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É MUITO EVENTO

Não adianta, o dinheiro em caixa, a vaidade, as brigas políticas, a falta de visão, a ausência de afinidade de certos produtos, a (des)integração do trade… são muitos os motivos que jamais permitirão que o turismo brasileiro tenha um calendário sadio e otimizado de eventos.

Acho que o principal fator é mesmo o dinheiro. As entidades, empresas, operadoras, veículos de comunicação, organizadores de eventos, órgãos sem fim lucrativo, profissionais independentes… todos viram na realização de eventos uma ótima oportunidade de renda extra. Mas muitos se esquecem do conteúdo, de ter um evento sustentável. O fornecedor/patrocinador, que é quem banca o evento, acaba dividindo sua verba em partes pequenas e passa despercebido em muitos deles, apenas cumprindo tabela e agradando seu cliente.

Ações mais ousadas cabaram ficando de fora dos orçamentos e guardadas para eventos dos próprios fornecedores. Pois os demais eventos “obrigatórios” comem parte do dinheiro que seria destinado para a excelência, a surpresa, a ousadia… Resultado: um monte de estande igual, sem produção…

Já os visitantes acabam pulverizados e os donos e gerentes acabam escolhendo os melhores. E mandam quem não decide, quem não vende e até gente de fora do trade. Evento qualitativo hoje em dia não combina com feira, em termos de audiência. Há exceções, claro, mas não é delas que falo aqui.

Juntar a Braztoa com a Abav em 2013, o Salão de Turismo com os dois, a Aviesp com a Avirrp, os diversos workshops americanos em uma feira só soa bem mais razoável e racional. Por enquanto, nada certo.

A última vítima do excesso de eventos, somado a uma divulgação tímida, chuva em São Paulo e semana com feriado foi o Cruise Day. O evento que já teve 25 expositores, tinha 15. Segundo dados oficiais, foram cerca de mil inscritos, mas alguns expositores falam que cerca de 100 pessoas passaram por suas mesas… Há várias causas para o insucesso, mas com certeza o excesso de eventos e a falta de uma agenda racional colaboraram e muito.

Até quando? Até que o dinheiro acabe. Ou que alguém (de ambos os lados – buyers e suppliers) jogue a toalha.

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • Muito bem colocado e pertinentes o seu post. Tem eventos demais e sem retorno algum para o expositor. Lembro que tivemos outros eventos este ano que não choveu e assim mesmo foi muito fraca a presença de agentes de viagens. Mas como os corredores são estreitos e estava cheio de expositores…….deu para disfarçar.
    Esta mais do que na hora das entidades pensarem mais no agente de viagens e menos no seu caixa. Tem metro quadrado sendo comercializada pelo preço de apartamento.
    É o fim!

  • ALA, excelente sua colocação…SP virou palco de eventos com os grandes operadores oferecendo feiras com os mesmos produtos vendidos com outra marca para um mesmo público…atraído por sorteios de premios polpudos e shows de cantores famosos…e o custo disso? É o cliente final que paga, depois reclamam das ofertas mais baratas pela internet

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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