Com as bençãos de alah

Turismo Halal: Embratur e Câmara de Comércio Árabe-Brasileira se reúnem para ampliar negócios no setor

Como a gente vem falando há tempos, o turismo espiritual vai muito além das peregrinações em destinos católicos ou visitas a Terra Santa. Há congressos, seminários, cursos e também, quem diria, acolhimento especial na hotelaria seguindo as necessidades religiosas de muitos turistas. Nos anos 2000, quando eu era gerente de marketing no Sofitel, criei um serviço especial para os muçulmanos que me rendeu até a capa no Valor Econômico.

Atualmente o hotel Jequitimar privatiza o hotel uma vez ao ano para grupos de judeus ortodoxos. E não é o único. Há empreendimentos espalhados pelo Brasil que também fecham finais de semana para grupos iogues veganos. Nada de couro, carne, laticínios, ovos. Nada, mesmo, de origem animal. Nem seda. É preciso uma expertise operacional para que dê tudo certo. Porque algumas expressões de fé costumam ser rigorosas, uma vez que interditos desrespeitados podem gerar graves problemas para adeptos de uma crença.

Recentemente o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, e o CEO e secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Tamer Mansour, se reuniram para ampliar parcerias voltadas ao turismo halal.

Essa categoria abrange destinos turísticos preparados para receber o viajante muçulmano, respeitando as regras e os costumes da população islâmica. É um segmento que leva em consideração questões como os horários para reza, higiene que deve ser feita antes dela, a necessidade de estar direcionado para Meca ao orar, o jejum durante o Ramadã, entre outras. Na época do Sofitel, os clientes recebiam no quarto um cesto com minitapete, bússola, água de rosas e chá.

Para o presidente da Agência, Marcelo Freixo, o turismo halal é um dos mais promissores do mundo. “Com a parceria, queremos aproximar mais o mundo árabe para investimentos no setor turístico, como hotéis e aviação. E, consequentemente, aumentar o número de turistas daquela região, que representa cerca de 72 milhões de turistas do mundo. Temos grande interesse nesse mercado, pois é uma grande oportunidade para empresas de turismo brasileiras”, comentou Freixo.

O CEO e Secretário Geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Tamer Mansour, acredita que a união de esforços dos dois países irá gerar bons frutos para as duas culturas. “Temos a honra de estabelecer uma parceria tão promissora. Tenho certeza de que, com a Embratur, teremos uma parceria muito ampliada na promoção de destinos”, finalizou.

Se esse mercado interessa, atenção: nos dias 23 e 24 de outubro, será realizado o “Global Halal Brazil Business Forum, que reunirá especialistas e players do mercado halal do Brasil e do mundo no WTC Events Center, na capital paulista. Hoteleiros, o mercado muçulmano é bem grande e fiel. Que tal iniciativa possa trazer mais turistas para o Brasil. Insh’Allah.

Uma malásia espiritual

A Malásia é rica por sua história cultural, belos marcos históricos e estilo de vida local hipnotizante que atrai muitos visitantes. Cerca de 63,5% da população pratica o Islã; 18,7%, budismo; 9,1%, o cristianismo; 6,1%, hinduísmo e o restante incluem animistas, taoístas, sikhs e testemunhas de Jeová. Recentemente o Turismo da Malásia, através da Raidho, organizou um encontro para apresentar as novidades.

Falou-se muito do turismo de aventura, das experiências de luxo e dos resorts incríveis. Para nós, com exclusividade, o vice-presidente para as Américas da entidade, Irni Nor, explicou a oferta espiritual. O país é um exemplo de respeito às diferenças de crença e uma vitrine das práticas espiritualistas da Ásia.

Qual é a oferta de turismo espiritual da Malásia?

Com um fundo multicultural, a Malásia abraçou sua diversidade de religiões, crenças, celebrações e locais de culto, apresentando o muçulmano, hindu, cristão, sikh e budista como os principais destinos de “turismo espiritual” do país.  Embora a religião oficial na Malásia seja o Islã, outras religiões também são praticadas e, assim, abraçamos harmoniosamente as festas e celebrações uns dos outros.

Existem eventos religiosos importantes?

Sim… Temos um grande número de eventos religiosos na Malásia. Para os muçulmanos há dois grandes festivais: Hari Raya Aidilfitri e Hari Raya Aidil Adha.  O Hari Raya Aidil Fitri marca o fim do Ramadã, o mês de jejum,. enquanto o Hari Raya Aidil Adha, celebrado no 10º dia de Zulhijjah, marca a conclusão da peregrinação anual a Meca. Além dos principais festivais acima, os muçulmanos da Malásia também celebram Maal Hijrah (Ano Novo Islâmico) e Maulidur Rasul (Aniversário do Profeta Maomé PBUH).

Já a comunidade chinesa na Malásia celebra o Ano Novo Chinês no primeiro dia do calendário lunar chinês em janeiro ou fevereiro de cada ano. Outro festival importante é o Wesak Day.

Os devotos hindus celebram Deepavali, ou o Festival das Luzes, em maio e Thaipusam em janeiro.

Quais são os principais templos para se visitar?

Existem inúmeros locais de culto na Malásia. As Cavernas de Batu, em Selangor, e o Templo Sri Mahariamman, em  Kuala Lumpur, são importantíssimos para os hindus. Os muçulmanos encontram mesquitas de rara beleza como a de Jamek e a Mesquita Nacional, em Kuala Lumpur; a Mesquita do Sultão Salahuddin Abdul Aziz Shah, em Selangor e a Mesquita de Putra, em Putrajaya.

Lindos também são os templos chineses Thean Hou, na capital, e o Kek Lok Si, em Penang. A Catedral de Santa Maria Kuala Lumpur é a principal para os cristãos. Não podemos deixar de mencionar o  Templo Gurdwara Tatt Khalsa, local de devoção sihk.

Há festivais religiosos?

Sim. As celebrações mais alegres são realizadas após o mês de jejum do Ramadã. Este é o momento em que as pessoas que trabalham nas grandes cidades e vilas fogem para os seus “kampungs” ou aldeias. Orações especiais são realizadas nas mesquitas, e tempo para pedir perdão à família e amigos. Durante esta celebração de um mês, haverá muitas visitas domiciliares e festas. Os malaios têm uma tradição maravilhosa conhecida como “casa aberta”, que é uma exibição calorosa da hospitalidade malaia. Amigos e familiares se reúnem e celebram a culinária tradicional e biscoitos especiais são servidos durante esta ocasião especial.

Há o Hari Raya Haji, outra importante celebração religiosa para os muçulmanos na Malásia. Marca o fim da peregrinação anual, ou Haj em Meca, um dos Cinco Pilares do Islã, que todos os muçulmanos capazes são obrigados a realizar pelo menos uma vez na vida. Neste dia, muçulmanos de todo o mundo são encorajados a abater gado, ovelhas ou cabras como um sinal de sacrifício – símbolo de sacrifícios maiores que eles são convidados a fazer para defender a pureza da religião.

O aniversário do profeta Maomé, ou Maulidur Rasul, é um evento significativo no 12º dia do terceiro mês do calendário islâmico (lunar), marcado por procissões para demonstrar a unidade dos crentes em alguns Estados. Orações, sermões e discussões religiosas são realizadas durante este tempo para fortalecer o muçulmano fé e espírito da comunidade.

Já o Thaipusam é um festival hindu anual, que cai no final de janeiro ou fevereiro. É uma celebração do aniversário do Senhor Subramaniam. Na véspera de Thaipusam, uma estátua do Senhor Subramaniam é levada em procissão em uma carruagem puxada por bollocks. No dia seguinte, os devotos carregam kavadis (um arco de metal ou madeira com decorações elaboradas, que é colocado nos ombros dos devotos. Ganchos ou espinhos se estendem do kavadi a várias partes do corpo do devoto.  O festival é realizado em grande escala em Selangor e Penang.

Os budistas observam Wesak para comemorar o nascimento, a iluminação e a morte de Buda, todos os quais ocorreram na mesma data lunar no cálculo budista. É observado anualmente no domingo mais próximo da lua cheia em maio. Os budistas seguem uma dieta vegetariana para se “limparem” antes da ocasião. Milhares de devotos acorrem aos templos antes do amanhecer para orações, oferendas, meditação, cânticos e doações de caridade. Pombas e jabutis também são soltos em um gesto simbólico de libertação da alma e abandono de pecados passados.

Temos de falar também do  Deepavali /Diwali, também conhecido como Festival das Luzes, representa o triunfo do bem sobre o mal para os hindus. As casas hindus são iluminadas para simbolizar a vitória sobre as trevas. Além disso, pinturas coloridas de arroz conhecidas como ‘Kolam’ são criadas na frente de cada casa para trazer prosperidade e sucesso. Estas ‘pinturas’ são feitas com arroz colorido e decoradas com velas e pequenos candeeiros. É comemorado em outubro ou novembro de cada ano que pode durar cerca de cinco dias. As orações Deepavali são realizadas tanto em casa quanto nos templos na véspera do festival. Antes de ir ao templo, os hindus tradicionais tomam um banho de óleo antes do nascer do sol, rezam em casa e queimam incenso. Uma homenagem aos mais velhos da família é seguida por casas abertas para parentes e amigos, onde uma grande variedade de deliciosas iguarias tradicionais indianas são servidas.

O Vaisakhi é comemorado pelos sikhs em abril. A ordem do dia inclui orações em casa e nos templos, bem como dietas vegetarianas. Gatka (artes marciais sikhs) e Bhangra (uma dança tradicional) são realizadas durante todo o dia em templos e na Associação Sikh.

É importante falar do  Festival Sabah Ka’amatan, localmente conhecido como Tadau Ka’amatan (Festival da Colheita), este festival nativo dos Kadazan-Dusun, o maior grupo étnico do estado de Sabah, Bornéu da Malásia. O festival anual em maio é uma tradição atemporal em homenagem ao Bambaazon, o espírito do arrozal. A comunidade Kadazan-Dusun acredita que o espírito da planta padi é responsável pelo seu crescimento e bem-estar, oferecendo proteção contra perigos naturais e uma colheita abundante para seus alimentos básicos. O festival, realizado no Hongkod Koisaan, sede da Organização Cultural Kadazan-Dusun, apresenta esportes tradicionais como queda de braço, tiro com zarabatana, competições de catapulta e corridas de revezamento. O ritual ‘Magavau’, realizado pelos Bobohizan, é um ritual de limpeza e bênção. Nos últimos anos, o festival da colheita sofreu modificações, incluindo um Concurso de Rainhas da Beleza, onde participam belas donzelas Kadazan. Durante o festival, o tapai, o vinho de arroz local ou cerveja, flui livremente, e o arroz é tratado com respeito e reverência.

Já o Festival Sarawak Gawai é também conhecido como Festival da Colheita no estado de Sarawak. Marca o ápice da celebração da colheita. A data oficial é 1º de junho, mas a celebração dura um mês inteiro, permitindo que o Dayak renove amizades, esqueça preocupações passadas e faça as pazes com velhas brigas. É também uma oportunidade para novas amizades, reuniões familiares e para prestar homenagens aos mais velhos e aos que partiram. O ritual “Miring” envolve Dayaks junto com seus convidados colocando vários alimentos e ‘tuak’ (vinho tinto local) em pratos como oferendas aos deuses. Um poema especial é recitado e um galo é sacrificado.

MICE RELIGIOSO

Quando se fala em MICE,  curiosamente desconsidera-se o turismo religioso. A razão da negligência, sinceramente, ninguém sabe, uma vez que o potencial dessas viagens é considerável. É claro que não estamos falando das Jornadas da Juventude, organizadas pela Igreja Católica,  ou da Marcha para Jesus, em São Paulo sob coordenação da Igreja Renascer em Cristo. Ambos com milhares de pessoas e forte repercussão nas mídias. Mas sem que parte de nossa indústria se dê conta, há inúmeros pequenos retiros e seminários que lotam cidades como Águas de Lindoia e São Lourenço e fazem a festa dos hoteleiros locais.

A Assembleia de Deus é uma das denominações que mais organiza esse tipo de evento: seja para os jovens, seja para os casais. São centenas de pessoas em uma única viagem. Sem dúvida, eles movimentam um número importante de passageiros, maior que muitos grupos de incentivo, organizados por multinacionais. São poucos, no entanto, Conventions bureaux ou secretarias de turismo que trabalham neste tipo de captação. Muito por conta de preconceito. Há dois destinos no mundo que sobrevivem por conta de turismo religioso mas fogem do tema.

Não é o caso do Santuário de Santa Rita de Cássia, em Cássia-MG, que está de olho nesse mercado. Em julho, organizam uma série de atividades voltadas para crianças e adolescentes. Além da tarefa evangelizadora, querem criar memórias afetivas com futuros viajantes.

“Habitualmente no mês de julho, as crianças saem para um período de férias escolares e o Santuário de Santa Rita de Cássia, acolhe nesse sentido, as crianças para dois momentos importantes: primeiro para oração e espiritualidade, congregarmos as crianças e as famílias, para que, no testemunho de Santa Rita, elas tenham força e permaneçam felizes, buscando sempre o sentido de suas vidas. Depois, promover um momento de entretenimento, para que possam, de maneira sadia, se divertirem neste espaço tão favorável que é o nosso Santuário”, explica o Padre Michel Pires, Reitor do Santuário.

No dia 30 de julho, a cidade mineira também recebe o ENCONTRO DIOCESANO DAS FAMÍLIAS. O tema é “Família, Vocação, Graças e Missão, Corações Ardentes”.A programação começa 11h com almoço; 12h30, acolhida; 13h, palestra e, 14h, adoração ao Santíssimo Sacramento.

Ao contrário de outros mercados, como o turismo de luxo, de compras, de vinhos ou LGBTQIA+, o MICE religioso não exige vocação. É claro que a existência de santuários, basílicas ou monumentos históricos sempre é um fator importante, mas o importante é a existência de hotéis prontos para receber fieis. Para quem ainda teima de duvidar desse mercado, eventos não faltam, mostrando o MICE religioso.

A Expocatólica, por exemplo, atrai gente do mundo inteiro sempre no mês de maio. A última edição contou com 20 mil visitantes. A Expocristã, por sua vez, sempre em setembro, observa um crescimento acelerado, ano após ano. Até os estúdios Maurício de Souza estão presentes em ambos os eventos. Aliás a Turma da Mônica já assinou publicações infantis para católicos, protestantes e espíritas. É claro que o personagem Anjinho não está sempre presente, ao contrário dos diretores de negócios da empresa. E você, diante do potencial do turismo religioso, vai dar as caras ou as costas?

Imagem: Divulgação Expocatólica

turquia investe no turismo do Santo que inspirou papai Noel

Localizada em Anatolia, na Turquia, a igreja construída em nome de São Nicolau acaba de passar por uma reforma e já está reaberta para receber seus visitantes. O Bispo Nicolau era conhecido por dividir seus bens com os pobres e se tornou muito conhecido ao deixar presentes escondidos pelas janelas dos moradores de sua cidade, que inspirou a criação de um dos personagens mais famosos do mundo, o papai Noel ou Santa Klaus.

A Igreja de São Nicolau passa a receber seus turistas em 2023 após as obras de restauração e paisagismo, como a  retirada das coberturas antigas e construídas novas coberturas de proteção, conservação e reparação no interior e exterior da igreja, desde as paredes até à cúpula, abóbada e piso. Além do trabalho de documentação e conservação das pinturas murais originais e dos mosaicos do piso, o espaço da galeria no segundo andar também foi incluído no percurso do visitante, além das adaptações internas para os visitantes com dificuldade de mobilidade.

São Nicolau era considerado a segunda maior autoridade do cristianismo de Anatólia e faleceu em 6 de dezembro 365 d.C., data em que se celebra o santo. Após sua morte, o povo da cidade construiu um monumento que depois se tornou uma grande basílica em cujas paredes estão retratados os milagres que se acredita serem realizados por São Nicolau.

A Igreja de São Nicolau, uma das obras essenciais da história da arte bizantina com acréscimos feitos no século 11, está entre os exemplos mais proeminentes do período bizantino.  A igreja, que está na Lista Provisória do Patrimônio Mundial da UNESCO desde 2000, é muito frequentada anualmente por inúmeros turistas locais e estrangeiros. A igreja é essencial não apenas por ser um centro histórico, mas também por ser um centro religioso e no passado era conhecida como um destino dos peregrinos que iam a Jerusalém vindos da rota do Mediterrâneo. Há também um sarcófago romano decorado com escamas de peixe e folhas de acanto, que se acredita ser de Nicolau e já os ossos que se acredita pertencerem a São Nicolau são exibidos no Museu de Anatolia.

Para mais informações sobre o destino, visite o site oficial do Turismo Turquia: Go Türkiye.

São Miguel e os mil anos de sua aparição

Poucas pessoas sabem, mas o Monte Saint Michel, na Normandia,  é o segundo monumento mais visitado na França e o quarto mais importante destino de peregrinações cristãs no mundo, depois de Jerusalém, Roma e Santiago de Compostela. Em 2023 comemora seu milésimo aniversário e por essa razão, a administração do santuário -sim, é um santuário- vai promover uma série de atividades, incluindo uma exposição com fotos e objetos históricos.

A longa história do Monte remonta a 708 EC quando o bispo de Avranches tem uma experiência mística e recebe do Arcanjo Miguel a incumbência de construir um mosteiro e um santuário em sua homenagem. Para quem não sabe Miguel é , ao lado de Joana D´Arc, o padroeiro da França. Em 966, os beneditinos lá se instalaram. Em pouco tempo, o local se tornou um grande centro de peregrinações da Europa, muito por conta de sua localização, próxima a Grã-Bretanha. Embora o protetor da Inglaterra seja São Jorge, os ingleses têm particular devoção àquele que os católicos dizem ser o comandante das milícias celestiais.

Pesquisas arqueológicas mostram, no entanto, que muito antes de se tornar um centro espiritual católico, o espaço abrigou templos de culto a deusas celtas, assim como Chartres e outras igrejas católicas na França e na Grã-Bretanha.

Durante a Revolução Francesa, o espaço se tornou prisão. O que parecia um sacrilégio para os católicos da época, foi na verdade, tempos depois, considerado um milagre; já que o monumento, diferentemente de outros na França, foi preservado do vandalismo e da demolição.

Nos anos 2010 tive a oportunidade, enquanto diretor adjunto da Atout France acompanhado de um grupo de jornalistas brasileiros, de visitar o coração do Monte Saint Michel. Trata-se de um lugar fechado para o público e é onde São Miguel teria aparecido ao bispo no século VIII. Lá se vê um pequeno altar em pedra. Nota: embora simples,  muitas pessoas que me acompanhavam, agnósticos e de outras religiões não cristãs, sentiram inexplicavelmente uma emoção no local.

A maior parte das pessoas faz um bate-e-volta até lá quando estão em Paris. Além dos famosos omeletes de Mère Poulard, o ponto turístico ficou famoso por conta das marés que o deixa ilhado. Mas é possível ter uma série de experiências religiosas no monte: seja por conta das missas com canto gregoriano, seja por conta de uma casa que recebe gratuitamente os peregrinos devotos de São Miguel. Tal espaço é administrado pela Fraternidade de Jerusalém e acolhe por uma noite gente do mundo inteiro.

Assim como Saintes Maries de la Mer, no sul da França, com sua festa a Santa Sara Kali, protetora dos ciganos, o Monte Saint Michel se tornou um destino espiritual para não católicos. Esotéricos e umbandistas visitam o local também em busca de experiências espirituais. Para muitos pais e mães de santo idosos, São Miguel divide com São Jorge o posto de protetor da Umbanda.

O ideal é uma estada maior na região. A Normandia é também famosa no circuito religioso por conta de Lisieux, onde se encontra o Santuário de Santa Terezinha do Menino Jesus, e Pontmain, um dos locais preferidos pelos marianos. A pequena cidade teria sido salva por Nossa Senhora que apareceu no século XIX e prometeu que tropas inimigas desviariam as trajetória polpando seus moradores.

As viagens religiosas são importantes para o turismo da França: seja Ars, onde padres do mundo inteiro se dirigem para seus votos, seja Lourdes, santuário mariano onde se registraram muitas curas, ou até mesmo Paris. Quem nunca ouviu falar da igreja da medalha milagrosa? Os parisienses não dão tanta atenção, mas virou febre entre os católicos brasileiros.

Informações sobre o monte podem ser obtidas no site: www.montsainmichel.gouv.fr ou https://cchotels.com.br/ , que representa as vilas e santuários franceses .

Turismo ético é turismo espiritual

Nasci nos anos 1970 mas sou apaixonado pelos anos 1980. É claro que não sou saudosista, mas gosto da produção musical dessa década, assim como filmes, séries e as telenovelas da Globo. Não preciso dizer que revejo, quando possível toda a produção televisiva, principalmente entre os anos de 1983 e 1988. E me surpreendo como assuntos que são tabus nos dias de hoje eram tratados sem nenhum problema há 40 anos. A última década trouxe discussões essenciais que vêm transformando não apenas a forma como nos relacionamos uns com os outros mas também com a natureza.

Questões ligadas a racismo, misoginia, homofobia, intolerância religiosa são trazidas para debates francos nos obrigando a rever até mesmo as expressões que usamos em nossas conversas triviais. É preciso dizer que nada disso é fácil. E há um importante trabalho ainda a ser realizado. Em recente entrevista a empresária Luiza Trajano, emocionada, confessou que não percebia o racismo estrutural que ainda está tão presente em nosso país, ainda que a maior parte de nós, bata no peito e se considere antirracista.

No turismo não é diferente. Ainda que, por razões óbvias, saibamos lidar com diferenças culturais, estamos aprendendo a repensar serviços que sejam inclusivos e também ensinando os clientes a viajar buscando impactar o menos possível o meio ambiente.

Há uma preocupação da hotelaria global com a diversidade, a equidade, com a sustentabilidade. Uma crescente busca por experiências ecológicas é visível. E nesse cenário, observamos uma preocupação verdadeira e importante, de muitos destinos também com a dignidade dos animais. OS EUA foram pioneiros em adotar novas práticas, conscientes que a lição de casa ainda não terminou. Em seguida vieram os europeus, os asiáticos e os africanos.

Falamos aqui de viagens de fé. E sei que nem toda viagem tem um objetivo espiritual. Mas toda viagem pode ter valores espirituais a serem respeitados. E não é preciso ser São Francisco de Assis ou vegano para compreender que não há espiritualidade que resista ao desrespeito para com o ser humano ou a Natureza. O mês de abril tradicionalmente é dedicado a reflexão sobre turismo não cruel aos animais. Conversamos com a jornalista Andrea Miramontes, pioneira no país na conscientização de um turismo que recupere a dignidade dos bichos. Confira!

1. Como nasceu a iniciativa de promover a reflexão sobre o turismo e dignidade animal?

Trabalho com proteção animal há mais de 20 anos. Sempre levei o assunto para o jornalismo. Encaro com grande responsabilidade, como jornalista e influencer, incentivar o turismo que não cometa crueldade e abuso com animais para satisfazer as pessoas e gerar lucro. Faço isso em todos os veículos em que passei. No último grande portal de notícias em que trabalhei, eu criei a editoria de turismo em 2011, que já nasceu com essa regra. Enquanto estive lá, nenhum passeio com animais em cativeiro e que cometa crueldade foi publicado debaixo do meu guarda-chuva de editora. De 10 anos para cá, meu projeto @ladobviagem, nas redes sociais e site, já nasceu com essa missão. Foi o primeiro site de viagens dedicado a combater o abuso animal de forma explícita. Há tanta coisa linda para curtir no mundo e não precisamos usar o sofrimento de animais para nos divertir. 

2. Que tipos de cuidado o turista precisa observar? Muitas vezes ele nem se dá conta de que está colaborando para maltratar animais. 

Além de não prestigiar zoológicos, shows com animais, que deveriam estar livres com seus comportamentos naturais, e evitar selfies com animais selvagens, é preciso ficar atento a mais algumas regras. Qualquer passeio que tenha animal em cativeiro e contato de turista com animais selvagens, como dar mamadeira a leãozinho, banho em elefante, tirar foto com bicho-preguiça ou arara, montaria em qualquer animal, tem cativeiro e crueldade. Não faça. Desconfie de falsos santuários. O santuário de verdade não faz do lugar um zoológico, não permite contato das pessoas com os animais e tenta, de toda forma, reabilitar o animal para devolver à natureza. Essa é a missão.

3. Que ações destinos têm tomado e que podem inspirar?

Evitam divulgar como atração do destino os lugares que tenham animais em cativeiro. Devem destinar parte do dinheiro do turismo à preservação ambiental de fauna e flora. Hotéis não devem ter animais em cativeiro como atrativo. É preciso incentivar o turismo para observação de animais livres, sem contato com as pessoas, no habitat natural deles, conduzido por pessoas treinadas para isso. E, claro, nesse tipo de turismo, o animal aparece se quiser. O turista deve estar consciente disso. Um excelente exemplo no Brasil é um turismo no Pantanal para ver onças pintadas livres. Em vez de lucrarem com a matança de onças, é melhor protegê-las e tê-las livres, para observação de turistas. Os visitantes são levados por profissionais extremamente qualificados, inclusive, com controle do tempo máximo do passeio, silêncio e comportamento adequado do turista, para a mínima intervenção naquele ambiente, que um passeio desses exige. 

4. Há outras iniciativas parecidas com a sua no Brasil e no mundo?

Sinceramente, fui a pioneira a começar um site de turismo que se dedica a isso, como uma das principais responsabilidades. Muitos outros sites, mas estes dedicados ao veganismo e de ONGS internacionais, muito competentes, já combatiam crueldades e continuam um trabalho importante para acabar com o turismo com animais em cativeiro, selfies e shows. Hoje, alguns grandes veículos já abandonaram o incentivo de turismo que comete crueldade animal. Mas ainda temos um caminho árduo, especialmente nestes tempos de alguns influencers desmiolados e cafonas, que ainda publicam beijos em golfinhos, macacos como pet e montaria em burros, cavalos, camelos e elefantes escravos, como se fosse algo divertido.

Romeiros, não. Peregrinos.

Conheci o Carlos Henrique Dezen quando eu era então diretor adjunto na Atout France, o órgão que promove o turismo francês no Brasil. Participamos juntos do Rendez-Vous en France e de um famtrip. Lá descobri sua espiritualidade e sua atuação, não exclusiva, no segmento religioso. Técnico em turismo, jornalista e pós-graduado em marketing de serviços, atuou no marketing do Banco Bradesco, na Shell e Lufthansa. Em 1993 abriu a Senator Tour Operator e há pelo menos 15 atua no segmento do turismo de fé.  Aqui ele fala sua visão sobre esse mercado, ainda desconhecido, embora muito antigo e altamente lucrativo.

O turismo espiritual no Brasil segue crescendo. Obviamente muito dependente ainda dos roteiros cristãos, com potencial de 179 milhões de clientes. Nada mau, principalmente porque o turismo religioso pode vir acrescido de outras experiências, como gastronomia, história e até esportes ( no caso de peregrinações e caminhadas). E muitos destinos, considerados cristãos, também são procurados por esotéricos e neopagãos, na medida em que oferecem experiências místicas. É o caso de Santiago de Compostela e até o Egito, muito além do roteiro da Sagrada Família.

Cada uma dessas entrevistas tem o objetivo de descortinar os mistérios que envolvem o turismo de fé. É possível, a cada conversa, perceber o tamanho do mercado no Brasil, seus atores, os maiores desafios e também, para quem pretende investir no segmento, quais cuidados tomar. Inclusive com o jargão próprio que vem também se transformando. Nesta entrevista Dezen alerta, no lugar de romeiros, use o termo peregrinos. Mudanças que impactam inclusive no marketing, e não apenas na comunicação. Aqui não há espaço para amadorismo. Os caminhos devem ser percorridos com precisão, seguindo as lições daqueles que começaram a peregrinar mais cedo.

Quais os destinos que você mais vende?

Os nossos principais destinos religiosos são Israel e Jordânia;  os Santuários Marianos – Fátima, Lourdes, Pilar, Schoenstatt, Medgiugore, Guadalupe- e, é claro, o Vaticano que é muito, mas muito visitado, por todas as pessoas independente da religião que professa.

Quem é o seu cliente?

O nosso público é majoritariamente católico e, nesse grupo, curiosamente, temos pessoas de todas as idades. São viajantes que ajudamos a exercitar a sua fé nesses lugares sagrados.

O mercado está aquecido?

Neste pós-pandemia, o número de “peregrinos” tem aumentado muito e tudo indica que vai aumentar mais ainda…As pessoas querem agradecer ao seu Sagrado a proteção de suas vidas e dos seus familiares.

Qual viagem foi transformadora para você?

Duas viagens marcaram muito a minha vida, a primeira foi a Terra Santa por inúmeros motivos, mas o principal foi ter andado por onde Jesus caminhou. A segunda foi em Lourdes, na França,  porque lá é um local de cura. Quando eu vi aquelas procissões, caí em prantos, foi muito emocionante. A fé não tem explicação ou você tem ou não tem. E repito : independente de religião.

E os roteiros e potencial doméstico?

Falando em Brasil, temos o santuário de Aparecida – que é um pouco menor do que o Vaticano. Temos em média 12,5 milhões de “romeiros” – como eram chamados, mas agora são conhecidos também como peregrinos. Desses peregrinos 99% são brasileiros e ainda estou sendo generoso. Temos uma grande parte no Brasil para ser trabalhada ainda porque desses 12,5 milhões 95% vem da região Sudeste.Temos também o Cristo Redentor no Rio, que a maioria vê apenas  como ponto turístico mas não é !  Padre Omar que é o Reitor  de lá faz um excelente trabalho. Possibilidades não faltam.

vila galileia: nova experiência em Pernambuco

Feira temática que reúne personagens típicos da época de Jesus é atração na cidade-teatro onde é encenado o espetáculo até o próximo sábado (8)

A cidade-teatro de Nova Jerusalém, onde está sendo realizado o espetáculo da Paixão de Cristo até o próximo sábado (8), em Pernambuco, tem uma nova atração que está encantando o público que visita o local durante a Semana Santa.

Trata-se da Vila da Galileia, uma feira temática que reúne artesãos, mestres da carpintaria, da pedra e do barro, além de personagens típicos da época de Jesus. A atração fica localizada dentro da cidade-teatro, no final da via de acesso à primeira cena do espetáculo.

Idealizada pela diretora de arte Marina Pacheco, que também coordena o figurino da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, a Vila da Galiléia permite que o público que vai assistir à encenação entre em contato com a cultura e os costumes da época de Jesus. Em barraquinhas, os visitantes podem ver de perto como eram produzidas as peças de pedra e barro naquele período, além de conhecer as técnicas de carpintaria.

Mas não é só isso. Na Vila da Galiléia, o público também pode interagir com personagens típicos da época, como pastores, homens e mulheres do povo, e ainda ter contato com animais como burrinho, ovelhas, patos e galinhas, que são atrações especialmente para as crianças.

“A experiência é única e proporciona ao público uma verdadeira viagem no tempo, com direito a um cenário incrível e muitos registros fotográficos para as redes sociais”, afirma Marina Pacheco.

As entradas para o espetáculo da Paixão de Cristo podem ser adquiridas pelo site oficial https://www.novajerusalem.com.br/.

Este ano, entre os artistas convidados estão Klebber Toledo, no papel de Jesus; Luiza Tomé, como Maria; Eriberto Leão interpretando o governador romano Pilatos; Nelson Freitas vivendo o personagem Rei Herodes e a atriz e influenciadora digital Duda Reis como a rainha Herodíades.

Reino Unido e oculto

A última previsão do VisitBritain para 2023 estima 35,1 milhões de visitas ao Reino Unido, o que representa 86% dos níveis de 2019 e um aumento de 18% em relação aos níveis de 2022. A previsão para os gastos de visitantes estrangeiros no Reino Unido este ano é de £29,5 bilhões, um recorde projetado para gastos anuais de visitantes.

Para alcançar esse objetivo audacioso, o órgão de promoção do destino lançou uma nova campanha de marketing da Grã-Bretanha para impulsionar reservas, convidando os visitantes a “ver as coisas de forma diferente” (“See Things Differently”), mostrando a Grã-Bretanha como um destino dinâmico, emocionante e inclusivo.

A campanha também abrange grandes eventos em 2023, incluindo a Coroação do Rei Charles III em maio e o Eurovision Song Contest, em Liverpool, em nome da Ucrânia, também em maio. Serão duas oportunidades valiosas para promover o know how, a criatividade e a capacidade da Grã-Bretanha de acolher eventos de grande porte.

A diretora do Visit Britain no Brasil, Priscila Moraes, nos fala de um Reino Unido ainda pouco explorado no Brasil mas que vem atraindo a atenção de muitos turistas, sobretudo apaixonados por história, filosofia, mitologia, astrologia e espiritualidade.

Quem já experimentou esse lado misterioso das ilhas, fica naturalmente encantado, sem precisar recorrer a poções, magias e outros sortilégios. Veja abaixo algumas dicas de um reino muito além daquele que você já conhece.

Muitas pessoas têm se interessado sobre a história do rei Arthur, sobretudo com as palestras online da professora Lucia Helena Galvão, da Nova Acrópole. Vocês têm um roteiro nesse sentido?
As lendas arturianas sempre exerceram essa curiosidade nas pessoas, há de fato uma simbologia  profunda que reverbera até hoje – algo que a Lucia Helena Galvão aborda muito bem. A Grã-Bretanha é o berço da lenda arturiana e encontramos referências em todos os países da ilha – na Inglaterra, na Escócia e no País de Gales. Um roteiro de Rei Arthur que passe por todos esses lugares levaria facilmente semanas para ser percorrido, mas é possível concentrar-se apenas nos pontos principais, em uma rota de 7 dias aproximadamente, passando pelas regiões de Somerset e Cornwall, na Inglaterra. 

Stonehenge é um círculo de pedras famoso internacionalmente. Com a série Outlander outros círculos vêm despertando atenção de esotéricos. Quais os outros lugares no Reino Unido em que se pode encontrar monumentos semelhantes?
Stonehenge é o mais famoso, mas o seu entorno é igualmente interessente. Ele é um dos monumentos do complexo de Avebury, que inclui não só círculos de pedras, como também outras construções cerimoniais. Estes círculos podem ser encontrados em diferentes partes da Inglaterra – Wiltshire, Cornwall e Lake District são alguns. Na Escócia há uma grande concentração em Aberdeenshire e nas ilhas Hébridas Exteriores, de onde saíram inspirações para séries como Outlander e para o desenho ‘Valente’.

Quais os locais mais visitados no Reino Unido por apaixonados por bruxaria?
O paganismo era parte da cultura ancestral do Reino Unido, então de forma geral, o país inteiro é um convite aos bruxinhos de plantão. Para quem gosta de ocultismo, o Reino Unido é um prato cheio. As opções de roteiro se estendem até onde vai a nossa curiosidade. Para quem gosta dos egípcios, o Museu Britânico tem a maior coleção egípcia fora do Egito. Também em Londres a maçonaria fundou sua primeira loja. A wicca nasceu na Inglaterra, e um dos lugares que mais recomendo visitar é o Museu de Magia e Bruxaria de Boscastle, na Cornualha. Há uma imensidão de correntes com diferentes crenças coabitando no país, e os visitantes acabem escolhendo os lugares e as escolas com os quais se conectam mais.

Para quem quer conhecer a cultura celta, quais roteiros precisam ser visitados?
A Escócia faz um ótimo trabalho preservando suas raízes, principalmente em regiões mais remotas. Um dos traços mais vivos da cultura celta é o idioma, e por esse motivo vejo muito encanto no País de Gales, por ainda preservar a língua ancestral, o Welsh. Na Inglaterra, a Cornualha também manteve um dialeto local, o Cornish, com raízes celtas. Todos estes lugares oferecem uma ótima oportunidade de conexão com os celtas.

Certa vez você disse que a autora de Harry Potter criou uma relação mítica com a estação que leva a Hogwarts. Você poderia precisar?
Estamos no reino da lenda aqui (risos), mas como é uma teoria de que gosto muito, sempre vale mencionar. Primeiro, a história: quando os romanos invadiram o Reino Unido, cerca de dois mil anos atrás, o país era povoado por tribos, a que muitos chamam de celtas. Havia uma líder da tribo Iceni, Boudica, que lutou bravamente contra os romanos, incendiando a cidade. Por muito pouco os romanos não foram vencidos. Boudica acabousendo  capturada e assassinada. Entrou para a história e ganhou uma estátua, que pode ser vista hoje ao lado do Big Ben. Agora começa a lenda: ninguém sabe ao certo onde Boudica foi enterrada, mas na década de 70 surgiu uma teoria de que seria onde hoje fica a estação King’s Cross, entre as plataformas 8 e 10. A BBC History publicou um artigo em 2014 sobre o túmulo de Boudica ter sido a inspiração para a Plataforma 9 ¾, e desde então a lenda ganhou força entre os fãs de Harry Potter.

Quando falamos do rei da Inglaterra, estamos falando do chefe da Igreja Anglicana. Além de Westminster quais outras igrejas e abadias que merecem ser visitados?
Uma das catedrais mais marcantes é a Canterbury Cathedral, na charmosa cidade de Canterbury, Inglaterra. Além da beleza e importância histórica (é patrimônio da humanidade), é a catedral do arcebispo líder da Igreja Anglicana. Em Londres, a Catedral de St Paul é outra construção majestosa, e seu domo – entre os mais altos da Europa – pode ser visto de vários pontos da cidade. Outra catedral de beleza ímpar é a Catedral de St David, no País de Gales, em homenagem ao padroeiro do país, situada na cidade de mesmo nome, que é a menor cidade do Reino Unido.

Falando de Astrologia. É possível visitar algum lugar? Existe um museu em Greenwich, por exemplo?
Sim, o Royal Observatory em Greenwich é um ótimo ponto de partida para os amantes das estrelas e oferece a chance de uma foto com o pé no ocidente e outro no oriente. Além dele, há cada vez mais experiências de ‘stargazing’ (observação de estrelas) nas reservas Dark Skies do Reino Unido – lugares onde há índices de poluição e luz perto de zero, perfeitos para observação noturna. O próprio complexo de Avebury e Stonehenge fala muito sobre o alinhamento das construções com o a posição dos astros no céu. Por fim, é possível encontrar muitas joias escondidas, como a do Castelo de Cardiff, que tem em sua torre uma homenagem aos planetas do Sistema Solar, além de uma sala zodiacal, e o lobby do luxuoso hotel Kimpton Ftizroy em Londres, marcado por um mosaico com os signos do zodíaco.  

Há algum roteiro misterioso em Londres?
Londres guarda muitas joias ocultas aos olhos da maioria dos turistas. Há roteiros de Harry Potter, há um famoso tour pelas ruas de Whitechapel, onde o serial killer ‘Jack O Estripador’ atuou e muitos outros roteiros temáticos que exploram os mistérios ainda não-solucionados da cidade. Isso sem contar os ghost tours, que sempre acontecem à noite.

Turismo religioso no Paraná

Pedro Kempe atua no turismo há 33 anos. Sua trajetória inclui passagens em importantes empresas do mercado como CVC, Schultz e Europamundo. Hoje comanda a Domus Viagens Operadora de Turismo que fundou em 2010. É um nome ativo no turismo paranaense e remove montanhas quando o assunto é turismo religioso. Atua também como palestrante e professor no tema. É atualmente conselheiro na ABAV do Paraná. Neste bate-papo, Kempe fala um pouco dos desafios do turismo de fé no Brasil.

Como você vê o turismo religioso hoje no Brasil e no mundo?
Eu enxergo oportunidades imensas com atrativos riquíssimos.

O Brasil tem forte potencial de consumo, mas ainda dificuldades em oferecer produtos nesse segmento para um mercado internacional e mesmo doméstico. Como resolver esse desafio?
A meu ver, é preciso qualificar atrativos e, obviamente, os prestadores de serviços. No caso dos atrativos, é preciso que estejam cada vez mais preparados para receber grupos, acolher com muitas informações e uma estrutura de guias, com agendamento das atividades religiosas. Precisamos todos ter conversas e direções claras para facilitar o trabalho de todos. Torna-se urgente buscar cada vez mais a profissionalização e fortalecer o trabalho de qualificação e formalização das atividades.

Pedro, quando você diz que é preciso mais qualificação, mais conversas, quem deveria capitanear esse trabalho?
O trabalho de qualificação deve vir do Ministério do Turismo, da ABAV, do SENAC e do Sebrae. Lembrando que já há ações nesse sentido. Quando falamos de conversas, palestras e explicativos, é preciso que os receptivos e operadores entendam mais do negócio e reconheçam a importância em agregar serviços de qualidade para o turista que busca esse tipo de experiência. Além disso, é preciso dar mais voz – e mostrar a importância dos mesmos terem voz – às Pastorais do Turismo e aos Monumentos Religiosos para que mostrem o potencial que carregam e a forma como podem contribuir para o desenvolvimento deste mercado.

Você tem investido nas rotas do Sul do Brasil. Pode falar um pouco a respeito?
Temos, sim, uma gama importante de produtos. Durante a pandemia do COVID-19 participamos do Projeto “Co-Operadores da ABAV-PR objetivando a formação de receptivos e operadores rodoviários” com olhar para Turismo Religioso. Desta participação lançamos a Rota do Rosário com Prudentópolis no Paraná e estamos agora recém lançando a ROTA DO MILAGRE NO PARANÁ, justamente o milagre que justificou a canonização dos pastorzinhos de Fátima. Participamos ativamente do turismo religioso do estado e sou o braço da ABAV-PR para o grupo de trabalho de turismo religioso do Estado.

Qual o perfil desse viajante hoje no Brasil?
Temos um turismo de massa no Turismo Religioso, abraçados pela causa social na informalidade. Por outro lado, temos iniciativas emergentes neste meio que buscam viagens de qualidade e maior profissionalismo.

Qual é um destino que é referência em acolhimento, promoção e logística quando se fala em turismo espiritual?
No Brasil temos APARECIDA, com seu santuário consagrado a Padroeira do nosso País. O destino tem uma logística muito boa de acolhida com hotéis próprios para bem atender.  Depois temos atrativos emergentes que vem se destacando significativamente, como a Rota do Rosário, Santa Paulina em Nova Trento, Salvador dos Passos de irmã Dulce e outros. 

Como e por que você entrou nesse mercado?
Quando abrimos a operadora de turismo, queríamos nos destacar no cenário de operadores no Brasil. A escolha de um nicho justamente foi o viés que encontramos para sermos quem somos.

Qual viagem espiritual que foi um marco transformador para você?
A Terra Santa é sempre o destino mais tocante e de forma indescritível.

Que ações a ABAV pensa implementar para desenvolver esse segmento?
A ABAV incentiva fortemente o grupo de Turismo Religioso no Paraná e apoia o Fórum Paranaense de Turismo Religioso, com ações importantes de capacitação para este segmento. Na ABAV Nacional é possível identificar um forte interesse neste segmento e muitos associados que atuam e querem atuar neste mercado.