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Dia a dia

OLHO POR OLHO

(foto Agência Brasil)

 

Dia histórico, tempos históricos. Não importam os caminhos, as punições contra quem rouba o País devem continuar. Nunca teremos, como nenhuma nação tem, políticos 100% honestos, 100% focados no desenvolvimento do Brasil. Mas se já tivermos políticos com medo, com receio de caírem na tentação (ou no que imaginam ser o ato natural – roubar), com dever de prestar contas, já teremos dado um importante passo.

 

No mínimo vimos uma presidente da República que não sabe fazer política, pois o impeachment está sendo liderado não pela oposição, mas pelo seu antigo maior aliado, o PMDB, que, se assumir o governo, já chegará sabendo que operações da Polícia Federal devem, têm, precisam continuar. Doa a quem doer.

 

Em um meio em que parece que todo mundo deve, ficar calado não é omissão: é erro, é assumir culpa, é fraqueza.

 

Não importa quem vem por aí, se ela fica, se ela sai. O País tem de ser gerido com responsabilidade e não com o assassinato da população por falta de segurança, saúde, emprego, educação… Do mensalão ao petrolão tentaram nos dizer que era tudo normal. Não é não. E se a presidente não tomou as atitudes, vai pagar por isso como membro do mesmo balaio de gatos. Se a presidente for honesta, isso será provado. Boa administradora já vimos que não é. Inclusive demorou a admitir erros do governo e que a situação estava beirando o abismo. E hoje quem lhe dá na cara, antes lhe beijava o rosto. E vice versa.

 

Culpa do PMDB? Era aliado do governo. Culpa do PT? É a base do governo. Culpa do Lula? É quem fez e elegeu Dilma. Culpa da imprensa? Ora façam o favor… A imprensa está inventando as delações? Culpa de quem pagou propina? Com certeza? Culpa de quem pagou e acobertou? Idem. Culpa do sistema? Também. Culpa da anestesia geral que nos aplicam há anos? Idem. Idem. Culpa de quem votou? Sim e não. O nível da maioria da população pode ser visto na fala dos deputados que a representa. Nem todo mundo sabe falar a língua, conjugar verbos, citar figuras históricas, nomear países e governos no Exterior, fazer contas a não ser a do final do mês… Sem educação, não há voto bom e consciente. Sem comida na mesa, migalhas são bem vindas. Só culpa? Claro que não. Há muito sendo feito. Só que nesses tempos, o mau exemplo salta aos olhos e brilha nas manchetes. Reforma política já. Culpar o povo não me parece …justo (ou apropriado), especialmente os mais pobres e pouco educados.

 

O que vimos no discurso dos deputados, que deveriam dizer “sim” ou “não” ou no máximo dizer uma frase construída com lógica e argumentos, foi de chorar… rios de lágrimas. Beijos pros filhos, pros netos, pras tias… Beijos pra torturadores do antigo regime militar!!! Deus nunca foi tão invocado. Quem fala em nome de Deus? E também Platão, Ulysses, Eduardo Campos, Brizola, Teotônio Vilella, o meu povo, meu Estado, minha cidade, meu suplente… Votaram Maluf, Bolsonaro, Jean Wyllis, Chico Alencar, Otávio Leite, Feliciano, Tiririca, Cunha, Jandira Feghalli, filhos de políticos das antigas, gente com força regional… Muita gente diferente e com falas muito erradas pra esse momento. Nunca ouvi tanto português errado, falta de raciocínio lógico e egos por estar aparecendo em rede nacional na Globo (e dizem que a audiência do Programa Silvio Santos estava tão boa quanto… não seria melhor ir lá tentar o jogo dos pontinhos? Ok, ganhar R$ 100 no aviãozinho do Silvio é pouco. Muito pouco. Entendo).

 

Mas não dá para aceitar estarmos tão mal representados, do presidente ao vereador. Por isso bato tanto na tecla da importância da política associativa. Tudo começa ao seu lado, no que te afeta mais. Não importa quem é o presidente da sua associação? Quem é seu vereador? Seu deputado federal? Ele votou bem ou você nem se lembra dele?

 

O governo perdeu por méritos seus e do PMDB. A oposição seguiu o vento. Eu não vejo os líderes (que estão aí, com certeza, e são novos, jovens) que nos salvarão. Talvez seja melhor o mandato tampão de Temer (e Henrique Alves promete voltar – será que no Turismo, ou em um ministério… melhor?) até que esses novos líderes apareçam. Precisamos de um sopro de confiança, de investimentos, de economia girando, de fôlego… Eleições imediatas, uma ideia boa e constitucional caso todos sofram impítiman (há essa possibilidade), desanimam pois não vemos os líderes que nos levarão a tempos melhores. Marina, Aécio, Alckmin, Eduardo Paes (e eu queria ter uma casa em Maricá…)? Quem mais?

 

Há salvação. Só não estou vendo os salvadores. Por isso há pressa (a economia está parada e todos segurando seus investimentos e planos) e não há pressa (eleições amanhã nos fariam decidir bem? Por quem? Qualquer um menos ela? Não é bem assim…). O período é longo e passa pela democracia: falar e ouvir com respeito. Punir quem rouba. Punir, de diversas formas, como na urna, quem administra mal.

 

Quem vai ser seu próximo prefeito? E vereador? Não interessa ou tudo interessa e os novos tempos têm de fiscalizar tudo e todos e finalmente colocar a máquina para servir o Brasil e não a poucos e (nada) bons?

 

Dia histórico, mas apenas mais um dia. A mudança do País será lenta e gradual e depende de todos nós. Todos incluindo os que não têm essa clareza de pensamentos que achamos que temos? As realidades do Brasil são muitas (olhem os deputados e seus discursos na hora de votar). E incluir todos no debate é algo que beira o impossível e pode gerar esses ódios e reações absurdas que vimos dos dois lados ultimamente (pré e contra governo). Dá para ser contra sem ódio e a favor sem colocar propina no bolso.

 

E nos Estados Unidos? Vai dar Hillary ou Trump?

 

E o Panamá? Você também tem conta no Exterior?

 

Quem você conhece da lista da Lava Jato? O que você faria se fosse chamado de ladrão e canalha por seus pares durante a votação? Clima pesado entre nossos representantes. Nossos?

 

Não se desespere. Mudar é assim mesmo. Correm-se riscos. Mas não o de andar para trás. Espero.

 

Dia histórico. Esperemos os próximos.

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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