Balneário Camboriú (SC) e a fama de “Dubai brasileira”

Tradicional destino de praia dos argentinos nas décadas de 1980, 90 e no início dos anos 2000, Balneário Camboriú, em Santa Catarina, tem muitos registros desses visitantes – em nomes de restaurantes, condomínios residenciais e no sotaque que se escuta em suas areias –, mas a cidade deixou para trás sua fama de “balneário”, construindo aceleradamente seu lugar entre os destinos brasileiros com maior diversidade de atrativos. E são as “construções” que têm levado o destino a ser conhecido como a “Dubai brasileira”.

A comparação é exagerada, mas justificada. Balneário Camboriú tem hoje sua orla pontuada pelos maiores arranha-céus do Brasil, entre eles o mais alto da América Latina, a One Tower, edifício residencial com 290 metros. Para acompanhar o gigantismo das construções à beira-mar, a própria orla da Praia Central da cidade precisou ser remodelada. A obra de alargamento que ampliou a faixa de areia da praia de 25 metros, em média, para 70 metros durou cerca de nove meses e removeu 2,2 milhões de metros cúbicos de areia do fundo do mar para preencher os 5,8 quilômetros de extensão da Praia Central, sendo entregue em dezembro de 2021.

Faixa de areia da Praia Central foi ampliada de 25 metros para cerca de 70 metros, em média (Foto: Maria Izabel Reigada)

Nova praia, novos e gigantescos edifícios e novidades na área de atrações e entretenimento a cada ano são os ingredientes da receita que fazem a cidade catarinense ser comparada a Dubai. Desde a inauguração do Parque Unipraias, em 1999, sistema de bondinhos aéreos com duas estações, conectando a Barra Sul da Praia Central à Praia das Laranjeiras – e com atrações na estação intermediária, como mirantes, área gastronômica, atrações para crianças e tirolesa –, a cidade ganha constantemente novidades.

Antes dele, o Barco Pirata, dos anos 1980, já fazia sucesso e, desde o início de suas operações, o Píer da Barra Sul de Camboriú vem ganhando novas embarcações. A mais recente é o Galeão Santa Trindade, maior barco temático de madeira do Brasil, que começou a navegar neste verão. Com capacidade para 600 passageiros, o barco recebeu investimentos de R$ 5 milhões para se tornar a sexta embarcação na frota da empresa Barco Pirata.

Investimentos recentes

Entre as recentes atrações da cidade estão o Oceanic Aquarium, aberto em dezembro de 2019, com 3,5 mil metros quadrados de área onde estão 25 recintos que abrigam 130 espécies, a roda-gigante FG Big Wheel, aberta um ano depois, o Classic Car Show, ou Museu do Automóvel, também de dezembro de 2020, e o Aventura Pirata, atração interativa com storytelling inspirado nas lendas piratas, inaugurado em janeiro de 2022.  

Neste mês, foi a vez do Grupo Dreams fazer sua estreia em Balneário Camboriú com a inauguração da Selfie Experience, no último dia 10. A atração recebeu investimentos de R$ 10 milhões e reúne 40 cenários instagramáveis. Gaúcho, o Grupo Dreams tem 25 atrações em Gramado (RS), Foz do Iguaçu (PR) e Olímpia (SP), chegando agora a seu primeiro destino em Santa Catarina.

Investimentos públicos somam-se aos privados. Além da obra de ampliação da Praia Central, com custo de cerca de R$ 70 milhões, a prefeitura inaugurou em 2016 a Passarela da Barra, já transformada em cartão-postal da cidade. Com 190 metros de comprimento, a passarela sobre o rio Camboriú une a Barra Sul ao Bairro da Lagoa. São 57 metros de altura, o equivalente a um edifício de 22 andares, e vão livre de 114 metros. A visitação é gratuita e seus elevadores funcionam durante as 24 horas.

Investimentos futuros

Mas há mais por vir… No próximo ano, em comemoração ao 25º aniversário do Unipraias, será inaugurada a Super Giro Tower, torre giratória de observação para 50 passageiros que está sendo construída na Estação Mata Atlântica, a altitude de 300 metros. O Grupo Tedesco, idealizador do Parque Unipraias, tem projeto ainda para o Multiparque, também na cidade. O projeto inclui parque temático, aquático e parque verde, em área próxima à Praia do Estaleirinho, com acesso pela BR-101. São 160 mil metros quadrados e investimento previsto de R$ 150 milhões.

A 80 quilômetros de Florianópolis e 40 km de Penha, endereço do Beto Carrero World (e tema de um dos próximos posts), Balneário Camboriú reinventou-se neste século, ao aliar à sua vocação natural de destino de sol e mar o setor de parques e atrações turísticas. Com eles, dribla a sazonalidade e vai se firmando como um dos destinos turísticos obrigatórios do Brasil.

O Destino Foz do Iguaçu e os 11 anos do #CataratasDay

Hoje, quando se comemoram 11 anos da inclusão das Cataratas do Iguaçu na lista das 7 Maravilhas Mundiais da Natureza, movimento internacional que elegeu os sete mais lindos monumentos naturais do mundo, quero falar de Foz do Iguaçu. Quando um destino começa a receber investimentos em parques e atrações turísticas, vemos frequentemente a comparação com Orlando, na Flórida, capital mundial dos parques temáticos. “Olha, aí vem a ‘Orlando’ brasileira…”, dizem autoridades e publicações.

Quando pensamos no turismo internacional, talvez Foz do Iguaçu seja o destino brasileiro com maior vocação para isso. Não para ser a “Orlando” brasileira, mas para atrair turistas de todo o planeta. Em 2019, antes da pandemia, o Parque Nacional do Iguaçu recebeu pela primeira vez desde sua criação mais de dois milhões de visitantes: foram 2.020.358. Esse número ainda não foi recuperado, com previsão de chegar a 1,4 milhão de visitantes neste ano, em um claro reflexo da lenta recuperação do turismo internacional no cenário pós-pandemia.

Crédito: Parque Nacional do Iguaçu

Mas Foz do Iguaçu vai muito além de suas magníficas Cataratas. A maior obra de engenharia do Brasil, a construção da Hidrelétrica de Itaipu, é outro atrativo turístico desde antes de sua inauguração. Inaugurada oficialmente em maio de 1984, a usina de Itaipu recebeu sua primeira visita turística oficial em abril de 1976! Em uma época em que o Turismo não era visto como pauta econômica, o gigantismo da construção brasileira já atraia curiosos. Hoje, com a divisão Turismo Itaipu, a visitação é ordenada e, além dos circuitos tradicionais, inclui ainda cicloturismo e o Refúgio Biológico Bela Vista, um zoológico com espécies da região. De 1977 a 2020, Itaipu recebeu mais de 24 milhões de visitantes de 209 países. Em 2019, foram mais de um milhão de visitantes, considerando os lados brasileiro e paraguaio.

Apesar da lentidão na recuperação dos turistas estrangeiros, Foz do Iguaçu ganhou novos atrativos nesses últimos dois anos e muitos investimentos. No próprio Parque Nacional do Iguaçu, concessionado no primeiro semestre, o Grupo Cataratas deverá investir R$ 500 milhões em infraestrutura, com potencial de duplicação do número de visitantes pré-pandemia. Em dezembro de 2018, foi inaugurado seu primeiro parque aquático, o Blue Park Foz, que no mês passado concluiu sua terceira fase de ampliação, com investimentos de R$ 128 milhões.

No ano passado, foi inaugurada a roda gigante do destino, a Yup Star Foz, investimento de R$ 200 milhões e, no mesmo ano, começaram as obras do aquário de Foz do Iguaçu, o AquaFoz, com previsão de construção de 24 meses, devendo ser inaugurado em 2023. São mais R$ 100 milhões em investimentos do Grupo Cataratas, proprietário também do AquaRio, no Rio de Janeiro, que constrói o aquário na entrada do Parque Nacional do Iguaçu.

E falamos apenas dos atrativos mais recentes… O Grupo Dreams abriu sua primeira atração na cidade em 2014, com a instalação do Museu de Cera. Depois dele, vieram outras cinco: Maravilhas do Mundo, Vale dos Dinossauros, Dino Adventure, Dreams Ice Bar e Dreams Motor Show. Apesar da pandemia, o turismo doméstico aquecido justifica os próximos investimentos do grupo, que anunciou a construção de um duty free e mais duas atrações temáticas, somando R$ 70 milhões nos próximos dois anos.

O Marco das Três Fronteiras é mais uma das opções turísticas da cidade, com um complexo de gastronomia e entretenimento que justifica a visita à tríplice fronteira. Se olharmos para os vizinhos, atrações como o lado argentino das Cataratas, o Casino Iguazú e o Duty Free Puerto Iguazú são outros atrativos para ampliar a permanência na região, além da caótica, mas curiosa, Ciudad del Este, no lado Paraguai. Com o Paraguai, a breve inauguração da Ponte da Integração dará ainda um novo cartão postal de Foz do Iguaçu. E há mais atrativos, já em funcionamento ou em fase de projeto.

Diante disso tudo, talvez caiba uma reflexão… Em vez de Orlando brasileira, quem sabe os outros destinos não gostariam de almejar uma “Foz do Iguaçu francesa, mexicana, chinesa…”. As Cataratas, no entanto, são únicas.