A hotelaria vive um dos dilemas mais interessantes (e angustiantes) em nossa indústria. No mundo e também no Brasil, sendo que aqui com certo atraso.
Desde o boom de flats e apart-hotéis em São Paulo na década de 1990 não se via uma situação tão peculiar e repleta de escolhas que podem ser decisivas. Some-se a isso a crise econômica do País, a falta de turistas estrangeiros (e aqui falo de robustez de números e não de seis milhões que muito destino mediano recebe sem fazer muito esforço), o aumento da oferta pós-Copa (BH e Brasília que o digam) e pós-Olimpíada (como ficará o Rio e especialmente a Barra da Tijuca de outubro em diante), a concorrência séria do Airbnb, o corte de custos dos viajantes corporativos…
A situação peculiar passa pela decisão estratégica de como distribuir seu produto. Há alguns anos, as OTAs eram a salvação total. Hoje, não é bem assim. Culpa de quem? De quem entregou tudo ao poder de distribuição das agências on-line e não apostou na multicanalidade? Culpa do turista é que não, pois ele compra onde vê mais vantagens.
Para uma rede global como a Marriott ou a Best Western fica mais fácil dialogar com as OTAs (passado o período ostentação, que lá fora também ocorreu) e saber em que momentos e tarifas elas conseguem somar. Fica mais fácil também oferecer benefícios para a compra nos sites ou apps das próprias redes. E ainda trabalhar com outros intermediários, dependendo do nicho do hóspede: corporativo, com as TMCs, lazer com as operadoras e os brokers, testes nos canais alternativos…
No Brasil, 80% da hotelaria é independente. Como não depender das OTAs? Mesmo redes menores. O CEO da Sabre Corporation, Tom Klein, disse que as OTAs não são empresas de hotelaria e sim de marketing digital. Chegam a gastar 15 vezes mais que uma rede com as ferramentas do Google para atrair hóspedes em potencial. As OTAs se diferenciam por serem especialistas em seus clientes e no Turismo e com isso tentam barrar gigantes como Google, Apple, Facebook. É pressão por todo lado.
O Sabre, puxando a sardinha um pouco pro seu lado, acredita que este é um momento propício para as TMCs e as agências de lazer de nicho. Elas têm um cliente que as OTAs e que a venda direta não tem. Pesquisa que vamos publicar nos próximos dias mostra que 30% dos millennials procura agências de viagens.
Enfim, a hotelaria está incomodada com a atuação das OTAs, como vimos nestes dias, e, além da questão da quantidade de hotéis independentes, vale citar a fragmentação da representatividade dos hoteleiros (há diversas entidades falando quase a mesma coisa) para deixar o setor ainda mais inseguro e insatisfeito com algumas questões de mercado.
Na próxima semana, traremos uma reportagem no Jornal PANROTAS sobre o tema. Quer colaborar? Envie e-mail para a gente (artur@panrotas.com.br).
O debate é necessário.
(crédito foto: Dreamstime)
Meu nome é Enoque Almeida. Sou de Salvador, terra da felicidade, situada num estado de espírito chamado Bahia.
Fui diretor para Hotéis Econômicos da ABIH/Nacional e Bahia por dez anos consecutivos e hoje dirijo um grupo de Whatsapp com mais de 200 pousadas e pequenos hotéis de Salvador intitulado de “PEQUENOS HOTÉIS NOTA 10!” é gostei muito desta reportagem.
Dizem que eu entendo de Hotéis Econômicos deste Brasil!
Estou, neste momento, transmitindo para todos a sua matéria.
A corda esticou demais? – Sem reserva https://t.co/RIcQ0JWm2o