Resort de R$ 500 milhões reforça turismo religioso

Localizada no coração do Vale do Paraíba, entre São Paulo e Rio de Janeiro, a cidade de Aparecida (SP) está prestes a consolidar ainda mais sua posição como um dos principais destinos de turismo religioso do Brasil e da América Latina. Conhecida por abrigar o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, o maior templo católico do país e o segundo maior do mundo, atrás apenas da Basílica de São Pedro, no Vaticano; a cidade atrai, anualmente, cerca de 12 milhões de fiéis e visitantes em busca de fé, espiritualidade e renovação.

Em breve, Aparecida contará com um novo atrativo de grande porte: um resort no modelo de multipropriedade, com investimento previsto de R$ 500 milhões. O projeto, da Transamerica Collection, será realizado em parceria com a Atlantica Hospitality International e a empresa Simão&Simão. Com previsão de início das obras no segundo semestre de 2026 e conclusão em até 36 meses, o empreendimento ocupará uma área de mais de 110 mil m², com 700 apartamentos de 41 m² a 60 m², parque aquático de 8 mil m², capela integrada, restaurantes, academias, spas e espaços para lazer e contemplação.

A iniciativa também promete impulsionar a economia local, com a criação de aproximadamente 1.800 empregos diretos e indiretos ao longo da construção e operação do resort. Essa movimentação reforça a vocação turística de Aparecida, cuja economia gira em torno de 80% do turismo religioso, segundo dados do setor. O comércio, a hotelaria e os serviços da cidade são fortemente impactados pelas grandes romarias e pelos eventos religiosos, que garantem o sustento de milhares de famílias locais.

O investimento em Aparecida também reflete uma tendência global: o crescimento expressivo do turismo religioso. Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), esse segmento movimenta mais de 330 milhões de viajantes por ano no mundo e gera receitas bilionárias. Santuários, peregrinações e experiências de fé vêm atraindo não apenas devotos tradicionais, mas também pessoas em busca de autoconhecimento, espiritualidade e bem-estar.

Nesse cenário, o Brasil desponta como um dos destinos mais promissores da América Latina, com roteiros como a Rota da Fé, Caminho da Luz, Caminho da Fé e, claro, Aparecida, considerada a “capital da fé brasileira”.

Com a chegada do novo resort, Aparecida amplia seu leque de opções para os viajantes, unindo conforto, hospitalidade e espiritualidade em um mesmo destino. A cidade mostra que é possível aliar tradição e inovação, fé e desenvolvimento econômico, em um modelo sustentável que beneficia toda a comunidade.

Turismo religioso apresenta crescimento global

Em audiência na Câmara dos Deputados no dia 11 de junho de 2025, o Ministro do Turismo, Celso Sabino, destacou o momento promissor do setor. Segundo ele, o Brasil registrou um aumento de 49% no número de turistas estrangeiros nos cinco primeiros meses de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. “Estamos a caminho de alcançar a marca de 10 milhões de turistas internacionais neste ano, o que pode consolidar o turismo como a principal matriz econômica do país”, afirmou o ministro.

Durante a mesma audiência, o deputado Bibo Nunes chamou atenção especial para o turismo religioso, ressaltando sua importância econômica e social. Para ele, o Brasil tem potencial para se tornar um polo de peregrinação e fé, tanto para turistas nacionais quanto internacionais.

O apelo de destinos espirituais transcende fronteiras. Segundo dados da Coherent Market Insights, o mercado global de turismo religioso foi estimado em US$ 1,38 trilhão em 2025, com projeção de atingir US$ 2,17 trilhões até 2032, impulsionado por uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 6,7%. Já outras análises apontam para um mercado mais conservador, mas ainda robusto: US$ 174 bilhões em 2024, com expectativa de alcançar US$ 263 bilhões até 2029.

Entre os principais destinos religiosos globais, além de Israel e Roma, destacam-se o Caminho de Santiago de Compostela ,com mais de 440 mil peregrinos em 2024, com crescimento médio superior a 10% ao ano; o Santuário de Fátima registrando mais de 6 milhões de visitantes por ano e Meca (Arábia Saudita), já que o Hajj e a Umrah atraem milhões de fiéis muçulmanos, movimentando bilhões de dólares na economia saudita.

O Brasil reúne todos os ingredientes para transformar o turismo religioso em um motor econômico: diversidade de expressões religiosas, festas populares com raízes espirituais profundas, além de santuários já consolidados como o de Aparecida (SP), o Santuário do Pai Eterno (GO) e o Juazeiro do Norte (CE), terra de Padre Cícero.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Artigos Religiosos, o turismo de fé movimenta cerca de 18 milhões de viagens ao ano no Brasil e gera um impacto econômico superior a R$ 15 bilhões, entre hospedagem, transporte, alimentação e comércio de artigos religiosos.

Além da alta resiliência econômica, o turismo de fé oferece estabilidade de demanda já que peregrinações e festas religiosas ocorrem ao longo de todo o ano e forte engajamento emocional, uma vez que experiências religiosas geram vínculos duradouros com os destinos.

As declarações do Ministro Celso Sabino mostram que o Brasil está atento à vocação econômica do turismo. Ao mesmo tempo, o alerta de Bibo Nunes sobre o potencial do turismo religioso reforça a necessidade de políticas públicas e iniciativas privadas focadas neste nicho de alto valor agregado.

Num mundo em que o viajante busca mais do que belas paisagens — busca sentido, conexão e experiências autênticas — o turismo religioso surge como um caminho viável, lucrativo e profundamente transformador. Para o Brasil, é mais do que uma oportunidade: é uma vocação pronta para ser lapidada. A fé move negócios.