Como o trade deve aproveitar os 800 anos de São Francisco de Assis em 2026

A celebração dos 800 anos da morte de São Francisco de Assis, em 2026, abre uma das mais promissoras oportunidades para o mercado brasileiro de turismo religioso, cultural e experiencial. Para aproveitar esse momento de grande mobilização global, operadores, agências e DMCs precisam trabalhar com estratégia e antecedência.

O primeiro ponto é a organização logística: a veneração pública dos restos mortais do santo, algo inédito em oito séculos, ocorrerá entre 22 de fevereiro e 22 de março de 2026, mediante agendamento prévio. Isso exige que grupos e peregrinos façam reservas com muitos meses de antecedência, considerando hospedagem na Úmbria, transporte regional e ingressos oficiais.

Outro aspecto decisivo é a criação de produtos híbridos, combinando espiritualidade, cultura, história, natureza e gastronomia. O peregrino contemporâneo busca, além da devoção, uma experiência de sentido, contemplação e conhecimento. Por isso, roteiros que integrem visitas a santuários franciscanos, refeições típicas, atividades ao ar livre, museus e vivências guiadas tendem a atrair públicos mais amplos e qualificados. Vale lembrar que Assis é Patrimônio Mundial da UNESCO, o que amplia seu apelo para viajantes interessados em arte medieval, arquitetura e patrimônio histórico.

Guias especializados fazem toda a diferença nesse tipo de viagem. Profissionais com formação em história da arte, turismo religioso ou teologia agregam valor ao produto, aproximam o passageiro da narrativa franciscana e elevam a percepção de exclusividade do roteiro.

Além disso, o mercado brasileiro deve ser tratado como prioritário: o país tem forte tradição católica e cresce rapidamente no consumo de viagens de significado, especialmente entre grupos paroquiais, terceira idade, escolas confessionais e viajantes em busca de espiritualidade.

Como a procura por Assis tende a ser intensa, é essencial considerar a infraestrutura da Úmbria. Hospedar passageiros em cidades próximas como Perugia, Foligno, Spello ou Bastia Umbra, oferecendo transfers diários, pode ser uma solução eficiente para garantir conforto e disponibilidade mesmo nos períodos mais concorridos. Preparar o cliente também é fundamental: materiais educativos: vídeos, e-books, textos explicativos e lives ajudam a contextualizar a viagem, contar a história de São Francisco, esclarecer a importância da data e explicar como funcionará a visitação extraordinária aos restos mortais.

Outro diferencial competitivo está em conectar a viagem a temas contemporâneos associados ao legado franciscano: ecologia integral, economia solidária, diálogo inter-religioso e preservação do patrimônio. Esses eixos conversam com o público jovem, com segmentos culturais e com viajantes interessados em causas sociais, expandindo o perfil tradicional do peregrino.

Além disso, o ciclo dos Centenários Franciscanos não se limita a 2026; há demanda crescente por viagens pré-jubilares e pós-jubileo, o que permite aos operadores trabalhar o destino de forma contínua ao longo de 2025, 2026 e 2027.

Por fim, é possível ampliar ainda mais o potencial da data integrando Assis a outros destinos de relevância religiosa e cultural. Combinações como Assis e Roma, Assis e Toscana espiritual, ou extensões para rotas como Fátima, Lourdes e Santiago de Compostela criam itinerários mais completos e atraentes, posicionando o produto franciscano como porta de entrada para experiências espirituais europeias mais amplas.

Em síntese, os 800 anos de São Francisco não representam apenas uma efeméride religiosa, mas uma oportunidade de ouro para reposicionar produtos, inovar no turismo de fé e entregar experiências profundas e transformadoras. Com planejamento, conteúdo qualificado e integração de tendências atuais, o trade brasileiro tem tudo para ocupar um espaço privilegiado nesse momento histórico.