Aquecer os motores das viagens corporativas

Quando a pandemia se instalou, não teve jeito: o Brasil, a exemplo do mundo todo, recolheu-se. A palavra de ordem ‘fique em casa’ transformou-se em mantra, porque nada se conhecia a respeito da Covid-19. Ideias desencontradas, muitas delas disseminadas sem o menor cuidado e critério, se encarregaram de piorar o já ruim. O medo do desconhecido nunca se fez tão presente, sem, contudo, aniquilar o fio de esperança de todos nós.

Passaram-se os meses e, pouco a pouco, pipocaram pelo mundo ensaios e perspectivas concretas de vacina contra esse mal sem precedentes. Hoje, juntamente com as medidas profiláticas que vieram para ficar, as vacinas desenvolvidas por meio de diferentes abordagens científicas já são uma realidade. O fato é que a vacinação já tem agenda. E com ela, a famosa luz no fim do túnel dá o ar da graça. Nesse contexto, é fundamental que haja uma união efetiva entre iniciativa privada e poder público, para garantir o andamento célere e adequado da vacinação

Ao trazermos a reflexão para o nosso ramo de negócios – turismo e eventos corporativos, cabe conclamar a todas as lideranças e players do trade, para que se unam contra a inércia. Reiterar, de forma uníssona, que a indústria de viagens corporativas movimenta mais de 60% das atividades da aviação civil e da hotelaria. De forma indireta, o peso econômico das viagens corporativas, numa equação realista, viabiliza o funcionamento do turismo a lazer nas bases que a humanidade conhece.

A humanidade viaja a negócios desde a mais longínqua antiguidade e essa mobilidade audaciosa é traço indissociável da civilização. Reduzir o fluxo de viajantes em nome da saúde e da vida é indiscutível e louvável. Mas replanejar a retomada gradativa e crescente das viagens e eventos, já na antessala da imunização, é indispensável. Os clientes corporativos, nossos parceiros notáveis geradores de emprego e renda, já devem refazer o desenho do futuro próximo, no tocante à movimentação de seus executivos e colaboradores.

Vacina salva vidas. Vacina há de salvar, também, o turismo!

quarentena ainda não acabou

Capa do Guia do Viajante Responsável, lançado pelo Movimento Supera Turismo Brasil

Carlos Prado*

Todos constatamos, no dia a dia, um afrouxamento preocupante de parcela expressiva da sociedade, no que diz respeito aos cuidados básicos para se proteger da Covid-19. Não bastasse isso, os noticiários de TV mostram, ao vivo e a cores, verdadeiras multidões em clubes, bares, restaurantes e praias sem o uso de máscaras, sem o distanciamento mínimo e sem a menor noção do perigo.

Mesmo com a nova escalada do número de infectados e de mortos, publicados diariamente, nota-se uma displicência incompreensível. Ganhamos algumas batalhas no duro enfrentamento desse mal que aflige o mundo, mas a guerra ainda não foi vencida.

Infelizmente, a pandemia e a necessidade de quarentena persistem. Não faz sentido abolir as recomendações das autoridades sanitárias e supor que o problema acabou. Ou, se não acabou, que já não ameaça drasticamente a saúde das pessoas.

Todos sabemos que as restrições são desagradáveis, penosas e cansativas. Mas não há outro caminho. Afinal, embora haja vacinas em fase final de desenvolvimento e de testes, o fato é que, na prática, essa terapia ainda não existe.

Enquanto empresário, dirigente setorial e cidadão, conclamo meus pares, lideranças da ampla cadeia do turismo e colaboradores, em geral, que  se mantenham vigilantes. Isso, naturalmente, com o olhar positivo e a certeza do êxito na travessia e no prosseguimento da caminhada. É preciso preservar a vida – o maior ativo de que todos nós dispomos.

Temos reiterado, especialmente no Movimento Supera Turismo Brasil, que todas as recomendações expressas nos protocolos biossanitários devem ser seguidas à risca.

Ou seja: usar máscaras, higienizar as mãos, manter distanciamento e fugir, literalmente, de aglomerações. A vitória contra o inimigo comum só depende de cada de nós. Precisamos nos manter saudáveis e vivos, para tocar a vida no âmbito das nossas famílias e das nossas empresas. Tenhamos, pois, menos ansiedade, mais resiliência, confiança na ciência e responsabilidade.

Mercado diz sim à Retomada Já! no 6º Fórum Abracorp

* Carlos Prado

Passados alguns dias da realização do 6º Fórum Abracorp, evento híbrido produzido a partir do Hotel Transamérica, em São Paulo, retomo alguns motes do conteúdo denso que o evento fez emergir. Altos executivos da hotelaria, das companhias aéreas e das locadoras de automóveis, cada um ao seu estilo e do ponto de vista da sua organização, abraçaram a diretriz de se retomar, de imediato, a dinâmica das viagens corporativas.

Enquanto presidente do Conselho de Administração da Abracorp e CEO da Tour House, senti-me gratificado com o posicionamento da indústria. Houve uma convergência de opiniões, ante a realidade de pesadas perdas acumuladas, que alcançam 66%, na comparação com 2019.

Portanto, reitero que é necessário e urgente que as grandes empresas voltem a viajar. Retomem as agendas de negócios. Está mais que comprovado que viajar é seguro. O mundo inteiro, incluindo o Brasil, investiu em salvaguardas e protocolos que garantem a biossegurança de colaboradores e viajantes.  

Aeroportos, aeronaves, equipamentos de traslado e meios de hospedagens, segundo a unanimidade dos participantes do 6º Fórum, são mais seguros que as casas das pessoas. Portanto, não há justificativa plausível para as corporações manterem agendas travadas, esticando, além do necessário, o tempo de espera.

Sobre a retomada começar pelas viagens a lazer, com ênfase nos destinos domésticos, é preciso lembrar que o fluxo de turistas tem relação direta com o preço das viagens. Quanto mais célere (dentro dos padrões biossanitários já citados) se der a retomada do corporativo, maior será a viabilidade dos negócios do turismo a lazer. As tarifas médias, em geral, tendem a se tornar mais competitivas.

Entre as colocações animadoras que foram expostas durante o evento, destaco aquela que atribui, às pessoas, a fonte das mudanças de que o Brasil precisa. E não aos governos. Mudanças virão dos protagonistas. Daqueles que rejeitam a acomodação, assumem riscos calculados e desencadeiam ações inadiáveis, para proteger a saúde das empresas, dos empregos e de todo o ecossistema envolvido.

Em síntese, adiar a retomada das viagens corporativas é contribuir, isso sim, para o agravamento das contas e da economia, como um todo. É perder um tempo precioso, num momento em que as oportunidades de inovação pedem tomadas de decisão rápidas e arrojadas.

O fato é que a 2ª fase da pandemia vai durar até o surgimento da vacina. Por isso, urge retomar as atividades presenciais em novos formatos. Sem improvisação, sem procedimentos temerários e, principalmente, sem omissão.