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A CULPA É DA COPA? OU DAS ESTRELAS?

O Brasil não cresceu no primeiro semestre. A culpa, segundo o ministro Guido Mantega, foi a Copa do Mundo. A feira da Avirrp teve 41% menos agentes de viagens este ano, caindo de sete mil (número já impressionantemente questionável) para 4,1 mil. A culpa? A Copa do Mundoe  ainda as eleições. Ano atípico, segundo o presidente da Avirrp, Emerson da Silveira. As viagens domésticas também caíram no primeiro semestre, especialmente no último trimestre e a culpada, claro, foi a Copa do Mundo e não os altíssimos preços disponíveis em março e abril para a época da Copa. Se teve companhia aérea colocando “teto” de R$ 1 mil em uma perna aérea, me diga quem não se assustaria? No final, o quilo do tomate era alardeado a R$ 69. Quer dizer, o bilhete aéreo…

O modelo feira está desgastado no Brasil e no mundo, mas a culpa para cada vez menos participantes é a Copa??????????? Achei corajoso a Avirrp ter divulgado essa queda gigantesca? Nunca confiei e continuo não confiando em números de feiras de turismo no País – qualquer uma delas. Falta um perfil dos visitantes, falta eles passarem pelos estandes (pois os expositores reclamam), faltam encontros de negócios, falta qualidade e não quantidade.

O modelo que vai substituir as feiras é uma evolução das capacitações-viagens técnicas que já existem atualmente. Sempre uso o caso da Nascimento Turismo, que é o modelo que para mim mais evolui rapidamente, mas posso citar os da Visual, MMTGapnet, Schultz, Ancoradouro, entre tantos outros. A Nascimento tem unido a visita a destinos e hotéis com as rodadas de negócios. Conhecer o destino é fundamental. E digo mais: o agente de viagens pode dividir esse custo com as operadoras, isso já ocorre nos EUA, nos famosos famtours técnicos, muitos incentivados pela Asta. Quando houver esse acréscimo da capacitação de destinos, claro. A tendência é que o modelo evolua ainda mais. Li que agora a Nascimento vai treinar 80 especialistas em Cuba. Plínio e equipe em um caminho bem bacana.

E acho que as feiras também estão sendo impactadas pelos eventos do dia a dia, cada vez mais interessantes, focados e criativos. Atualmente pelo menos três grandes consolidadoras estão rodando o País falando de tecnologia, como vender mais e melhor e de abrir a mente dos agentes. Vale mais que ir a muita feira. E os consolidadores, nesse caso, são figuras bem mais presentes no dia a a dia dos agentes que muitos organizadores de feiras/entidades de classe.

São tantos eventos, capacitações e workshops, que na hora de uma feira, sobra pouca novidade, ainda mais em um Estado como São Paulo, com excesso de evento. São Paulo pode receber na mesma semana uma delegação de Miami, outra dos hotéis Marriott da Flórida e Nova York, um workshop sobre vender mais produtos, uma capacitação da Alemanha e outros tantos eventos. Haja agenda.

Feiras maiores como a Abav e a WTM se beneficiam do tamanho e do que podem oferecer. Ou seja, têm mais atrativos e recursos para atrair os agentes. Mesmo assim são impactadas também e têm de evoluir sempre. Mas as pequenas ou regionais, muitas vezes se veem espremidas entre tantas novidades. E acabam perdendo público.

Mercados maduros como os Estados Unidos e diversos países da Europa não têm uma feira forte para seu mercado interno. Ou são feiras mundiais (WTM, Fitur, ITB), ou eventos de receptivo para venda dos destinos-sede (Pow Wow, Indaba, GTM) ou eventos que têm minguado e se transformado com o tempo. Há ainda a concorrência e o florescer das feiras e eventos de nicho. De luxo, de aventura, de tecnologia…

Se eu acho que as feiras estão diminuindo? Nem pensar. São fonte de receita para as entidades e empresas que as organizam. Enquanto os expositores não exigirem auditorias e perfil dos visitantes, enquanto fornecedores marcarem presença pois não sabe como usar suas verbas de marketing, enquanto não se pensar profundamente o turismo, elas vão continuar firmes e fortes. Ou quase isso. Boas feiras (de nicho ou não) sempre terão lugar. Vale a percepção de quem as paga e de quem as visita.

E se ocorrerem em ano de Copa… coloca a culpa no 7 a 1!! Traumatizados, agentes de viagens evitam grandes aglomerações. Ou nas eleições!!! Indecisos sobre seus votos, agentes preferem ficar em casa refletindo. Mas ninguém se pergunta: como meu evento vai ajudar o agente de viagens a vender mais? O fornecedor a vender mais… a cadeia turística a se fortalecer?

No ano que vem a desculpa pode ser o novo governo (e uma crise econômica que se desenha), em 2016 a Olimpíada, em 2017… em 2017… eles acharão uma desculpa. E no ano seguinte todos já esqueceram do anterior… Será?

 

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • Ótima análise Artur. Um detalhe que escapa aos olhos e sentidos dos organizadores é que as novas midias e ferramentas online proporcionam um conhecimento enorme para aqueles agentes que gostam de aprender, sobrando nas feiras muita gente que ainda vive no passado. Quanto aos eventos de nicho, seguem a premissa que ninguém pode ser especialista em tudo, algo que operadoras e agências também já deviam ter sacado e utilizado como vantagem competitiva. Abraço!

  • Oi Amigo, tudo bem? eu tavo na feira da avirp como expositor, sinceramente nao sei porque o Emerson presidente divulgou este numero tao baixo ….tenho minhas duvidas ….meu estande estava no meio da feira e bombou… a questao eh como vc segurar o agente de viagem o maximo de tempo dentro do seu estande?… com produtos differenciados …incentivos…parcerias …e lojico um jeitinho de conquista-los e afinidade …sinceramente povo reclama de tudo ….a culpa nao e da copa….culpa e nossa….o agente de viagem nao tem desculpa pra nao vender….e temos que investir mais pra ter mais retorno…especialmente agora….

    sobre WTM & ABAV = feiras que tem menos retorno …
    Avirrp & Aviesp & Gramado = feiras que tem mais retorno
    Aviesp : Feira que tem mais publico para negocios

    agora na feira o povo tava falando muito e comentando sobre um problema da avirrp parece que teve roubo ou alguem passou a mao sei lah ….olha amigo e complicado ….acho que a avirp divulgou este numero de proposito e dizer assim oh ” a culpa e de voces ”

    so que quem paga no final isto tudo e os expositores que pagaom e investem na feira , mais como te disse nao tenho nada a reclamar nao, a feira foi boa so que faltou realmente ” como sempre na avirrp ” o publico de qualidade por isto invisto em capacitacoes e palestras durante as feiras

    espero que tudo melhora….ja ja ….temos que trabalhar e ter Fe’

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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