adaptação
Schneider refletiu sobre a distinção entre jovens e velhos em termos de abertura à mudança. Ele nota a existência de “jovem velho”, “velho jovem”, “jovem que é jovem” e o “velho que é velho”, destacando que a diferenciação é pela mentalidade e vontade de se atualizar, e não pela idade. No século XXI, preconceitos de cor, gênero e idade não são mais aceitáveis. Mudar hoje significa entender e aceitar o que acontece ao nosso redor, mesmo não gostando.
Futuro e evolução
Precisamos estar preparados para essa nova realidade. Vivemos a “adolescência do futuro”, onde o século XX tenta manter seu poder, mas o XXI está prestes a decolar, especialmente após a pandemia de covid-19. Com a inteligência artificial, valorização das minorias e a empatia, estamos dando um salto evolutivo.
Vejo que as crianças estão mais conectadas ao mundo das notícias e com uma infância mais equipada, diferente do passado. Um exemplo claro sobre as alterações do comportamento da sociedade é que anos atrás o melhor bife em um jantar ficava com o adulto, hoje, o melhor alimento é destinado aos mais jovens.
O especialista traz ainda uma reflexão valiosa “somos adultos inéditos, nunca houve adultos iguais a nós, porque vamos durar mais”. Com o avanço da medicina, qualidade de vida e tecnologia, as pessoas vão viver por mais tempo e precisam se adaptar às mudanças.
Há apenas dois séculos, nossa expectativa de vida mal ultrapassava 40 anos. Segundo o estudo, detalhado na revista The Lancet, a perspectiva de vida global deve aumentar de 73,6 anos em 2022 para 78,1 anos em 2050. E a vida saudável deve crescer de 64,8 anos para 67,4 anos.
Por exemplo, na Espanha, a expectativa de vida dobrou no último século: passou de 40 anos em 1900 para mais de 83 anos em 2019, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) espanhol. Já nos últimos 50 anos, o número de pessoas com mais de 80 anos triplicou, enquanto o total de pessoas com 90 anos aumentou cinco vezes. Segundo estudo da Organização das Nações Unidas, essa tendência global indica que, até 2050, o número de centenários aumentará de 533 mil para mais de três milhões.
O Juan Carlos Izpisúa, bioquímico e participante do documentário da National Geographic “Life Science: Longevity”, comenta que “estamos muito próximos de viver 150 anos”. O especialista ressalta que os avanços científicos estão aumentando e nos aproximam de um futuro que está mais próximo do que parece.
Reflexão final
Pensando nesses dados e com base na palestra do LACTE, entendo que o problema não é a idade, mas sim parar no tempo e não querer se adaptar.
Em um mundo em constante evolução, a capacidade de se atualizar e evitar envelhecer por dentro é crucial. Para continuar a crescer intelectualmente, é essencial abraçar a mudança e compreender as transformações ao nosso redor.
*Luana Nogueira, diretora executiva da ALAGEV