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CONCESSÃO. E DAÍ?

Um dos grandes problemas de diversos governos no Brasil, além da corrupção, claro, é a falta de fiscalização. Aliás, às vezes ligada à própria corrupção. Por isso, sou um tanto descrente da nova classificação hoteleira – como será feita a fiscalização, que nunca houve? Mas isso é outro assunto.

Quero falar dos táxis no Rio e em São Paulo. Para ser taxista, é preciso de uma licença dada pela prefeitura. Para se criar um ponto de táxi, idem. Para se entrar em uma frota de um ponto, há regras a serem seguidas.

Nos aeroportos, isso é elevado ao quadrado, pois tem a ingerência do governo federal, via Infraero. Nos momentos de pico de táxi ou nos dias de jogo do Brasil, Congonhas e Santos Dumont, dois dos mais movimentados aeroportos brasileiros, viram terra de ninguém – Marlboro Land.

Nos dias de jogo, havia 10% da frota trabalhando e cobravam, na cara dura, um valor maior para levar os passageiros (isso no Rio, em São Paulo seguiam a tabela). Os táxis que não eram do ponto, não podiam entrar na fila para pegar passageiros, mesmo não havendo táxis suficientes. Resultado: ficavam em lugares estratégicos, cobrando três vezes mais para levar os clientes. Fiscalização? Ninguém sabe, ninguém viu. Ah, mas se der R$ 5 ou R$ 10 para o “fiscal”, o táxi que não é do ponto pode pegar passageiros. E será que pode cobrar mais?

Na porta dos hotéis, a mesma bandalha. O capitão-porteiro empurra o táxi “oficial”, em carro especial e joga a tarifa lá para cima. “Mas eu quero um táxi comum…”. “E se a gente baixar um pouco a tarifa?”. É brincadeira. Nós, que somos descolados, falamos a língua, viajamos muito, conseguimos nos virar. E o turista que não fala português? Então a história é a seguinte: o governo não fiscaliza o táxi na porta do hotel e vai fiscalizar se o banheiro está limpo, se a piscina está cheia ou vazia ou se a porcelana do cinco estrelas foi comprada de baciada no sul do País ou se é importada? Conta outra.

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • Artur,
    Eu fico, como você, impressionado como serviços acabam não sendo serviços. Para minha surpresa, o exemplo que você fala de hotéis me impressiona ainda mais, pois estamos falando de GRANDES marcas, redes… quase que mensalmente eu vejo isso… a sensação que passa é que o funcionário do hotel tem um acordo para por os táxis que eles querem… ou se você insiste que quer um táxi comum, eles dizem que demora muito… a grande pergunta é essa: será que os líderes desses hotéis sabem disso… eu duvido, pois pode ser inclusive arranjos entre os proprios funcionarios… infelizmente..
    abraços,
    Claudemir

  • E assim são com os taxis, poder público, fiscais, porteiros, recepcionistas, “flanelinha”, maitre, garçom, lavador de carro … e por aí vai … e tudo tem apenas uma definição … CORRUPÇÃO. Não é privilégio dos nossos políticos, pois pagar por serviço mal prestado, corrupção, cartel são situações vividas no nosso dia a dia. Saudações.

  • Já tive problemas na rodoviária de Santos com taxistas.

    Indo para o porto, sempre pedi informações nos postos específicos para tal. Conversando com um rapaz muito gentil, fui alertada para ir de táxi ao invés de ônibus (linha tradicional), porém o mesmo pediu para que eu verificasse se os taxistas ligavam o taxímetro, pois era comum eles não ligarem para cobrar um valor fixo.

    Realmente, ele ligou e depois desligou, eu, muito esperta sabia da distancia, pois vi num mapa chegando a Santos, questionei se estávamos longe e quanto que ele achava que ia dar a corrida.

    O engraçadinho respondeu que eles faziam a 30,00 fechados. Quando eu questionei o taxímetro o mesmo disse que era comum cobrar um valor só. Diante da minha recusa e ameaça de não pagar se ele não ligar o taxímetro ele cobrou 20,00 que eu só paguei devido um transito infernal que pegamos próximo ao porto. No percurso de volta o taxista muito profissional cobrou o devido R$ 13,00.

    Imagino o quanto eles lucram de quem é de fora da cidade ou do país. Cadê a fiscalização?

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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