Viajar com olhos críticos não é fácil, pois coisas bobas podem te irritar e coisas simples e boas podem não te satisfazer. Quem viaja muito fica mais chato, mas eu juro que fiz a viagem São Paulo-Rio-Miami, com a Tam, de muito bom humor. Vamos a alguns fatos dessa linha do tempo que levou cerca de 18 horas.
AH, SÃO PAULO
Gosto de chegar em aeroporto, qualquer um, bem cedo. Que seja para não fazer nada, mas a sensação de estar atrasado, de poder perder um voo ou ter de fazer coisas correndo (ir na farmácia, comprar uma revista, trocar mais um dinheirinho…) me deixa tenso e mal humorado. Saí 45 minutos além do que eu queria de casa, na Vila Mariana, e peguei um temporal no caminho, trânsito parado, ruas alagadas… Isso só reforça a minha lógica: TEM QUE SAIR CEDO DE CASA.
Em Guarulhos, peguei um atendente um tanto inexperiente, ia perguntar tudo para uma colega mais descolada. A boa surpresa foram os banheiros do GRU Airport. Novos, amplos, com acesso em rampa, iluminados… Gente…. será?
PIADA PRONTA
A anedota do embarque foi com um integrante do grupo (não sei se ele quer ser citado, então vou omitir o nome dele – ah, estou em um grupo para conhecer o Celebrity Reflection, navio da Celebrity Cruises, que inicia sua temporada caribenha, saindo de Miami para cruzeiros de sete noites – leia mais sobre o navio na cobertura que farei no Portal PANROTAS). Voltemos à anedota.
Nessa passagem era São Paulo-Rio-Miami. Ganhamos dois cartões de embarque, sendo que o primeiro trecho era doméstico. Mas ele embarcou no internacional. Não só passou pela conferência pré-embarque (agora sob responsabilidade da concessionária), como também pela Polícia Federal. “Como o senhor entrou aqui?”, perguntou um assustado funcionário da Tam. Eele teve de desembarcar (a saída e entrada mais rápidas do País que ele já fez na vida) e fazer novamente os trâmites, só que no lado doméstico (e olha que só há uma parede de vidro separando as duas alas).
No embarque, sala sem cadeiras, atraso por causa da chuva… ou seja, tudo bem.
Voo lotado e percebi que muitos estavam indo ao Rio para pegar voos internacionais. Tarifas mais baixas? Voos lotados em Sampa?
O voo foi tranquilo, mas na hora de aterrissar foi aquele pouso tipo “se joga no chão com tudo” e as máscaras de oxigênio da primeira fileira caíram sem ter havido despressurização. Havia dois chineses nas poltronas. Não entenderam nada.
O CLÁSSICO
Chegamos com meia hora para o embarque, devido ao atraso, e no Rio é preciso desembarcar e depois entrar de novo na área de embarque. Para isso, enfrentar elevadores com defeito, escada rolante em manutenção, funcionários desinformados e o tumulto à la rodoviária que virou GIG. Tá pior que GRU 360. Bem pior.
Passo na PF, corro pro embarque, sem tempo de comprar uma revista (em GRU a loja estava sem sistema e eu sem dinheiro vivo). Atendimento um tanto displicente e pelo menos tento confirmar se meu assento na econômica é corredor, como eu havia marcado na internet, no site da Tam. “C é corredor, né?”. O atendente (JURO QUE É VERDADE), estufa o peito, sorri meio sem jeito e diz “olha, eu só faço academia…”. A outra atendente quase morre de vergonha e já emenda: “ele quer saber se o assento dele, 18C, é corredor”. Caímos na gargalhada. O cara ficou muito sem graça. Vaidade ferida, será?
O CLÁSSICO 2
O avião era um 767 e eu achando que seria um 777. Olha, justiça seja feita, o voo foi perfeito, sem turbulência, noite clara lá fora, dava pra ver as cidades lá embaixo, consegui esticar as pernas pois havia um espaço bom (reclinação de econômica, porém), até cochilei. Mas avião sem vídeo individual para mim atualmente parece com escrever em máquina Olivetti, revelar fotos, colocar ficha no orelhão para fazer uma ligação. Nem na executiva!!! Era um telão e várias telinhas no teto. Meu pescoço até agora reclama. Lembrei de um voo da Aeroflot, que também tinha telão, mas com som aberto. Até hoje odeio o Jackie Chan…
Mas, repito, o piloto fez em 7h30 o trajeto Rio-Miami e o avião sequer sacolejou. Daria nota 7, mesmo na econômica e em avião “não tão novo”. E a volta, amém, será de 777 (acho que com vídeo individual – faz tempo que não voava de Tam). As americanas nisso são craques: nos voos domésticos cobram por tudo e a gente paga pelo que quiser. Internet: US$ 10. Pago. Comida: US$ 10. Não pago. Melhor comer em terra. Entretenimento: US$ 10. Pago, pois é o que me salva a bordo. No internacional, o vídeo on-demand já é realidade.
A comida no voo? Comida de avião é tudo igual. E o próprio comissário me “desrecomendou” o ovo mexido. Mas eu não teria coragem mesmo assim.
Chegando em Miami, quatro da madrugada, fila imensa na Imigração, mas logo foram chegando os funcionários. O que me atendeu queria logo se enturmar em português, mas ficava falando espanhol comigo. Quer ir para o Rio no carnaval. Já está fazendo amizades na internet. Vai vendo…
Nas lojas por onde passei hoje à tarde (dia reservado às comprinhas…) muitos atendentes de loja querendo visitar o Brasil. É um sonho de consumo. E somos tantos comprando por aqui atualmente, que também aumenta a curiosidade pela terra desses gastadores exagerados. Mas tem que tirar visto, checar informações sobre índios, violência e mulatas, saber o que visitar, guardar (muito) dinheiro… O sonho vai se arrastando e virando uma imagem longínqua.
Não foi um dia divertido? Isso porque não contei sobre minha tarde com seu Guillermo (Alcorta). Mas chefe é chefe e ele anda em Miami sem GPS, conhece todos os lugares, o que nos economizou um bom tempo.
Ah… “C” é corredor sim. Sempre é, né?
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