bom dia boa noite tudo de bom

Geralmente retribui-se o que se recebe. Ou não?

Nesta tarde, nesta manhã, noite, em qualquer horário nesse planeta em que habito, eu retribuo. Para você, o meu sorriso.

 Serve isso?

Normalmente eu não sorrio pela manhã. Não abro a cortina e grito “bom dia”. Me dá arrepios.

Meu tempo é outro. Aos poucos.

Mas às duas, da manhã, estarei radiante e te fazendo carinhos. Enquanto sonhas… Talvez comigo.

Geralmente distribui-se o que não se quer. Eu distribuo aquilo de que precisas. Para você, o meu olhar amigo.

Serve isso?

Normalmente eu não olho assim para qualquer um. Ser cúmplice é difícil. E um perigo.

Meus sinais são outros. Atrevidos.

Mas se é para escrever eu sento à frente de qualquer teclado, ou mesmo tendo na mão a pena antiga, e não paro mais. Te destrincho. Te engulo. Te acaricio.

Pausa. A tevê grita gol. Os vizinhos gritam gol. Distraem meus sentidos.

Espirro. E novamente me sinto. Vivo. E não anestesiado.

E te dedico uma canção. E te faço declarações.

Volto ao texto e já imagino uma cena no topo de uma escadaria de mármore nu. Aquele bem branquinho. Nós dois subindo apressadamente, não é dia, não é noite, é o nosso tempo, e lá no topo é qualquer lugar, qualquer tempo, qualquer foto, qualquer texto. Somos nós dois.

Bom dia. Boa noite. Tudo de bom.