Outro dia, comentando animado com uma amiga operadora sobre a verba que o Canadá destinaria para se divulgar no Brasil (não me lembro da cifra, mas era algo perto de R$ 1 milhão a mais em relação a 2010), ouvi como resposta a voz da razão: “de que adianta? Só tem um voo para lá”. Ops… Não sou do Turismo do Canadá, mas senti a pontada da estocada. E não é que ela tem razão.
Realmente nunca aceitei o Canadá receber pífios 60 mil brasileiros (que já devem estar em 80 mil), enquanto o vizinho EUA recebe 15 ou 20 vezes mais. Mas também tem 15 a 20 voos mais, diz a sábia operadora. Somos, então, mercado prioritário para o Turismo do Canadá, mas não para a Air Canada? Interessante.
Conversando com o Sidney Alonso, blogueiro do Portal PANROTAS, agora especialista em destinos, confirmei também o que todo mundo já sabe: ele não para de receber pedidos de seus representados para visitas ao Brasil, eventos com o trade, encontros com os principais players. O Brasil é a bola da vez e todos querem vir ao mesmo tempo. Imagine os operadores e agentes de viagens tendo de reservar, todo dia, pelo menos quatro horas para receber delegações estrangeiras, sem falar em almoços, jantares, festas… e treinamentos. A falta de um grande evento reconhecido como “o” evento de turismo brasileiro facilita essa visitação descoordenada. Alguns preferem a Braztoa, outros a Abav, há os fãs da Aviestur e da Avirrp, ou do Workshop CVC, Gramado, Nastur, Ancoradouro, New Line… Enfim. O destino não se sente confortável em um só grande evento, como há na Espanha, Alemanha, Itália… Muitos preferem vir individualmente, e aí o retorno pode ou não ser melhor… depende das escolhas e parcerias.
O que tem de destino fazendo treinamento no País, especialmente no Rio e em São Paulo, é algo inacreditável. A maioria, claro, passa longe de ser um treinamento. Chega o cidadão representante do destino, ou um funcionário de operadora, e começa a desfiar um rosário automático, acompanhado de alguns slides. Aquela coisa fria e básica, e o agente de viagens que se sinta treinado. Mesma coisa nas feiras: ficam lá distribuindo folhetos, a maioria das vezes recepcionistas contratas que sequer sabem onde ficam os destinos representados, sem qualquer criatividade.
Poucos destinos investem em sites em português, com informações mais profundas e não meras reproduções da home page da matriz. Poucos fazem quiz na internet. Poucos interagem. Acham que basta realizar um jantar bonito e está tudo certo.
Idem para os folhetos e catálogos. mera tradução, sem se preocupar com as idiossincrasias do mercado brasileiro. Então tome páginas e páginas sobre golfe. Páginas e páginas sobre praias sem graça comparadas às nossas. Páginas e páginas sobre tours com a cara dos turistas americanos. E sequer detalham compras, restaurantes, vida noturna, passeios ao ar livre, novidades, roteiros diferenciados, luxo…
O Brasil é a bola da vez, todos os destinos estão por aqui, mas falta saírem do básico. Serem mais criativos, como são os próprios destinos. Além de trabalharem em conjunto com fornecedores que tragam o negócio para ser fechado. Ou o brasileiro vai continuar na sua zona de conforto, visitando mais do mesmo. E empresas referência e pioneiras, como a Queensberry ou a Designer, vão acabar fazendo mais pelos destinos que os próprios representantes.
Quanto aos voos. Vejam o exemplo de Orlando que conseguiu levar a Tam com ligação direta. Vejam Las Vegas que conseguiu fretamentos. St. Maarten. O Caribe em geral. Mais uma vez, se construir… eles virão.
Em tempo: uma pena que este ano não vai haver Explore South Africa. A Copa, pelo visto, endividou o país. E pode comprometer um trabalho de anos com o público brasileiro.
Em tempo 2: muito boa a discussão do post anterior. Prometemos não deixar o assunto morrer, com a ajuda de todos que lá se comprometeram. Muito bom mesmo. Aliás, o que mais me espantou foi a ignorância quanto ao trabalhod e um CVB e tudo que o turismo gera para um destino. Continua o foco no avião…
Eu tambem não entendo como podemos ter tantos destinos em voos nonstop, agora saindo direto do nordeste, do sul, etc..e um voo somente para o Canada. Não posso crer que não haja interesse. Seria algum entrave politico?
Tambem concordo com a divulgação de destinos aqui. Gasta-se (não investe) com material, viagens/visitas, eventos, mas sinto enorme dificuldade em operacionalizar o destino depois. Quando um novo destino se apresenta, tento fechar acordos, conseguir tarifarios, etc..nesta hora os “divulgadores de destino” não conseguem fazer a ligação operação/operação e não temos retorno dos contatos sugeridos por eles.
Artur,
Mais uma vez você soube colocar o dedo na ferida. Não importa o quanto se gaste, se o investimento não for personalizado, não levar em conta as particularidades do público que se quer atingir, deixa de ser investimento e passa a ser gasto. Nós que defendemos e promovemos destinos sabemos bem o valor de um folder, de um website ou de uma ação de capacitação com agentes de viagens e operadores. Sabemos bem o impacto positivo de um famtour bem planejado e com foco. O trabalho dos CVBx, como você muito bem disse, ainda desconhecido pela maioria dos profissionais do turismo, não é novo, pois nossa história já data de 1896 (pasme!). Entretanto, ainda há gente, aqui e lá fora, achando que distribuir folhetos bonitos ou participar de feiras sem nenhum planejamento é suficiente para garantir o aumento do fluxo de visitantes. Ledo engano. Esse trabalho está cada vez mais qualificado, mais profissional e mais competitivo. É uma área do turismo (ou seria da comunicação?) que ainda carece de atenção por parte dos principais players e do público em geral. Garantir espaço na cabeça do turista (visitante) através do “emotional branding” ainda parece ser o grande mistério a ser desvendado por boa parte de nossos profissionais. Todo mundo acha que sabe o que um CVB faz, quando na verdade, a maioria, ainda se contenta, erradamente, em nos definir como “entidades” de captação de eventos. É mais um erro, é menosprezar a força aglutinadora de um bom CVB e o poder de alavancagem econômica e social desses organismos em constante aperfeiçoamento. Já há no Brasil uma nova classe profissional: a dos executivos de CVB. Somos poucos, mas já estamos dizendo a que viemos em muitos casos, mas queremos e precisamos ser mais ouvidos. Quem sabe com estas discussões não estaremos dando um pequeno passo para levantar essa importante questão? Vamos discutir o assunto?
Um abraço
Para quem gosta de números.
No timetable do aeroporto intl de Toronto hoje.
* não foi observado se as frequencias são diarias/semanais, etc.
Decolagens previstas em 14/03 – 1204
Regiões de destino:
Am.Central 43
Am.Sul 5
Europa 18
Asia 12
Oceania 1
Africa 2
Eua & Canada 1123
Enjoy it!
Bom, depois de uma tarde mais que corrida, agora posso opinar, são impressões OK? sem violência!
Concordo com as palavras do Artur e de todos, mas será difícil convencer uma empresa de bandeira a investir em algo novo onde já se existe uma posição privilegiada e que garante rentabilidade o ano inteiro pelas múltiplas opções abaixo citadas.
“Agora é seu dinheiro Artur, o que você faria?”
Estava a pouco no site do consulado canadense BR, quase não se fala sobre lazer.
Estudantes: Europeus , Asiatico e Latinos representam 150.000 por ano estudando por no mínimo 1 mês até 1 ano, gerando receita mensal a localidade e até trabalho supervisionado. Tarifas aéreas maiores na medida que a permanencia é maior.
Lazer: O período de lazer para os brasileiros que ocorre entre junho-julho, dezembro e janeiro, esbarra no mesmo período dos estudantes.
Acho que as agências de estudante tem uma coisa só a reclamar, que poderiam estar vendendo mais, porque é caro estudar no Canadá e vende bem!
Alias, no site do consulado se fala bastante em Estudos.
Dezembro e Janeiro não são meses que qualquer brasileiro encara o frio de la. Estive 15 dias com minha esposa no ano novo e as cataratas eram quase um breu, poucos corajosos, a lindas Quebec e Montreal também. No verão são impagáveis.
Imigrantes: Depois dos EUA, é o Pais com maior diversidade cultural, invadida por todas as culturas do planeta.
Negocios: Toronto, Vancouver e Montreal devem liderar o trafego de negócios, vemos o nome da Vale nas estações de trêm por lá.
Paises Irmãos: Canadenses e Americanos se deslocam como se estivessem num único Pais. Afinal, em Toronto, como seria possível fazer imigração dos EUA em solo canadense???
Nem falei dos Canadenses que viajam. Os estudantes viajam o mundo a procura de cultura e saber. As famílias que passam quase o ano todo no frio vão descansar quanto mais ao sul forem, adoram as ilhas do caribe.
Parabéns a Am.Central/Sul dos EUA que conseguiu cativar o canadense, poderiam vir ao Brasil não? Quem sabe haveriam mais lugares para nossos turistas também, ou não.
Como um ex variguiano ( e nasci no turismo na RG ), aprendi no primeiro dia de trabalho que a RG era do brasileiro, era encarregada de apresentar o BR lá fora e acima de tudo de levar o brasileiro ao mundo todo.
Seria a AC assim? quem será que ela quer buscar quando decola do Canada? Custa caro? Temos parceiros? Seriam perguntas do ” imaginario ” acionista aqui da mesma.
Lugares sempre tem, via EUA, Am.Central.
Ahhh o turismo não é avião mas da uma ajudinha…..ou não.
Caro Artur
Cheguei atrasado…o meu comentário deveria ser sobre o blog anterior, mas, tudo bem…antes tarde do que nunca:
– O tema “fatos e dados” me é muito caro e eu não posso deixar de me manifestar. Ao longo de mais de 30 anos de vida de executivo, ví idéias maravilhosas irem por água abaixo por falta de “fatos e dados”. Acho que a indústria do turismo (e, de resto, todas as atividades economicas do Brasil) carecem de informacões confiáveis, ou por que ninguém se preocupou em coletá-las e organiza-las ou por que não interessava. Existem várias entidades ligadas ao setor, que poderiam e deveriam dedicar mais recursos a isto. Isto ajudaria a melhorar muito a qualidade das discussões nos diversos fórums (destaque para o Fórum Panrotas – talvez o melhor do segmento), assim como, as decisões dos empresários ligados ao setor. Por último, não custa nada repetir um dos meus “motes” favoritos…o do 6 Sigma: “In God we trust, all other show me the numbers”.
Grande abraco, e desculpe, mais uma vez, o atraso…
Darci, tens razão, mas só tu para responder a um post com comentário no outro. hehehe. E a esposa que tá com o braço imobilizado…
Abraços
Artur…este comentário é sobre o blog de hoje:
– Acho que o outro título do teu comentário de hoje poderia ser “quantidade não significa qualidade”: jogar muito dinheiro sem um adequado planejamento e uma impecável execucão, gera maus resultados.
Artur, é o velho tema da competitividade que precisa ser visto e executado com novas idéias, ferramentas,… Mas não somos vizinhos dos EUA como o Canadá, por isso, quando fazemos comparações, é preciso colocar cada fronteira territorial em seu lugar.
Mas o que eu queria falar mesmo é sobre dinheiro e felicidade, segue o link para um artigo do Nizan Guanes que publiquei no meu blog que é genial: http://jeaninepires.blogspot.com/2011/02/nao-e-dinheiro-estupido-nizan-guanaes.html
Sim! Estou de volta com o Contagem Regressiva !
Os numeros trazem justificativas e oportunidades, quem tenha olhos que veja, e os entenda, se quiser é claro.