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CLICHÊS, SIM

A participação do Rio e do Brasil no encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres foi um bom começo. Foram apenas oito minutos… Não é tarefa fácil e faltou sim muita coisa. Mas Pelé, samba e Copacabana estavam lá e isso já situa a festa no Brasil.

Achei que podiam ter enchido o palco de clichês que são ícones mundiais do Rio, como o Cristo Redentor, os esportes na praia, mais futebol, um samba mais potente e não para gringo ver e modelos que mostrassem a diversidade de povos… Onde estava Gisele? Onde estava a Bossa Nova?

Não era para ser uma apresentação educativa, mas explorar Pelé nos telões, levar mais jogadores, lembrar do pentacampeonato (Inglaterra é país de futebol ou não?) e até colocar a Amazônia no estádio eram soluções mais internacionais que Marisa Monte de Iemanjá (belíssima a alegoria com barracas de praia) e índios high-tech. Defendo, porém, a presença dos índios. Aqui tem índio sim. E sua cultura é importante.

Se quisessem colocar todos para cantar, ao invés da linda e icônica Aquele Abraço (tudo a ver com o logo tridimensional), era só chamar o Michel Teló… É música pobre e descartável? Sim. Mas mostra o lado alegre do Brasil. Pontos contra: contexto sexual, obviedade e a pobreza. Fico com Aquele Abraço, mas com legendas.

As passistas com a roda gigante…dispensáveis. Melhor era usar as de desenho animado, do Rio.

Faltou clichê. Pois é o começo. Depois, a Embratur, o MTur, os Estados, e o Rio especificamente hão de passar mensagens mais específicas, partir para os nichos, detalhes, tesouros escondidos… No show para bilhões, tem que ser internacional, sem escorregar na banana, claro.

Enfim… se Londres abusou do rock, chegando quase à chatice (foi explicado: virou CD duplo), nós temos ritmos mais variados, sem precisar de letra, em muitos casos.

Vi há pouco no Uol o vídeo que a Prefeitura encomendou a Arlindo Cruz e cia. Muito bonito. Bem carioca. Falta legenda pros gringos. E falta internacionalizar. Falta um vídeo que todos olhem e digam: Rio, eu vou, eu quero ir. Faltou esporte também, entretanto, é óbvio, isso ainda virá. Mas está um bom começo, recomendo: http://entretenimento.uol.com.br/videos/assistir.htm?video=arlindo-cruz-e-parceiros-compoe-musica-para-rio-2016-0402CC1A306CE4893326.

Achei mais eficaz que o vídeo da Embratur, muito lindo, perfeito tecnicamente, com imagens poéticas e dignas dos melhores filmes publicitários, mas que não diz claramente que é Brasil. Lá pelo meio, o mais antenado descobre. Não entendi o voo de asa delta sobre as Cataratas do Iguaçu. Isso não existe. Depois dá para entender vários balões (algo limitadíssimo no Brasil) e asas invadindo o Rio, para um final apoteótico e emocionante, com uma mensagem perfeita: todos se encontram no Rio. O final é arrebatador e me faz desculpar o começo pouco inteligível.

Ou seja, o começo é bom.

O Rio vai explodir. Vai se beneficiar tanto da Copa quanto da Olimpíada e isso é bom para o Brasil. O Rio é a imagem positiva do Brasil lá fora,

Agora é com a gente. Inspirados, engajados, críticos, até, mas acima de tudo querendo o melhor para o povo do Rio e do Brasil, o que passa por um turismo melhor e mais poderoso. É ou não é um Brasil de todos? Essa é a hora de fazer valer o slogan…

Salve, Rio!!!!

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • Perfeito seu artigo “Cliches , sim”. Penso da mesma forma. Ridículo a Marisa Monte de Iemanjá, o Brasil é um país predominante católico, não poderiam incluir religião com Olimpíadas.
    Porque maracatú ? Somos conhecidos bela Bossa Nova e samba. Michel teló não…por favor…..
    Quem foi o responsável por esse tremendo mal gosto ?
    Forte abraço
    Gilberto

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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