Pedro Kempe atua no turismo há 33 anos. Sua trajetória inclui passagens em importantes empresas do mercado como CVC, Schultz e Europamundo. Hoje comanda a Domus Viagens Operadora de Turismo que fundou em 2010. É um nome ativo no turismo paranaense e remove montanhas quando o assunto é turismo religioso. Atua também como palestrante e professor no tema. É atualmente conselheiro na ABAV do Paraná. Neste bate-papo, Kempe fala um pouco dos desafios do turismo de fé no Brasil.
Como você vê o turismo religioso hoje no Brasil e no mundo?
Eu enxergo oportunidades imensas com atrativos riquíssimos.
O Brasil tem forte potencial de consumo, mas ainda dificuldades em oferecer produtos nesse segmento para um mercado internacional e mesmo doméstico. Como resolver esse desafio?
A meu ver, é preciso qualificar atrativos e, obviamente, os prestadores de serviços. No caso dos atrativos, é preciso que estejam cada vez mais preparados para receber grupos, acolher com muitas informações e uma estrutura de guias, com agendamento das atividades religiosas. Precisamos todos ter conversas e direções claras para facilitar o trabalho de todos. Torna-se urgente buscar cada vez mais a profissionalização e fortalecer o trabalho de qualificação e formalização das atividades.
Pedro, quando você diz que é preciso mais qualificação, mais conversas, quem deveria capitanear esse trabalho?
O trabalho de qualificação deve vir do Ministério do Turismo, da ABAV, do SENAC e do Sebrae. Lembrando que já há ações nesse sentido. Quando falamos de conversas, palestras e explicativos, é preciso que os receptivos e operadores entendam mais do negócio e reconheçam a importância em agregar serviços de qualidade para o turista que busca esse tipo de experiência. Além disso, é preciso dar mais voz – e mostrar a importância dos mesmos terem voz – às Pastorais do Turismo e aos Monumentos Religiosos para que mostrem o potencial que carregam e a forma como podem contribuir para o desenvolvimento deste mercado.
Você tem investido nas rotas do Sul do Brasil. Pode falar um pouco a respeito?
Temos, sim, uma gama importante de produtos. Durante a pandemia do COVID-19 participamos do Projeto “Co-Operadores da ABAV-PR objetivando a formação de receptivos e operadores rodoviários” com olhar para Turismo Religioso. Desta participação lançamos a Rota do Rosário com Prudentópolis no Paraná e estamos agora recém lançando a ROTA DO MILAGRE NO PARANÁ, justamente o milagre que justificou a canonização dos pastorzinhos de Fátima. Participamos ativamente do turismo religioso do estado e sou o braço da ABAV-PR para o grupo de trabalho de turismo religioso do Estado.
Qual o perfil desse viajante hoje no Brasil?
Temos um turismo de massa no Turismo Religioso, abraçados pela causa social na informalidade. Por outro lado, temos iniciativas emergentes neste meio que buscam viagens de qualidade e maior profissionalismo.
Qual é um destino que é referência em acolhimento, promoção e logística quando se fala em turismo espiritual?
No Brasil temos APARECIDA, com seu santuário consagrado a Padroeira do nosso País. O destino tem uma logística muito boa de acolhida com hotéis próprios para bem atender. Depois temos atrativos emergentes que vem se destacando significativamente, como a Rota do Rosário, Santa Paulina em Nova Trento, Salvador dos Passos de irmã Dulce e outros.
Como e por que você entrou nesse mercado?
Quando abrimos a operadora de turismo, queríamos nos destacar no cenário de operadores no Brasil. A escolha de um nicho justamente foi o viés que encontramos para sermos quem somos.
Qual viagem espiritual que foi um marco transformador para você?
A Terra Santa é sempre o destino mais tocante e de forma indescritível.
Que ações a ABAV pensa implementar para desenvolver esse segmento?
A ABAV incentiva fortemente o grupo de Turismo Religioso no Paraná e apoia o Fórum Paranaense de Turismo Religioso, com ações importantes de capacitação para este segmento. Na ABAV Nacional é possível identificar um forte interesse neste segmento e muitos associados que atuam e querem atuar neste mercado.