Seria a Webjet atualmente a única low cost-low fare brasileira, depois que a Gol, vendo a oportunidade de comprar a Varig e crescer em Congonhas, teve de mudar um pouco de perfil (e ainda para conquistar o filé mignon das viagens corporativas)? O que é ser uma low cost-low fare? Aliás, o que está acontecendo com a Webjet, comprada há alguns anos por Guilherme Paulus e que teve barulhenta passagem de Wagner Ferreira por seu comando? Depois de um tempo “sumida” e se reestruturando, a empresa está em nova fase.
Foi o que constatei ontem, em minha visita de um dia à sede da empresa, no Rio de Janeiro. Eis aí uma peculiaridade: é a única nacional com sede na Cidade Maravilhosa. Há outras, que descobri depois.
Sede moderna, aberta, um mix de jovens profissionais com alguns “dinossauros” (forma carinhosa de chamar os ex-Varig hehe), o que garante resultados vencedores, como a liderança em pontualidade e regularidade…
Na ida (Guarulhos-Santos Dumont), já senti o que é voar em uma low cost-low fare: para marcar assento paguei R$ 10 e a bordo tudo era cobrado (em termos de bebida e comida – ida ao banheiro continua free). O cardápio, bem produzido e colorido, apresentava variadas opções, mas preferi comer no aeroporto, um salgadinho quente e um mate (dez pilas).
Mais sensações low cost-low fare: assentos mais esteitos, com pitch menores… Otimização total do espaço. Como paguei R$ 10, fui na primeira fileira… Espertinho hein…
Como não poderia deixar de ser, ocorreu uma historinha engraçada comigo.
Estava sentado no 1-A, janela, esperando a decolagem, e no 1-C, corredor, sentou-se um comandante. Imaginei ser o caso de “tripulante” indo de uma base a outra. Atrás de mim uma senhora e mais um passageiro.
Uma das aeromoças (a Webjet conseguiu autorização da Anac para ter três comissários a bordo, e não quatro, como as demais empresa) vem buscar o comandante: “ah vamos lá atrás, pra o senhor ver como é ir na galley”. O comandante se levante e a outra comissária, da frente, brinca: “comandante, o senhor não vai ver o pouso do seu aluno?”.
Tensão no ar.
Não deu dois segundos e uma mão me cutuca. Era a senhora do assento atrás de mim. “Aluno?! Ela falou aluno???”, pergunta ela. Confirmei que sim e, diante do pavor da mulher, comecei a descontrai-la. “Mas deve ser um bom aluno. Vai tirar dez na prova final”. “Mas eu não paguei pra voar com um aluno. Quero meu dinheiro de volta”. O rapaz ao lado entrou na pilha: “E se ele não passar na prova? Não dá nem pra dizer que a gente mata ele”. “Ele vai tirar dez”, disse eu. Nisso, já estava todo mundo rindo.
Aí vem a comissária e se dirige a mim. “O senhor sabe, que está sentado em uma saída de emergência, então se por acaso eu não estiver aqui em caso de emergência, o senhor aciona essa alavanca nessa direção, mas antes de abrir a porta, observe se não há fogo ou água no exterior”… “Ok”, disse eu.
“Fogo? Água?, que coisas boas…tranquilizador”, volta a moça do banco de trás. “E ainda com um aluno…”. Mais risos.
Como passei o dia na Webjet, chequei a informação e havia quatro pilotos a bordo, e o “aluno”, era um recém-contratado, que estava com outro comandante a seu lado, algo normal em qualquer empresa aérea. Um piloto, ao ser contratado, mesmo com experiência, passa por um treinamento na nova empresa e é sempre acompanhado por um comandante. Eram quatro no total, alocados para aquele voo. E o “aluno” pousou perfeitamente no Santos Dumont, e foi uma simpatia nos comunicados com os passageiros. Passou com louvor.
Encontro com alguns executivos: Aloysio Barros (ex-Varig e hoje no Marketing), Daniel Brunod (ex-Gol e hoje gerente de Negócios) e Guilherme Beluzzo (gerente de Marketing, vindo do mercado de consultoria)
O meu dia na Webjet foi bastante produtivo e o foco foi conhecer a equipe (nova equipe) comandada por Fábio Mader, que trocou de cor, ou melhor, de empresa, recentemente. Saiu da laranja Gol e foi para a verde Webjet. E também conheci o presidente da companhia, Fábio Godinho, mais um excelente comandante de uma aérea no País, como temos nas demais empresas (gosto de entrevistar todos e com cada um é uma entrevista e relação diferente – aliás, isso dá um bom post).
O Conselho da Webjet tem, além de Gustavo, presidente, e Guilherme Paulus, Daniel Mandelli, ex-Tam, e Charles Clifton, nada menos que um dos fundadores da Ryanair e hoje também consultor da empresa, com mesa ao lado da de Godinho. A empresa me pareceu bem ciente de seu papel no mercado, prepara-se ou para uma capitalização via venda de parte da companhia ou da abertura na bolsa e está com muitos planos para os próximos meses, independentemente da entrada de dinheiro novo. Serão 30 aeronaves até o final do ano (mais seis em relação à frota atual).
É a Ryanair brasileira?
Saiba mais no próximo Jornal PANROTAS. Contaremos e mostraremos tudo sobre a companhia.
Ah, no retorno Santos Dumont-Guarulhos, ia experimentar o bob (buy on board) da empresa, ma capotei. Mesmo com pitch menor, dormir o voo todo. E o pouso mais uma vez, foi exemplar. Assim como a pontualidade. Já até decorei a frase de Fábio Godinho, de que a empresa tem cinco pilares: segurança, pontualidade, regularidade, atendimento (e o sistema pague pelo que usar) e preço baixo.
A Webjet encontrou seu rumo…
Entrevistando Fábio Mader para a TV PANROTAS (aguardem a volta do PANROTAS Em Foco, esta semana ainda)
A edição sobre os tub…ops, consolidadores dando o que falar. Aqui, Mader e Godinho com o Jornal PANROTAS em mãos…
Artur,
Mais uma excelente matéria e um divertido post para os frequentadores assiduos do blog PANROTAS.
Bem, esta reportagem nos permite analisar a potencialidade de organizações brasileiras com foco na prestação de serviços.
Mesmo sendo totalmente capitalista visando o lucro como resultado final a Webjet tem colaborado para a expansão da aviação comercial doméstica gerando mais uma opção de escolha dentre as companhias aéreas nacionais e tendo como diferecial a alta taxa de pontualidade conforme ja mencionado no post.
A WH também tem formado um time administrativo qualificado para tornarem em realidade os objetivos traçados pela gestão da cia neste mercado com alta potencialidade para crescimento, só não maior devido aos “pequenos” Gargalos na infraestrutura dos KK’s brasileiros.
…Mas se analisarmos bem, no fundo no fundo a WH é uma G3 Verde, pois desde sua frota composta somente por boeings 737 até o estilo Low cost Low fare utilizado pela concorrente foram introduzidos em sua politica gerencial e até mesmo o famoso BOB foi incrementado em seu atendimento a bordo, lembrando que a primeira CIA nacional a utilizar o sistema buy on board foi a Laranja.
Abraços.
Henrique Simões