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Dia a dia

Ex-amor… gostaria que tu soubesses…

Que vou carregar o nome da sua empresa para sempre em meu currículo, em minha história.

 

É assim com quem deixa uma empresa depois de um dia, um mês, uma década ou toda uma vida de trabalho. Ao sair, o ex- é agregado à vida profissional do que decidiu sair ou “foi saído”.

 

A Heloisa Prass, nossa diretora de Marketing na PANROTAS, ex-Blue Tree e Pestana, odeia quando usamos o “ex” em um título ou mesmo na notícia.

 

Tentei argumentar: jornalisticamente o “ex” é objetivo e direto, curto (portanto, cabe no título, o que é importante em um portal de notícias) e chama a atenção do leitor. Além disso, situa quem lê. Uma notícia de um ex-Varig pode interessar a quem trabalha com aviação, já uma nota que começa com Ex-Localiza pode já fazer com que vá para a próxima.

 

Mas é o “ex” algo pejorativo? Com certeza vocês pensaram em ex-maridos e ex-mulheres… mas mesmo nesses casos há relações saudáveis. Um ex-qualquer coisa ao menos já diz de onde o cidadão veio. Ele não nasceu de chocadeira. Tem passado. E nesse caso o ex-Varig já delimita raios de atuação.

 

Uma pesquisa mais detalhada sobre o ex em questão pode aumentar a imagem passada pelo título: ex-Varig, mas foi ele que faliu a empresa? Ou ele é ex-Varig e até tentou, mas acabou engolido pelo monstro que virou a companhia em seus últimos dias?

 

Quem se incomoda mais com o uso do “ex”? O empregador ou o empregado? Na hora de sair, alguma vaidade vai ser ferida.

 

A verdade é que há incômodo quando a saída não foi das melhores, de um lado ou de outro. Mas o passado não se apaga e nós quase nunca sabemos da situação dessas saídas – tanto que a maioria das notícias diz “Fulano deixa a empresa tal…”. Se ele deixou mesmo ou foi convidado a se retirar, não nos interessa muito. Chega a ser deselegante.

 

Fato é que, sim, podemos dizer Paulo da Silva, que trabalhou por 17 anos na Varig, foi contratado pela Gol. Mas, vamos ser honestos, além de “Ex-Varig é contratado pela Gol” ser mais objetivo e caber no espaço reservado ao título, chama muito mais atenção do leitor – ou seja, aumenta a audiência, sem ferir suscetibilidades. Até porque “ex” não é mentira e nem todos podem se dar ao luxo de não precisarem estar atrelados a uma empresa. Ou quando falamos “Guilherme Paulus”, “Valter Patriani”, “Goiaci Guimarães”, “Eduardo Nascimento” ou “Wagner Canhedo” precisamos colocar vírgula e explicar de onde são? Já o “Fulano de Tal”, por mais respeitado e conhecido localmente, não tem abrangência nacional ou não é tão atraente em um título. Entra então a assinatura “ex-empresa”. Nesse caso, o empregador tem de entender que o empregado saído precisa se recolocar… é um direito seu.

 

As opiniões sobre usar o termo “ex” se dividem, eu sei. Falar de ex-amores é sempre complicado. Ainda mais quando é uma relação de trabalho – ou seja, poder e vaidade, deveres e direitos…

 

Mas atire a primeira pedra quem nunca usou a expressão. Afinal, novas e velhas empresas são formadas por gente nova, mas também por ex-concorrentes, ex-pioneiros, ex-sócios, ex-desafetos… ex-amores (de outros e seus).

 

E para terminar com a mesma citação do título (uma canção de Martinho da Vila):

Sempre sonhamos
Com o mais eterno amor.
Infelizmente,
Eu lamento, mas não deu…
Nos desgastamos
Transformando tudo em dor,
Mas mesmo assim
Eu acredito que valeu.

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • Querido chefe,

    Tem gente que nem caberia colocar tanto “Ex” (como “moí”, por exemplo), mas acredito que a luta de todo profissional é ser chamado pelo nome próprio. Ter o “sobrenome da empresa” deixa o cidadão sem família quando sai da empresa…

    Abs

  • Olá Artur
    De vez em quando, fico um tempo sem ler teus artigos, mas quando eu leio, sempre me surpreendo com a tua assertividade, bom humor e elegante estilo. Parabéns por mais um artigo perfeito. Nada a acrescentar ou reparar! Grande abraço.

  • Oi Arthur …. pro arabe nao tem ex ….pq o Arabe pode casar com 4 mulheres rsrsrsrs …. realmente em questao de vc associar empresa e uma boa Idea ” ex ” nao vejo nada demais pq na realidade quando vc emprega um funcionario tem os mesmos incomuns de um casamento que sao :
    1- fidelidade
    2- lealdade
    3- sinceridade
    4- companherismo ….

    entao quando isso acaba por uma traicao ou porque o caminho ate aqui acabou ou porque o amor acabou e normal ser ex …..

    e a empresa que empregou o funcionario ela pode dizer ” sou ex do empregado tal ” ….

    e donos de empresa? sao casamento catolico com sua empresa ou seja casamento que nao tem separacao ….pois vc nunca vai poder dizer do Sr.Goiaci ou Sr.Palus que eles sao ex rextur ou ex cvc ….por exemplo …..

    mais acho que vale oque vc ta fazendo….ex e bem obejtiva e isso e o papel da imprensa fazer agente entender oque vc escreve de forma facil e rapida ate quem eh fringe estrangeiro como eu kkkkk

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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