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CONFIANÇA, TRANSPARÊNCIA… E LEI

Três semanas nos Estados Unidos e dá para ficar observando uma série de coisas sobre o American Way of Life.

Nas lojas dos shoppings, por exemplo, há casos de um vendedor apenas para dar conta de tudo. Sim, apenas um. Vi isso na Gap, na Banana Republic, na Hanes… Em outras, uma pessoa a mais e olhe lá. Daí os altos níveis de desemprego e também a insatisfação de quem fica pelo mesmo salário trabalhando mais.

Mas o que mais me chama a atenção é a confiança do americano nas leis e nas pessoas.

A grande maioria dos pedágios não tem cancela. Se você pagar no “Sem Parar” e não for credenciado, a multa chegará, ou uma câmera te filmou e você será abordado mais à frente. E as penalidades são grandes. Não tem jeitinho.

No metrô de Los Angeles não há catraca/roleta. Você entra e as autoridades supõem que, como pessoa honesta que é, você está com o bilhete. Aleatoriamente, realizam blitze em que todos que descem a escada rolante, por exemplo, têm apenas de mostrar o bilhete. Quem não tem paga US$ 250 de multa. E é lei. Não adianta dizer que não sabia.

Nos postos de abastecimento, self-service.

Nos restaurantes, máquinas de refrigerante à disposição. Você paga e recebe um copo. Depois, é com você. Não vemos pessoas que não pagaram bebendo “espertamente”.

Claro, aqui (sim, ainda estou em Orlando) há políticos que fazem festinha com prostitutas. Sim, aqui há corrupção. Sim, há roubos e assaltos. Mas a lei é dura e você vai pagar pelo que fez. Mesmo.

Sobre assaltos, brasileiros viraram alvo, pois saem das Best Buys da vida carregados. E como muitos economizam nos hotéis, ficam naqueles em que o estacionamento é na frente do quarto. Ou seja, basta meia hora para saber quantos ipads e home theatres entraram em um apartamento. É o barato que sai caro. US$ 60 por dia em um hotel destinado aos turistas domésticos, que fazem bate e volta, e US$ 10 mil em compras perdidos… Claro, não é uma tendência. Mas são casos relatados. Você está de férias, com artigos de valor…paga um pouco mais, vai. Fica em um hotel com segurança, recepção 24 horas, elevador, estacionamento controlado.

Outra amostra de confiança: comprou algo e se arrependeu, a troca ou reembolso é total e imediato (sem uso do produto, claro). Algo quebrado? Só levar na loja. Comprou um item que um ou mais dias depois entrou em liquidação? Volte na loja e ganhará a diferença de volta (geralmente vale para compras de uma semana, mas cada loja tem sua política de devolução, que pode chegar a um mês). Isso porque o objetivo é vender e não enganar ou extorquir o comprador.

Não é uma sociedade perfeita, mas transparente, o que falta na nossa.

A campanha de promoção dos EUA é um exemplo disso: boa parte do dinheiro vem do que o governo arrecada com o Esta, taxa criada para os visitantes que não precisam de visto para entrar nos EUA (pagam uma vez a cada dois anos). Ou seja, o dinheiro
está sendo usado e haverá prestação de conta. Auditoria externa e independente. Coisa que faria nossos políticos tremerem de medo e nós de vergonha.

Já com as taxas que pagamos no turismo… Poucos sabem, ninguém viu.

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • Bom dia Artur.

    Muito bem observado, pois se o Brasil tivesse apenas um terço do rigor das leis dos EUA, creio que teríamos tudo para ser o país do futuro. Infelizmente aqui no Brasil os corruptos nadam de braçadas aos olhos do povo.
    Abraço

    Rogério

  • Artur,
    Complementando suas observações,pois tb cheguei de lá agora
    Nunca tinha visto o Central Park tão “ESCANCALOSAMENTE LINDO”, como agora. Tulipas de todas as cores e tonalidades enfeitavam os canteiros ( até a famosa, Tulipa negra).Não vi nenhum jardineiro cuidando, e nem vigiando as flores!Não vi tb ninguém colhendo nenhuma delas.”Colhiam ” apenas muitas fotos.Que inveja!
    Abraços

  • Artur,

    É por isso que gostamos assim dos EUA. Porque ai as coisas funcionam da maneira que gostariamos que fosse aqui. Fez algo errado, vc paga pelo erro.

    Quanto aos hotéis em MCO… US$ 60,00 é caro ainda.. tem gente que quer o famos “hotel so pra dormir” por ate 29 dolares. depois não pode reclamar se foi roubado mesmo…

  • Artur,

    Quem me conhece sabe que nunca tive especial simpatia pelos americanos, pois, na minha opinião, falta-lhes o toque de cultura presente nos europeus. Entretanto, sempre fui defensor dos Estados Unidos como exemplo de país. Uma coisa é não simpatizar com as pessoas, outra, bem diferente, é ignorar que lá, a justiça funciona (há falhas, claro), mas no geral o sistema funciona muito bem. O “segredo” é que as leis são para todos e precisam ser cumpridas, e o consumidor é Rei. Apenas é preciso dizer, por uma questão de justiça, que as “qualidades” que você aponta (com muita acuidade) no dia a dia dos americanos, também estão presentes na maioria dos países europeus, onde as leis PRECISAM ser respeitadas, pois a mão da justiça é pesada; onde o consumidor tem seus direitos respeitados; onde as autoridades presumem que todo mundo é honesto até que provem o contrário; onde as pessoas se respeitam e respeitam os direitos das outras, enfim, o que podemos chamar de viver numa sociedade civilizada. É nessas horas que a gente percebe o quanto o Brasil, com toda a pujança econômica dos dias atuais, ainda está longe de poder considerar-se um país de primeiro mundo. Será que um dia chegaremos lá?

  • Oi Artur,

    algo que acho válido lembrar é que as leis do consumidor são respeitadas porque o consumidor também sabe respeitar e não quer ficar dando um “jeitinho” para se dar bem em cima do comerciante/empresário.. acho que é uma via de mão dupla, respeitando ganha-se respeito.. algo que ainda está longe do dia a dia tupiniquim..

    abs

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

O conteúdo dos blogs é de inteira responsabilidade dos blogueiros convidados, não representando a posição da PANROTAS Editora.

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