A Abracorp realizou, no último dia 30 de setembro, mais uma reunião entre os Associados. O encontro foi no Hotel Clarion, da Rede Atlantica, em São Paulo, um dos três parceiros do evento. Os outros dois foram Gol e Azul.
Nossa agenda tem se dedicado a entender o mercado além dos nossos números do BI, que preparamos mensalmente. O último que divulgamos foi o de agosto, no qual ficou demonstrado que as viagens corporativas mantiveram o ritmo de recuperação no mês. O setor chegou a crescer o faturamento 11% em relação a julho. É um ritmo constante. O segmento faturou R$ 390 milhões, contra R$ 351 milhões em julho.
Essa é a grande fotografia. Conversando com os nossos parceiros, entendemos a fundo o que está se passando com duas companhias aéreas e com os hotéis. A Gol, por exemplo, apresentou números animadores. Um deles é o dedicado à malha de setembro, que registrou 1.755 voos a mais, um crescimento de 15,3% em relação a agosto de 2020. A malha de outubro 2021 já retoma 60% da oferta (voos, assentos e ASK) ao comparar com o período de 2019 (pré-pandemia, Yo2Y).
Outro recado veio da Azul, ao destacar que recuperação está atrelada ao crescimento do mercado corporativo. A constatação da companhia aérea é que, mais importante do que o bom sinal de recuperação da ocupação de assentos, é o valor médio da passagem, e esse equilíbrio saudável para todos os agentes só chegará com a retomada do voo corporativo.
Já o hotel Atlantica Hospitality está otimista com o cenário de 2022. Já há sinais concretos positivos em função da movimentação do segundo semestre de 2021. A demanda de viagens corporativas depende de vários fatores, como avanço da vacinação, malha aérea, protocolos de segurança, entre outros, que já evoluíram muito, e isso se reflete nos números de 2021. A hotelaria tem como premissa trabalhar melhor a precificação nas negociações para o próximo ano, que será essencial para o segmento voltar a ter rentabilidade. A expectativa é alcançar em 2022 os números de 2019.
Uma notícia importante foi a adesão à Abracorp da Quickly Travel. A agência de viagens está presente no mercado desde 1998, sendo reconhecida no mercado pela qualidade dos seus serviços. Faz parte do Grupo JTB, um dos maiores conglomerados de turismo do mundo, presente em 39 países e 143 cidades. A agência foi uma das duas subdistribuidoras oficiais de ingressos para os Jogos Olímpicos de Tokyo, tendo também atuado nas Olímpiadas do Rio de Janeiro, em 2016, ao trazer para o Brasil cerca de 1.500 japoneses para assistirem o maior evento esportivo do planeta.
Estamos otimistas com o futuro do setor, após as dificuldades enfrentadas em 2020. E a visão dos parceiros desse encontro demonstra que o caminho para uma ampla recuperação está sendo preparado.
O “Valor da Distribuição” no turismo corporativo
No próximo dia 7 de outubro, depois de uma longa jornada, voltaremos a nos reunir no 8º Fórum Abracorp, em Fortaleza. O evento, patrocinado pela Localiza, um dos mais importantes do setor, ocorrerá durante o Business Travel Day, da Abav Collab 2021.
Elegemos o tema “Valor da Distribuição” como catalisador de nossas reflexões. Poderíamos eleger outros assuntos que incluíssem a palavra “pandemia”, mas preferimos olhar para frente e para o novo ciclo que se avizinha. Achamos interessante essa discussão após olharmos o que vem acontecendo nos mais variados mercados, que, de alguma forma, foram atropelados durante o período de pandemia em busca de soluções emergenciais e com baixo resultado prático.
Esse para nós é o ponto principal. Os agentes econômicos foram ágeis e geraram uma série de novos padrões para tentar responder perguntas inigualáveis na nossa recente história. Buscaram caminhos, testaram, erraram e acertaram. O fato é que dessa experiência podemos tirar um legado rico e promissor.
Depois de tantos saltos, voltamos ao básico. Essa é a proposta. No nosso caso, mais especificamente, como fica a distribuição dos produtos de viagem? Qual o novo papel das agências de viagens corporativas? Onde estarão concentrados os nossos investimentos? Viagens de turismo e viagens corporativas se resumem às facilidades de compra e venda?
Entendemos que não. Entendemos que o consumidor/viajante entra nesse novo ciclo com exigências ainda maiores em suas experiências. Depois de um período de “abstinência”, tudo o que ele não quer é frustrar sua viagem por erro primário em sua compra e valorizar cada centavo investido.
A necessidade de levar uma boa experiência ao cliente exige um contínuo investimento em tecnologia. O conhecimento necessário para se distribuir os serviços adequados a cada perfil de consumidor demanda contínuo desenvolvimento e capacitação. Se considerarmos que o mercado corporativo está num ritmo ainda lento de retomada, esses investimentos tornam-se mais relevantes ainda.
Sendo essa nossa crença, entendemos que a qualidade do distribuidor será o grande diferencial para o novo que se aproxima. Parece básico, mas o diferencial nem sempre é tão simples assim. Pelo que já construímos não dá para acreditar que o diferencial é preço ou facilidades tecnológicas. O diferencial está no quanto, de fato, custa distribuir qualquer produto ou serviço num mundo digital onde as fontes de conteúdo são variadas e mais amplos ainda os canais por onde são distribuídos esses produtos e serviços.
Estamos retomando nossas atividades. Se comparado com julho/21, recuperamos 11% no total de nosso faturamento. Crescemos mês sobre mês, mesmo ainda longe do que já fomos em agosto de 2019. Sabemos que o impacto maior em nossos resultados vem do segmento internacional, que ainda está em menos de 10% do registrado antes da pandemia.
O que percebemos é que a recuperação está lenta nas viagens corporativas, reflexo ainda do ambiente inseguro que as empresas sentem. Mas, graças à vacinação e consequente controle na contaminação, já começamos a notar que algumas empresas multinacionais esboçam um reaquecimento. O que nos leva a acreditar que para o último trimestre de 2021 poderemos vislumbrar uma recuperação muito mais sólida. Será nesse ambiente que falaremos sobre o nosso setor e sobre o novo modelo da distribuição.
Rubens Schwartzmann – Presidente do Conselho de Administração
O caminho para a retomada
Estamos em pandemia há cerca de 14 meses. No Brasil, na 2ª quinzena de março de 2020, o País começava a vivenciar a maior crise sanitária jamais vista no País, meses depois a onda atingiu a crise econômica, com atividades quase paradas por longos meses. Em novembro 2020 quando o mercado sinalizava com movimentos de retomada, uma variante da covid19 levou o País e sua economia, novamente a quase um lockdown total nas cidades.
Agora, em maio de 2021, já temos notícias boas vindo de outros países como os Estados Unidos. Com forte ação de vacinação, o país começa a vislumbrar um verão bastante movimentado. As empresas aéreas, principal termômetro do movimento do ir e vir das pessoas, já preveem uma forte recuperação para o próximo verão e voos para o Caribe e México, partindo dos Estados Unidos, já apresentam alta ocupação. Não obstante, eventos como shows começam a acontecer com maior capacidade de expectadores. Em New York, no domingo (23), um jogo da NBA, válido pelos play offs, lotou o Madson Square Garden com mais de 15 mil torcedores, com 90% desse público vacinado. Daí para os eventos corporativos é questão de tempo. Tomara que o tempo seja rápido.
Na China, os eventos já acontecem regularmente e a receita por quilometro/passageiro voado (RPK) nas viagens aéreas domésticas apontou, em fevereiro de 2021, um recuo de apenas 2,3%, comparados a fevereiro/19, segundo dados da IATA.
No Brasil, a demanda por voos em abril/21 é 462% maior que no mesmo período de 2020, com 561% de incremento no número de passageiros, segundo dados da ABEAR. O país avançar com a vacinação com mais de 80 milhões de doses distribuídas. Certamente só a vacinação trará um ambiente mais tranquilo para a movimentação de pessoas e empresas, mas a testagem mostra-se um quesito fora do radar das autoridades. E ela poderia contribuir na realização de eventos corporativos, por exemplo.
Indicadores do BI ABRACORP mostram uma recuperação sólida do segmento de locação (apenas 14,7% menor no 1º tri 2021 em relação a 2019) e alguns destinos específicos como o Rio de Janeiro no segmento hoteleiro, despontam fora da curva, com performance 23% superior no 1º trimestre 2021 em relação à 2019.
É prematuro concluirmos que as tão propaladas mudanças de comportamentos das pessoas nesse pós-pandemia irão mudar os hábitos, mas é possível que algumas delas, ainda que não tão impactantes, possam ocorrer na vida das pessoas e empresas. No caso das empresas, ponto que nos interessa muito, é possível que as viagens, especialmente aquelas de curta duração (entre 1h e 1h30), como uma ponte aérea CGH/SDU, por exemplo, reduzam um pouco e parte das viagens migrem para o modal de transporte terrestre, como já acontece. A facilidade e praticidade das soluções digitais contribuirão numa parte, também, das reduções, e por outro lado, as pessoas perceberam que a constância de viagens não é tão necessária assim. Mas os encontros pessoas deverão ser retomados, em menor escala, até porque estudos já mostram que não se pode esperar o mesmo engajamento de colaboradores e clientes, nas cansativas, e às vezes, entediantes reuniões online. Porém, para os trechos mais longos, as viagens deverão continuar. Mesmo antes da pandemia, um viajante corporativo não viajava de São Paulo para Recife simplesmente pelo prazer de ir. Isso, então, não foi afetado, a necessidade da viagem. Mas dessa vez o estilo BLEISURE terá mais relevância na decisão da viagem. Portanto, um numero maior de viagens a lazer deve acontecer, doravante. O longo tempo de confinamento aproximou mais as famílias e isso, essa aproximação, deverá ser continuada, agora, com viagens em família, aproveitando aquela viagem a trabalho.
Uma recente pesquisa junto com clientes corporativos conduzida pela Abracorp mostrou que 63% das empresas fez ajustes em suas políticas de viagens, com o advento da pandemia. Em mais de 50% das empresas, a política de saúde e higiene terá relevância decisiva na escolha dos serviços de viagens e outros 34% apontam outros aspectos que não incluem preços, livre opção de escolha do viajante e contratos corporativos nos critérios de definição de escolha de fornecedores. Ou seja, apenas 29% apontam como relevante preço e liberdade escolha na decisão de compra. Detalhes dessa pesquisa podem ser acessados no site da entidade.
Isso pode mudar muita coisa, inclusive os processos concorrenciais baseados puramente em precificação. Oferecer simplesmente a tecnologia com acesso a uma infinidade de canais não será suficiente nesse mundo das viagens pós-pandemia, mas entender e oferecer serviços com critérios que apresentem protocolos que protejam o viajante, por exemplo, terão mais valor aos olhos das empresas. Tudo isso indica que valores como governança e compliance passam a ser critérios tangibilizados a partir de agora. Cuidados com dados dos viajantes e das empresas deverão ser muito melhor analisados pelo cliente. Propostas de serviços deverão apresentar reais valores de segurança digital e de saúde às empresas e ao viajante.
Para a Abracorp essas são questões muito importantes para que o mercado, cada vez mais, reconheça as entregas das TMC´s. A entidade segue nesse sentido e é possível que a Abracorp seja, hoje, a única entidade alinhada com as regulamentações da LGPD, adaptando-se às normas dessa lei.
Portanto, estamos caminhando para a retomada, com consciência, cuidados e protocolos.
Rubens Schwartzmann
Presidente do Conselho de Administração da Abracorp