Zen com toque de dendê

A última edição do The Traveller trouxe roteiros que falam de turismo regenerativo e viagens com propósito. Seria possível falar de um turismo autoregenarativo com propósito de transcendência pessoal? Para o soteropolitano Caio Costa a resposta é sim.

O influenciador reúne mais de 700 mil seguidores em suas páginas na internet difundindo conteúdo que auxilia no autoconhecimento e no bem-estar. Reconhecido por difundir seus ensinamentos gratuitamente para mais de 635 mil seguidores da página @silencio.divino, Caio também já ajudou mais de 10 mil pessoas com cursos on-line e com conteúdos tanto de autoconhecimento quanto destinados ao público que buscam roteiros na natureza com forte conexão com a espiritualidade.

Para Caio o que garantiu o sucesso deste trabalho é o exemplo do desenvolvimento de uma vida equilibrada que atenda valores de saúde, bem-estar e autoconhecimento, mas principalmente espiritualidade. “É através da dimensão material que você pode experienciar o que se mostra no seu íntimo emocional”, reflete o terapeuta.  Recentemente decidiu investir no turismo espiritual, com viagens exclusivas para quem busca transcendência e autodesenvolvimento. Leia abaixo sua impressão sobre o turismo transformador.

Como surgiu a ideia de organizar roteiro “Natureza e Energia” destinado a buscadores espirituais?
A ideia de desenvolver o “Roteiro – Natureza e Energia” surgiu do estilo de vida que preenche o meu coração. A espiritualidade sempre esteve presente na minha vida, e as minhas viagens tem sempre essa pegada, costumo ir em locais alternativos, com pouca gente e com bastante natureza para me conectar. Então os meus seguidores começaram a me perguntar sobre, comecei dando dicas, eai surgiu a ideia. No “Roteiro – Natureza e Energia”, além de dicas detalhadas de vários locais pelo Brasil para se conectar com a espiritualidade de diversas formas, inclui conhecimentos de emissão de passagens aéreas com milhas e acesso à salas VIPS de forma gratuita.

Quantas pessoas já acessaram o roteiro?
Mais de 500 pessoas já acessaram o “Roteiro – Natureza e Energia”, diversos depoimentos de como as pessoas utilizaram os conhecimentos para viajar sem pagar passagem aérea, e como as viagens tem sido muito mais proveitosas e conectadas com o que realmente importa.

Como você enxerga a busca por esse tipo de viagens em suas redes sociais?
Enxergo que a procura surge de buscadores autênticos de si, e da espiritualidade, que não mais buscam festas e muvuca. A base do meu público são de pessoas que buscam a si, a maioria dos que já acessaram o “Roteiro – Natureza e Energia”, já adquiriram outros cursos de autoconhecimento meu, como o “curso de Proteção Energética”, o “Desvendando sua Missão de Alma”, ou a “Jornada para atrair sua Alma Gêmea.”

A Bahia é um pólo espiritual. Salvador reúne desde o turismo para Santa Dulce dos pobres até festas dos Orixás, passando pelo catolicismoe o espiritismo com Divaldo Pereira Franco. Que lugares você indica para autoconhecimento na capital baiana e no resto do estado?
Sim, a Bahia possui um campo energético muito forte, e denso também, devido a sua história. Com isso, entidades de todas as egrégoras espirituais se reunem com campo etérico da Bahia, tornando-a, o mais intenso estado do Brasil no quesito gradiente energético. Além do nosso queridíssimo Divaldo Franco, que super recomendo a visita ao centro Mansão do Caminho, recomendo que as pessoas busquem conhecer giras de umbanda, uma religião brasileira muito forte aqui na Bahia, que é uma mistura do espiritismo europeu, do candomblé africano, com as entidades e espiritos também brasileiros, assim, forma-se uma linda egrégora que variadas manifestações. Mas temos muitos portais energéticos por aqui, a ilha de Boipeba é uma delas, um gradiente de energia que faz emergir tantos processos e tesouros dentro de nós, associado a uma paisagem paradisíaca, realmente incrível.

Qual uma viagem que você realizou e que lhe promoveu uma profunda transformação espiritual?
Se eu pudesse dizer uma viagem que me promoveu uma profunda transformação, eu responderia a minha primeira viagem para a Chapada dos Veadeiros, em 2015. Apesar de logo no primeiro dia eu ter entrado num processo de limpeza intensa, com febre e vômito, recebi instruções da espiritualidade de que estava acontecendo uma limpeza importante, porque logo eu iria retornar para aquela região pois ali tinha coisas importantes para eu experienciar. Dito e certo, alguns anos depois, lá estava eu morando na Chapada dos Veadeiros, foram momentos muito ricos, é um lugar com um gradiente de energia dual, mas bem expansivo. Pois para onde você olha há espaço, o cerrado expande o cardíaco em alegria, mas os processos também te levam a lugares bem profundos, o que ao meu ver se revelam oportunidades únicas de descobertas e insights sobre as nossas próprias sombras. A Chapada dos Veadeiros mora no meu coração.

turismo espiritual no chile

Segundo dados da Subsecretaria de Turismo e do Serviço Nacional de Turismo do Chile, pouco mais de 30.000 turistas estrangeiros chegaram ao país em 2019 motivados por motivos religiosos, o que representa 0,7% do total de visitantes. Há um consenso entre os especialistas chilenos que, embora o segmento do turismo religioso seja incipiente no mercado internacional, a realidade interna no caso do turismo nacional é diferente, dado que ao longo do ano ocorrem várias datas religiosas que motivam fluxos importantes para os destinos turísticos.

Em Arica e Parinacota, por exemplo, está a conhecida rota da Virgem de Las Peñas, famosa pela peregrinação celebrada todos os anos. Lá se encontra a Rota das Missões, geralmente focada na comuna de Camarones. Na região de Tarapacá há um circuito que acontece na cidade de Tirana todo dia 16 de julho, data em que se comemora a Virgen del Carmen, com grande número de danças e representações religiosas. Em Valparaíso, por conta de Teresa de Los Andes, beatificada em 18 de outubro de 1987, é possível conhecer Auco, capital espiritual do Chile. Já em Los Lagos é famosa a “Ruta de las Iglesias” de Chiloé que inclui 16 igrejas que são consideradas Monumento Histórico Nacional e declaradas Patrimônio da Humanidade pela UNESCO no ano 2000.

Embora seja reconhecido como, proporcionalmente, o país mais católico praticante da América do Sul, o turismo de fé do Chile também atinge esotéricos e pessoas em busca de autoconhecimento.

Conversamos com Miguel Quezada, do Serviço Nacional de Turismo do Chile, para entender um pouco mais sobre o turismo espiritual no país.

Há operadoras ou agências chilenas especializadas neste nicho?

Sim, na região de Arica e Parinacota a Norte Outdoor tem como foco a promoção do turismo de aventura na região e possui um circuito para Ruta Las Peñas. Já a operadora de turismo Surire Tour tem um programa completo para Tirana. A Ovitravel e LST La Serena realizam viagens para a Grande e Pequena Festa da Virgem de Andacollo. A operadora de turismo Turismo Pehuén de Castro e agencia Nativa oferecem Rota das Igrejas. No caso da Rota dos Jesuítas, o operador é Turistour.

Quais regiões do Chile têm feriados católicos que impulsionam o turismo? O que são e quando acontecem?

Na Região de Arica e Parinacota temos a Festa de la Virgen del Rosario de las Peñas, celebrada no Santuário de Las Peñas em Lívílcar.  No dia 8 de dezembro há a chamada “fiesta chica” e no primeiro domingo de outubro, a  “fiesta Excelente”. Realiza-se em um dos caminhos de peregrinação mais arriscados da América, reunindo anualmente cerca de cinquenta mil pessoas que vêm do Chile, Peru e Bolívia para venerar a imagem da Virgem esculpida na rocha viva do canion, uma antiga rota de trânsito entre Potosí e Arica.

Em Tarapacá temos a Festa de La Tirana,  uma homenagem à Virgen del Carmen e é celebrada todos os anos na primeira quinzena de julho em uma pequena cidade de mesmo nome localizada no pampa de Tamarugal, bem perto da fronteira que une o Chile com a Bolívia e o Peru. A festa de La Tirana, como a maior festa religiosa do país, é um espetáculo que todos os chilenos -e turistas estrangeiros- deveriam presenciar. Uma celebração de fé, dança e cantos em homenagem à Virgen del Carmen que dura quase uma semana inteira. 15 e 16 de julho de cada ano.

Na região do Atacama ocorre a Festa de la Candelaria, padroeira dos mineiros, que se celebra anualmente no dia 2 de fevereiro e reúne milhares de fiéis de toda a região. A festividade remonta a 1778, quando Mariano Caro Inca encontrou a imagem nas montanhas, perto da salina de Maricunga. A descoberta milagrosa atraiu peregrinos, o que motivou o pároco a construir um santuário em 1800, que foi reconstruído após um incêndio em 1922. Com o tempo, a festa tornou-se referência indiscutível da religiosidade popular da região do Atacama, e das irmandades de dança chinesa.   A Festa de los Negros de Lora remonta aos primeiros anos da Conquista, entre 1550 e 1600, depois que uma imagem da Virgem de Quito foi levada para a capela de Lora, que, segundo a lenda, desapareceu da igreja várias vezes, para depois aparecer entre as comunidades indígenas. É realizada todo mês de outubro na comuna de Licantén, setor de Lora

A Festa de San Francisco de Huerta de Maule é homenagem que o camponês presta ao seu santo padroeiro para que obtenha boa saúde e colheitas generosas, além de proteção para a família e para a comunidade em geral.  Já A Festa da Virgem do Carmo de Pelarco é uma tradicional celebração de caráter religioso que recebe todos os anos milhares de fiéis que vêm venerar a Padroeira do Chile, mas que também se tornou uma atividade turística, dado o número de visitantes que recebe e o programa de atividades que acontecem em torno desta festa que acontece todos os anos durante o mês de julho.

Hoje fala-se muito em viagens de autodescoberta, viagens transformadoras. Machu Picchu, no Peru, é muito procurada nesse quesito. Existe alguma oferta que aborde essa cosmovisão andina no Chile?

Sim. Na zona norte, por exemplo, existe uma oferta associada às populações autóctones, nomeadamente às comunidades Colla e Diaguitas.

Os astrólogos têm estudado Astronomia para sua educação. Dizem que o Chile oferece experiências fantásticas para os amantes da astronomia. Como é essa oferta astronômica?

Catalogado como “o céu mais limpo do mundo” O Chile possui uma ampla gama de observatórios astronômicos abertos ao público onde, através de tours com ênfase científica, o visitante pode conhecer o Universo através de modernos telescópios.No entanto, na zona norte do Chile, foram desenvolvidas experiências de astroturismo ligadas à natureza, com caminhadas no mar de dunas sob a luz da lua cheia, fogueiras astronômicas e observação do cosmos a olho nu no meio do deserto.

Existem viagens de autodescoberta no Deserto do Atacama?

O Deserto do Atacama é um cenário ideal para viagens de autodescoberta, desde as paisagens, as cores, o silêncio, a grandeza da natureza e a “solidão” que se vive, por exemplo, no mar de dunas da Região do Atacama. À medida que o deserto é descoberto, as pessoas que visitam o Chile percebem que o “lugar mais seco do mundo” é um lugar cheio de vida.

turismo e fé com eduardo Zorzanello

Eduardo Zorzanello e Marta Rossi comandam um dos mais importantes eventos de turismo da América do Sul. A Festuris reúne grandes players do mercado, promove incontáveis negócios e traz conteúdo relevante em diferentes frentes da indústria de viagens: luxo, MICE, enoturismo, aventura, LGBT, ecoturismo, entre outros. Outrossim é uma das poucas plataformas brasileiras em que o potencial das viagens espirituais fica muito evidenciado. Em todas as edições em que pude participar, tive contato com uma oferta, especialmente do turismo religioso católico, que não é tão presente em outras feiras. Neste breve papo, o executivo expõe suas opiniões sobre o potencial do segmento e dá dicas de experiências turísticas transformadoras.

Hoje o turismo espiritual está dividido em turismo de autoconhecimento, turismo de viagens transformadoras e turismo religioso. Tal mercado cresce no Brasil e no mundo, de forma sustentável, há pelo menos 15 anos. Como você enxerga seu potencial ?

Esse mercado é exponencial, pois reúne muitas oportunidades em um momento pós-pandemia. Tendo em vista as necessidades da população no mundo, que busca equilibrar o emocional com as atividades agitadas e estressantes em ambientes competitivos, tem levado as pessoas a buscarem um processo de equilíbrio e manter a parte espiritual alimentada. Elas precisam, sob pena de adoecerem espiritual, mental e fisicamente. Então, acredito que isso pode ser um grande fomentador do segmento espiritual e religioso, dentro de suas divisões, porque muitas vezes, as pessoas buscam soluções na espiritualidade, que é um grande remédio para as dores humanas.

E como a  Festuris tem trabalhado com esse nicho? Há algum tipo de ação específica para as próximas edições?

Nós tínhamos no Festuris, antes da pandemia, um espaço dedicado exclusivamente ao turismo espiritual e religioso. De uns anos pra cá, identificamos que cada expositor procura destacar em seu portfólio de vendas destinos ou produtos dedicados ao tema. Então hoje está descentralizado, ocorrem ações diferentes ao longo do evento como esse ano, o espetáculo Gandhi foi oferecido pela Copa Airlines e Curaçao. Assim como Galícia, que teve o foco em divulgar o Caminho de Santiago de Compostela, a cidade de Encantado com o recém inaugurado Cristo Protetor (maior estátua de Cristo no Brasil), o Roteiro Caminhos de Caravaggio entre Canela e Farroupilha, entre outros expositores.

O Brasil é um país com cerca de 85% de cristãos declarados, entre católicos e protestantes. Israel, Itália, Espanha e Portugal lideram a preferência dos turistas religiosos. Mas temos uma oferta muito interessante no Brasil que passa por Aparecida do Norte e Belém. No Rio Grande do Sul, há a Rota das Missões que ainda não é tão famosa nacionalmente, há algo que se possa fazer para aumentar o fluxo no Sul?

Exato, há muitos locais, principalmente aqui no sul, que estão despontando para este segmento, mas é importante que os setores público e privado entendam que é o momento de fazer investimentos em estruturação, promoção do produto e qualificação das pessoas para atenderem da melhor forma possível. Assim, o fluxo turístico irá aumentar, fomentando os destinos e o sistema econômico local.

Você já fez alguma viagem que lhe trouxe alguma experiência espiritual, seja de autoconhecimento ou religiosa, que possa compartilhar, indicar para os leitores do Panrotas?

Sim, estive algumas vezes em Portugal, no Santuário Nossa Senhora de Fátima; na Itália, no Vaticano e Costa do Marfim, na Catedral Nossa Senhora da Paz. São  lugares importantes para a renovação da fé. Além disso, é legal ainda mais compreender sobre diferentes culturas cristãs. Já no Peru, em Machu Picchu, existe toda uma atmosfera energética, lindo demais e renovador para mente e espírito visitar esses lugares.  

Fé na estrada, tudo de bike

A união da fé com a prática esportiva está gerando mais um produto turístico para Ituporanga. É o circuito de Cicloturismo dos Padroeiros, que vem sendo desenvolvido pela Fundação Fexponace e Prefeitura Municipal em parceria com a Associação de Ciclismo da cidade, com a Paróquia Santo Estêvão e apoio técnico do Sebrae.

O projeto prevê a criação de um roteiro de pedal para valorizar a cultura e natureza de Ituporanga, oferecendo aos turistas uma experiência especial pelo interior do município, incluindo a gastronomia rural, ecoturismo e as capelas das comunidades. 

“A fé e cultura religiosa são marcas fortes da experiência do circuito, já que em Ituporanga as comunidades valorizam suas capelas e celebram seus padroeiros. Desta forma, o cicloturismo além de uma prática de bem-estar e qualidade de vida se alia ao turismo para fortalecer a oferta religiosa”, afirma Paulo Roberto Ribeiro, presidente da Fexponace. 

Pela proposta, o circuito deverá ter 150 quilômetros de extensão, com início na Gruta de Nossa Senhora de Lourdes e finalização na Igreja Matriz Santo Estêvão. “É uma forma de fortalecermos as características religiosas que já fazem a nossa cidade ser reconhecida no cenário estadual e nacional”, reforça Frei Ângelo, da Paróquia Santo Estevão.

Os percursos serão divididos em quatro trechos e terão diferentes níveis de dificuldade, com opções de pedal para meio turno ou até quatro dias. “A ideia é que seja um atrativo para que qualquer pessoa possa participar, desde as que não têm muita familiaridade com o pedal até quem já tem prática o bastante e busca níveis de aventura maiores. Já temos uma expertise em cicloturismo e acreditamos que esse potencial pode ser explorado de forma mais assertiva, unindo a religiosidade tão presente por aqui”, afirma Elaine Klaumann, da Associação de Ciclistas de Ituporanga.

O mapeamento dos trajetos já foi realizado e os circuitos detalhados vão ser inseridos nos mapas de navegação dos aplicativos usados para a prática do cicloturismo. Desenvolvimento da identidade visual, com a marca do produto, manual e aplicações é a próxima etapa do projeto, que também prevê fotografia, sinalização e capacitação dos agentes que poderão ter envolvimento direto e indireto com o produto turístico. 

A previsão é de que o lançamento do circuito de Cicloturismo dos Padroeiros de Ituporanga seja realizado em 11 de fevereiro, dia de Nossa Senhora de Lourdes. 

Turismo Religioso não é o que você pensa

Recentemente em um almoço para recepcionar a delegação de Lisieux que esteve no Brasil,  Amadeu Castanho, decano do turismo religioso, provocou uma importante reflexão, a partir dos comentários feitos pela portuguesa Maria Rodrigues, responsável pelo Santuário Francês de Santa Terezinha do Menino Jesus. Disse ele : “há uma brutal diferença entre turismo religioso e turismo para destinos religiosos, mas o mercado não está suficiente maduro para alinhar os dois conceitos. “

Maria se queixava que grupos de devotos que visitavam o Santuário e os locais em que a santa francesa viveu, não tinham uma experiência espiritual satisfatória e muitas vezes voltavam frustrados ao Brasil, embora uma estrutura religiosa esteja à disposição dos fiéis, como irmãs brasileiras para acolhê-los e até a possibilidade de padres realizarem ofícios na cidade em que Santa Terezinha nasceu. Uma experiência completa, segundo especialistas,  exige ao menos 3 dias na região, inclusive para se aproveitar toda a oferta gastronômica. Em geral, as visitas se dão em três horas. Dada a proximidade com Paris, faz-se um bate volta. E nisso se perde visita a Alençon e até Pontmain, um dos mais importantes lugares de aparição Mariana.

Tudo isso porque o roteiro não foi pensado para ser uma viagem religiosa.  Cria-se pacotes seguindo, em geral a mesma lógica tradicional de visitar, ainda que superficialmente, o maior número de pontos turísticos para fotos e compras de suvenires. O famoso carrossel com 20 países em 14 dias.

Turismo religioso é um turismo de experiência transcendental. Uma jornada de encontro com elementos sagrados de cada turista e, mais do que isso, de reencontro pessoal. E tal atividade não se dá com um guia cronometrando os minutos e, com seu guarda-chuva, apito ou placa, empurrando os visitantes de um lugar para o outro para que se cumpra o roteiro. Além disso, é preciso muito repertório para que haja o famoso encantamento. No caso do Brasil, Santa Terezinha se popularizou muito por conta das escolas que são dirigidas, ainda hoje, por freiras. Poucos católicos, no entanto, apesar de recorrerem à santa em suas orações e devoções, sabem de sua vida, dos milagres que realizou. Ao visitar o norte da França, registram os momentos com os celulares, mas não com os corações e memórias afetivas. Tampouco voltam conhecendo mais sobre a trajetória da mais jovem doutora da Igreja Católica.

Estamos falando de França, mas poderíamos falar de Itália, Portugal, India, Nepal ou Israel. Turismo religioso não é apenas visita de lugares históricos: é seguir passos de líderes espirituais, entender o espaço e a realidade que viveram e se conectar com seus ensinamentos e a presença na vida de cada viajante.

Tal confusão se dá porque falta fiéis profissionais de turismo ou profissionais de turismo especializados em religiões. Você não precisa professar uma ou outra crença para trabalhar com viagens de fé. Mas precisa entender de história e religião.  Mais uma prova do diletantismo que é característica da indústria de viagens em nosso país. É claro que há mercado, caso contrário, delegações de destinos religiosos não viriam há anos, ininterruptamente ao Brasil para abrir frentes e manter relacionamentos. O potencial turístico religioso não para de crescer, porque ao contrário do que se dizia no início do século XX a religião não vai acabar, vai mudar de perfil e seu campo de atuação. O que falta é estudo, planejamento e competência para maior parte dos profissionais que desejam atuar na área. Oportunidades não faltam.

arac masin

casamento e o sagrado

Cerimônias de casamento podem ser encaixadas na categoria turismo de fé. Basta que o casal se submeta a um ritual religioso.

Até recentemente, casamentos grandes e tradicionais da Igreja Católica eram unânimes no Brasil, e cerimônias íntimas fora do país eram consideradas extravagantes. A ordem era o vestido branco, com véu, grinalda, coral e pompa nas igrejas tradicionais. Hoje a situação mudou e casais buscam experiências autênticas, cheias de simbologia, com duas ou três testemunhas em lugares paradisíacos. E a ideia de renovar os votos – após 1, 5, 10, 15 e 25 anos de casamento – também explica a popularidade das cerimônias a dois.

Cerimônias indígenas, assim como aquelas das religiões de matriz africana ganham popularidade. Basta ver a repercussão do casório da atriz Cléo Pires.  A tendência maior, no entanto,  é o Arac Masin – ou casamento andino. A cerimônia une milhares de casais incas há séculos e carrega uma série de elementos simbólicos muito bonitos e tradicionais de uma das civilizações mais antigas das Américas. O casamento, realizado no meio da natureza, é realizado por um Yachaq (sábio andino) que invoca os Apus (espíritos das montanhas), Pachamama (mãe terra), Chaskas (as estrelas) e Wilka Nina (o fogo sagrado) para celebrar um pacto eterno entre o casal. Tudo acontece no dialeto quéchua (língua dos incas) e tem duração média de uma hora.

A cerimônia não é restrita apenas aos moradores locais. Nos últimos anos, o casamento andino se tornou uma das experiências mais procuradas por viajantes de todo o mundo, mas só agora começa a atrair os brasileiros. É importante lembrar, porém, que a cerimônia, repleta de cores, pedras, velas, penas, coca, sementes, flores e incensos, é uma celebração simbólica, sem valor legal.

O casal, com trajes típicos andinos, cobertos por uma capa colorida, recebem as benção dos papa mensaqoc. Em seguida a noiva recebe uma coroa de flores e o casal segue para uma cabana. Há orações, incenso e juras de amor, com as mãos do casal entrelaçadas por uma fita.

Da mesma maneira, cerimônias pataxós têm feito muito sucesso no sul da Bahia, perto de Trancoso. Diferentemente do que acontece no hinduísmo, no protestantismo e na igreja católica, certos movimentos religiosos não exigem conversão para que a cerimônia possa acontecer. No caso da Itália e França, é possível se casar em igrejas católicas desde que uma série de protocolos sejam respeitados.

O importante é entender que múltiplas são as expressões do turismo de fé. Viagens e espiritualidade podem, sim, ser o casamento perfeito.

Em nome de Hórus, Ísis e Osíris

Palavras, palavras. De Dalida a Cássia Eller- passando pelas duplas sertanejas- muita gente já percebeu que certos vocábulos são passageiros; modismos prestes a desaparecer antes de uma mudança de tarifa nos sites de companhias aéreas. Outros conceitos no turismo levam tempo para realmente serem compreendidos e assimilados. Um exemplo é a tal da viagem de experiência. Ora, toda viagem oferece experiência boa ou má. O uso dos adjetivos transformadoras ou inspiradoras faria muito mais sentido.  Entretanto, clichês imperam. Alguns palestrantes vêm, nos últimos anos,  limitando tais viagens apenas como enoturismo. Equívoco grandioso. Viagens esportivas, viagens românticas, viagens espirituais também são turismo de experiências, inspiradoras e muito transformadoras,  repletas de conteúdo, estórias em que os viajantes entram em contato com seu próprio universo interior.  

Nesse cenário, um psicólogo; um sociólogo apaixonado por gastronomia, e um publicitário, interessado por ocultismo, são responsáveis por traduzir com perfeição o que é realmente uma viagem transformadora. Criadores da plataforma CDH,  Bruno Lonaro, Otávio Albuquerque e Leo Lousada, fazem sucesso no YouTube, na 95,7 FM e agora no turismo. A mais recente viagem ao Egito que fizeram -com um grupo de 32 pessoas- foi acompanhada por milhares de pessoas interessadas em muito mais situações que fotos com camelos e pirâmides.

Em um bate papo eles nos contam quais ingredientes fizeram a experiência dar tão certo.

1. O que é o CDH? Ele existe desde quando? Qual a audiência de vocês?  

O Conhecimentos da Humanidade nasceu como um canal de YouTube em 2015 com a ideia de ser um espaço onde a gente pudesse falar sobre temas de história, psicologia, filosofia e autoconhecimento. 

Como os temas são bem diversos, nosso público também é, indo desde jovens adultos até pessoas com muitos anos de estrada na busca pelo saber!

Com o tempo, o projeto se expandiu bastante e fomos para além dos vídeos na internet: fizemos eventos presenciais, produzimos nosso próprio baralho de Tarot, criamos vários cursos digitais, estreamos um programa de rádio e, inclusive, começamos a fazer viagens pelo mundo, levando pessoas para uma viver uma experiência histórica ao vivo. Temos quase mais de meio milhão de seguidores.

2. Desde quando começaram a fazer viagens? 

Nossa primeira viagem foi em 2019, para a Índia, quando levamos 8 pessoas para uma jornada incrível por diversas cidades desse país tão rico em cultura e história. A vivência serviu como um ótimo teste para esse formato onde atuamos como uma espécie de “guias narrativos”, conduzindo a experiência das pessoas. A viagem seguinte, para o Egito, já foi pensada para ser bem maior, desta vez levando 32 pessoas, e deveria ter acontecido no começo de 2020 – no entanto, com a pandemia, nossos planos foram adiados um pouco. Mas felizmente conseguimos ir agora em junho de 2022 e foi incrível!

3. Quais os objetivos dessa viagem ao Egito?

Nossa ideia foi mostrar os incríveis tesouros históricos do Egito, passando, é claro, pelas pirâmides e pela esfinge, mas indo muito além disso, então visitamos inúmeros templos, um oásis gigantesco no meio do deserto de água cristalina, subimos (e descemos!) o belíssimo monte Sinai e até conhecemos a linda cidade litorânea de Sharm el Sheik.

Em meio a tudo isso, criamos uma espécie de jornada pessoal de autoconhecimento para os integrantes do grupo, onde a cada dia eram propostas algumas reflexões inspiradas na história de Ísis, Osíris e Hórus, três divindades egípcias. A ideia era que todos chegassem ao fim da viagem com belas memórias e, melhor ainda, levando para casa uma experiência de vida transformadora!

4. Que experiências espirituais vocês ofereceram aos viajantes?

Acreditamos que a espiritualidade é algo íntimo, pessoal, ou seja, cada um tem uma visão sobre o que é essa conexão ou como encara as experiências. Em nossas viagens, buscamos trabalhar com questões amplas, mas dando as ferramentas para que cada um possa trazê-las para sua individualidade. Usando um deck de Tarot que nós mesmos desenvolvemos, criamos uma jornada de autoconhecimento que é trabalhada entregando a cada dia uma carta diferente aos viajantes e propondo uma reflexão. Assim, trazemos algumas práticas para que as pessoas possam viver sua espiritualidade sem nenhuma imposição de crença. A ideia é que cada um experiencie processos de autoconhecimento, associados ao conteúdo histórico e mitológico que vivemos em cada país. 

5. Qual o perfil do grupo?

Bastante diverso! Uma das melhores partes da nossa viagem foi justamente a convivência com esse grupo, que se integrou de uma forma sensacional. Havia desde alguns pais com suas crianças até alguns integrantes mais velhos que sempre toparam todas as aventuras, fosse para atravessar o deserto e entrar em pirâmides, subir a trilha do Sinai ou mergulhar nas águas do oásis! Foi realmente uma viagem para a família toda.

6. Que outros destinos vocês pretendem trabalhar?

Devemos voltar ao Egito e à Índia em breve, mas temos também diversos outros roteiros que gostaríamos de fazer, como a cidade de Salém na semana do Dia das Bruxas, Peru, Grécia, Inglaterra, Espanha, México etc, sempre com esse viés histórico e mitológico para conhecer a fundo a cultura do local.

7. Além de uma experiência espiritual, que outros temas vocês abordam nas viagens?

Nossa ideia é proporcionar uma experiência transformadora de autoconhecimento, explorando o lado histórico, mitológico e cultural de todos os lugares pelos quais passamos. Mas tudo isso, é claro, sem deixar de curtir bons momentos de pura diversão, passeando pelas cidades, comendo em restaurantes, aproveitando as piscinas dos hotéis, brincando com o grupo e, como não poderia faltar, parando nos melhores lugares para fazer algumas comprinhas de presentes para nós mesmos e os amigos que ficaram em casa!

https://www.youtube.com/c/ConhecimentosdaHumanidade

Santa Terezinha e Brasil: um amor antigo

Para muitos estudiosos da ciência da religião, como Victor Turner, peregrinações fazem, às vezes o papel de ritos de passagem na modernidade. Na Igreja Católica, a peregrinação é também um elemento fundamental para aproximar fieis entre si e criar redes de amizade e apoio. Nas cidades menores, por exemplo, grupos de oração são criados a partir da visita de imagens de santos padroeiros às casas dos devotos. Trata-se também de uma forma de levar a fé para a casa das pessoas, e não apenas concentrá-la nas catedrais, igrejas e capelas. Usando uma referência de outra religião: se Maomé não vai a montanha, a montanha vem a Maomé. Mas tal ação não fica restrita a bairros. Algumas vezes, as relíquias de um santo católico  podem viajar o mundo para se aproximar de fieis impossibilitados de fazer longos deslocamentos.

Nesse sentido, o turismo católico já se movimenta para a vinda ao Brasil, em setembro próximo, do relicário de Santa Teresinha do Menino Jesus- ou de Lisieux, como é mais conhecida no resto do mundo. No dia 9 de setembro as relíquias serão expostas na Paróquia Santa Teresinha, no bairro Higienópolis, em São Paulo, permanecendo no local, para visita dos fiéis, até o dia 15 do mesmo mês. 

Em seguida, tem-se início a peregrinação e adoração no interior do estado, passando por 41 cidades, a começar pela Catedral Basílica Menor de São Bento, em Marília (SP), que recebe as relíquias em 16 de setembro, em celebração aos 70 anos de criação e instalação da Diocese da cidade. Grupos de outros estados e cidades próximas àquelas que fazem parte do roteiro já criaram pacotes turísticos para a ocasião.

Trata-se de mais uma ação bem sucedida da associação de cidades santuários da França. Entrevistei  Isabelle Quillet , do Santuário de Santa Teresa de Lisieux, e Sandrine Papini, gerente de promoção do Escritório de Turismo de Lisieux, para entender melhor a ação e a estratégia que elas têm para atrair mais turistas brasileiros para a cidade. Confira abaixo.

Passaporte de Fé:  Quantos brasileiros visitam o Santuário por ano?

IQ: Os brasileiros estão entre os três países que mais visitam o Santuário, ao lado de estadunidenses e italianos. Em  2017 tivemos 86 grupos, ou seja, 2.660 peregrinos brasileiros; em 2018 foram também 86 grupos, mas com 2.555 peregrinos brasileiros. Em 2019, observou-se  95 grupos, ou seja, 3.173 peregrinos brasileiros. Por conta da pandemia não houve grupos em 2020 e 2021. Neste ano já registramos 16 grupos inscritos desde o início do ano até 1º de julho (ainda não há outros), ou seja, 409 pessoas. É preciso lembrar que  9 destes 16 grupos foram ou serão orientados por Maria Rodrigues, guia brasileira do Santuário de Lisieux. É claro que não é possível contabilizar os visitantes individuais, mas sabemos que são também muitos.

Passaporte de Fé:  Como se explica essa ligação tão forte entre o Brasil e Teresa de Lisieux?

IQ: Tudo começou com a vinda do Padre Henri Rubillon ao Brasil no final do século XIX. A partir de 1913 ele começou a divulgar em Nova Friburgo os exemplos de vida e pensamentos de Santa Terezinha. As carmelitas brasileiras rapidamente sentem-se tocadas pela menina de Lisieux. Até que os católicos brasileiros oferecem uma linda arca feita de jacarandá para abrigar as relíquias de Santa Terezinha de Lisieux.

Nota da Redação; As freiras brasileiras, responsáveis pela educação de muitas jovens no início do século XX, foram as responsáveis por democratizar o culto a Santa Tereza.

Passaporte de Fé:  Quais são as relíquias que chegam ao Brasil?

IQ: O relicário que irá para o Brasil é uma cópia do relicário oferecido pelo Brasil. Ele só sai do Carmelo por ocasião das festas de Santa Teresa celebradas em Lisieux entre o último sábado de setembro e o fim de semana seguinte. É também este relicário que foi utilizado nas primeiras peregrinações das relíquias de Santa Teresa pela França, em 1945, 1946 e 1947, depois em 1995 e 1996. E é o relicário do Brasil que esteve, em 19 de outubro de 1997, em frente à Basílica de São Pedro em Roma e com o Papa João Paulo II para a proclamação do Doutorado de Santa Teresa. A presença do santo “através de seus restos mortais”, a oração em torno de seu relicário expressam a relação única que os fieis têm com ele. Ao venerar as relíquias, não se chega apenas a “lembrar” o santo, passa-se a conhecer uma personalidade ativa. As relíquias nos conectam aos santos, nos aproximam fisicamente deles, nos inspiram, nos desafiam.

Passaporte de Fé:  Além da experiência espiritual, o que é imperdível conhecer na região?

S.P.: De fato, Lisieux , por conta de sua localização geográfica, de sua arquitetura, de suas especialidades gastronômicas (queijos, sidra, calvados) e de suas paisagens verdes é o cartão postal da Normandia. Aqui não há poluição, não há trânsito. Por outra lado, encontra-se uma qualidade de vida rejuvenescedora e exótica para nossos amigos brasileiros. O acesso de trem, por estrada é fácil. É uma parada obrigatória entre Paris e Monte Saint-Michel. Aqui você tem que tomar seu tempo, fazer compras. Os brasileiros adoram passear por Lisieux e as aldeias próximas e comprar de pequenos comerciantes… Nosso patrimônio arquitetônico é riquíssimo: em cada esquina, castelos maravilhosos, mansões exuberantes, igrejas lindas em todas as aldeias. O clima é ameno, agradável o ano todo. O nosso destino é também o berço da criação de cavalos, com coudelarias de renome e outras familiares que preenchem a paisagem do campo de Pays d’Auge em torno de Lisieux.

Passaporte de Fé:  Vocês têm uma cidade irmã no Brasil?

S.P.: Não, não temos essa relação com uma cidade no Brasil, mas gostaríamos muito! Essa é uma ideia essencial. Os vínculos entre Lisieux e o Brasil são tão fortes que nos  parece natural poder se aproximar de uma cidade brasileira e assim criar vínculos, intercâmbios econômicos e turísticos, espirituais, culturais…

Passaporte de Fé:   Vocês trabalham em parceria com outro destino religioso francês?

S.P.: Trabalhamos com 19 cidades santuário na França graças à rede http://www.villes-sanctuaires.com.br .Christiane Chabes colaborou para que construíssemos este site dedicado ao mercado brasileiro. São propostos circuitos para conectar todos os destinos da associação, que podem ser contemplados em um vídeo inspirador. Reunimo-nos regularmente para promover o turismo espiritual na França, queremos ser a referência para este tema, a associação reúne grandes santuários como Lourdes, Lisieux, Le Mont Saint Michel, Alençon, Chartres, mas também os menores. Unimos nossas forças, nossas ideias, nossas experiências e conhecimentos para promover a espiritualidade e o turismo do nosso país.

Passaporte de Fé:   Quais serão as próximas ações no mercado brasileiro?

S.P.: Depois deste grande evento que é a vinda das relíquias de Santa Terezinha ao Brasil, esperamos receber jornalistas, operadoras e agências do Brasil em Lisieux.  Gostaríamos que os profissionais do turismo vivam a experiência de caminhar nas pegadas de uma das santas mais queridas na América do Sul, mas também para descobrir nosso belo território.

Veja abaixo o calendário de festividades no Brasil

Peregrinação das Relíquias da Santa Teresinha do Menino Jesus:

17 de setembro (sábado) – Paróquia Santa Cecília (Álvaro de Carvalho) 

18 de setembro (domingo) – Paróquia São Pedro (Garça)

19 de setembro (segunda-feira) – Irmãs Franciscanas de Cristo Rei (Garça)

20 de setembro (terça-feira) – Irmãs Franciscanas de Siessen (Garça)

21 de setembro (quarta-feira) – Paróquia Nossa Senhora de Lourdes (Garça)

22 de setembro (quinta-feira) – Santuário Sagrado Coração de Jesus (Vera Cruz)

23 de setembro (sexta-feira) – Mosteiro da Divina Misericórdia (Marília)

24 de setembro (sábado) – Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora (Avencas)

25 de setembro (domingo) – Paróquia Santa Rita de Cássia (Marília)

26 de setembro (segunda-feira) – Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe (Marília)

27 de setembro (terça-feira) – Paróquia Nossa Senhora de Fátima – Jóquei (Marília)

28 de setembro (quarta-feira) – Paróquia Nossa Senhora Rosa Mística (Marília)

29 de setembro (quinta-feira) – Paróquia Nossa Senhora de Fátima – Fragata (Marília)

30 de setembro (sábado) – Paróquia Nossa Senhora da Glória (Marília)

Dia de Santa Terezinha: 1 de outubro (sábado) – Santuário Nossa Senhora da Glória (Marília)

2 de outubro (domingo) – Paróquia Santa Isabel (Marília)

3 de outubro (segunda-feira) – Seminário Diocesano Rainha dos Apóstolos (Marília)

4 de outubro (terça-feira) – Clarissas (Marília)

5 de outubro (quarta-feira) – Paróquia Sagrado Coração de Jesus (Marília)

6 de outubro (quinta-feira) – Seminário São Pio X (Marília)

7 de outubro (sexta-feira) – Paróquia Santa Antonieta (Marília)

8 de outubro (sábado) – Paróquia Santa Edwiges (Marília)

9 de outubro (domingo) – Paróquia Sagrada Família (Marília)

10 de outubro (segunda-feira) – Paróquia São Miguel Arcanjo (Marília)

11 de outubro (terça-feira) – Paróquia São Sebastião (Marília)

Dia da Instalação da Diocese: 12 de outubro (quarta-feira) – Catedral Basílica de São Bento

13 de outubro (quinta-feira) – Paróquia São Judas Tadeu (Marília)

14 de outubro (sexta-feira) – Missão Louvor e Glória (Marília)

Dia dos professores: 15 de outubro (sábado) – Colégio Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus (Marília)

16 de outubro (domingo) – Instituto das Missionárias de Nossa Senhora de Fátima (Marília)

17 de outubro (segunda-feira) – Irmãos do Sagrado Coração de Jesus (Marília)

18 de outubro (terça-feira) – Paróquia Santo Antônio (Marília)

19 de outubro (quarta-feira) – Paróquia São João Batista (Marília)

20 de outubro (quinta-feira) – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Oriente)

21 de outubro (sexta-feira) – Paróquia Nossa Senhora do Rosário (Pompéia)

22 de outubro (sábado) – Irmãs Franciscanas Alcantarinas (Pompéia)

23 de outubro (domingo) – DNJ e Infância Missionária (Marília)

24 de outubro (segunda-feira) – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Paulópolis)

25 de outubro (terça-feira) – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Quintana)

26 de outubro (quarta-feira) – Paróquia Sant’Ana (Herculândia)

27 de outubro (quinta-feira) – Irmãs de Nossa Senhora de Fátima – Hospital São José (Herculândia)

28 de outubro (sexta-feira) – Paróquia São Pedro Apóstolo (Tupã)

29 de outubro (sábado) – Irmãs dos Pobres de Santa Catarina de Sena (Tupã)

30 de outubro (domingo) – Paróquia São José (Tupã)

31 de outubro (segunda-feira) – Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora (Tupã)

1 de novembro (terça-feira) – Paróquia São Judas Tadeu (Tupã)

3 de novembro (quinta-feira) – Paróquia Senhor Bom Jesus (Arco-Íris)

4 de novembro (sexta-feira) – Paróquia São Luiz Gonzaga (Iacri)

5 de novembro (sábado) – Paróquia São Francisco Xavier (Bastos)

6 de novembro (domingo) – Paróquia Imaculada Conceição (Parapuã)

7 de novembro (segunda-feira) – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Rinópolis)

8 de novembro (terça-feira) – Santuário São José (Osvaldo Cruz)

9 de novembro (quarta-feira) – Irmãs Missionárias dos Sagr. Corações de Jesus e Maria (Osvaldo Cruz)

10 de novembro (quinta-feira) – Paróquia São Benedito (Sagres)

11 de novembro (sexta-feira) – Paróquia São João Batista (Salmourão)

12 de novembro (sábado) – Paróquia Imaculado Coração de Maria (Inúbia Paulista)

13 de novembro (domingo) – Paróquia Sagrada Família (Lucélia) e visita à Penitenciária de Lucélia

14 de novembro (segunda-feira) – Irmãs de São José de Cluny (Lucélia)

15 de novembro (terça-feira) – Paróquia Santa Luzia (Pracinha)

16 de novembro (quarta-feira) – Paróquia Imaculada Conceição (Mariápolis)

17 de novembro (quinta-feira) – Paróquia Nossa Senhora de Fátima (Adamantina)

18 de novembro (sexta-feira) – Associação e Fraternidade São Francisco de Assis – Santa Casa (Adamantina)

19 de novembro (sábado) – Paróquia Santo Antônio (Adamantina)

20 de novembro (domingo) – Paróquia São Francisco (Adamantina)

21 de novembro (segunda-feira) – Comunidade Alfa e Ômega (Adamantina)

22 de novembro (terça-feira) – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Flórida Paulista)

23 de novembro (quarta-feira) – Paróquia Nossa Senhora das Graças (Pacaembu)

24 de novembro (quinta-feira) – Paróquia Santa Genoveva (Irapuru)

25 de novembro (sexta-feira) – Paróquia São José (Flora Rica)

26 de novembro (sábado) – Paróquia Santo Antônio (Junqueirópolis)

27 de novembro (domingo) – Santuário Nossa Senhora de Fátima (Dracena)

28 de novembro (segunda-feira) – Sociedade Irmãos da Misericórdia (Dracena)

29 de novembro (terça-feira) – Paróquia São Francisco de Assis (Dracena)

30 de novembro (quarta-feira) – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Dracena)

1 de dezembro (quinta-feira) – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Ouro Verde)

2 de dezembro (sexta-feira) – Paróquia Nossa Senhora da Glória (Tupi Paulista)

3 de dezembro (sábado) – Paróquia Santa Cecília (Monte Castelo)

4 de dezembro (domingo) – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Nova Guataporanga)

5 de dezembro (segunda-feira) – Paróquia São João Batista (São João do Pau D’Alho)

6 de dezembro (terça-feira) – Paróquia Nossa Senhora das Mercês (Santa Mercedes)

7 de dezembro (quarta-feira) – Paróquia São Pedro (Paulicéia)

8 de dezembro (quinta-feira) – Paróquia São José (Panorama)

9 de dezembro (sexta-feira) – Diocese de Presidente Prudente

10 de dezembro (sábado) – Diocese de Assis

11 e 12 de dezembro (domingo e segunda-feira) – Diocese de Bauru

Encerramento da Peregrinação:

Missa: 13 de dezembro de 2022 (terça-feira).

Paróquia São José de Osvaldo Cruz, 20h00.

Mais informações: https://www.therese-de-lisieux.catholique.fr/evenement/voyage-des-reliques-au-bresil/

turismo religioso na tv

As viagens espirituais ganham cada vez mais visibilidade nas mídias tradicionais. No programa Santuários, que estreia dia 24 de junho no canal Travel Box Brazil, o apresentador Diogo Albino embarca em uma jornada de fé e descoberta pelos principais templos de adoração do catolicismo.

Em sua primeira temporada, a série visitou santuários brasileiros e uruguaios, revelando curiosidades da história local e explorando as interseções entre religiosidade, cultura e turismo. Com uma linguagem jovem e receptiva, o programa tem como principal objetivo conhecer e divulgar destinos que são muito procurados por católicos brasileiros.

O programa apresentará Santuários conhecidos internacionalmente, como a Catedral Basílica Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, no interior de São Paulo. A jornada contempla ainda a Catedral Metropolitana de Nossa Senhora do Desterro, em Florianópolis, a Igreja Nossa Senhora do Novo Caminho, réplica da igreja das Bem-aventuranças de Israel, situada em Jacareí, e a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador.

O Uruguai tem destaque na programação com visita a Iglesia de las Carmelitas, imponente construção em estilo gótico, e a Catedral Metropolitana de Montevidéu.

Disponível nas principais operadoras de TV por assinatura, o Travel Box Brazil pode ser acessado também — em formato linear — através da plataforma de streaming Box Brazil Play, dedicada exclusivamente ao conteúdo nacional.

Novo santuário atrai 100 mil visitantes em sua abertura

Os números impressionam: uma área de 180 mil metros quadrados, dos quais 10.600 m2 de edificação que abrigam até 5 mil pessoas sentadas e 2 mil em pé, estacionamento para 200 ônibus e até mil carros.  Em seu primeiro mês de funcionamento o Novo Santuário de Santa Rita de Cássia já recebeu mais de 100 mil visitantes e caravanas de várias cidades do Brasil. Centenas de grupos já se organizam para visitar o espaço ainda em 2022.

Essas informações ganham ainda mais relevância quando se descobre que a cidade de Cássia, em Minas Gerais, cuja padroeira é Santa Rita, a quem o santuário é destinado, tem apenas 18 mil habitantes. Comerciantes da região entendem que a economia da cidade passará por uma significativa transformação e o turismo irá assumir protagonismo jamais imaginado. Redes hoteleiras dispostas a investir, assim como aumento na oferta de empregos. Mas também pudera, o projeto foi muito bem pensado. Não só se ergueu um espaço para missas, para um nome que tem forte apelo entre os brasileiros, mas também uma réplica da casa da santa, nascida em 1381, em Roccaporena, foi construída no sudoeste de Minas.

Santa Rita de Cássia é muito popular no país. E popularidade de santo no Brasil se mede com o número de igrejas dedicadas a ele, números de cidades que apadrinha e o número de imagens vendidas a cada ano. A santa italiana no Brasil ainda conta uma vantagem.  No Rio Grande do Norte, na cidade de Santa Cruz,  está localizada a maior estátua católica do mundo até então, que a representa  e foi inaugurada em 26 de junho de 2010.

Os motivos que tornaram Santa Rita muito querida dos católicos é, além dos inúmeros milagres a ela atribuídos, sua história. Foi uma mãe de família, teve seu marido assassinado, cuidou de leprosos, combateu a violência de seu tempo, viveu situações inexplicáveis e tem entre fiéis milhões de mulheres que se identificam com sua história. É considerada, assim como São Judas Tadeu, resolvedora de casos impossíveis, principalmente doenças muito graves.

O importante no turismo religioso é valorizar a narrativa, pensar no público alvo,  fortalecer o sentimento de pertencimento e oferecer experiências que vão além de celebrações pontuais.  Em todos esses aspectos, Cássia dá um banho de estratégia e planejamento. Um elemento importante é quando a cidade estabelece uma relação de irmandade com qualquer outra no mundo. A Cássia brasileira é irmã da Cascia italiana e com o santuário, torna-se o mais importante centro de devoção no país. Vale lembrar que os prefeitos católicos se valem da fé para firmar importantes alianças,  como, por exemplo, São Roque que a poucos quilômetros da capital paulista e com sua rota dos vinhos, tornou-se um município irmão de Montpellier, no ensolarado e badalado Sul da França.

O turismo religioso é uma ferramenta cada vez mais importante para fortalecimento de vínculos entre fiéis. O movimento neopentecostal cresceu nas periferias brasileiras porque estimulou uma rede de apoio que a Igreja Católica foi incapaz de oferecer no final dos anos 80, 90 e 2000.  Através das viagens, cada vez mais acessíveis, os católicos reavivam a fé, fortalecem narrativas e sentimento de pertencimento. Muitos destinos brasileiros deveriam olhar com mais cuidado para potencial que carregam. A fé remove montanhas.