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Ah! abre a cortina do passado…

Em primeira mão, o editorial do Jornal PANROTAS 971, que entra no Portal PANROTAS mais tarde e sai na semana que vem na versão impressa:

“Oito anos é muito ou pouco? Atualmente, deve ser algo similar ao que um século significava no século passado. Ah sim, estamos no século 21, o mais veloz dos mais velozes, o que às vezes significa andar para trás mesmo. É o círculo virtuoso, vicioso, tortuoso… E cada um acha que está inventando a roda, quando, na verdade, nada se cria, tudo se copia e se renova. Ou não (parafraseando Caetano Veloso).

Há oito anos (tecnicamente neste século, mas com a percepção que foi no passado) o presidente Lula criou o Ministério do Turismo. Poucas vezes uma equipe foi tão festejada — e com razão. Walfrido dos Mares Guia aprendeu rápido. Eduardo Sanovicz vinha da Anhembi Turismo, órgão de promoção da maior cidade do Brasil (e com grandes desafios no turismo). Milton Zuanazzi tinha experiência em gestão pública no Sul do País. Jeanine Pires trazia bagagem de CVBs e do Nordeste. E tantos outros ajudaram a construir não apenas o MTur e a nova Embratur, mas também, com a “ajuda” da indústria (as aspas denotam que alguns não ajudaram, outros não foram ouvidos, mas que houve sim participação), o Plano Nacional de Turismo e o Plano Aquarela.

Sem entrar em detalhes, basta dizer que a esta altura do século 21, pelas metas estabelecidas por essa mesma equipe, que estava bem próxima do mercado, deveríamos ter ultrapassado a marca de dez milhões de turistas. Algo que agora se viu que só será possível em 2020. (Ou não.) E naquele “século” nem havia Olimpíada ou Copa. Ainda existia a Varig. A economia ainda estava no meio do caminho para a estabilização. O mundo ainda vivia o trauma de setembro de 2011. Ou seja, muitas variáveis em andamento e por vir.

Qualquer plano que fosse desenhado naquela época necessitaria de atualizações anuais (quiçá semestrais), mas revisão, para qualquer um, poderia parecer crítica, insucesso… O que, em uma estreia, como a do ministério, não seria nada absurdo. Não é.

Passado um século (ou oito anos) o Brasil ainda recebe a média de cinco milhões de visitantes estrangeiros. E tem quem comemore.

Ok, não caímos. Mas perdemos visitantes de longa distância importantes, como europeus e americanos.

Ok, foi a crise. Mas eles continuam viajando para outros destinos.

Ok, mas estamos longe. Mas eles também consomem destinos mais longínquos, vejam que os americanos foram os principais visitantes da África do Sul (16 horas de voo) na Copa do Mundo.

Ok, mas nós não temos mais a Varig. Mas temos a Tam com uma malha internacional bem maior que a da Varig (com menos destinos, vale ressaltar) e nunca tantas empresas aéreas estrangeiras estiveram aqui operando seus voos.

Ok, mas esses voos estão mais ocupados por brasileiros indo para o Exterior por causa do dólar desvalorizado. Mas há espaço para os estrangeiros que querem nos visitar.

Ok, mas somos um destino caro. Mas, mas, mas…

Ou seja, sempre haverá uma desculpa?

A grande pergunta é: somos caros, não temos malha internacional em todo o Brasil, estamos longe dos grandes centros emissores e exigimos vistos de muitos visitantes em potencial. Isso não vai mudar. Isso é praticamente imexível. O que fazer para, com esses problemas (vamos repetir: os problemas vão continuar), atrair mais visitantes? Essa é a resposta que nunca obtivemos.

Fica-se batendo na tecla do aumento de receita, que em parte é justificada pelo mesmo câmbio que faz o brasileiro ir para o Exterior. Vamos investir em qualidade e esquecer a quantidade ou podemos sim ter mais visitantes? Vamos focar em nichos e nos vizinhos ou dá sim para sermos uma potência turística. Não há vergonha em nenhuma opção. Não podemos pegar a doença americana em que sempre há um “primeiro a fazer alguma coisa”, por mais irrelevante que seja. Mas precisamos decidir e priorizar as decisões. O que inclui ter dinheiro para sustentá-las.

Se o Plano Aquarela tiver de ser revisto em sua operacionalização, em seu foco, em suas ferramentas, como querem alguns secretários estaduais de turismo, por que não fazer? O que era bom para o século passado, pode não ser agora. Aquele estande iglu, bastante clean, que devia ser lindo enquanto projeto defendido por arquitetos e decoradores marqueteiros, pode não funcionar mais. Se é que um dia funcionou.

Somos o País da Copa e da Olimpíada, das praias e do samba, das cidades históricas e dos Pampas, do mulato inzoneiro e da merencória luz da lua, do Rio 40 graus e da Sampa de Caetano Veloso, do Restart e do Luan Santana, de Paulo Coelho e da Festa do Peão, de Gonzagão e de Carlos Gomes, da soja e dos jatinhos da Embraer, do vermelho e do azul, da ex-guerrilheira presidente e do senador ex-presidente cassado, dos cruzeiros e dos resorts, dos albergues e das pousadas excluivas, da praia e da montanha, de todas as cores… de muitas vozes. De todas as tendência. Como uma aquarela e tudo o que pode vir dela. Mudar a arte final pode valorizar ainda mais o quadro. Sem desvalorizar o que já foi andado no caminho.

O novo presidente da Embratur, Flávio Dino, chegou cheio de disposição. Os secretários de Turismo cheios de críticas à política de promoção do País. É ou não é uma boa hora? #quemvem?

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • parabéns pelo texto, Artur…

    confesso que, quanto ao futuro, às vezes perco as esperanças e às vezes as fortaleço… a minha conclusão da situação do país, ao menos por hora, é que temos as todas condições de sermos um país desenvolvido, ao mesmo tempo que temos toda a mentalidade, especialmente de muitos que estão no comando, de um país subdesenvolvido…

    o jeito é trabalhar e fazer o meu melhor e torcer para que outros também o façam…

    abraços

  • Meu caro Artur Voce acertou no X da questao .Infelizmente tudo o que voce apontou e isto mesmo .Tudo no Brasil e do FUTURO .O Turismo do Futuro ,a captaçao de estrangeiros , O Destino do Futuro ,etc,etc
    Só que o mais sensivel de tudo isto é que o numero de visitantes estrangeiros ao Brasil ,nao cresce ! E é bla ,bla para cá e para lá .Realmente nenhuma das explicaçoes se justifica … Somos Caros , nao temos malha aerea para esta imensidao de país ,e perdemos feio para outros destinos ate mais distantes que o nosso. E a grande verdade é que nao vejo NO FUTURO como isto ira melhorar ..

  • Enquanto a politicagem dominar, em quem liberar os cheques de pagamentos das obras necessárias, ainda perguntar quanto vai levar de troco, na sua conta em paraíso fiscal, por que não meia não vai caber o montante desejado, não creio que iremos evoluir muito… Muito cético? Muito ácido? Talvez… Talvez eu deva parar de assistir tv e ler jornais e revistas; assim, quem sabe, posso até me tornar mais crédulo na raça humana… Particularmente nos políticos e empreiteiros, Amigos do Rei, e Rainha…

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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