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ENTÃO FOI O GOVERNO?

O governo está se divulgando como grande solucionador da questão dos hotéis cariocas para a Rio +20… Foi o governo o salvador da pátria (ou das pátrias estrangeiras) então? Acho muito válido o governo se interessar pelo turismo, ver como funciona e não ficar apenas olhando de Brasília. Iniciativa louvável. Que o governo continue próximo de nós cá embaixo.

Mas era tudo isso mesmo ou o problema eram alguns poucos aproveitadores? Falei com alguns hoteleiros que disseram que tinham tarifas “normais” com o Itamaraty e que havia sim uma cobrança maior em alguns estabelecimentos e intermediadores. As redes e hotéis sérios continuavam trabalhando com seriedade…

E a hotelaria carioca, que sempre sobreviveu graças a si mesma, sem ajuda do governo, ficou com a imagem de aproveitadora como um todo. Com certeza há aproveitadores em todos os setores, no jornalismo, na política, na hotelaria…tem até pipoqueiro aproveitador, ator de novela aproveitador, camelô aproveitador, operador de telemarketing aproveitador. Mas a grande maioria dos hoteleiros é séria e vem sobrevivendo do mercado nacional corporativo (muitos abandonaram o mercado de fora), já que o turismo internacional no Brasil está estagnado há anos  e sabemos por quê (o próprio presidente da Embratur chorou em público a absoluta falta de dinheiro para promover o País lá fora).

PARÊNTESES

A Embratur já usou a quebra da Varig, a crise mundial, a queda do dólar e outros motivos conjunturais para explicar o que achamos pouco e eles comemoram (cinco milhões de turistas), mas o fato é que não há divulgação em massa, não há investimento pesado e bem direcionado. Lembro que se as metas do primeiro Plano Aquarela tivessem sido seguidas ao pé da letra, estaríamos agora com mais turistas que a África do Sul (que só tem uma empresa aérea de bandeira), a Austrália (que é “longe” como nós) e a Suíça (cara como o Brasl). Isso não ocorreu, claro.

Se os Estados Unidos, que recebem 62 milhões de turistas estrangeiros por ano vão investir US$ 180 milhões em promoção, por que um país como o Brasil, que recebe apenas cinco milhões e precisa muito mais dessa indústria, tem apenas US$ 26 milhões disponíveis? Falta de ambição? Falta de estratégia? Falta de clareza de ideias?

FECHANDO PARÊNTESES

O Rio já passou por crises graves de imagem e ocupação dos hotéis, conquistou o mercado nacional (graças à economia brasileira crescente), deu a volta por cima, conseguiu segurar a expansão dos flats para evitar o que ocorreu com São Paulo… aí chegamos à atual situação. De bonança, pela primeira vez em anos. Falta hotel no Rio sim, houve sim exagero de alguns hotéis e intermediários, mas vir o governo e bater na mesa aos 45 do segundo tempo é um tanto forçado. O público, claro, comprou a de que hotéis no Rio são todos aproveitadores… O que virá agora? Uma rergulamentação de preços? E quem cobra o governo sobre seu papel?

A hotelaria sentiu o puxão de orelhas (alguns eventos devem sim ser tratados com diferenciação, pois irão nos ajudar a captar mais e mais turistas – vejam o caso da Feira da Abav, que os hoteleiros nunca incentivaram em geral), mas ele talvez tenha sido exagerado, assim como o brado de vitória do governo.

Gostaria muito que o governo da França fizesse isso para eu ter hotéis mais baratos para assistir a um jogo em Roland Garros, que a rainha Elizabeth rode a baiana (inglesa) para ter preços mais acessíveis para a Olimpíada, que Nova York pare com essa besteira de cobrar preços altíssimos durante a Maratona de Nova York (alô, Obama, ajuda aí) e que durante a a CES, de Las Vegas, os hotéis dessem um descontozinho de 60%… Ah, réveillons em Paris, Nova York e Sydney também estão com preços muitos puxados… Esse negócio de demanda/oferta é coisa do passado…

Que a Rio+20, agora que a hotelaria está “domada”, seja um sucesso por seu conteúdo, pela infraestrutura (que o Galeão aguente, que nosso 3G seja pelo menos 2G, que a segurança impere…), pela liderança e pujança do Brasil em vários setores. No turismo, ainda não somos líderes, infelizmente, mas temos bons exemplos na iniciativa privada, que, quem sabe, inspirarão os políticos a entenderem que turismo = desenvolvimento…

Por fim: gente, vamos aumentar esse orçamento da Embratur. E cobrar que seja bem gasto… O turismo precisa disso. O Brasil agradece.

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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