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EU ME AMO, EU ME AMO…

Uma vez, durante um jantar no Pow Wow, um dirigente de um destino fez um emocionado discurso agradecendo os agentes de viagens pela parceria e ficou uns cinco minutos falando do presente especial que preparara para esses fieis parceiros. Quando os convidados abriram o pacote, havia uma caixa muito bonita, toda forrada, e dentro uma lâmpada. Queimada. Era uma das lâmpadas que haviam sido trocadas em um famoso letreiro da cidade. Havia até a data da troca. A minha, se me lembro bem, era de fevereiro de 2011.

Fizemos cara de “ai que fofo e criativo”, mas o mico estava na mão. Eu já disse, no táxi de volta ao hotel, que não ia levar para o Brasil, pois era como ganhar um pedaço de um espelho quebrado. Uma lâmpada quebrada devia representar quantos anos de azar? Melhor não arriscar.

Foi um presente criativo? Estranho? Emotivo? Nerd? Puramente comercial? Incrivelmente marqueteiro? Mais que tudo, eu diria que um brinde egoísta. Pensado como se o centro do mundo fosse aquele destino. Como se uma lâmpada queimada fosse o cacho de cabelo do ídolo (nem eu queria esse hein) ou a toalha com que o cantor enxugou o rosto… Como se todos nós fôssemos fãs enlouquecidos…

A ostentação de um logo no brinde, também vai por esse raciocínio. E não duvidem: ele vai parar na mão de quem não é público-alvo. É como dar um presente baseando-se apenas nos seus gostos e não nos do presenteado.

Melhor que gastar com brindes “egoístas”, como os artistas que dão fotos já autografadas, é atender bem, estar sempre disponível. O brinde não acrescenta tanto, apesar de todo mundo fazer questão de pegar o seu nos eventos, nem que seja para dispensá-lo em seguida, ou repassá-lo infinitamente.

Bom senso é a chave para tudo. Não tem budget? Melhor usar o que tem para melhorar a sobremesa do jantar ou mandar um convite mais bonito.

É como um press release que recebi uma vez: hotel de luxo em Paris (luxo mesmo) oferece pacote com Mercedes à disposição, presente Tiffany, ingresso para teatro, massagem no spa, drinque de boas vindas com petit-fours… Preço: alguns milhares de euros. Observação: não inclui café da manhã. Como assim? Já que vai cobrar milhares de euros, coloca o café da manhã na diária… O cara paga R$ 2 mil euros e não tem direito a café da manhã????

Ou seja, estratégias que canalizam gastos para o lugar errado. Quantas vezes não recebemos, em viagem, livros enormes, esculturas pesadas, conjunto de facas, garrafas e jogos de copos delicadíssimos…? E isso com duas ou três conexões pela frente.

Enfim, foi apenas um desabafo pelos brindes úteis, que funcionam, que agradem… Do contrário, daqui a pouco estaremos na série “Acumuladores” do Discovery Channel, repletos de brindes de todos os anos, todas as empresas, com pena de jogá-los fora, pois pode servir para alguém. Ou quando abrirmos aquela gaveta, aquela porta de armário, uma pilha de canetas quebradas e sem tinta pulará em nossas cabeças…

Ah e nem falei da questão “bom gosto”. Mas isso é outra história delicada…

Qual o brinde mais micado que você já ganhou? Sabemos que foi de coração, mas pode falar…

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

    • O que eu fiz? Não fiz: deixei para as camareiras de hotel, como faço com camisetas com logos de empresa, canecas feias, brindes-mala, e, na última vez, uma meia dúzia de bichinhos de pelúcia que ganhei na Universal Hollywood… hehehe da próxima vez vou colocar um post e perguntar quem quer uma lâmpada queimada, um esquentador de canecas para plugar no computador, um boneco gigante do Bob Esponja… Abraços

  • Olá Artur,
    tenho uma idéia
    Se você ficar esfregando quem sabe sai um Gênio, um Shazan por exemplo e ajude a iluminar os iluminados.
    É iluminar os iluminados – O Gênio tem o poder de fazer funcionar lâmpadas queimadas.
    Abraços
    Balsamão

  • Há uns 10 anos atrás eu ganhei uma leitoa inteira numa caixa de isopor, como presente de Natal de uma operadora. Me surpreendi na hora, mas tenho que admitir que depois de assada em forno a lenha de uma padaria, a leitoa fez muito sucesso na ceia de Natal. Ficou deliciosa e o presente, inesquecível. Abs

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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