Este final de semana fui assistir a duas apresentações com performances assombrosas. A primeira foi do comediante Rafinha Bastos e a segunda de Meryl Streep, em A Dama de Ferro. Ambas me fizeram pensar muito.
Rafinha era convidado especial e apresentador da gravação do DVD da comediante Marcela Leal. Foi no Teatro do Novotel Jaraguá, no centro de São Paulo, e, acredito eu depois do que vi, que as pessoas foram atraídas pelo nome de Rafinha.
Sempre gostei dele, ainda quando era “desconhecido” (ou seja pré-CQC) e sempre falava que tinha visto um stand-up de um gaúcho muito bom. Acho que na TV ele não soube se adaptar ao meio e às pressões e também passou um pouco mais arrogância que o necessários aos telespectadores e até a seus fãs. OK, fizeram um auê em torno dele, que foi demitido e agora deve retornar à Rede TV, fazendo uma esperada versão brasileira do ótimo Saturday Night Live americano.
Nisso tudo, fiquei com uma imagem meio antipática do artista. Até deixei de segui-lo no Twitter. Mas comprovei mais uma vez que no palco o cara é assombroso. A gente ri de assuntos de que não queremos rir. Porque o cara é bom. Texto excelente, timing perfeito, carisma e uma empatia desconcertante com a plateia.
Ele faz piada com gordos, católicos, cristão, Jesus Cristo, espíritas (faltaram só os judeus…), deficientes físicos, gays, com a Apae, com os fãs de Wanessa Camargo, com sua demissão, com a Xuxa e com as nossas mães, se as conhecesse e se elas fossem famosas… E a plateia vai abaixo de tanto rir. Chocados com os temas, mas fascinados com o brilhantismo do Rafinha. O tempo voa no teatro e a gente até esquece do show morno da Marcela ou do simpático Fernando Muylaert, que funcionou como um bônus track do DVD.
Rafinha tem um talento imenso que muitos dirão que usa para o mal (não vou julgar isso aqui). No teatro, domina como poucos. Mas não é para qualquer plateia. Quem vai sabe o que esperar. Se ele decidisse se adaptar a cada meio, acabaria na Globo, mas não acho que seja sua meta.
Como usar nossos talentos (sim todo mundo tem um… pelo menos um) e como traçar uma estratégia para sua carreira são grandes desafios. Quantos talentosos vemos por aí na função errada, no lugar errado, com pensamentos errados? Quando o encontro ideal acontece, o talento encontra seu caminho e sua audiência. Eu recomendo o polêmico e odiado Rafinha Bastos, mas não é para qualquer um. Nem para qualquer dia, talvez. Quando você quiser rir de tudo… ele é o remédio. Mas se você estiver em um dia com restrições… vá ao cinema.
Que foi o que fiz no dia seguinte. Sou fã da Meryl Streep porque a mulher mudar completamente a cada papel. Você não vê a Meryl Streep. Ela some, mesmo sem maquiagem e com a mesma cara. Tudo isso fruto de muita disciplina, essa é a principal lição que ela me transmite. Meryl é uma operária do cinema superdedicada. Estuda, estuda, estuda… Participa da caracterização física de seu personagem juntamente com seu maquiador de mais de 30 anos (ambos ganharam um Oscar este ano) e é um monstro nas telas.
Conseguiu humanizar Margareth Tatcher, que para a maioria de nós é apenas a Dama de Ferro. Devo confessar que os melhores momentos são quando ela está vestindo a carapuça de Dama de Ferro e mantém-se irredutível em decisões impopulares como punir os grevistas, não aderir ao euro e declarar guerra à Argentina e atacar as Ilhas Malvinas (ou Falklands)… Mas nos momentos em que se mostra a demência de Maggie na velhice, o carinho com o marido e o seu crescimento político, ela também está perfeita. Quando chega pela primeira vez na casa onde moram os primeiros-ministros, sua atuação (e a direção) conseguem nos emocionar. É assombroso. E nesse caso, além do talento e da inteligência, há disciplina, coisa muito difícil de se ter. Algo penoso, custoso e até sofrido, mas que requer dedicação, objetivos claros e até certa frieza. O filme também não é para qualquer um (fica um pouco chato no final), mas a atuação de Meryl merece ser vista por todos. Queria ter essa disciplina e visão das pessoas. Se forem fazer um novo filme sobre o Lula, ou se resolverem filmar as vidas de Dilma, Xuxa ou do Pelé, não tenham dúvida: chamem a Meryl Streep.
Ah e se o filme for o da Xuxa, chamem o Rafinha para fazer o roteiro.
Artur, procuro ver todos os filmes da Meryl Streep, pois também sou fã de carteirinha dela. E neste Dama de Ferro ela simplesmente a r r a s o u. Quanto ao Rafinha, só o vi poucas vezes no CQC, portanto, nada a declarar. Sobre as fotos com flash no iPhone, prefiro responder por e-mail. rs rs
hahahahahahahahahahahahahaha adorei o final do seu post!
Adoro ambos….
Já vi stand up do Rafinha e achei ele o máximo… o que não acho dele na TV. Ele é excelente e sabe lidar e falar ironicamente de todos os tipos, inclusive dos judeus (quando assisti).
Já Meryl Streep sem comentários, é um camaleão! Excelente, perfeita em todos os papeis que faz.
Já Meryl Streep como Xuxa não sei se seria tão bom.. não por ela, mas pela Xuxa 😉