Gramado terá réplica do Templo de Salomão

Projeto da Igreja Universal propõe espaço de culto, cultura e contemplação na Serra Gaúcha

Conhecida por sua arquitetura de inspiração europeia, clima ameno e posição de destaque no turismo nacional, Gramado, na Serra Gaúcha, será palco de um dos mais ambiciosos empreendimentos religiosos do país. A cidade abrigará uma réplica do Templo de Salomão, projeto da Igreja Universal do Reino de Deus, anunciado oficialmente no início de maio com o lançamento da pedra fundamental.

Mais do que um espaço de culto, o futuro templo, com 17 metros de altura e características narradas pela Bíblia, pretende ser um centro de contemplação histórica, cultural e espiritual, integrando-se ao já consolidado circuito turístico da região. Com localização estratégica — às margens da movimentada avenida Borges de Medeiros — o empreendimento busca repetir o sucesso do Templo de Salomão original, inaugurado em São Paulo em 2014, que hoje é referência de turismo religioso no Brasil e recebe visitantes de diversos países.

Durante a cerimônia de lançamento, o governador Eduardo Leite destacou a importância do respeito à diversidade religiosa e reconheceu o papel social desempenhado pelas instituições de fé no Estado. “O Estado não professa uma fé específica, mas reconhece o papel fundamental que as instituições religiosas podem desempenhar na vida das pessoas e das comunidades. A Igreja Universal tem mobilizado recursos e pessoas em momentos difíceis, como nas enchentes, e atua de forma estruturada em ações sociais relevantes”, afirmou o governador.

A escolha de Gramado para sediar o templo não é casual. A cidade recebe mais de seis milhões de turistas por ano e consolidou-se como um dos destinos mais procurados do Brasil, atraindo famílias em busca de lazer, gastronomia e eventos culturais. A proposta da Universal é transformar o templo em um ponto de peregrinação e experiência imersiva, unindo evangelização e turismo — um modelo que já se mostrou eficiente em São Paulo e tem grande potencial de expansão no Sul do país, onde a presença histórica da Igreja é menos expressiva em comparação com o Sudeste e o Nordeste.

Uma nova fronteira do turismo religioso


Com a iniciativa, Gramado reforça sua vocação para o turismo diversificado e abre espaço para um segmento em franca expansão: o turismo religioso. Segundo dados do Ministério do Turismo, essa modalidade atrai milhões de viajantes anualmente e movimenta uma cadeia que inclui hotelaria, transporte, alimentação e comércio.

“O novo templo será, para muitas famílias, um local de oração, reflexão e união. Gramado e Canela já oferecem essa atmosfera, e esse projeto dialoga diretamente com esse propósito”, comentou o governador Leite durante o evento.

Além do chefe do Executivo estadual, estiveram presentes o prefeito de Gramado, Nestor Tissot, o secretário estadual de Habitação, Carlos Gomes, autoridades religiosas, lideranças locais e centenas de fiéis da região.

Mais que fé: cultura, história e inclusão


De acordo com a Universal, o templo em Gramado não será apenas um espaço de oração. Ele pretende proporcionar uma vivência histórica e cultural, com elementos arquitetônicos inspirados na descrição bíblica do templo original de Jerusalém. A expectativa é que o local também abrigue exposições, apresentações e ações sociais, ampliando sua função além do culto religioso.

A construção reforça uma tendência observada em diversas partes do mundo: espaços religiosos que também servem como pontos de encontro cultural e social, promovendo o diálogo inter-religioso e o turismo consciente.

Enquanto as obras ainda não têm prazo definido para conclusão, a expectativa entre os moradores e os setores ligados ao turismo é alta. Para Gramado, o templo promete ser mais do que um novo cartão-postal — será um espaço onde fé, cultura e turismo se encontram.

Roberto de Lucena destaca o potencial do turismo religioso em SP

O turismo tem se consolidado como uma das principais forças econômicas do Estado de São Paulo. À frente dessa transformação está o Secretário de Turismo, Roberto de Lucena, que, com uma trajetória marcada por três mandatos como deputado federal e vasta experiência no setor público, tem conduzido uma gestão visionária, especialmente na valorização do turismo religioso.

Em entrevista exclusiva, Lucena detalha os números expressivos do setor, os projetos inovadores e os planos para descentralizar e interiorizar o turismo paulista.


Ricardo Hida: Secretário, nos países desenvolvidos, como Estados Unidos e França, o turismo representa uma parcela significativa do PIB. Qual é o panorama atual do turismo no Estado de São Paulo?

Roberto de Lucena: Hoje, o turismo representa 10% do PIB paulista, movimentando mais de R$ 320 bilhões. Se São Paulo fosse um país, estaria entre as 21 maiores economias do mundo. A cadeia turística envolve 52 setores e gera 950 mil empregos diretos, além de aproximadamente 2,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Em um cenário global de mecanização e avanço da inteligência artificial, o turismo se destaca como o setor com maior potencial de geração de empregos humanos e incentivo ao empreendedorismo. O governador Tarcísio de Freitas reconheceu essa importância e tem investido fortemente nessa agenda.


Ricardo Hida: Um dos destaques da sua gestão é a criação de guias de turismo religioso. Como surgiu essa iniciativa?

Roberto de Lucena: Percebemos a necessidade de comunicar melhor a diversidade turística do estado, segmentando por nichos. Em feiras internacionais, São Paulo ainda é associado apenas à capital e ao turismo de negócios. Mas São Paulo é mais do que a capital. O estado tem 644 municípios, sendo 210 considerados turísticos: são 70 estâncias e 140 municípios de interesse turístico. Isso gera uma diversidade enorme de eixos turísticos. Temos turismo de saúde, bem-estar, turismo ecológico, turismo de aventura, de compras, de observação de vida silvestre. E, com a COPPE em expansão, o mundo chega ao Brasil por São Paulo. E há um eixo que vínhamos trabalhando pouco: o turismo religioso. Ele sempre existiu e sempre foi forte, mas não havia sido devidamente organizado. O turismo religioso movimenta mais de 300 milhões de viagens por ano no mundo, gerando bilhões de reais para a economia global. Aqui no estado, por exemplo, temos Aparecida, Guaratinguetá com Frei Galvão, Cachoeira Paulista com a Canção Nova, e Canas com a Renovação Carismática Católica. Esse conjunto, que chamamos de Vale da Fé, recebe 16 milhões de visitantes por ano — mais do que toda a população de Portugal. No turismo evangélico, o Templo de Salomão em São Paulo recebe mais visitantes que o próprio Cristo Redentor. Além disso, São Paulo abriga as sedes das maiores denominações evangélicas do país e a sede nacional da Igreja Católica. Foi então que entendemos: era preciso organizar tudo isso, catalogar, padronizar e oferecer como produto turístico. E assim nasceram os guias turísticos religiosos do Estado de São Paulo, começando com o guia do turismo católico.


Ricardo Hida: E o turismo evangélico surpreendeu pelo seu potencial. Como foi estruturar esse roteiro?

Roberto de Lucena: Segundo dados do Ministério do Turismo, o Brasil registra 32 milhões de viagens motivadas pela fé todos os anos. Destas, cerca de 7 milhões são feitas por turistas efetivos — ou seja, pessoas que se deslocam especificamente para vivenciar o turismo religioso.
No caso do turismo evangélico, o que encontramos em São Paulo foi surpreendente. Há aqui um patrimônio histórico e cultural riquíssimo, pouco divulgado e pouco estruturado até então. Por exemplo, em Santa Bárbara d’Oeste está o primeiro templo evangélico do Brasil. Um templo protestante que, na época, era compartilhado por três igrejas históricas: Presbiteriana, Batista e Metodista — cada uma usando o espaço em horários diferentes. Além disso, temos o primeiro cemitério protestante das Américas, em Iperó. Esse local está ligado à fundação da primeira siderúrgica das Américas — uma iniciativa do Império. Na época, existiam apenas outras duas no mundo: uma na Alemanha e outra na China. Dom Pedro II era frequentador da região. Como não havia mão de obra especializada no Brasil, foram trazidos técnicos da Inglaterra, Suécia e Alemanha — muitos deles protestantes. Com o tempo, essas pessoas começaram a morrer e surgiu um problema: seus corpos não podiam ser enterrados em solo consagrado católico. Os corpos chegaram a ser armazenados em caixotes, aguardando uma solução. Sensibilizado, Dom Pedro II interveio e conseguiu que um terreno fosse “excomungado” pela Igreja, para a criação de um cemitério protestante. Esse é o primeiro do continente americano — e existe até hoje. Além disso, São Paulo é sede da Sociedade Bíblica do Brasil, que possui o maior parque gráfico de publicações bíblicas do mundo. Temos também a famosa Rua Conde de Sarzedas, conhecida como a rua dos evangélicos, onde se concentram comércios voltados a esse público. O Templo de Salomão, símbolo da fé evangélica, é aberto à visitação com guias especializados. É uma experiência impressionante. Também temos o Museu da Bíblia, em Barueri — um dos mais completos do mundo. E o Museu de Arqueologia Bíblica, em Engenheiro Coelho, liderado pelo pastor Rodrigo Silva, da Igreja Adventista, em parceria com a Universidade Adventista. Tudo isso compõe um circuito evangélico autêntico, que passa por São Paulo e influencia o país inteiro. A Assembleia de Deus, por exemplo — mãe de todas as igrejas pentecostais no Brasil — foi fundada por Daniel Berg e Gunnar Vingren em Belém do Pará. E a primeira igreja fora de Belém foi criada justamente aqui, em Santos. Nos anos 1970 e 1980, São Paulo abrigou os maiores templos evangélicos do mundo: o templo da Igreja O Brasil para Cristo, na Pompeia, e a sede mundial da Igreja Deus é Amor, entre outros. Temos muitas curiosidades como essas. E quando organizadas, todas essas informações formam um circuito incrível para o turismo evangélico. Um circuito que faz frente até mesmo às rotas históricas da Reforma, na Alemanha, Suécia ou Inglaterra. São Paulo tem, sim, uma história religiosa fabulosa.


Ricardo Hida: Recentemente, a Secretaria lançou também o guia de turismo judaico. O que ele traz de novidade?

Roberto de Lucena: Esse guia, desenvolvido com o Museu Judaico e a Federação Israelita, organiza a rica presença cultural da comunidade judaica em São Paulo. Destacamos o Memorial do Holocausto, o Museu Judaico, além de restaurantes, centros culturais e ações sociais. É um convite para mergulhar na história e na contribuição dos judeus para o estado e o país.


Ricardo Hida: Quais são os próximos projetos da Secretaria, além do turismo religioso?

Roberto de Lucena: Nosso foco é interiorizar e descentralizar o turismo. O programa “Sabor de São Paulo” valoriza a gastronomia regional e já reconheceu 13 regiões gastronômicas. Lançamos também o Creditu SP, uma linha de crédito para fomentar projetos turísticos. Outro grande projeto é a Academia do Turismo, com a meta de oferecer 100 mil vagas de capacitação até 2026, combatendo a falta de mão de obra qualificada no setor.


Ricardo Hida: Para quem deseja acessar os guias e saber mais sobre esses projetos, como proceder?

Roberto de Lucena: Basta acessar o site da Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo. Lá estão disponíveis gratuitamente mais de 30 guias, incluindo o recém-lançado Guia das Padarias, com mais de 300 estabelecimentos listados. E em breve teremos novidades.


Ricardo Hida: Secretário, agradeço imensamente pela entrevista e por compartilhar tantos projetos inspiradores. Nos vemos em breve para falar sobre essas novas iniciativas!

MICE RELIGIOSO

Quando se fala em MICE,  curiosamente desconsidera-se o turismo religioso. A razão da negligência, sinceramente, ninguém sabe, uma vez que o potencial dessas viagens é considerável. É claro que não estamos falando das Jornadas da Juventude, organizadas pela Igreja Católica,  ou da Marcha para Jesus, em São Paulo sob coordenação da Igreja Renascer em Cristo. Ambos com milhares de pessoas e forte repercussão nas mídias. Mas sem que parte de nossa indústria se dê conta, há inúmeros pequenos retiros e seminários que lotam cidades como Águas de Lindoia e São Lourenço e fazem a festa dos hoteleiros locais.

A Assembleia de Deus é uma das denominações que mais organiza esse tipo de evento: seja para os jovens, seja para os casais. São centenas de pessoas em uma única viagem. Sem dúvida, eles movimentam um número importante de passageiros, maior que muitos grupos de incentivo, organizados por multinacionais. São poucos, no entanto, Conventions bureaux ou secretarias de turismo que trabalham neste tipo de captação. Muito por conta de preconceito. Há dois destinos no mundo que sobrevivem por conta de turismo religioso mas fogem do tema.

Não é o caso do Santuário de Santa Rita de Cássia, em Cássia-MG, que está de olho nesse mercado. Em julho, organizam uma série de atividades voltadas para crianças e adolescentes. Além da tarefa evangelizadora, querem criar memórias afetivas com futuros viajantes.

“Habitualmente no mês de julho, as crianças saem para um período de férias escolares e o Santuário de Santa Rita de Cássia, acolhe nesse sentido, as crianças para dois momentos importantes: primeiro para oração e espiritualidade, congregarmos as crianças e as famílias, para que, no testemunho de Santa Rita, elas tenham força e permaneçam felizes, buscando sempre o sentido de suas vidas. Depois, promover um momento de entretenimento, para que possam, de maneira sadia, se divertirem neste espaço tão favorável que é o nosso Santuário”, explica o Padre Michel Pires, Reitor do Santuário.

No dia 30 de julho, a cidade mineira também recebe o ENCONTRO DIOCESANO DAS FAMÍLIAS. O tema é “Família, Vocação, Graças e Missão, Corações Ardentes”.A programação começa 11h com almoço; 12h30, acolhida; 13h, palestra e, 14h, adoração ao Santíssimo Sacramento.

Ao contrário de outros mercados, como o turismo de luxo, de compras, de vinhos ou LGBTQIA+, o MICE religioso não exige vocação. É claro que a existência de santuários, basílicas ou monumentos históricos sempre é um fator importante, mas o importante é a existência de hotéis prontos para receber fieis. Para quem ainda teima de duvidar desse mercado, eventos não faltam, mostrando o MICE religioso.

A Expocatólica, por exemplo, atrai gente do mundo inteiro sempre no mês de maio. A última edição contou com 20 mil visitantes. A Expocristã, por sua vez, sempre em setembro, observa um crescimento acelerado, ano após ano. Até os estúdios Maurício de Souza estão presentes em ambos os eventos. Aliás a Turma da Mônica já assinou publicações infantis para católicos, protestantes e espíritas. É claro que o personagem Anjinho não está sempre presente, ao contrário dos diretores de negócios da empresa. E você, diante do potencial do turismo religioso, vai dar as caras ou as costas?

Imagem: Divulgação Expocatólica

turquia investe no turismo do Santo que inspirou papai Noel

Localizada em Anatolia, na Turquia, a igreja construída em nome de São Nicolau acaba de passar por uma reforma e já está reaberta para receber seus visitantes. O Bispo Nicolau era conhecido por dividir seus bens com os pobres e se tornou muito conhecido ao deixar presentes escondidos pelas janelas dos moradores de sua cidade, que inspirou a criação de um dos personagens mais famosos do mundo, o papai Noel ou Santa Klaus.

A Igreja de São Nicolau passa a receber seus turistas em 2023 após as obras de restauração e paisagismo, como a  retirada das coberturas antigas e construídas novas coberturas de proteção, conservação e reparação no interior e exterior da igreja, desde as paredes até à cúpula, abóbada e piso. Além do trabalho de documentação e conservação das pinturas murais originais e dos mosaicos do piso, o espaço da galeria no segundo andar também foi incluído no percurso do visitante, além das adaptações internas para os visitantes com dificuldade de mobilidade.

São Nicolau era considerado a segunda maior autoridade do cristianismo de Anatólia e faleceu em 6 de dezembro 365 d.C., data em que se celebra o santo. Após sua morte, o povo da cidade construiu um monumento que depois se tornou uma grande basílica em cujas paredes estão retratados os milagres que se acredita serem realizados por São Nicolau.

A Igreja de São Nicolau, uma das obras essenciais da história da arte bizantina com acréscimos feitos no século 11, está entre os exemplos mais proeminentes do período bizantino.  A igreja, que está na Lista Provisória do Patrimônio Mundial da UNESCO desde 2000, é muito frequentada anualmente por inúmeros turistas locais e estrangeiros. A igreja é essencial não apenas por ser um centro histórico, mas também por ser um centro religioso e no passado era conhecida como um destino dos peregrinos que iam a Jerusalém vindos da rota do Mediterrâneo. Há também um sarcófago romano decorado com escamas de peixe e folhas de acanto, que se acredita ser de Nicolau e já os ossos que se acredita pertencerem a São Nicolau são exibidos no Museu de Anatolia.

Para mais informações sobre o destino, visite o site oficial do Turismo Turquia: Go Türkiye.

Novo santuário atrai 100 mil visitantes em sua abertura

Os números impressionam: uma área de 180 mil metros quadrados, dos quais 10.600 m2 de edificação que abrigam até 5 mil pessoas sentadas e 2 mil em pé, estacionamento para 200 ônibus e até mil carros.  Em seu primeiro mês de funcionamento o Novo Santuário de Santa Rita de Cássia já recebeu mais de 100 mil visitantes e caravanas de várias cidades do Brasil. Centenas de grupos já se organizam para visitar o espaço ainda em 2022.

Essas informações ganham ainda mais relevância quando se descobre que a cidade de Cássia, em Minas Gerais, cuja padroeira é Santa Rita, a quem o santuário é destinado, tem apenas 18 mil habitantes. Comerciantes da região entendem que a economia da cidade passará por uma significativa transformação e o turismo irá assumir protagonismo jamais imaginado. Redes hoteleiras dispostas a investir, assim como aumento na oferta de empregos. Mas também pudera, o projeto foi muito bem pensado. Não só se ergueu um espaço para missas, para um nome que tem forte apelo entre os brasileiros, mas também uma réplica da casa da santa, nascida em 1381, em Roccaporena, foi construída no sudoeste de Minas.

Santa Rita de Cássia é muito popular no país. E popularidade de santo no Brasil se mede com o número de igrejas dedicadas a ele, números de cidades que apadrinha e o número de imagens vendidas a cada ano. A santa italiana no Brasil ainda conta uma vantagem.  No Rio Grande do Norte, na cidade de Santa Cruz,  está localizada a maior estátua católica do mundo até então, que a representa  e foi inaugurada em 26 de junho de 2010.

Os motivos que tornaram Santa Rita muito querida dos católicos é, além dos inúmeros milagres a ela atribuídos, sua história. Foi uma mãe de família, teve seu marido assassinado, cuidou de leprosos, combateu a violência de seu tempo, viveu situações inexplicáveis e tem entre fiéis milhões de mulheres que se identificam com sua história. É considerada, assim como São Judas Tadeu, resolvedora de casos impossíveis, principalmente doenças muito graves.

O importante no turismo religioso é valorizar a narrativa, pensar no público alvo,  fortalecer o sentimento de pertencimento e oferecer experiências que vão além de celebrações pontuais.  Em todos esses aspectos, Cássia dá um banho de estratégia e planejamento. Um elemento importante é quando a cidade estabelece uma relação de irmandade com qualquer outra no mundo. A Cássia brasileira é irmã da Cascia italiana e com o santuário, torna-se o mais importante centro de devoção no país. Vale lembrar que os prefeitos católicos se valem da fé para firmar importantes alianças,  como, por exemplo, São Roque que a poucos quilômetros da capital paulista e com sua rota dos vinhos, tornou-se um município irmão de Montpellier, no ensolarado e badalado Sul da França.

O turismo religioso é uma ferramenta cada vez mais importante para fortalecimento de vínculos entre fiéis. O movimento neopentecostal cresceu nas periferias brasileiras porque estimulou uma rede de apoio que a Igreja Católica foi incapaz de oferecer no final dos anos 80, 90 e 2000.  Através das viagens, cada vez mais acessíveis, os católicos reavivam a fé, fortalecem narrativas e sentimento de pertencimento. Muitos destinos brasileiros deveriam olhar com mais cuidado para potencial que carregam. A fé remove montanhas.