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Dia a dia

Inspiração

Não dá para comparar vidas ou dores, cada um tem a sua e talvez nem saibamos direito o que estamos fazendo e como chegamos onde estamos. Aliás, onde estamos nesse momento?

Mas algumas vidas nos servem como inspiração, como um sopro de bom pensamento em meio às açõezinhas do dia a dia a que temos de nos “submeter” para que, aos pouquinhos, cheguemos em algum lugar. E a soma delas, com paixão e inspiração, com certeza nos leva a algum lugar.

Não saberemos, acredito, como é passar 27 anos em uma prisão, por causa de uma regime construído sobre o 0 preconceito, a desigualdade e a estupidez. Também não saberemos como conseguir sair da cadeia, tanto tempo depois, tanta injustiça depois, e virar um ícone mundial em favor da paz, da igualdade, do fim dos boçais. Mas não precisamos saber tanto. Mandela já desempenhou esse papel e se um pouco de sua brisa soprar em nossos cabelos, já estaremos no lucro.

Muitos de nós não saberemos como é construir, do zero, um império respeitado, amado, temido e invejado por tantos. Mas podemos nos espelhar na simplicidade, na humildade e na experiência sábia dos grandes empreendedores de nosso setor. Nem preciso citar nomes aqui. Mas acho que o segredo maior é a simplicidade e o respeito a quem constrói com eles e não “para” eles. A diferença é enorme.

Não precisamos perder um filho de quatro anos em uma tragédia natural ou produzida pelo homem para saber que é preciso providências de quem está no poder. Mas como é chegar no poder e não fazer nada? Não mudar o rumo do que está errado? Deve ser horrível. A política, infelizmente, não nos inspirará. Temo que sem exceções, pois o sistema é corrupto, cruel e egoísta. Ou se está dentro dele ou se é apenas uma fonte de energia sendo sugada insistentemente até que… não sirva mais e seja substituída. Sem dor (para eles) nem pena.

Quem trabalha com paixão me inspira. Acho no mínimo indelicado e um verdadeiro sinal de fraqueza e incompetência quem usa as redes sociais para reclamar do trabalho, por exemplo. Estar cansado em um momento, querer uma massagem nas costas ou uma dose dupla de qualquer bebida em outros são coisas distintas de estar sempre se lamentando… É como se o médico sempre entrar no plantão reclamando… Por que não foi ser qualquer outra coisa, então? Quem passa a vida a se lamentar não me inspira. Nem um pouco.

Mas quem se entrega, quem faz a diferença, quem está sempre fazendo o mesmo trabalho como se fosse a primeira vez, quem não fica contando os minutos para ir para casa (e chegar em casa e reclamar da comida, da mulher, do marido, da novela que se repete, do vizinho)… esses me inspiram. Dizem que um bom líder pode fazer com que todos trabalhem com esse brilho, mas é muito difícil ter a coragem e a oportunidade de fazer o que se gosta, o que se quer… portanto, bastará o líder virar as costas para entrar a mensagem na internet: “que saco, trabalhando até tarde de novo”, ou “doido pra chegar o fim de semana”… Isso parece tempo perdido. E pensar que trabalhar é tempo perdido… terá sido vida perdida.

Eu me divirto vendo e convivendo com os amigos e também os conhecidos simpáticos e os desconhecidos legais nos eventos, nas viagens… Como na viagem da Abracorp para Orlando, como no almoço da Esferatur… Eu me inspiro com diversas histórias e acontecimentos desses momentos de trabalho e vejo muitos se divertindo também, transformando trabalho em leveza, sem perder a seriedade. Abertos a inspiração.

O turismo pode fazer ainda muito pelo País (e infelizmente não foi a criação de um ministério ou a mudança de papel da Embratur que fizeram diferença nos últimos anos; e felizmente existem os inspiradores que citei, sem nominar, lá no alto), somos pura inspiração, puro prazer em realizar, em fazer bons serviços, em encantar… Quando irão descobrir isso?

Lembro que na minha infância, uma “namorada de colégio” era filha de um gari (lembro até hoje da cara dos dois). Imagine o escândalo atualmente se uma menina chega para o pai e a mãe e diz que está namorando o filho de um gari. Sim, conheço várias pessoas que reagiriam como se deve, sem preconceito ou menosprezo por qualquer atividade ou classe social, ou cor de pele, ou religião… Pode ser saudosismo de tempos que não voltam mais, porém, acredito que a maioria hoje não reagiria bem e que o mundo está mais dividido, elitista, duro, cinza… Precisamos de mais Nelsons Mandela. De mais oportunidades e inspirações.

Parece difícil. Mas falta-nos o exercício de olhar com mais cuidado e profundidade. A igualdade começa a centímetros de nós. Em como olhamos o invisível. Em como nos comparamos a outros e sabemos relativizar.

Vidas não se comparam com precisão. Nem dores. Mas é dessa mistura e de pensar a vida que vem a inspiração. E quem dela não precisa, necessita de novas baterias. E de novos ares. Ou tem grandes chances de virar o coelhinho neurótico e repetitivo da Duracell.

Não queremos isso.

Queremos… Mandelas.

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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