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Fala (que nós te escutamos). Mas fala alguma coisa!!!

Formado por empresas médias e pequenas em sua maioria, repletas de self-made men, empreendedores, gente que aprendeu na prática a dominar seu ofício, a indústria do turismo no Brasil ainda não sabe se comunicar. Entre a vaidade e a maquiagem d e dados, entre a ideia da imprensa amiga e a da grande imprensa “que não nos entende e só quer o lado negativo do turismo”, entre os que sabem mais sorrir para uma foto que falar, ver atitudes corretas em épocas de crise é algo raríssimo em empresários e lideranças do setor.

 

Lembro-me de uma crise que o setor de cruzeiros administrou muito bem no Brasil. Se me recordo bem, uma série de casos de mal estar de passageiros a bordo, com alguns óbitos, gerou a crise do norovírus e as empresas assistiam a uma crise de pânico dos passageiros, com a imprensa retratando tudo – e acho ainda que era pleno verão, naquelas épocas em que o País para e notícia são estradas cheias, aviões atrasados, dengue, falta de água no litoral, shoppings cheios e… navios com vírus.

 

As empresas agiram rapidamente e lembro do caso específico da Royal Caribbean, que em dias proporcionou viagens técnicas para jornalistas brasileiros, com visita a cozinha, áreas de limpeza, ambulatórios, todo o bastidor de um navio… aliada à calma, expertise e liderança de seu diretor, Ricardo Amaral, que sabia que muito dessa crise vinha da falta de comunicação. O pânico passaria, pois o emocional cansa de sofrer, mas a razão pode apressar esse processo.

 

Outro exemplo nasceu do apagão aéreo. As principais empresas aéreas se uniram e resolveram dar informação à imprensa e à sociedade, via Abear. Isso aqui é responsabilidade da Infraero, isso da Anac, isso de terceirizados e isso é nosso. Inclusive

 

O setor passou a divulgar seus dados estatísticos, que eram antes repassados à Anac e divulgados por elas, gerando encontros mensais presenciais com jornalistas que cobrem economia e aviação.

 

Falar dos problemas pode trazer luz para que outros o entendam melhor, pode trazer soluções.

 

Acabou a época do “não falo sobre esse assunto”. Se você não fala outros vão falar por você. Se sua empresa está em crise, busque ajuda logo. Não espere os passageiros ficarem no chão.

 

Se você é um líder classista, se representa um segmento, defenda-o, mostre sua abrangência, com direitos e deveres, mas também mostre como ele se relaciona com a indústria, onde ninguém está isolado. Um presidente de entidade tem de zelar pelo interesse de seus associados? Sem dúvida. Deve pensar na associação e assim gerar eventos e ações que rendam recursos para sua manutenção e para que possam haver benefícios, como capacitações e pesquisa, para seus associados? Não há o menor questionamento também. Mas é preciso ter em mente que um líder de um segmento tem responsabilidade (vinda de seus associados) sobre o impacto que esse segmento gera em outros. A teia do turismo não é mais uma escadinha ou um gráfico com setas em linha reta… E sim um emaranhado que pode te fisgar mesmo se você não estiver diretamente envolvido com transações problemáticas.

 

Nessas horas, fale. Não se esconda. Nessas horas exponha seus planos – use o exemplo dos grandes consolidadores do setor, que foram pauta de grandes reportagens nas últimas ediçõs do Jornal PANROTAS, em um momento que vivem uma delicada concorrência e em que há grandes mudanças.

 

Na próxima edição, o presidente da Braztoa, Marco Ferraz, fala ao Jornal PANROTAS. Não, o setor de operadoras não passa por uma grande crise, a entidade não está em questão, mas problemas diversos somados no dia a dia pediam uma grande entrevista em que ele falasse sobre tudo, não apenas sobre a feira que vem aí dentro da Abav: da falência da Luxtravel ao futuro que ele vê como promissor para as operadoras, da ideia de mudar o formato de viagens técnicas à convenção que vem aí em Alagoas, das mudanças tecnológicas à concorrência com OTAs e a venda direta das aéreas, da resiliência e da capacidade de evoluir das operadoras à transformação que vem acompanhando desde a década de 1980.

 

Líderes falam. Não se escondem ou se omitem.

 

Muito objetivo e direto, Marco Ferraz falou. Agora, escutemos. É o mais importante. Sabendo que fazemos parte da mesma teia…

 

Enquanto isso castelos de areia cairão em nossas frentes. E a primeira onda os levará de vez… Suas palavras dentro deles. Perdidas para sempre.

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • Artur….excellente iniciativa…o Turismo ta precisando mesmo…. o Marco Ferraz e uma das poucas pessoas mais integra e correta que exisistem no mercado…..com Ideas novas e cheio de Gas….a unica coisa que peco e organizacao no Mercado, o Mercado ta muito baguncado …vc nao sabe quem e quem , quem e operadora quem e agencia , se proibido operadora vender direto ou e mal visto , e a agencia que opera direto…. , sobre as aereas que entraom no mercado e deixaom clientes no chaom e vaom embora como no caso a BQB , Aereas que nao tem lei , consolidadoras que vivem praticamente com uma margem absurda sem lucro sustentavel , Agencias que vivem com comissao sem lucro sustentavel , niumguem sobrevivi nesse pais com 10-12% de comissao …e maioria delas vivem enforcadas ….bem enfim ….o conceito do mercado precisa mudar….tem pouca gente jovem comandando no mercado….

  • Prezado Artur,
    Á frente da diretoria da AVIESP, a nossa proposta é sempre criar oportunidades para discutir e buscar novos caminhos para os agentes de viagens. Precisamos perceber e antecipar tendencias, criar oportunidades, enxergar novos cenários, para que os agentes de viagens se tornem profissionais e possam exercer a sua atividade na nova sociedade que se forma e se transforma rapidamente. Em nosso planejamento 2014 / 2015 teremos muito espaço discussões e troca de experiencias. Inovação, segmentação, criatividade, novas tecnologias, entre outros, são temas que precisamos discutir com os agentes de viagens. E esta é a proposta da associação. Coloco-me a disposição do Panrotas, para expor nossas ideias e propostas. Um grande abraço, Marcelo Matera

  • Artur, seu post fala a mais pura verdade, transparência nos momentos de crise e prover informação adequada conquista a confiança e promove a verdade.
    No primeiro ano que abrimos o escritório da Royal Caribbean no Brasil tivemos um Norovirus que naquela época muita gente pensou e divulgou de forma errada e não foi uma crise simples, mas trouxe aprendizado e no final se a conduta for correta todos reconhecem.
    Também a frente da ABREMAR tive varias crises em maior e menor grau, mas superadas.
    Aqueles que conhecem os cruzeiros sabem que o grau de interação e exposição só podem ser sustentados na avaliação do trade e dos hospedes com a prestação de serviço excepcional e isso acontece a bordo.
    agradeço a você que cobriu sempre com isenção e seriedade, esclarecendo e informando o trade.

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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