Como disse anteriormente, estou em Atlanta, para um evento exclusivo para a imprensa, organizado pela Travelport. Da América do Sul, apenas eu. Da América Latina, apenas eu e uma jornalista da Turistampa, do México. O resto, cerca de 20 profissionais, dos Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, África do Sul, Austrália, Índia… O Travelport tem sede em Londres, mas Atlanta é sua principal base nos EUA, até por causa do histórico do Worldspan, que já foi da Delta, que hoje é a maior cliente global do Travelport. Se a Delta compra a American, aliás, vai resolver um problemão pro Travelport, substituindo a United, que deixa de ter sua plataforma baseada e gerenciada pelo TP daqui a dois meses.
Enfim… esse post é para dizer que evento de tecnologia é feito pra fazer a gente pensar. Jogam um monte de informação e siglas e estatísticas em nossa cabeça e o que ficar ficou. Mas é bom estar atento a tudo, pois muita coisa se explica pela tecnologia, muita empresa crescerá por causa dela e por trás de tudo estão os investidores do Blackstone, donos do Travelport, que andaram (e andam) loucos para comprar empresas de turismo no Brasil.
A apresentação da Chief Marketing Officer do Travelport, Gillian Gibson, sobre o futuro da tecnologia para viagens, foi um dos pontos altos do dia. Expert em tecnologia e marketing, começou com um vídeo provocador e muito bom, que vou tentar copiar para mostrar a vocês. Há dados e tiradas como:
As dez profissões mais procuradas atualmente simplesmente não existiam em 2004.
Hoje temos de formar jovens para profissões que também ainda não existem.
Metade do que se aprende na escola estará desatualizado em poucos anos.
80% dos bilhões de e-mails disparados por dia são spam, portanto, cuidado com suas ações na internet. Ninguém quer entrar no Facebook e ser bombardeado por empresas oferecendo algo… Vá ao encontro dos anseios do consumidor (que você sabe onde está), mas não de encontro…
Uma que achei bem legal é: são feitas 90 bilhões de buscas no Google por mês (dados de 2010). Para quem perguntávamos tudo isso antes do Google? Quem será que deixamos falando sozinho? Ou quem não procuramos mais? Ou o que não pensamos mais pois o Google pensa pra gente? Que perguntas são essas?
Toda a informação que será gerada este ano (4 exabytes, mas não me perguntem quanto é isso), é mais que a existente nos últimos cinco mil anos. Não estamos falando de qualidade, claro.
Os dados frios (só rankings, sem detalhamentos) de Gillian, no entanto, ignoraram o Brasil e a América Latina, pois ela pegou estatísticas de países cujos turistas mais gastam (Alemanha, EUA, China, Reino Unido e França), os que mais recebem visitantes (França, EUA, China, Espanha, Itália, Reino Unido…), onde estão os maiores pedidos de aeronaves (65% Ásia Pacífico e Oriente Médio), os maiores aeroportos em construção (China de novo)… Brasil, México… parecem não
existir. Mas sabemos que os brasileiros são os que mais gastam, per capita, nos Estados Unidos. Que teremos a Copa e a Olimpíada. Que teremos a maior empresa
aérea da região, e 12ª do mundo, a Latam. Que contra a China não há quem possa, mas que localmente, há diversos reis pelo mundo…
Conversando com ela posteriormente (até entreguei um Brazil Overview para ela), Gillian reconheceu a importância do Brasil, sabe que o Travelport está investindo menos que o País merece e precisa e mostrou saber que nossa economia está atraindo investidores do mundo todo.
Foi um dia longo e cheio de coisas para pensar. Sim, smartphones, social medias são o futuro. Mas sempre haverá as exceções, as surpresas, as mudanças bruscas de rumo… O jeito é ficar antenado e flexível. Aberto e junto do cliente. Essa é a mensagem que a Travelport quer passar. De GDS a empresa inovadora, que pegou todos os serviços de um sistema de reserva e dividiu em produtos, em uma plataforma aberta e flexível, segundo Gillian como não há na indústria.
Ah, 16% do tempo que os americanos passam na internet é em mídias sociais. Eu já tenho Twitter, que uso pouco. Se eu abrir uma conta no Facebook vou ter de tirar esse tempo de outras atividades… Hum, não seu se quero deixar de assistir aos vídeos maliciosos que circulam na net…hehe…ou navegar sem rumo, atraído por títulos, fotos, anúncios, frases e dicas de outros… Acho que não vai ser em 2012 ainda hein… Mas sei que terei de me curvar, para não quebrar. Até que outro vento sopre e me apresente novamente esses dilemas da vida moderna. Que não mudam a vida de ninguém, é verdade. Mas que são parte da vida de todos nós.
Viagem a Atlanta a convite do Travelport, com proteção GTA
Caro Artur.
Gostei muito sobre o google. Eu o consulto muito, realmente, será que eu tenho mais dúvidas que antigamente? Será que eu realmente preciso de algumas respostas que busquei? Eu ainda tenho minhas enciclopédias que mamãe se matou para conseguir dinheiro para comprar.
Abraço grande
Acredito que os jovens em pouco tempo não saberão o que fazer numa biblioteca, mal saberão a sensação de se espirar ao abrir um livro antigo.
O google é legal, mas é “uó” explicar para uma criança pra que serve e como consultar um dicionário…
É uma verdade, eu sinto dificuldade em ensinar até adultos a usar uma lista telefonica, que dirá o dicionário!
Acho que, na realidade, tudo se resume à rapidez com que precisamos de respostas.
Antigamente, quando precisavamos saber alguma coisa, nos contentávamos em esperar chegar em casa e buscar em uma enciclopédia ou em um livro ou em uma revista, até porque não tínhamos outra opção. Já hoje, com o Google ao alcance de nossos dedos onde quer que estejamos, a avidez pelas respostas não nos permite mais esperar.
Beijos e aproveite muito sua viagem!!! Vc vai ao Museu da Coca Cola?
Artur , adorei a parte das peofissões é uma reflexão muito louca para quem é pai e fica pensando no futuro dos filhos…..eu continuao acreditando na ossa indústria, mas temos que achar o foco certo para os próximos anos, décadas…abraços