Marmelada de banana
Bananada de goiaba
Goiabada de marmelo…
Sítio do Picapau Amarelo… Sítio do Picapau Amarelo…
Entrei e saí cantando a música de Gilberto Gil na visita ao parque Sítio do Picapau Amarelo, em Atibaia (SP), no último dia 13, quando foi oficialmente inaugurado. Para adultos e crianças, o parque é um convite a mergulhar no mundo mágico criado por Monteiro Lobato, mestre na arte de contar histórias. Não à toa, a visitação recomendada começa pelo Teatro Reino das Águas Claras, onde a peça “Como Tudo Começou” tem início com uma Emília sem vida e termina com a boneca tagarelando ordens e palpites. No mesmo teatro, no fim da tarde, o espetáculo “A Reforma da Natureza” também coloca a boneca como protagonista, em uma das muitas histórias dos livros de Monteiro Lobato.
A “contação” de histórias é o ponto central de duas atrações do parque: a Gruta da Cuca e a Travessuras do Saci, duas das oito áreas temáticas do Sítio do Picapau Amarelo. Na primeira, os visitantes são convidados a entrarem na gruta da Cuca e convencerem a vilã a libertar Narizinho, que havia sido transformada em pedra. A Cuca interage com os visitantes, convidando alguns a ajudá-la a preparar a poção libertadora.
No Travessuras do Saci, o visitante é levado para a da casinha de barro do Tio Barnabé e para o misterioso bambuzal onde mora o Saci Pererê. Entre histórias cheias de humor e sabedoria popular, Tio Barnabé encanta o público com seus “causos” sobre as peraltices do menino de uma perna só. É um espaço acolhedor, de valorização da oralidade e do folclore nacional.
Mas as histórias não são o único atrativo para a criançada. A área Aventuras de Pedrinho é dedicada ao sobe-e-desce por cordas, escadas, escorregadores, pula-pula e arvorismos. Em meio à natureza, os equipamentos em madeira e cordas são um convite para adultos e crianças brincarem juntos. Vale o mesmo para o Labirinto do Minotauro, onde as famílias tentam, juntas, saírem de um labirinto após encontrar alguns amuletos espalhados nos corredores sem saída.
As crianças menores vão ficar encantadas com o Laboratório das Invencionices do Visconde de Sabugosa. Em parceria com Iberê Thenório, criador do canal do YouTube “Manual do Mundo”, especializado em ciências e conteúdos educativos, o parque oferece uma experiência criativa e lúdica para seus visitantes, que aprendem a preparar uma “fórmula” para leitura de mensagens invisíveis. Na saída da atração, a Horta do Rabicó é um convite a uma experiência sensorial, podendo tocar e cheiras as especiarias plantadas por ali.
Pertinho dali, fica o Restaurante da Tia Nastácia, na parte mais alta do parque, próximo à entrada. Esse é um dos principais pontos para fotos com os personagens, que circulam pelo parque para alegria das famílias. Instalado em um terreno com grandes desníveis, o parque usou isso a seu favor, espalhando escorregadores em alguns trechos, e há rampas por todo o complexo.
Deixei para o final minha atração favorita… O Casarão da Dona Benta. É o espaço museológico do parque, com exposição fotográfica e audiovisual que conta a história de Monteiro Lobato e do Sítio do Picapau Amarelo. Frases do escritor estão espalhadas pela exposição, que nos leva ao início do século passado para contextualizar o momento histórico em que os personagens foram criados. Voltado para a educação e o entretenimento, como enfatizou o CEO do parque, Renato Costa, na cerimônia de abertura, o Sítio do Picapau Amarelo consegue fazer isso de forma equilibrada, e o Casarão da Dona Benta demonstra bem isso.
“Ainda acabo fazendo livros onde as crianças possam morar”, é uma das frases do criador do Sítio do Picapau Amarelo nas paredes do Casarão da Dona Benta. Eu, certamente, fui uma dessas crianças que morou por muitos e muitos anos dentro desses livros. Visitar o parque, para mim, foi como visitar a casa em que morei na infância. Com direito, inclusive, aos bolinhos de chuva da tia Nastácia no fim da visita. Experiência completa e inesquecível!
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