ATROPELANDO TÁXIS

Primeiro foram os apps de táxi, tirando os donos de frotas e empresas do setor da zona de conforto. Agora o Uber não apenas tira todo mundo do lugar (de transfers a taxistas, de vans a shuttles) como simplemente oferece algo melhor, a uma primeira análise, para o viajante.

Uma placa em Nova York avisa: venha trabalhar com o Uber. Garantia de US$ 5 mil mensais e ainda não precisa deixar sua base.

Experimentei, de carona com o Cristovao Loureiro, o Uber em Los Angeles. O carro, limpo, executivo, novo, chegou em quatro minutos, o motorista confirmou os dados, ofereceu água, me deixou no meio do caminho e seguiu com o Cris para um percurso estimado em US$ 18 (e eu havia pago, com voucher, US$ 44 pela vinda). US$ 44 foi a média das corridas de táxi em LA, e muitas vezes estávamos em três. Em uma das viagens, o motorista, oriental, teve de tirar duas bananas, uma garrafa de água, panos e livros do banco da frente para eu sentar. A lista telefônica ficou sob meu pé. Da outra vez nos esprememos atrás, pois havia um galão de água no banco da frente. Na hora de preencher o voucher, lentidão e 15% de gorjeta.

O presidente da Priceline, Darren Huston, foi um dos que elogiaram o Uber. Segundo ele, não apenas o serviço muda a indústria mais uma vez com o uso de mobile, mas também é disruptivo com o transporte público. O taxista que fica três horas na fila do aeroporto e faz cara feia quando ele diz que vai em um hotel próximo, agora vai ter de esperar cinco, seis horas por um cliente, e talvez sapatear e sorrir para agradá-lo. Máfia de taxistas existe em todos os lugares, mesmo que seja a máfia dos acomodados. Com o Uber, o mundo está dizendo: move your ass. Mesmo que seja tarde demais.