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Brasil Travel: queimou filme ou ainda tem chance?

O que os 35 donos de empresas que estão dentro da holding Brasil Travel estão pensando agora, depois desse adiamento do IPO? Com certeza deve ter a turma do “eu te disse” no ouvido deles, outros lamentando que isso queime o filme do turismo (havia muitos se dizendo a favor do sucesso deles por isso) e os neste momento apavorados com a decisão que tomaram — podem até desistir, mas ficarão vinculados para sempre como do “grupo da Brasil Travel”.

A maioria de nós não entende do mercado financeiro, mas fontes de mercado e os sites de notícia indicam que as ações, que seriam vendidas entre R$ 1.250 e R$ 1.650, teriam sido oferecidas, hoje, por até R$ 700. Não precisa ser um gênio matemático ou especialista em bolsa para saber que não havia demanda para o projeto. E que baixar tanto o preço é uma medida polêmica.

Conversei com algumas fontes e a informação é de que havia apenas de 25% a 30% de demanda para o projeto, a grande maioria de estrangeiros. Ou seja, há investidores de fora interessados no turismo, mas muitos daqui desconfiados, talvez por não haver um âncora com nome forte junto ao público. É diferente nós do turismo sabermos da força de uma Gapnet, única com real alcance nacional no grupo, ou os investidores verem 40 marcas que os bancos dizem serem fortes (a maioria localmente). Marcas como CVC, Tam Viagens (por estar ligada à Tam), Localiza, Gol, Tam… Aí sim são mais conhecidas dos “leigos em turismo” e poderiam atrair dinheiro mais abrangente.

De qualquer forma, o projeto pode ter sido ofuscado pela iminência da CVC fazer seu IPO (é a maior empresa do Brasil no turismo e fatura mais que as 41 da Brasil Travel juntas) e pela aparência um tanto híbrida da holding (os detratores do mercado e de fora dele a chamam de Frankestein…). Investidores chegaram a dizer para Pedro Guimarães que o valor das ações estava alto, mas a redução chegou tarde.

A falta de brasileiros (geralmente representam de 30% a 50% de uma operação como essa) também demonstrava que o rumo não era dos melhores. Segundo os estatísticos do mercado financeiro, é muito difícil uma empresa que chega nesse estágio e desiste, voltar com sucesso. Mas não é impossível. Cerca de 10% conseguem. Matérias em jornais econômicos falando dos ganhos de Pedro Guimarães e Paulo Castello Branco também assustaram os investidores.

E a mudança dessa semana, em que os sócios ou funcionários poderiam comprar ações (praticamente tirar do bolso dinheiro que voltaria para o mesmo bolso), deixou alguns com o pé atrás e hoje alguns investidores desistiram. A captação de recursos, que era almejada em mais de R$ 1 bilhão, seria de menos de R$ 500 milhões.

A expectativa agora é em relação a uma possível volta da Brasil Travel, se vai haver desistências das empresas que hoje a compõem, e se o IPO da CVC vai esvaziar qualquer possibilidade de retorno. A CVC não precisa de dinheiro da bolsa para se viabilizar, como a Brasil Travel, o que é um diferencial. E o Carlyle sabe que esperar o mercado ter o melhor momento é fundamental. Há outros grupos de olho na bolsa, ou até em se juntar à CVC, que deve fazer seu IPO ainda neste semestre. De qualquer forma, o turismo tem de se acostumar a estar nas páginas que cobrem o mercado financeiro nos jornais. Esse é o caminho. E alguém tinha de começá-lo.

O mercado acha que o turismo não ficou chamuscado, pois todos sabem de seu potencial de crescimento, com tantos eventos e com a economia forte. Para a CVC, talvez tenha havido até um impacto positivo. Muitos que eram abordados pela BT também jogavam indiretas para a CVC e o Calyle… E esses dois continuam negando que compraram empresas de turismo. Mas que há negociações, isso há.

Para a Brasil Travel, qual o impacto? O mercado aguarda explicações e considerações. Estamos tentando falar com o Paulo Castello Branco. Já as empresas da holding não podiam falar nada antes. Será que podem agora?

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • O que os 35 donos de empresas que estão dentro da holding Brasil Travel estão pensando agora, depois desse adiamento do IPO?

    Dando risadas com a tentativa de midias totalmente compradas tentando jogar notícias especulativas no ar…

    Aguardem!

    • Oi Angelo, obrigado pelo comentário.
      Estamos apenas perguntando e agora? Era grande a expectativa e sempre demos espaço para a BT no JP e no Portal PANROTAS. Adiar IPO é complicado, mas acontece. Pode ser melhor que um IPO mal feito…
      Abraços e mais uma vez obrigado pelo comentário
      Artur Andrade

    • Não tem o que aguardar. O IPO da Brasil Travel foi um mico e mostrou que não há espaço para bandoleiros no mercado financeiro nos dias de hoje. Acho que venceu a razão. Era um Frankenstein sim senhor.

      • Roberto, nao concordo com seu comentário.
        Castelo Branco não é bandoleiro e nenhum dos que estão nesse projeto, alias a maioria participaram de IPOs anteriormente.
        O projeto é tao avançado que muitas outras empresas na industria estão buscando fusôes.
        pode não sair o IPO imediatamente, porem a BT é realidade.

        • Concordo Eduardo. Chamar de bandoleiro não é correto. É um modelo novo e isso não se discute. 35 empresários concordaram com ele e outros tantos não concordaram. O mercado é assim. Cada um escolhe e decide os rumos de sua empresa. Ou toda operadora seria igual, toda companhia aérea teria as mesmas cores. Como tudo é novo e há muita expectativa envolvida, os ânimos às vezes sobem. Mas isso aqui não é torcida organziada ou Copa do Mundo. É o futuro do turismo, que é feito de tentativas, ajustes, acertos, sucesso… Falei com pessoas que reiteram que jamais entrariam na BT. Outros esperam para ver. E os 35 que lá estão continuam confiantes. Não há certo ou errado. Estão todos de olho… Não tem jeito. Abraços, Artur

        • Os idealizadores do projeto talvez tenham alguma experiência em IPO, mas falar que a maioria dos que estão envolvidos participaram de ações como esta, você está se iludindo.
          São “sócios” demais, com cabeças e gestão completamente diferentes.
          Faltou esclarecimento aos investidores. A única coisa que sabiam é que tinham um ótimo gestor, que resolveu reunir grandes potências de segmentos diferentes para formar um grande time. Mas todo time tem “estrelas” que sofrem quando tem o ego ferido. E convenhamos que a perda/ganho de grandes clientes entre eles, poderia ser princípio da queda, que acabou sendo antecipada. Menos mal!

          • Os 35 empresários não são bandoleiros. O pessoal que os convenceu a embarcar nesta canoa furada é sim. E reputação deles no mercado financeiro não é das melhores e o próprio idealizador do projeto foi mandado embora de um banco por problemas éticos. Ele iludiu 35 empresários que não terão uma segunda chance.

            O projeto não é avançado. Ele foi feito aqui no Brasil em dois setores diferentes, mas era sempre visto com desconfiaça pelos investidores. Em mercados mais maduros, não há nada assim.

            Quem quer brincar de fazer IPO deve fazer a lição de casa e entender primeiro onde e com quem está se metendo.

  • Oi Artur,
    Uma certeza: neste teu post tu está sabendo mais do que comer pão.
    “Frankestein” é termo específico de mercado de capitais. Vou ouvir a opinião sobre caso de gente deste setor dentro de casa.
    Sobre as empresas e marcas (acima citadas) na indústria do turismo, TODAS são muito bem-vindas no mercado de capitais e analisadas com “bons olhos” pelos investidores.
    Na torcida para que tudo de certo e possamos apreciar esta decolagem. Direto ou indireto, todos ganham com a indústria do turismo recebendo investimentos (realmente) pesados e fortes.
    beijos,
    Veronica

  • Sobre este episodio, vale lembrar a “maxima” do meu avô, que era “das antigas”: corda que muito estica, antes da hora…acaba arrebentando! Percebem?

  • Artur, você poderia encaminhar o link referente à materia citada” Matérias em jornais econômicos falando dos ganhos de Pedro Guimarães e Paulo Castello Branco também assustaram os investidores”

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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