Depois de anunciar um (no mínimo, polêmico) “monitoramento” do preço de hotéis no Brasil e no mundo, Flávio Dino, presidente da Embratur, órgão do governo federal subordinado ao Ministério do Turismo e cuja missão é cuidar da promoção do Brasil no Exterior, agora dá seu parecer sobre a aviação brasileira.
Em entrevista ao Valor Econômico, Dino sugere um teto para as tarifas das empresas aéreas, “para coibir abusos”, e a cabotagem doméstica, permitindo que empresas estrangeiras operem voos no Brasil.
Ou Dino, sabe de algo que o mercado desconhece, ou ele desconhece como funciona a aviação no Brasil e no mundo. As companhias aéreas nacionais tiveram prejuízos bilionários em 2012; segundo a Anac, 70% das tarifas aéreas vendidas foram a menos de R$ 300 em 2012, 15% abaixo de R$ 100 e apenas 0,23% acima de R$ 1,5 mil. Sem falar na falta de infraestrutura para que a aviação cresça como merece e precisa.
Dino quer colocar as duas sugestões no projeto de lei 6716/2009, pronto para ser votado e que aumenta de 20% para 49% a participação de estrangeiras em empresas nacionais.
O mercado de aviação e o trade turístico estão surpresos com as propostas, que, supondo que fossem aprovadas, levariam a uma guerra tarifária sem fim e que acabaria, já sabemos, com o fim das empresas nacionais. Terminar com a liberdade tarifária não significaria preços menores. E nem a garantia de mais cidades servidas. Pois voar entre o Rio e São Paulo todo mundo quer, mas ligar o Nordeste, por exemplo, ninguém conseguiu até hoje.
Para Flávio Dino, se as empresas nacionais não conseguem sobreviver em um ambiente competitivo (assim como no caso dos hotéis Dino ignora diferenças de custo, impostos, políticas governamentais e leis da concorrência ao comparar uma empresa brasileira com qualquer outra estrangeira), “seria melhor estatizar”.
A pergunta que fica é: como ter estrangeiras operando entre Brasília e Salvador e ter um preço máximo de R$ 500 (hipotético) para a mesma rota, trarão mais turistas estrangeiros para o Brasil?
Pensando na mesma linha, o presidente da Atout France, da França, país líder no recebimento de turistas estrangeiros, se daria melhor na presidência da Embratur? Ou mesmo o presidente do Instituto de Turismo da Argentina, país vizinho que recebe mais turistas que o Brasil… CLARO QUE NÃO!!!
Vamos aguardar o que a Abear e a SAC têm a dizer… A Anac já se pronunciou, via comunicado, na reportagem do Valor. Afinal, precisamos saber qual a política do governo federal para a aviação brasileira.
Para ler a matéria do Valor:
http://www.valor.com.br/empresas/2985422/embratur-quer-teto-para-bilhete-aereo
PS.: Em um governo e um País que nunca foram ao socorro de uma empresa aérea sequer, ao contrário de meio mundo pós 11/9 e de países que ainda mantêm empresas estatais ou com incentivos, um governo e um País que usam a lei da reciprocidade e o orgulho nacional para exigirem vistos de turistas americanos e de outros países (o que ajudaria na meta dá Embratur para aumentar o número de visitantes), um governo e um País que apostam no produto nacional… aparecer uma ideia como essa, que no fundo entrega a aviação nacional a estrangeiros, é no mínimo estranho.
Há muito mais coisa para a Embratur se preocupar, e que se pode dizer ser mais da sua alçada, do que esse tema. Com relação à própria aviação, há várias medidas que poderiam melhorar o custo das aéreas – e, em consequência, a vida do consumidor – e que cabem ao governo. E ainda tem essa questão dos vistos…
Prezado Artur,
O presidente da entidade acima citada está corretíssimo em sua preocupação.
Vejo que a entidade chegou a um patamar imcomparável com qualquer par de outro país.
Entendo que para resultar a este comportamento, tenha suplantado ajustes para a estrutura do turismo receptivo de um país que receberá os dois principais eventos esportivos do mundo. Afinal;
1) todas cidades sedes para a Copa, já receberam treinamento e orientação de como tratar os turistas, inclusive os taxistas, bilingues;
2) as seleções dos paises que participarão da Copa das Confederação receberam uma cartilha e treinamento sobre as cidades sedes, sua gastronomia, pontos turisticos, artesanato regional, historia e origem destas cidades e seu principais pontos atrativos;
3) Os policiais são bilingues e conseguem alertar os turistas sobre a insegurança nestas cidades e cuidados que devem tomar;
4) Os pontos de ônibus públicos (quando existem fisicamente) estão sinalizados com o horário e a frequencia que o mesmo passa, em dois idiomas;
5) Todos os hotéis, restaurantes e comercio fornecem mapa da cidade e em diferentes idiomas;
6) As seleções de futebol que disputam a qualificação dos jogos da Copa, assim como as delegações pré-olimpicas, receberam uma carta assinada pelo principal orgão promocional do Brasil, desejando boa sorte e afirmando que estamos de braços abertos para recebê-los;
7) Imagens e filmes promocionais do Brasil estão nos principais cinemas do Mundo…
Com o dever de casa feito, vamos monitorar os preços do mercado, pois os custos tributários e trabalhistas no Brasil são um dos mais competitivos do Mundo e o país não pode passar esta imagem….
Artur….
É fácil a compreensão de uma colocação dessa por uma pessoa que ocupa um cargo que requer conhecimento do que é aviação comercial. Indicação puramente política. O cavalheiro não tem noção sequer do que representa e significa tráfego de cabotagem. Considero, ou melhor, desconsidero o que estou lendo acima. Como uma figura dessa pode presidir o principal orgão governamental de turismo no país. Não tem noção do que está dizendo, ou, como diz a garotada – fumou 1(um) estragado (podre).
A única pergunta que me ocorre é: vocês já perceberam qual o partido a que pertence o Sr. Flávio Dino, e que tipo de “mercado” esse partido persegue historicamente? Como esperar alguma coisa diferente de quem defende ideias mortas e enterradas há mais de 50 anos?
Acorda Brasil, quanto menos governo, mais acertos.
Fico por aqui!
meu amigo
vc é o maximo ( claro sem ser o meu chefe que é com 02 s)
kkkk
Prezado Artur, prezados amigos,
Sei que voces continuam pagando a conta e, pelo andar da carruagem, terao de pagar mais e mais, e mais ainda quando a lona furar de vez e a goteira atingir saloes de todas as matizes.
Cada vez que um politico se mete na gestao do mercado, qualquer que for a area de atuacao, prepara-se para assinar um cheque. E incrivel como eles, coletivamente, conseguem errar sempre!
Seria exigencia curricular, pergunta-se?
So nesse exemplo que se discute no blog, dos valores dos tkt’s brasileiros, seus 34% de impostos diretos duplicam os 16% europeus e quadruplicam os 8% americanos (valores aproximados).
‘Nunca se viu nesse pais’… Sera mais barato, comeco a desconfiar, voces se acostumarem com a corrupcao oficializada por ai do que com a intervencao, bem mais cara, dos politicos na economia.
Pobre Brasil… pobres brasileiros.
Com as Bencaos do Senhor (so mesmo Ele na causa!) e meu abraco,
Marcos Hernandez
A aviação comercial brasileira sofre com a falta de politicas publicas, planejamento e pela falta de coordenação do setor aéreo. São poucos empresários que arriscam ou se arriscariam entrar no setor que já assistiu a derrocada de grandes empresas, Vasp, Varig, Transbrasil, BRA, Total e outras menores ou mais recentes. Todas foram grandes empresas mas derrotadas pela alta carga tributária, aumento de combustíveis e pela fragil economia do pais.
Falando em aviação, olha quem voltou:
http://blogdojuca.uol.com.br/2013/01/demitida-da-anac-volta-para-a-copa/
Abs
Tiago
Caro Artur
O problema é MUITO mais sério…este cidadão, falando não apenas em nome da Embratur, mas, em nome do governo ao qual serve, propõe medidas típicas de regimes ditatoriais (saudades de Cuba, do regime militar?). Em um regime democrático e capitalista (sim, capitalismo é democracia economica – senão não é capitalismo – capitalismo de estado é uma bobagem inventada por alguém que desconhece o que é isto), existe liberdade de empreender e, portanto, de definir os preços dos produtos vendidos. A responsabilidade do governo é garantir que haja livre concorrencia (deve estimulá-la – por exemplo, abrir o mercado para outras empresas, etc) e que haja respeito as leis e regulamentos, assim como, é responsabilidade do poder judiciário dar resposta rápida a quem se sentir prejudicado. Capitalismo de verdade, funciona exatamente assim. Qualquer outra coisa, é interferencia indevida do Estado.