Enquanto o Sidney faz suas contas em seu último post no Sem Fronteiras, eu e Heloisa Prass fazemos outras contas e considerações sobre o anúncio da Decolar.com hoje no Estadão. A empresa, logo na frente da sobrecapa que envolve o jornal, anuncia HOTÉIS EM ORLANDO: R$ 14 por pessoa no Days Inn Maingate Universal, classificado como três estrelas pelo anunciante, ou R$ 16 por pessoa no Orlando Vista Hotel, também de categoria três estrelas. Ambos em acomodação quádrupla (US$ 40 o quarto) e com café da manhã grátis. “Melhor preço garantido”, diz o anúncio.
Na última página, mais hotéis em Orlando, já com acomodação dupla. O mais barato sai a R$ 27 por pessoa.
Se a Decolar.com está perdendo dinheiro ou como ela ganha o dinheiro, realmente não me interessa aqui. Para a Heloisa, a preocupação é: se esse é o preço publicado, o que o hotel está recebendo? Tudo bem que são hotéis quase sem serviço, café da manhã é pão e suco de laranja, poucos funcionários, mas há um limite que garanta a operação, a segurança, o conforto, a limpeza do empreendimento. Oferecer um valor tão baixo não deprecia o produto? Não dá margens a esses questionamentos? Se está tão barato, onde estão economizando? E por aí vai.
Para mim, será bom para Orlando estar ligado a valores tão populares, mais baratos que Porto Seguro ou mesmo a praias menos badaladas e tão populares quanto? Na hora de fazer uma viagem de incentivo, uma convenção, a empresa vai levar isso em cosnideração? É uma visão preconceituosa? Do tipo: se é barato não é bom, ou se é popular não me misturo? Pode ser… Mas que no anúncio o apelo é popular, isso é.
Até um produto de luxo, o Waldorf Astoria, sai por US$ 69 por pessoa. Como assim: O Marriott Orlando World Center é vendido a US$ 67.
Isso pode gerar uma desconfiança geral no mercado. Quem faz convenção no Marriott tem a mesma tarifa? E o milionário que paga bem mais no Waldorf? E a agência de viagens que atende um passageiro querendo o mesmo valor…?
São muitos os questionamentos.
Só uma coisa é certa: a Decolar.com tem todo o direito de vender a quanto quiser, ganhando ou perdendo dinheiro. A empresa não especifica quantos lugares colocou à venda. Provavelmente trata-se de um chamariz. Eu como carioca fiquei chocado com a oferta de passagens a R$ 65. Alípio, reserva um lote para mim…
Mas será que fornecedores, o destino e competidores também saem ganhando?
Claro, como um bom anúncio baseado em preço, há uma série de lerinhas brancas e minúsculas, dificílimas para ler para um jovem de 42 anos como eu. Lá há especificações de companhias aéreas, avisam que taxas não estão inclusas, que os preços dos hotéis são por pessoa… Enter outras coisas.
Há várias explicações.
Mas hotel em Orlando a R$ 14 para mim foi surpreendente. Pena que acabei de chegar de lá… e o pacote mais barato do hotel em que fiquei, o Renaissance at Sea World, de categoria inferior ao Waldorf ou ao Marriott, era a US$ 100 por noite, para quem já estava hospedado e quisesse voltar em outra ocasião, especialmente fim de semana (e deveria avisar no momento do check-out para aproveitar a promoção)…
O que o mercado acha de tanta indagação que joguei aqui? Com certeza não há certo ou errado, ou uma resposta única… Mas há causas e consequências. Isso sem dúvida alguma.
Olá Artur,
É muito oportuna a sua análise. Porém, não há ´milagre´ algum nos preços apresentados pelo Decolar. Vou tomar a liberdade de enviar ao seu e-mail ´orçamento´, considerando vários hotéis em Orlando para um determinado período, com os meus preços e que são muito semalhantes aos da empresa mencionada. O mesmo deve ocorrer com muitos outros operadores, de vários portes. Todavia cabe ressaltar (em defesa do blog do Sidney- que, diga-se de passagem, não me nomeou seu ´representante´para tal..), que
os aspectos que ele aborda referem-se aos custos envolvidos na operação de marketing e, concordo com ele, não são praticáveis para empresas de médio/pequeno porte. Como o anunciante é de grande porte, o problema ou azar é dele…
Outro ponto importante: Neste ano os preços dos serviços terrestres no exterior -em Usd, Eur e Libras esterlinas-, em pràticamente 90% dos destinos, é um dos mais baixos dos últimos 10/15 anos, em várias categorias de hotéis. O que está encarecendo os preços são os tkts aéreos nas denominadas altas temporadas e os ´agregados´ financeiros e de marketing.
Cordialmente,
Oi Luis, meu enfoque foi mais sobre o destino e o hotel… Vale a pena ser reconhecido como um destino tão popular, ainda mais com o preço dos ingressos de parques e atrações bem mais caros que isso? E o hotel? Está ganhando quanto? Se houver algum problema na hospedagem (segurança, limpeza, conforto), vale lembrar que a agência e a operadora são solidárias com o hotel…
Artur, os baixos preços, particularmente, em Orlando são resultado do balanço oferta/demanda dos hotéis deste e outros destinos. Nós agentes e operadores sempre seremos responsáveis, queiramos ou não, independentemente dos valores praticados.
Artur,
em fevereiro reservei um hotel em Orlando na Decolar, o preço é real, o hotel é honesto, e sem serviço.
Precisei ir um dia antes, na Decolar era quase metade que o menor preço do hotel no seu próprio site.
Não sei como essa conta fecha, mas provavelmente o cliente tbm não se importa. E se vale uma observação, em uma noite tocou o alarme de incêndio, e todos tiveram que descer, centenas de brasileiros apavorados. Em Orlando, reservando pela Decolar.
Enquanto continuar assim, só o consumidor ganha, pois me parece que nem o hotel, nem a Decolar estão ganhando.
Abs
Que tu és mão de vaca eu já sabia. Também não duvido que o anúncio seja real. Minha pergunta é: ajuda ou atrapalha para Orlando ser visto como destino de hotel a R$ 16? E para o hotel? Qual o ganho? SObre o alarme, não há dúvida, brasileiro fumando no quarto né… Você merece um upgrade de hotel hein… Paga vintão pelo menos, colorado…
Se eu te contar que o hotel foi reservado por uma amiga que é uma respeitada consultora de mkt de luxo para hotéis, vc não acreditaria.
Mas o culpado do alarme de incêndio não foi brasileiro, era um americano, mania nossa de achar que somos ruins (leia o blog do Syllos).
Acho que não ajuda, mas também não atrapalha. Você vai na decolar, compara os preços, até pode reservar, mas não diminui o destino em si. Principalmente porque a Decolar “ridiculariza” preços de Orlando, Rio e NYC. Pra eles tudo é barato. Mas será que a CVC também não categorizou Porto Seguro como barato? Tem alguém reclamando? A Hoteis.com oferece Vegas a R$ 36,00 e não ridiculariza o destino. Acho que lá se tem maturidade, e convenhamos como você bem lembrou no blog, e no Panrotas, em Orlando o povo quer é comprar e ir a parques, hotéis são acessórios, e como acessórios podem custar muito, ou muito pouco. O cliente escolhe de acordo com seu perfil, mas se economizar no hotel, já pode pagar o excesso de bagagem.
Abs
Eita…entregou a Gabriela?
Vc me induziu a achar que era brasileiro: “cheio de brasileiros comprando na Decolar”. Mas que a gente quer só levar vantagem em muitos casos, não duvido. Mas vício é vício né… Vale pra qualquer nacionalidade.
Eu conheço váaaaaaarias pessoas que não querem nem ouvir falar em Porto Seguro, pois é popular. E muuuuuitos produtos em Porto Seguro querendo público mais qualificado e não conseguem.
Sim, hotel em Orlando é acessório. Mas R$ 16 é demais (ou de menos). Eu ficaria com medo…
E pra vc agora só hotel de R$ 50 a diária hein. Você já não é mais mochileiro.
Mão de vaca colorado…
Abs
Arthur, entendi o seu ponto de vista e aceito sua colocação. Realmente ficar em um Hotel de 16 dólares, eu não fico, ainda mais com família, são as nossas férias, mão de vaca com a própria família ? Nem vou comentar sobre a alimentação. Existem hóteis bons apartir de 39 dólares, confortáveis e bem localizados. Importante, hoje em dia Orlando fica longe das melhores compras e dos parques, afinal a Disney fica em Lake Buena vista e kissimmee, concorda ? Orlando fica a mais de 25 km dos parques da disney. Com isso a international Drive, vai virar um polo Gastronômico e hoteleiro em seus 90% de espaço, analise isso. Quem saiu na frente de uma melhorar foi o Ramada que fica no 6500 da international drive, esta terminando um novo prédio aumentando sua capacidade de hospedagem, isso sim que é legal, ele é o antigo Mic lake From Inn, lembra ? e tem muito mais, Férias, somátorio de alegria, familia, disney, compras e conforto, afinal passamos um ano para tirar as famosas férias. Gostei de suas colocações perdoe se fugi do tema.
Abraços
Olá Artur
Pode ter certeza de que nem a Decolar e nem o hotel estão perdendo dinheiro aqui: ambos estão ganhando; eles fecham um acordo de venda mínima de noites/aptos. em um determinado periodo – pagamento ime-
diato pelo comprador; o hotel ganha pq garante um faturamento minimo em um curto espaço de tempo e a Decolar idem – claro que deve estar usando um mark up pequeno e ganhando na quantidade… mas, não concordo com isso, contudo se em tempos de crise tudo é válido….
Luis,
Como profissional de Marketing de Destino (CVBx) permita-me dar um pitaco. Com certeza ninguém está perdendo dinheiro nesse negócio, pois não acredito mais em papai Noel ou histórias da carochinha. Agora, se há benefícios para a imagem de Orlando como destino, já não tenho a mesma certeza! Igualar-se a destinos reconhecidos como extremamente populares (isso para usar termos elegantes) e investir na atração de público que conta os centavos não deveria ser o objetivo de nenhuma campanha institucional de um destino como Orlando, e por certo não é, pois não se trata disso. Não tenho procuração para defender ou acusar a belíssima cidade americana, mas, num momento em que os destinos lutam para conquistar um turista mais qualificado, que gaste mais, que permaneça mais tempo, num momento em que os destinos trabalham para captar eventos capazes de movimentar toda a cadeia econômica e visam um público alvo de poder aquisitivo mais que razoável, parece pouco provável que os representantes do destino concordem com a estratégia de baratear (depreciar) o produto a esse nível. Pode haver uma ou mais justificativas, mas, em princípio, e do ponto de vista do marketing institucional, que a estratégia seria duvidosa, lá isso seria. Mas, por isso mesmo rendeu um bom post e a discussão deverá ser proveitosa para todos.
Um abraço
Olá Rui,
Eu não afirmei que alguém está perdendo dinheiro. Os preços dos hotéis divulgados pelo anunciante, não tem nada de muito diferente. Muitos de nós temos os mesmos valores ou muito próximos.
Um abraço,
perdão Artur, como tinha acabado de ler o comentário do amigo Pretzel, acabei grafando Luis no lugar de Artur. Mil desculpas pelo lapso.
Abraço forte.
Olá colegas,
Fico pensando na receita que esses R$ 14 por pessoa pode dar , o custo deve ser quanto da diária ? 12, 11 ? 10 ?
Que ganhem R$ 4 por pessoa por dia.
Aí coloca-se impostos sobre isso , custos , enfim.
Como é possivel ? Eu quebro a cabeça e nao consigo ver como.
Alias, fazem anuncios de TV em canais fechados.
Não existe mágica….
abracos
Wagner Lopes
Prezado Wagner,
guardadas as devidas proporções, acho que o raciocínio do lucro, como resultado da operação entre custos x receita, seja similar ao redes de supermercados, onde se vende quantidades maciças, lucrando centavos em cada produto. Um exemplo menor? Ok: Lojas especializadas em balas & biscoitos. Para seguir esta linha, só faltam as atrações realizarem uma venda de ingressos no “atacadão”, para atrair no varejo, uma lotação digna de Reveillón, o ano inteiro… Eu sei, sim, quem é que não ganha: Pequenos e Médios agentes, sem poder de fogo para competir com essas “potências”, independentemente da qualidade e diferenciais apresentados / ofertados. Câmbio baixo, lucros ínfimos, carga tributária alta, encargos sociais idem = Fechamento de portas e desemprego, menor recolhimento de impostos, maiores custos à Previdência Social, e inicia-se um novo ciclo vicioso para aumento de alíquota de impostos, criação de novos impostos e/ou taxas, etc, etc… E la Nave vá…
Sobre o tema da Decolar vender hospedagem em Orlando a R$ 16, alguem já pensou que a diferença que muitos estão pensando em ser prejuizo, é apenas jogada como verba de marketing e publicidade? Anuncia-se e vende-se um lote com determinado valor, e com margem zero ou negativa, para como isso atrair vendas e gerar “habito” no consumidor. É possivelmente mais eficiente que anunciar apenas a empresa institucionalmente. R$ 1milhão para anuncios em jornais, e sites e, mais R$ 1 milhão em forma de mark up negativo, para potencializar o efeito.
Prezado Artur e amigos,
Orlando sempre foi uma das cidades a oferecer hotelaria a preços acessíveis. Isso se dá pelas leis de mercado (Oferta/Procura) e tbm em função de ser uma das cidades do mundo que tem o maior período de hospedagem média por pax, que facilmente ultrapassa 7 noites. Isso é muito peculiar do destino Orlando e contribui para baixar o valor das diárias médias (em decorrência de altos índices de ocupação aliados a alta estadia média dos visitantes). Eu acredito que isto ajude a fomentar o turismo para o destino na medida em que o custo de hospedagem estimula que o pax fique cada vez mais noites na região. Sob o ponto de vista de vendas e marketing, o posicionamento da Decolar é perfeito, pois divide o custo do quarto pelo número máximo de ocupantes permitido, o que gera um baixo valor por pessoa por noite. Com relação aos ganhos do agente de viagens que vende hotéis a este preço é preciso lembrar que este é apenas o gancho, o chamariz, para a venda, pois o consumidor terá de adquirir tbm outros itens para sua viagem, como ingressos para os parques, bilhetes aéreos, alguel de carro, seguro viagem e etc. No final o preço será o de um pacote normal para o destino. Abs, Mauricio
Artur,
Parabéns pela matéria. Sem entrar no mérito se é bom ou ruim estes preços para o destino, devemos lembrar também que na página da Decolar eles possuem Banners e a cada entrada em sua página, eles estão ganhando com seus contratos de mídia & MKT. Um curioso nas tarifas pode ao entrar no site acabar se interessando pelo anúncio de um celular, mala etc. Algumas cias aéreas já fazem isto, ou seja, quem paga a conta destas tarifas baixas pode ser o MKT.