Em nome de Hórus, Ísis e Osíris

Palavras, palavras. De Dalida a Cássia Eller- passando pelas duplas sertanejas- muita gente já percebeu que certos vocábulos são passageiros; modismos prestes a desaparecer antes de uma mudança de tarifa nos sites de companhias aéreas. Outros conceitos no turismo levam tempo para realmente serem compreendidos e assimilados. Um exemplo é a tal da viagem de experiência. Ora, toda viagem oferece experiência boa ou má. O uso dos adjetivos transformadoras ou inspiradoras faria muito mais sentido.  Entretanto, clichês imperam. Alguns palestrantes vêm, nos últimos anos,  limitando tais viagens apenas como enoturismo. Equívoco grandioso. Viagens esportivas, viagens românticas, viagens espirituais também são turismo de experiências, inspiradoras e muito transformadoras,  repletas de conteúdo, estórias em que os viajantes entram em contato com seu próprio universo interior.  

Nesse cenário, um psicólogo; um sociólogo apaixonado por gastronomia, e um publicitário, interessado por ocultismo, são responsáveis por traduzir com perfeição o que é realmente uma viagem transformadora. Criadores da plataforma CDH,  Bruno Lonaro, Otávio Albuquerque e Leo Lousada, fazem sucesso no YouTube, na 95,7 FM e agora no turismo. A mais recente viagem ao Egito que fizeram -com um grupo de 32 pessoas- foi acompanhada por milhares de pessoas interessadas em muito mais situações que fotos com camelos e pirâmides.

Em um bate papo eles nos contam quais ingredientes fizeram a experiência dar tão certo.

1. O que é o CDH? Ele existe desde quando? Qual a audiência de vocês?  

O Conhecimentos da Humanidade nasceu como um canal de YouTube em 2015 com a ideia de ser um espaço onde a gente pudesse falar sobre temas de história, psicologia, filosofia e autoconhecimento. 

Como os temas são bem diversos, nosso público também é, indo desde jovens adultos até pessoas com muitos anos de estrada na busca pelo saber!

Com o tempo, o projeto se expandiu bastante e fomos para além dos vídeos na internet: fizemos eventos presenciais, produzimos nosso próprio baralho de Tarot, criamos vários cursos digitais, estreamos um programa de rádio e, inclusive, começamos a fazer viagens pelo mundo, levando pessoas para uma viver uma experiência histórica ao vivo. Temos quase mais de meio milhão de seguidores.

2. Desde quando começaram a fazer viagens? 

Nossa primeira viagem foi em 2019, para a Índia, quando levamos 8 pessoas para uma jornada incrível por diversas cidades desse país tão rico em cultura e história. A vivência serviu como um ótimo teste para esse formato onde atuamos como uma espécie de “guias narrativos”, conduzindo a experiência das pessoas. A viagem seguinte, para o Egito, já foi pensada para ser bem maior, desta vez levando 32 pessoas, e deveria ter acontecido no começo de 2020 – no entanto, com a pandemia, nossos planos foram adiados um pouco. Mas felizmente conseguimos ir agora em junho de 2022 e foi incrível!

3. Quais os objetivos dessa viagem ao Egito?

Nossa ideia foi mostrar os incríveis tesouros históricos do Egito, passando, é claro, pelas pirâmides e pela esfinge, mas indo muito além disso, então visitamos inúmeros templos, um oásis gigantesco no meio do deserto de água cristalina, subimos (e descemos!) o belíssimo monte Sinai e até conhecemos a linda cidade litorânea de Sharm el Sheik.

Em meio a tudo isso, criamos uma espécie de jornada pessoal de autoconhecimento para os integrantes do grupo, onde a cada dia eram propostas algumas reflexões inspiradas na história de Ísis, Osíris e Hórus, três divindades egípcias. A ideia era que todos chegassem ao fim da viagem com belas memórias e, melhor ainda, levando para casa uma experiência de vida transformadora!

4. Que experiências espirituais vocês ofereceram aos viajantes?

Acreditamos que a espiritualidade é algo íntimo, pessoal, ou seja, cada um tem uma visão sobre o que é essa conexão ou como encara as experiências. Em nossas viagens, buscamos trabalhar com questões amplas, mas dando as ferramentas para que cada um possa trazê-las para sua individualidade. Usando um deck de Tarot que nós mesmos desenvolvemos, criamos uma jornada de autoconhecimento que é trabalhada entregando a cada dia uma carta diferente aos viajantes e propondo uma reflexão. Assim, trazemos algumas práticas para que as pessoas possam viver sua espiritualidade sem nenhuma imposição de crença. A ideia é que cada um experiencie processos de autoconhecimento, associados ao conteúdo histórico e mitológico que vivemos em cada país. 

5. Qual o perfil do grupo?

Bastante diverso! Uma das melhores partes da nossa viagem foi justamente a convivência com esse grupo, que se integrou de uma forma sensacional. Havia desde alguns pais com suas crianças até alguns integrantes mais velhos que sempre toparam todas as aventuras, fosse para atravessar o deserto e entrar em pirâmides, subir a trilha do Sinai ou mergulhar nas águas do oásis! Foi realmente uma viagem para a família toda.

6. Que outros destinos vocês pretendem trabalhar?

Devemos voltar ao Egito e à Índia em breve, mas temos também diversos outros roteiros que gostaríamos de fazer, como a cidade de Salém na semana do Dia das Bruxas, Peru, Grécia, Inglaterra, Espanha, México etc, sempre com esse viés histórico e mitológico para conhecer a fundo a cultura do local.

7. Além de uma experiência espiritual, que outros temas vocês abordam nas viagens?

Nossa ideia é proporcionar uma experiência transformadora de autoconhecimento, explorando o lado histórico, mitológico e cultural de todos os lugares pelos quais passamos. Mas tudo isso, é claro, sem deixar de curtir bons momentos de pura diversão, passeando pelas cidades, comendo em restaurantes, aproveitando as piscinas dos hotéis, brincando com o grupo e, como não poderia faltar, parando nos melhores lugares para fazer algumas comprinhas de presentes para nós mesmos e os amigos que ficaram em casa!

https://www.youtube.com/c/ConhecimentosdaHumanidade

Santa Terezinha e Brasil: um amor antigo

Para muitos estudiosos da ciência da religião, como Victor Turner, peregrinações fazem, às vezes o papel de ritos de passagem na modernidade. Na Igreja Católica, a peregrinação é também um elemento fundamental para aproximar fieis entre si e criar redes de amizade e apoio. Nas cidades menores, por exemplo, grupos de oração são criados a partir da visita de imagens de santos padroeiros às casas dos devotos. Trata-se também de uma forma de levar a fé para a casa das pessoas, e não apenas concentrá-la nas catedrais, igrejas e capelas. Usando uma referência de outra religião: se Maomé não vai a montanha, a montanha vem a Maomé. Mas tal ação não fica restrita a bairros. Algumas vezes, as relíquias de um santo católico  podem viajar o mundo para se aproximar de fieis impossibilitados de fazer longos deslocamentos.

Nesse sentido, o turismo católico já se movimenta para a vinda ao Brasil, em setembro próximo, do relicário de Santa Teresinha do Menino Jesus- ou de Lisieux, como é mais conhecida no resto do mundo. No dia 9 de setembro as relíquias serão expostas na Paróquia Santa Teresinha, no bairro Higienópolis, em São Paulo, permanecendo no local, para visita dos fiéis, até o dia 15 do mesmo mês. 

Em seguida, tem-se início a peregrinação e adoração no interior do estado, passando por 41 cidades, a começar pela Catedral Basílica Menor de São Bento, em Marília (SP), que recebe as relíquias em 16 de setembro, em celebração aos 70 anos de criação e instalação da Diocese da cidade. Grupos de outros estados e cidades próximas àquelas que fazem parte do roteiro já criaram pacotes turísticos para a ocasião.

Trata-se de mais uma ação bem sucedida da associação de cidades santuários da França. Entrevistei  Isabelle Quillet , do Santuário de Santa Teresa de Lisieux, e Sandrine Papini, gerente de promoção do Escritório de Turismo de Lisieux, para entender melhor a ação e a estratégia que elas têm para atrair mais turistas brasileiros para a cidade. Confira abaixo.

Passaporte de Fé:  Quantos brasileiros visitam o Santuário por ano?

IQ: Os brasileiros estão entre os três países que mais visitam o Santuário, ao lado de estadunidenses e italianos. Em  2017 tivemos 86 grupos, ou seja, 2.660 peregrinos brasileiros; em 2018 foram também 86 grupos, mas com 2.555 peregrinos brasileiros. Em 2019, observou-se  95 grupos, ou seja, 3.173 peregrinos brasileiros. Por conta da pandemia não houve grupos em 2020 e 2021. Neste ano já registramos 16 grupos inscritos desde o início do ano até 1º de julho (ainda não há outros), ou seja, 409 pessoas. É preciso lembrar que  9 destes 16 grupos foram ou serão orientados por Maria Rodrigues, guia brasileira do Santuário de Lisieux. É claro que não é possível contabilizar os visitantes individuais, mas sabemos que são também muitos.

Passaporte de Fé:  Como se explica essa ligação tão forte entre o Brasil e Teresa de Lisieux?

IQ: Tudo começou com a vinda do Padre Henri Rubillon ao Brasil no final do século XIX. A partir de 1913 ele começou a divulgar em Nova Friburgo os exemplos de vida e pensamentos de Santa Terezinha. As carmelitas brasileiras rapidamente sentem-se tocadas pela menina de Lisieux. Até que os católicos brasileiros oferecem uma linda arca feita de jacarandá para abrigar as relíquias de Santa Terezinha de Lisieux.

Nota da Redação; As freiras brasileiras, responsáveis pela educação de muitas jovens no início do século XX, foram as responsáveis por democratizar o culto a Santa Tereza.

Passaporte de Fé:  Quais são as relíquias que chegam ao Brasil?

IQ: O relicário que irá para o Brasil é uma cópia do relicário oferecido pelo Brasil. Ele só sai do Carmelo por ocasião das festas de Santa Teresa celebradas em Lisieux entre o último sábado de setembro e o fim de semana seguinte. É também este relicário que foi utilizado nas primeiras peregrinações das relíquias de Santa Teresa pela França, em 1945, 1946 e 1947, depois em 1995 e 1996. E é o relicário do Brasil que esteve, em 19 de outubro de 1997, em frente à Basílica de São Pedro em Roma e com o Papa João Paulo II para a proclamação do Doutorado de Santa Teresa. A presença do santo “através de seus restos mortais”, a oração em torno de seu relicário expressam a relação única que os fieis têm com ele. Ao venerar as relíquias, não se chega apenas a “lembrar” o santo, passa-se a conhecer uma personalidade ativa. As relíquias nos conectam aos santos, nos aproximam fisicamente deles, nos inspiram, nos desafiam.

Passaporte de Fé:  Além da experiência espiritual, o que é imperdível conhecer na região?

S.P.: De fato, Lisieux , por conta de sua localização geográfica, de sua arquitetura, de suas especialidades gastronômicas (queijos, sidra, calvados) e de suas paisagens verdes é o cartão postal da Normandia. Aqui não há poluição, não há trânsito. Por outra lado, encontra-se uma qualidade de vida rejuvenescedora e exótica para nossos amigos brasileiros. O acesso de trem, por estrada é fácil. É uma parada obrigatória entre Paris e Monte Saint-Michel. Aqui você tem que tomar seu tempo, fazer compras. Os brasileiros adoram passear por Lisieux e as aldeias próximas e comprar de pequenos comerciantes… Nosso patrimônio arquitetônico é riquíssimo: em cada esquina, castelos maravilhosos, mansões exuberantes, igrejas lindas em todas as aldeias. O clima é ameno, agradável o ano todo. O nosso destino é também o berço da criação de cavalos, com coudelarias de renome e outras familiares que preenchem a paisagem do campo de Pays d’Auge em torno de Lisieux.

Passaporte de Fé:  Vocês têm uma cidade irmã no Brasil?

S.P.: Não, não temos essa relação com uma cidade no Brasil, mas gostaríamos muito! Essa é uma ideia essencial. Os vínculos entre Lisieux e o Brasil são tão fortes que nos  parece natural poder se aproximar de uma cidade brasileira e assim criar vínculos, intercâmbios econômicos e turísticos, espirituais, culturais…

Passaporte de Fé:   Vocês trabalham em parceria com outro destino religioso francês?

S.P.: Trabalhamos com 19 cidades santuário na França graças à rede http://www.villes-sanctuaires.com.br .Christiane Chabes colaborou para que construíssemos este site dedicado ao mercado brasileiro. São propostos circuitos para conectar todos os destinos da associação, que podem ser contemplados em um vídeo inspirador. Reunimo-nos regularmente para promover o turismo espiritual na França, queremos ser a referência para este tema, a associação reúne grandes santuários como Lourdes, Lisieux, Le Mont Saint Michel, Alençon, Chartres, mas também os menores. Unimos nossas forças, nossas ideias, nossas experiências e conhecimentos para promover a espiritualidade e o turismo do nosso país.

Passaporte de Fé:   Quais serão as próximas ações no mercado brasileiro?

S.P.: Depois deste grande evento que é a vinda das relíquias de Santa Terezinha ao Brasil, esperamos receber jornalistas, operadoras e agências do Brasil em Lisieux.  Gostaríamos que os profissionais do turismo vivam a experiência de caminhar nas pegadas de uma das santas mais queridas na América do Sul, mas também para descobrir nosso belo território.

Veja abaixo o calendário de festividades no Brasil

Peregrinação das Relíquias da Santa Teresinha do Menino Jesus:

17 de setembro (sábado) – Paróquia Santa Cecília (Álvaro de Carvalho) 

18 de setembro (domingo) – Paróquia São Pedro (Garça)

19 de setembro (segunda-feira) – Irmãs Franciscanas de Cristo Rei (Garça)

20 de setembro (terça-feira) – Irmãs Franciscanas de Siessen (Garça)

21 de setembro (quarta-feira) – Paróquia Nossa Senhora de Lourdes (Garça)

22 de setembro (quinta-feira) – Santuário Sagrado Coração de Jesus (Vera Cruz)

23 de setembro (sexta-feira) – Mosteiro da Divina Misericórdia (Marília)

24 de setembro (sábado) – Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora (Avencas)

25 de setembro (domingo) – Paróquia Santa Rita de Cássia (Marília)

26 de setembro (segunda-feira) – Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe (Marília)

27 de setembro (terça-feira) – Paróquia Nossa Senhora de Fátima – Jóquei (Marília)

28 de setembro (quarta-feira) – Paróquia Nossa Senhora Rosa Mística (Marília)

29 de setembro (quinta-feira) – Paróquia Nossa Senhora de Fátima – Fragata (Marília)

30 de setembro (sábado) – Paróquia Nossa Senhora da Glória (Marília)

Dia de Santa Terezinha: 1 de outubro (sábado) – Santuário Nossa Senhora da Glória (Marília)

2 de outubro (domingo) – Paróquia Santa Isabel (Marília)

3 de outubro (segunda-feira) – Seminário Diocesano Rainha dos Apóstolos (Marília)

4 de outubro (terça-feira) – Clarissas (Marília)

5 de outubro (quarta-feira) – Paróquia Sagrado Coração de Jesus (Marília)

6 de outubro (quinta-feira) – Seminário São Pio X (Marília)

7 de outubro (sexta-feira) – Paróquia Santa Antonieta (Marília)

8 de outubro (sábado) – Paróquia Santa Edwiges (Marília)

9 de outubro (domingo) – Paróquia Sagrada Família (Marília)

10 de outubro (segunda-feira) – Paróquia São Miguel Arcanjo (Marília)

11 de outubro (terça-feira) – Paróquia São Sebastião (Marília)

Dia da Instalação da Diocese: 12 de outubro (quarta-feira) – Catedral Basílica de São Bento

13 de outubro (quinta-feira) – Paróquia São Judas Tadeu (Marília)

14 de outubro (sexta-feira) – Missão Louvor e Glória (Marília)

Dia dos professores: 15 de outubro (sábado) – Colégio Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus (Marília)

16 de outubro (domingo) – Instituto das Missionárias de Nossa Senhora de Fátima (Marília)

17 de outubro (segunda-feira) – Irmãos do Sagrado Coração de Jesus (Marília)

18 de outubro (terça-feira) – Paróquia Santo Antônio (Marília)

19 de outubro (quarta-feira) – Paróquia São João Batista (Marília)

20 de outubro (quinta-feira) – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Oriente)

21 de outubro (sexta-feira) – Paróquia Nossa Senhora do Rosário (Pompéia)

22 de outubro (sábado) – Irmãs Franciscanas Alcantarinas (Pompéia)

23 de outubro (domingo) – DNJ e Infância Missionária (Marília)

24 de outubro (segunda-feira) – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Paulópolis)

25 de outubro (terça-feira) – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Quintana)

26 de outubro (quarta-feira) – Paróquia Sant’Ana (Herculândia)

27 de outubro (quinta-feira) – Irmãs de Nossa Senhora de Fátima – Hospital São José (Herculândia)

28 de outubro (sexta-feira) – Paróquia São Pedro Apóstolo (Tupã)

29 de outubro (sábado) – Irmãs dos Pobres de Santa Catarina de Sena (Tupã)

30 de outubro (domingo) – Paróquia São José (Tupã)

31 de outubro (segunda-feira) – Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora (Tupã)

1 de novembro (terça-feira) – Paróquia São Judas Tadeu (Tupã)

3 de novembro (quinta-feira) – Paróquia Senhor Bom Jesus (Arco-Íris)

4 de novembro (sexta-feira) – Paróquia São Luiz Gonzaga (Iacri)

5 de novembro (sábado) – Paróquia São Francisco Xavier (Bastos)

6 de novembro (domingo) – Paróquia Imaculada Conceição (Parapuã)

7 de novembro (segunda-feira) – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Rinópolis)

8 de novembro (terça-feira) – Santuário São José (Osvaldo Cruz)

9 de novembro (quarta-feira) – Irmãs Missionárias dos Sagr. Corações de Jesus e Maria (Osvaldo Cruz)

10 de novembro (quinta-feira) – Paróquia São Benedito (Sagres)

11 de novembro (sexta-feira) – Paróquia São João Batista (Salmourão)

12 de novembro (sábado) – Paróquia Imaculado Coração de Maria (Inúbia Paulista)

13 de novembro (domingo) – Paróquia Sagrada Família (Lucélia) e visita à Penitenciária de Lucélia

14 de novembro (segunda-feira) – Irmãs de São José de Cluny (Lucélia)

15 de novembro (terça-feira) – Paróquia Santa Luzia (Pracinha)

16 de novembro (quarta-feira) – Paróquia Imaculada Conceição (Mariápolis)

17 de novembro (quinta-feira) – Paróquia Nossa Senhora de Fátima (Adamantina)

18 de novembro (sexta-feira) – Associação e Fraternidade São Francisco de Assis – Santa Casa (Adamantina)

19 de novembro (sábado) – Paróquia Santo Antônio (Adamantina)

20 de novembro (domingo) – Paróquia São Francisco (Adamantina)

21 de novembro (segunda-feira) – Comunidade Alfa e Ômega (Adamantina)

22 de novembro (terça-feira) – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Flórida Paulista)

23 de novembro (quarta-feira) – Paróquia Nossa Senhora das Graças (Pacaembu)

24 de novembro (quinta-feira) – Paróquia Santa Genoveva (Irapuru)

25 de novembro (sexta-feira) – Paróquia São José (Flora Rica)

26 de novembro (sábado) – Paróquia Santo Antônio (Junqueirópolis)

27 de novembro (domingo) – Santuário Nossa Senhora de Fátima (Dracena)

28 de novembro (segunda-feira) – Sociedade Irmãos da Misericórdia (Dracena)

29 de novembro (terça-feira) – Paróquia São Francisco de Assis (Dracena)

30 de novembro (quarta-feira) – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Dracena)

1 de dezembro (quinta-feira) – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Ouro Verde)

2 de dezembro (sexta-feira) – Paróquia Nossa Senhora da Glória (Tupi Paulista)

3 de dezembro (sábado) – Paróquia Santa Cecília (Monte Castelo)

4 de dezembro (domingo) – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Nova Guataporanga)

5 de dezembro (segunda-feira) – Paróquia São João Batista (São João do Pau D’Alho)

6 de dezembro (terça-feira) – Paróquia Nossa Senhora das Mercês (Santa Mercedes)

7 de dezembro (quarta-feira) – Paróquia São Pedro (Paulicéia)

8 de dezembro (quinta-feira) – Paróquia São José (Panorama)

9 de dezembro (sexta-feira) – Diocese de Presidente Prudente

10 de dezembro (sábado) – Diocese de Assis

11 e 12 de dezembro (domingo e segunda-feira) – Diocese de Bauru

Encerramento da Peregrinação:

Missa: 13 de dezembro de 2022 (terça-feira).

Paróquia São José de Osvaldo Cruz, 20h00.

Mais informações: https://www.therese-de-lisieux.catholique.fr/evenement/voyage-des-reliques-au-bresil/

Novo santuário atrai 100 mil visitantes em sua abertura

Os números impressionam: uma área de 180 mil metros quadrados, dos quais 10.600 m2 de edificação que abrigam até 5 mil pessoas sentadas e 2 mil em pé, estacionamento para 200 ônibus e até mil carros.  Em seu primeiro mês de funcionamento o Novo Santuário de Santa Rita de Cássia já recebeu mais de 100 mil visitantes e caravanas de várias cidades do Brasil. Centenas de grupos já se organizam para visitar o espaço ainda em 2022.

Essas informações ganham ainda mais relevância quando se descobre que a cidade de Cássia, em Minas Gerais, cuja padroeira é Santa Rita, a quem o santuário é destinado, tem apenas 18 mil habitantes. Comerciantes da região entendem que a economia da cidade passará por uma significativa transformação e o turismo irá assumir protagonismo jamais imaginado. Redes hoteleiras dispostas a investir, assim como aumento na oferta de empregos. Mas também pudera, o projeto foi muito bem pensado. Não só se ergueu um espaço para missas, para um nome que tem forte apelo entre os brasileiros, mas também uma réplica da casa da santa, nascida em 1381, em Roccaporena, foi construída no sudoeste de Minas.

Santa Rita de Cássia é muito popular no país. E popularidade de santo no Brasil se mede com o número de igrejas dedicadas a ele, números de cidades que apadrinha e o número de imagens vendidas a cada ano. A santa italiana no Brasil ainda conta uma vantagem.  No Rio Grande do Norte, na cidade de Santa Cruz,  está localizada a maior estátua católica do mundo até então, que a representa  e foi inaugurada em 26 de junho de 2010.

Os motivos que tornaram Santa Rita muito querida dos católicos é, além dos inúmeros milagres a ela atribuídos, sua história. Foi uma mãe de família, teve seu marido assassinado, cuidou de leprosos, combateu a violência de seu tempo, viveu situações inexplicáveis e tem entre fiéis milhões de mulheres que se identificam com sua história. É considerada, assim como São Judas Tadeu, resolvedora de casos impossíveis, principalmente doenças muito graves.

O importante no turismo religioso é valorizar a narrativa, pensar no público alvo,  fortalecer o sentimento de pertencimento e oferecer experiências que vão além de celebrações pontuais.  Em todos esses aspectos, Cássia dá um banho de estratégia e planejamento. Um elemento importante é quando a cidade estabelece uma relação de irmandade com qualquer outra no mundo. A Cássia brasileira é irmã da Cascia italiana e com o santuário, torna-se o mais importante centro de devoção no país. Vale lembrar que os prefeitos católicos se valem da fé para firmar importantes alianças,  como, por exemplo, São Roque que a poucos quilômetros da capital paulista e com sua rota dos vinhos, tornou-se um município irmão de Montpellier, no ensolarado e badalado Sul da França.

O turismo religioso é uma ferramenta cada vez mais importante para fortalecimento de vínculos entre fiéis. O movimento neopentecostal cresceu nas periferias brasileiras porque estimulou uma rede de apoio que a Igreja Católica foi incapaz de oferecer no final dos anos 80, 90 e 2000.  Através das viagens, cada vez mais acessíveis, os católicos reavivam a fé, fortalecem narrativas e sentimento de pertencimento. Muitos destinos brasileiros deveriam olhar com mais cuidado para potencial que carregam. A fé remove montanhas.

Expresso de Hogwarts na grande São Paulo

Santo André  tem vocação turística? Veja bem, não estou falando do vilarejo em Santa Cruz Cabrália, na Bahia, mas da cidade que faz parte do ABC paulista. Pare, reflita e pesquise antes de responder com um sonoro não.  Há sim, potencial turístico no município em que nasceu a CVC. No último 13 de maio, Paranapiacaba, distrito de Santo André, recebeu a 17ª edição da maior convenção de bruxas & magos da América Latina. Moradores da região pareciam estar em cenas de filme. Homens e mulheres – alguns vestidos com capas medievais, chapéus pontudos e roupas de época, praticantes de religiões neopagãs, ufólogos e demais místicos se encontraram para uma série de rituais, palestras, cursos e apresentações artísticas.

Os hotéis da região, assim como restaurantes e o comércio local adoraram.  Mas não é a primeira vez que o encontro acontece, embora por conta da pandemia, a cidade deixou de receber a convenção nos últimos 2 anos. Desde que a Associação Brasileira de Bruxaria elegeu uma casa histórica na região como sede, Paranapiacaba entrou na rota de magistas de todo o mundo.

Segundo o censo de 2010, 640 mil brasileiros disseram ser praticantes de “outras religiões” que não as tradicionais – católicos, protestantes, judeus, muçulmanos, espíritas kardecistas, umbandistas e candomblecistas. É claro que nem todos esses indivíduos são praticantes da wicca, religião que surgiu na década de 1950, tampouco fazem de outras tradições neopagãs. Mas o número de wiccanos, segundo alguns estudos acadêmicos não para de crescer.

Reportagem publicada no jornal O Globo, em 2020, aponta que o Brasil teria 300 mil bruxos, segundo a União Wicca do Brasil, dos quais 40 mil estariam no estado do Rio de Janeiro e 20 mil em São Paulo. Em sua maioria, millenials e geração Z. Tal informação se mostra coerente com uma matéria publicada há duas semanas na Folha de S.Paulo. O jornal aponta que o número de jovens entre 16 e 24 de outras religiões é maior que os de católicos e evangélicos nos dois estados.

A convenção em Paranapiacaba ganhou projeção midiática. A prefeitura de Santo André explicou seu apoio como ferramenta de uma estratégia de turismo segmentado.  Nesse sentido, reforço que turismo religioso se dá em várias frentes e tradições. Não apenas naquele voltado para cristãos. Praticantes da wicca, segundo pesquisas, têm alto poder aquisitivo, são early adopters de novas tecnologias, viajam em grupos para EUA e Inglaterra, além de fecharem pousadas no interior do pais e no litoral para prática de rituais.

No entanto, ainda há pouca profissionalização neste tipo de turismo, o que não deixa de indicar excelente potencial para pioneiros. Empreendedorismo não tem mágica. Sucesso vem da observação de oportunidades antes dos outros, estudos de mercado, planejamento e trabalho. Sorte é quando o espírito visionário identifica possibilidades, coragem e transpiração. Sem preconceito.

São Thomé das Letras: só vendo pra crer

Até o século XVIII, a área hoje conhecida por São Thomé das Letras abrigava aldeias indígenas que foram expulsas por bandeirantes. O município com pouco mais de 7 mil habitantes localiza-se no Sul de Minas Gerais, a 346 km de Belo Horizonte e 347 km da cidade de São Paulo e tornou-se referência internacional em turismo esotérico.

A atividade principal da cidade é extrativista, com imponente pedreira. A pouco mais de 1,4 mil metros acima do nível do mar, São Thomé é uma típica cidade serrana edificada sobre um largo depósito mineral de quartzito.

Para quem não sabe, utiliza-se esse mineral ao redor das piscinas. E são as pedras , fartamente utilizadas nas construções da cidade, que fortalecem a imagem de um destino esotérico. Igrejas, ruas, casas e até uma pirâmide foram construídas com esse material. Contudo o turismo têm uma importância irrefutável para a economia.

Embora seu centro histórico seja tombado como Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, não é a história que torna a cidade tão famosa, mas sua aura mística que atrai até 4 mil turistas em um final de semana. Diz a lenda que o fazendeiro João Francisco Junqueira- cujo escravo João Antão recebera uma carta de alforria do santo católico – é o fundador do município . Justifica-se a expressão “das letras”, por vestígios rupestres vermelhos encontrados na gruta onde o escravo liberto se deparou com o santo.

O milagre? Storytelling

Thomé foi o discípulo de Jesus que só acreditava vendo. E só um milagre explica que a pequena cidade se tornou essa referência em turismo espiritual. Não se sabe ao certo como ela se transformou em uma referência para  esse segmento. Apesar da estória de João Antão, não houve nenhuma aparição mariana ou milagre que justificasse esse destino. Fato que ela reúne tudo o que os novaeristas adoram: pedras, grutas, cachoeiras, relatos de OVNIs e mistérios.

Há quem acredite que portais ligam São Thomé a Machu Picchu. No meio esotérico se diz que ela é um dos 7 chakras (ponto de força) do planeta. Uma possível explicação é que São Thomé se tornou um destino turístico após a década de 1960, quando artistas e comunidades alternativas lá chegaram. O artesanato, com forte influência hippie, está presente em todo o comércio local.  De forma análoga, Embu das Artes, em São Paulo, também recebeu esse público nos anos 1970 e 1980 e ainda assim, não se tornou o que é sua versão mineira.

Pousadas recebem praticamente em todos os finais de semana grupos de ufólogos, bruxos, esotéricos para vivências e rituais. Há estadas mais longas e mesmo wiccanos celebram lá seus casamentos. É comum ver pessoas vestidas como figurantes do Senhor dos Anéis, em determinados períodos do ano. Mas a filosofia élfica para por aí. Nada de lutas. Uma coisa é certa: lá as pessoas levam ao pé da letra a expressão paz e amor. Os índices de violência são baixos. As pessoas buscam experiências transformadoras. Querem sair da rotina, do estresse. Embora os jovens sejam maior parte dos turistas, a vida noturna é bem distinta das grandes capitais. Além dos bares, sempre com nomes alternativos, à noite, grupos se reúnem para observar possíveis OVNIs. Detalhe: Varginha, famosa por seu ET, fica a 50 km do município.

Estrela do turismo mineiro

A saber, no ano passado, o Observatório de Turismo de Minas Gerais publicou em seu relatório que o destino mineiro mais procurado no pós-pandemia foi São Thomé das Letras. Em maio de 2021 a cidade havia recuperado o movimento de 2019.

É claro que nem todo mundo que vai a cidade acredita em extraterrestres, elementais da natureza e bruxaria. Muita gente busca o turismo ecológico e o turismo de aventura, também muito fortes na região. As cachoeiras são belíssimas e muito instagramáveis. Poucos são os turistas que não acham divertidas e curiosas as narrativas espirituais. E é aí que mora a magia do posicionamento do destino. Tudo faz parte da experiência da cidade, como almoçar no restaurante O Alquimista. Além disso, não há como fugir de cristais, camisetas com temáticas orientais e incensos para levar como recordação da viagem.

A expressão “eu não creio em bruxas, mas que elas existem, elas existem” faz todo sentido nesta parte do sul de Minas.

o turista religioso pode ser jovem e esportista também

Falsos deuses, mitos ou preconceitos?

Mitos são essenciais quando se fala de religião. Mas passam longe quando o assunto é decisão em negócios e estudos de mercado. Falar de turismo espiritual exige observação, pesquisas e muita reflexão.  Esqueça a imagem de freiras, padres e casais idosos em viagens de ônibus  visitando igrejas do interior para pagar promessas como retrato único deste segmento. Ele é múltiplo e complexo, como a fé dos brasileiros, mas, diga-se de passagem, altamente lucrativo.

Há que se entender primeiramente que turismo religioso pode se compor com outras modalidades, como gastronômico, cultural e até esportivo – de caminhadas, cavalgadas até escaladas. Não é uma atividade única, isolada. Eis o primeiro mito: tal modalidade assume ora a posição de protagonista, ora a posição de coadjuvante.

Quantos turistas, não religiosos, visitam catedrais góticas e igrejas barrocas na Europa, ou mesmo em Minas Gerais e Bahia? Quantos brasileiros na Ásia não foram conhecer templos budistas ou hindus mesmo nunca tendo ouvido falar de Krishna ou sutra? Sem deixar de mencionar as visitas a mesquitas no Oriente Médio, Norte da África e Espanha.

O advogado do diabo dirá: mas não houve motivação religiosa, apenas cultural. Mas ainda assim tais espaços não perderam seu status de local sagrado onde ritos acontecem. Nessas ocasiões o turismo religioso é chamado de coadjuvante mesmo movimentando, de forma significativa, a economia local. No entanto, que mais nos interessa, é quando a religião assume o protagonismo em uma viagem.  E nesse sentido, é preciso quebrar um segundo mito: tais viagens nem sempre são feitas por fiéis praticantes.

O crescimento dos “sem religião”

Muitos fundamentalistas religiosos não gostam de mencionar, mas na Europa, na América do Norte e mesmo no Brasil, pesquisas indicam que percentualmente, o número de pessoas “sem religião” é o que mais cresce. Ainda que movimentos pentecostais e neopentecostais ocupem mídias e mesmo posições importantes políticas, o crescimento não tem sido tão vigoroso como foi nos anos 90 e início dos anos 2000. Já aqueles que não se identificam com uma fé específica não para de crescer. É o que chamamos de novo movimento de secularização. 

Lembro: não estamos falando de crescimento absoluto, mas aumento relativo, percentual. E pessoas que se dizem “sem religião” não são necessariamente ateístas. Essa última categoria também está presente nesta segmentação mas não é a mais importante.

Pessoas sem religião podem ser aquelas que, em um movimento influenciado por aquele da Nova Era criam suas práticas religiosas de forma muito pessoal, não assumindo rótulos e compromissos com uma tradição específica. É a tal da espiritualidade independente.

São indivíduos que nasceram em um lar católico ou protestante, por exemplo, mas tomam passe no centro espírita vez ou outra, estudam Cabala, praticam Yoga, usam branco no réveillon porque traz boas energias. Podem ser os que não dispensam um tarô, como curiosidade -claro, ou ainda que correm para um terreiro quando a coisa aperta.

Há também os que buscam o self, o tal autoconhecimento. E para isso procuram rituais xamânicos, peregrinações a Santiago de Compostela ou meditação na Ásia.  Para eles, a viagem espiritual é a tal da experiência transformadora sem passar por nenhum processo de iniciação. Não querem ter vínculos religiosos. Querem apenas uma vivência transcendental. Desconectada da rotina. Usam expressões como “recarregar baterias”, “silêncio interior”, pagando caro por tal jornada e assim, destruindo o terceiro mito: a de que turismo religioso tem ticket médio baixo.

Turismo de experiência: muito além do vinho

Há um equívoco ao se associar o turismo de experiência apenas com enogastronomia ou esportes. Ou ainda crer que grupos religiosos são católicos para Roma ou evangélicos para Israel. A maioria desses turistas hoje deseja um processo de desintoxicação emocional, física e mental .

É claro que trabalhar com tal mercado exige conhecimento. Não dá para uma pousada no interior de São Paulo, como ouvi recentemente, receber certos grupos de yoga e servir presunto no café da manhã e carne no jantar. Quando eu era gerente de marketing na marca Sofitel criei amenities para muçulmanos, bússolas nos quartos, tapete individual para orações e o Alcorão no lugar da Bíblia.  Fidelizamos muitos clientes corporativos. Mas não é disso que estamos falando: clientes fiéis?