Home do Blog » Dia a dia » ODD FEELINGS
Dia a dia

ODD FEELINGS

30 mortos no Iraque. Onde já morreram milhares. Virou notícia rotineira e essas 30 mortes não nos chocam mais – mas deveriam. A defesa nos faz pensar no Iraque como algo distante, outro mundo. E choramos bem mais as mortes próximas. Como cuidamos bem mais de quem está perto da gente.

 

Mas não é globalizado o mundo? O vírus da influenza que peguei veio de algum lugar distante, assim como bem longe alguém precisa da minha impotência em ajudar. O paradoxo do mundo sem sentido.

 

A política brasileira quer isso, nos distanciar. Não há um só corrupto, não há só um ato. Há uma rotina, há listas e mais listas, há entrelinhas e ritos que, não sejamos hipócritas, matam. Matam cidadãos brasileiros. Para cada milhão de reais roubados, desviados, surrupiados, depositados em contas suspeitas no Exterior, quantos brasileiros morrem? Pense em quantos vocês já mataram… Pensem em como estamos anestesiados.

 

Aos que querem apenas viajar, unir a família e viajar, pegar na mão do amor da sua vida e viajar, sair sozinho por aí e viajar… o que resta a não ser lutar contra tudo isso que quer contaminar a vida, a rotina, a capacidade de reação?

 

Ser pessimista não ajuda. Ser otimista pode ajudar aqueles que matam. A realidade nos escapa… O que esperar? Como agir de forma diferente a não ser de mãos dadas?

 

(PESSIMISTA)
Nada tínhamos e a felicidade que nos invadia nos fazia ser donos de tudo, do nosso mundo

Até de nossos destinos

Até da fórmula da vida eterna.

 

Continuamos a nada ter e a ilusão agora é daninha. Ela nos congela. Ela nos leva ao precipício.

Somos ansiosos e infelizes e acreditamos precisarmos sempre de mais.

Busca que nunca acaba. Mas conosco um dia finda.

 

Eu era criança e o sonho era beijar os lábios da menina que fugia de mim sorrindo.

Adulto, eu devoro zumbis.

 

Eu era pequeno e o avião que eu observava de longe esperaria por mim.

Homem, eu tenho medo de voar. Até com minhas próprias asas.

 

Não pensávamos, então, em fazer o mal; e hoje nos trancamos em casa ou nos omitimos.

 

Não pediam nossa opinião, mas fazíamos questão de registrar em alto e bom som. Hoje pedem nosso voto e queremos anular.

 

Não havia perigo, porque tomavam conta de nós. Agora há silêncio e vazio. Dor no umbigo. E uma liberdade que nos assusta.

 

(REALISTA)

Não sabíamos se aquele beijo nos trazia amor ou falsidade. Hoje, só beijamos quem queremos. E demoradamente.

 

Não tínhamos certeza se assunto de adulto era bom ou ruim. Agora, queremos falar seriamente e depois rir de nós mesmos.

 

Não conseguíamos independência e a família era nosso perímetro. Atualmente, corremos juntos e levamos para a cama (e para a casa) somente aqueles que escolhemos.

 

Não conhecíamos, apenas suspeitávamos. Não queríamos, apenas éramos desejados. Não corríamos, brincávamos.

 

(OTIMISTA)

Hoje, amai-vos. Amai-me. Amados.

 

OU NADA DISSO

 

Deixe sua Avaliação

Votos: 0 / 5. Total de votos: 0

Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

Clique para comentar

Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

O conteúdo dos blogs é de inteira responsabilidade dos blogueiros convidados, não representando a posição da PANROTAS Editora.

Instagram

Connection error. Connection fail between instagram and your server. Please try again

Posts Recentes