Terceira temporada de The White Lotus explora a espiritualidade gourmet em resorts de luxo na Tailândia
A terceira temporada de The White Lotus, aclamada série da HBO, estreia em novo cenário e com novos personagens, mantendo o formato de antologia que consagrou as duas primeiras fases. Desta vez, a narrativa se desenvolve na Tailândia, entre a capital Bangkok e a ilha de Koh Samui, com foco em temas como religião, espiritualidade e as complexidades das relações humanas — tudo isso inserido no contexto do turismo de bem-estar de luxo, segmento que cresceu 28% em 2023, somente na China.
A encantadora Tailândia, onde o budismo é praticado por cerca de 92% da população, serve como pano de fundo para a trama, que acompanha uma família em busca de aprofundamento teológico, um casal lidando com diferenças geracionais e um grupo de amigas tentando se reconectar. A Tailândia é apresentada não apenas como um destino paradisíaco, mas como um palco simbólico onde o Ocidente colide com tradições espirituais milenares.
Criador da série, Mike White declarou ter escolhido o país justamente por seu contraste entre espiritualidade autêntica e a apropriação ocidental do sagrado. “É uma estética de transcendência, não uma prática real. Tudo parece profundo, mas é só decoração”, afirmou, em crítica direta àquilo que se convencionou chamar de “espiritualidade fast food” — experiências espirituais gourmetizadas, embaladas para consumo rápido e superficial.
A trilha sonora da temporada reforça essa guinada temática, incorporando instrumentos tradicionais tailandeses como cítaras e flautas, substituindo os arranjos intensos e eletrônicos das temporadas anteriores.
Apesar da ambientação mística, The White Lotus não abandona sua essência bem humorada. A série continua a escancarar as contradições da elite global, abordando tensões familiares, rivalidades, crises existenciais e até disputas fiscais — tudo isso envolto na opulência e sofisticação dos resorts tailandeses.
A nova temporada se aprofunda na crítica social ao mostrar como o luxo ocidental transforma espiritualidade em produto, oferecendo ao espectador uma reflexão incômoda e, ao mesmo tempo, irresistível sobre fé, consumo e aparência. Ao retratar a busca por sentido em um spa de cinco estrelas, The White Lotus reforça seu papel como um espelho da modernidade: tudo pode ser vendável, até a experiência de iluminação interior.