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Dia a dia

ASSUNTO BATIDO

O assunto é velho, mas se repete a cada dia, a cada final de semana na cidade de São Paulo. O trânsito está insuportável e os grandes eventos acabam piorando a situação, prejudicando quem participa deles e quem mora na cidade.

E isso não poupa domingos e feriados.

Ontem, domingo de sol, belo dia na cidade de São Paulo. Mas o melhor programa era ficar em casa, ou sair a pé, nas redondezas. Pegar o carro era estresse na certa,

Na avenida Paulista, um belo encontro, bonito de se ver, de skatistas. Invadiram a avenida, em um flash mob bem interessante. Mas e quem estava no carro a caminho de um compromisso.

Quem estava no carro aplaudiu, se divertiu, teve paciência e seguiu adiante. Mas eis que diversas vias estavam bloqueadas por causa da Maratona de São Paulo. Contorna daqui, contorna dali e no Ibirapuera, além da maratona, havia a Fashion Week, que já engarrafa tudo no entorno.

Esta semana tem o êxodo da quarta-feira (paulistanos fugindo da cidade no feriadão) e o êxodo de quem não quer enfrentar Marcha para Jesus, Parada Gay e outras manifestações que bloqueiam ruas e avenidas.

E não adianta colocar todo mundo no Sambódromo, no Morumbi, no Pacembu… Qualquer evento atravanca a vida da cidade. Precisamos resolver esse dilema: precisamos, queremos, adoramos, reverenciamos, fazemos de tudo para trazer esses eventos. Ótimo, parabéns a quem os trouxe. Mas a infraestrutura não acompanha esse crescimento. O prefeito Kassab, em entrevista hoje na Folha, fala que obra grandiosa não se resolve em quatro anos, que o metrô é a saída para a cidade, mas só as futuras gerações aproveitarão o benefício… Hum. Paramos de captar eventos, então?

No Twitter, o Caio (Luiz de Carvalho) e o Toni (Sando), da SP Turis e do SPCVB, estavam indignados pois a imprensa não estava crucificando o Canadá pelos problemas no GP de Montreal… Mas na Fórmula Indy de São Paulo os jornalistas brasileiros, esses chatos inúteis, caíram de pau.

Bom, não estamos aqui para exigir infraestrutura dos canadenses. Isso que o façam os moradores e cidadãos de lá. Aqui, nosso calo dói de outra forma. E um erro jamais deve ser justificado com outro.

Continuamos sofrendo com o trânsito e a infraestrutura lamentável da cidade em alguns momentos. Soluções demoram? Sim. Mas tem de começar a fazer, certo?

Outro caso que ilustra bem a situação: já há radares inteligentes nas estradas paulistas. Eles identificam carros com documentos vencidos e avisam à abse seguinte da Polícia Rodoviária. Excelente. Louvável. Parabéns ao governador, se é que a ideia foi dele. Mas na hora de resolver o problema: renovar o documento, liberar o veículo, pagar a multa, são dias e mais dias. O processo só é inteligente até pegar o infrator. Afinal, há empregos a serem preenchidos… A gente entende. Mas não aceita.

E continuamos saindo quatro horas antes do voo (em Guarulhos) para chegarmos pelo menos duas horas antes no aeroporto. E continuamos gastando quatro horas para ir a um almoço de negócios, sendo que duas delas são dentro do carro. E continuamos baldeando no metrô, que é o melhor do País, mas tem apenas 70 km. E continuamos acreditando no turismo, na Copa, na boa vontade. Mas sem fechar os olhos. Seja de que partido for “a culpa”, que, aliás, não deve ter partido.

Ah, ano que vem tem eleição para prefeito. Tudo isso será resolvido. Acreditaremos e voltaremos a cobrar em janeiro de 2013.

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • é Artur, é assunto batido mas que não cansa de apanhar.. e não devemos nunca cansar de bater, já passou, e muito, da hora de quem comanda essa cidade, que é uma das cinco maiores do planeta, fazer algo por aqueles que a colocaram nesse lugar do ranking.. transporte, saúde e educação têm que ser prioridade, não importa o partido..

    Abraços

  • Artur,

    Está provado que não há saída para cidades como São Paulo que não passe pelo investimento pesado e INTELIGENTE em transporte público. Entretanto, parece que, mesmo entre especialistas, as prioridades ainda estão confusas. Semana passada assistia com atenção um programa (A Liga) na TV aberta que fazia testes para ver quem chegava mais rápido a um determinado bairro de SP. Um repórter ia de bicicleta, outro de carro, outro de metrô/ônibus e um (felizardo) de helicóptero. Deu o óbvio, claro. A moça que foi de metrô/ônibus foi a última a chegar. O curioso é que o especialista em trânsito e mobilidade urbana que acompanhou os testes, ao final, respondeu ao repórter que lhe perguntou qual seria a melhor solução para desafogar o trânsito da cidade: “é preciso que o cidadão deixe de usar o carro e passe a privilegiar o transporte público”. Aí eu pergunto: que transporte público cara pálida? O correto não seria que o governo PRIMEIRO investisse no transporte público para só depois criar campanhas para incentivar o cidadão a optar por ele deixando o carro em casa? Sinais trocados só podem levar a resultados trocados. É pena, vou a Lisboa uma vez por ano e nunca precisei de carro pra nada. Em SP não poderia ser assim?

    Abraço.

  • Ai Artur, não deixe nunca de falar, talvez se todos nós falássemos ao mesmo tempo, as coisas mudassem…. Os eventos que alegram alguns milhares, complicam a vida de alguns milhões.

    E você nem falou da questão estacionamento…minha aposta é que daqui a dois anos não se conseguirá estacionar em nenhum lugar na região da Paulista, da Berrini…daí vão abrir a licitação para estacionamentos subterrâneos…Too late !

    Ah! e a gente nào pode abrir mão do carro, alguém já tentou pegar o metrô Sé – Barra Funda em horários de pico ? (que são mais ou menos o dia todo…)

    Bjs da escaldante Austin (ontem mais de 40C com uma ventania quase twitter…)

  • Artur, e a quantidade de Co2 que fica na atmosfera de São Paulo e que respiramos todos os dias? Muito bom o seu texto, merece um blog semanal, resta saber se as autoridades colocarão sugestões aqui pois acho que temos atualmente mais direitos a reclamar do que deveres a cumprir.
    Abs
    James

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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