Uma entidade de classe ou associação, que muitas vezes ganha nomes como fórum e até mesmo grupo, na teoria não tem dono. Nem é do povo, nem é do empresário. Mas é de todos. É do setor que representar (ou quer representar). Criada, na teoria, para defender interesses comuns, com o tempo pode seguir alguns caminhos: evoluir com sua classe, acomodar-se, desvirtuar-se, mudar de rumo, descobrir novas missões, servir aos interesses de poucos ou mesmo perder o prazo de validade, mas continuar respirando por aparelhos.
Ah sim, e dar filhotes. Associações são quase como Gremlins, que reproduzem rapidamente e que têm dois lados, o bom e o mau.
Diz o ditado que o olho do dono é que engorda o gado e na associação é muito comum vermos um grupo de líderes (ou de notáveis) se envolver com a mesma por um longo período. Não é incomum vermos nomes se repetirem na presidência e diretoria por anos e anos. Isso é bom, por demonstra cuidado e interesse de longo prazo (e reclamamos muito da falta de continuidade política no Ministério do Turismo, para ficarmos em um exemplo próximo); mas também é ruim, pois bloqueia a renovação e a entidade começa a não falar a língua dos novos tempos, não capta novos sócios, vira uma Academia Brasileira de Letras, que discute o conceito, mas está distante da prática.
Há modelos de muito sucesso de entidade, associações e afins, que souberam achar um caminho, uma fórmula para fazer a classe estar bem representada, mas também garantir um grupo forte e aberto ao novo. Geralmente contrata-se um executivo, cria-se um conselho, segue-se à risca o estatuto, que é atualizado de tempos em tempos, com a participação de membros da velha e nova guardas.
Mas que é o dono da associação? Não tem ou é a necessidade de ela simplesmente existir? É a vaidade do presidente ou o olhar de cada associado, que vê sua contribuição financeira valer a pena, mas, mais que isso, consegue enxergar que há um interesse maior acima de tudo?
Quem é o dono de uma associação? Toda a classe ou apenas quem participa ativamente? Patrocinadores, expositores de seus eventos ou clientes de seus associados?
De todos esses ficamos com a utilidade, a necessidade, a contribuição dessa associação para a classe que representa e como ela é vista pela indústria da qual faz parte, entre outros interlocutores, que vai determinar como serão os próximos anos. Se não servir, vai virar enfeite. Sua feira vai virar encontro de notáveis, workshop ou lembrança.
Quem é o dono de uma entidade? O tempo? A conjunção de diversos fatores? O engajamento? O capital produzido pelos sócios? Somos todos nós? O que você está plantando em sua associação? E para quando são os frutos? Posso falar com o dono? Ele não está ou nao sabemos exatamente quem é?
É quem se interessa por ela. E isso não pode ser apenas circunstancial. Daí a importância de uma entidade ter planejamento estratégico, visão de futuro, estar alinhada com o hoje e o amanhã. E cada uma terá, fatalmente, o presidente, o associado e colherá os frutos que merecer.
[…] O texto abaixo foi publicado há 7 anos, em 18/06/2010, no Blog Distribuindo Viagens e soa atualíssimo como uma resposta à pergunta do título do post do Artur “De quem é uma associação?” […]
Artur, tema muito bem colocado.
Gostaria de agregar ainda um aspecto, que será motivo de um post em breve. A questão da liderança, ela está diretamente relacionada com a representação, com a inovação nas associações e entidades.
O desenvolvimento de líderes na indústria de turismo do Brasil é um dos aspectos fundamentais para estarmos sempre perto do que acontece e cobrar o que não acontece.
O que fizemos sobe a saída dos EUA do acordo de Paris ? Além do impacto na humanidade, impactos no turismo, em nosso negócio. Procura-se por mais líderes !
[…] pertinentes a respeito das associações dos colegas Artur Luis Andrade e Luis Vabbo nos textos De quem é uma associação? e Associação não pode ter dono… e a ponte criada no assunto com o setor e o período que o […]